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quinta-feira, 20 de março de 2008

DO PODER




Nos tempos atuais quando evocamos a palavra poder parece que dizemos um palavrão. Soa como algo ruim que queremos aplicar sobre outras pessoas. Mas seu sentido mais profundo não se refere a despotismo.


Poder tem relação com a capacidade de realização, de transformar uma coisa em outra. Poder é fazer. Mas fazer o quê? Fazer pra quê? Fazer pra quem?

O que fazer?
Junto com a palavra poder vem a reboque outra imagem na mente das pessoas. A da cidade de Brasília, nossa capital federal, com seus palácios e seu homens engravatados falando, falando, falando... Incrível como achamos que somente a voz deles possui a capacidade de realizar alguma coisa. Nas propagandas políticas sempre afirmam que fulano fez isto, que sicrana realizou aquilo.

Ora, aprofundando, quantos destes homens engravatados realmente trabalharam sol a sol na construção de uma ponte ou na limpeza de uma praça? Digo, com pás, vassouras, trenas, formões? O que estas pessoas realmente fizeram?

Do modo que falam, e alguns até acreditam assim, parece que somente a sua voz fez brotar do chão as construções como se fosse mágica, ignorando totalmente as centenas de pessoas co-adjuvantes que arrancaram a carne da Deusa o material para levantar estas edificações. Foi um trabalho em conjunto, feito em sociedade.


Se o colocássemos isolados, no canteiro virgem de obras estes homens do ar condicionado e disséssemos: FAÇA! O que ele realmente fariam?


Para que fazer?


Já se questionou o porquê de muitas coisas que existem por aí? Já prestou real atenção aos comerciais de tevê? Os de produtos alimentícios, por exemplo, vendem coisas com sabor artificial disto ou daquilo. Poxa, por que provar algo com sabor de morango se posso comprar o próprio fruto?


Os comerciais apelam para criar um desejo de ter prazer que não sabemos se queremos, e isto é um fato. E para sua realização devemos comprar, pois só assim teremos prazer. Mas a compra deveria atender primeiro as necessidades, vindo o prazer a reboque.

E mesmo quando obtemos o objeto de desejo, não a garantias da nossa satisfação. Nos comerciais o ator dirige por ruas vazias ao lado de uma bela mulher. E na vida real, o que temos?


Então fica outra pergunta: necessitamos o que queremos?

Às vezes sim, às vezes não. Mas como tudo se transforma de algo para algo, é interessante saber o porquê de certas criações para não abrirmos a Caixa de Pandora. Não dá para toda a população mundial consumir tudo aquilo que nos é mostrado na tevê. A Mãe Gaia não dá conta, gente!

Somos 6 bilhões de pessoas. 6 bi!!! É surreal achar que todo mundo pode ter iPod. Quando ficarem velhos, como descartar? E as baterias? Embalagens? Dá pra trocar todo ano? Quem promete resolver tudo isto num passe de mágica fala a verdade? Porque esta pessoa ou grupo fala assim?



Para quem fazer?

Vivemos em uma sociedade cuja a economia majoritária se baseia no capitalismo. Digo majoritária porque seria pretensão afirmar que todo mundo é capitalista. Seria como dizer que todo mundo é hétero, branco, cristão e corintiano.

Não, não somos todos capitalistas, mas boa parte ou o é, ou tenta entrar neste grupo econômico atraído pelas vantagens que ele oferece.


Quando fazemos algo, fazemos sobretudo em benefício próprio e isto não é crime. Este ato, no entanto, quando beneficia outra pessoa é algo legal. Quanto mais pessoas são beneficiadas, melhor ainda. E se este bem atinge um número maio de pessoas, durante um espaço de tempo grande, mesmo que o ato e ator iniciais tenham se extinguido, nossa, coisa é de inspiração divina!

O poder de nossa caminhada no mundo sempre deixa pegadas, a não ser que sejamos fantasmas. Cuide para que a sua passagem seja capaz de melhorar a sua vida e a do seu vizinho ao menos. Busque as reais intenções de suas ações, pesando prós e contras, indo além da satisfação dos desejos.

Somos parte da espécie mais poderosa da terra graças as ferramentas que criamos. E isto não é pouca coisa.

Afinal, quando só você goza, é estupro. E penso que Gaia se cansou disso a muito tempo.


Segue a sequência de um filme antigo que marcou a minha infância, na sessão Charles Chaplin, que passava aos domingos no canal do plim-plim, rs!


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