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quinta-feira, 18 de junho de 2009

DA VIOLÊNCIA




A questão da violência está implícita na sociedade moderna, que a admite, aceita e alimenta. Mas, como defini-la? O Minidicionário Aurélio define a violência como um ato oposto à justiça. E Justiça é dar cada um aquilo que é seu por direito. Vendo por este ângulo, ações justas tentam reparar, abrandar, restituir atitudes violentas. Temos então um diálogo entre estas duas forças, estas duas ações que moldam a humanidade.

No
Wikipedia observei um aprofundamento interessante e que merece ser estudado. Falo sobre isso após assistir um documentário sobre o Paquistão no Discovery. Confesso que andar pelas suas ruas, ainda que virtualmente, me deu novos olhos sobre o povo e me lembrou que nação, pequenos grupos e governo são elementos diferentes dentro da mesma equação.

O que nos foi mostrado foi a vida de gente comum, longe dos estereótipos que acostumamos a ver em filmes e reportagens feitas de alto de hotéis.
Mas o ponto em questão, a violência que vi e da qual quero falar não vem da guerra em grandes proporções e seus mísseis inteligentes. Em dado momento a reportagem nos leva a conhecer um salão de beleza. Chicoso, se eu ligasse a tevê naquele momento eu diria que aquele ambiente podia ser Paris ou Milão. Mas os olhos grandes e penetrantes das mulheres não negam: estamos no oriente.

O diferencial do
salão está no atendimento que faz a um tipo especial de mulher. Quando as vi fazendo escovas e tinturas, voltei meus olhos com horror e dor. Eu vi algo que já sabia, mas que a pasteurização da notícia não nos deixa enxergar. Duas, três, quatro dentre centenas de mulheres em todo o país, com o rosto derretido por ácido. Um soluço nasceu e brotou no meu peito, talvez uma lembrança do tempo em que fui, seqüestrado, queimado e chicoteado e morto no decorrer das eras. Essa lembrança corre no sangue e ali, diante daquela mulher presa em seu próprio país e agora em seu próprio corpo desfigurado, eu chorei.

Chorei por ela e por mim, por hoje e por ontem. E pelo caminho que ainda temos que enfrentar até que ações assim sejam eliminadas.
O crime destas mulheres foi ter uma opinião discordante. E um ato de violência lhes foi imputado. Mas não há ato de justiça capaz de reverter o processo, ou seja, devolver-lhes o rosto e a vida roubadas. É um crime sem justiça. Talvez com punição ou ato de vingança, mas não haverá justiça. Sempre comento sobre o corpo, e que como é impossível amar algo tão gigantesco como a Terra se somos incapazes de amar aquilo que temos ao alcance das mãos, a começar por nós mesmos.

Somos capazes de atos de justiça em nosso cotidiano, reparando males feitos ou ao menos diminuindo sua intensidade. Males feitos a nós e aos
outros. Convém analisar as ações e remedia-las em curto prazo.
Em longo prazo, evita-las.
Saúde, amizade, liberdade.


Conheça mais sobre o sistema de apoio as mulheres vítimas deste tipo de abuso no site da Fundação Depilex.

E principalmente não interiorize a violência! Não permita que as cicatrizes cheguem a sua alma! Que as lágrimas de Deméter e Perséfone a lavem para que se renove a cada ciclo!



2 comentários:

  1. o corpo da fêmea é desfigurado pela sociedade patriarcal machista, seja na supervalorização do belo, ou na destruição do mesmo...em ambos casos somos encarceradas...

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  2. Ao que parece ainda estamos um pouco longe de uma reação organizada e forte das mulheres frente aos diversos assassinatos, famosos ou não.

    Pena. Outros cadáveres se seguirão.

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