sábado, 31 de maio de 2008
DA ÁRVORE DA VIDA
Já assistiram "Sonhos", do cineasta Akira Kurosawa? Compostos de vários episódios, a obra conta de forma onírica os medos, anseios e alegrias de pessoas comuns em situações extraordinárias.
No episódio "Jardim das Pessegueiras" nos é apresentada a importância que esta árvore tem para a cultura japonesa pelos olhos de uma criança. Assista com áudio original, pois os diálogos só "funcionam" através da inconfundível entonação da língua nativa.
Pensando e repensando: se no Japão o pessegueiro assume esta força no inconsciente da nação, qual é a árvore que nos traduz enquanto povo? E como é isto para outras nações?
No Início
Não podemos começar este texto sem citar uma das mais fortes culturas presentes no imaginário popular brasileiro baseado na religiosidade judaico-cristã. Entre os judeus atuais há o costume de plantar árvores por conta de uma regra milenar.
Segundo este preceito, quando nasce um menino os parentes plantam um cedro; e se vem ao mundo uma menina, um cipreste. Quando dois jovens adultos se casam, os ramos destas árvores são cortados e usados para a construção de um hupá (ao lado). Este hábito ainda se mantém.
Em seus textos sagrados há também diversas restrições quanto ao uso e manuseio de árvores.
"A Sabedoria nasce da mente pura"
Nos contam os textos budistas que o princípe Sidarta, cansado da vida palaciana, saiu para dar um passeio, logo ele que nunca deixara aqueles muros. Através do contato que teve com a velhice, pobreza e morte expostas nas ruas de seu reino, percebera que a vida era diferente daquilo que conhecia e inquietou-se.
Mas ao se deparar com a paz de um eremita que meditava percebera que era possível encontra-la para si. Sidarta resolveu deixar sua esposa e filho e buscar tal quietude para sua alma. Viveu anos na floresta e, encostado em uma figueira, finalmente encontrara sua Revelação.
Visita dos Antigos
As nações do Oiapoque são protegidas pelos Karuãna, os Antigos, que visitam este mundo graças ao Turé, mastro que liga Nosso Mundo ao Outro. Quando as chuvas escasseiam, uma reunião é realizada envolta deste mastro.
Os Karuãna, andando entre os vivos, bebem do caxiri e confabulam com os pajés durante a comemoração que se dá entre todos os membros do povo. Estas festas tem como objetivo a obtenção de favores e a defesa contra outros Karuãna desejosos de lhes fazer maldades.
Pensamento e Memória
Poucas árvores tiveram tamanho destaque e importância para o Divino como Yggdrasil, a árvore que ligava vários mundos segundo os povos norte-europeus. Seus frutos curavam doenças, suas folhas revertiam a morte. As raízes, tronco e galhos sustentavam reinos divinos dos vikings.
E não foi à toa que Loki, para derrotar Odin e os Aesir, entre outras coisas, tratou de derrubar este maravilhoso ecossistema, que acabou consumido pelas chamas do Ragnarok, assim como o resto do universo. Mas das cinzas do velho mundo e das raízes desta grande árvore a vida renasce.
Símbolos
Quem nunca se extasiou ao passar pelas ruas da cidade, com o chão forrado de flores amarelas que não estavam ali a poucos dias? É assim em frente de casa, por exemplo. Muitos perceberam que falo do ipê, que já foi a árvore-símbolo do país.
Não raro pensamos que estão mortas, pois sua aparência ressequida e geralmente sem folhas induzem a tal julgamento. Mas em uma explosão de cor, enfeitam a bem-aventurada calçada que as recebe. Oriunda do cerrado, além de resistente ela se adéqua facilmente ao ritmo da cidade, pois suas raízes não quebram calçadas. Além de lindas, as cascas segundo a sabedoria do povo, possuem propriedades curativas.
Não se pode deixar de falar, logicamente, da árvore que nos empresta seu nome, o pau-brasil. No Bosque Maia, na nossa cidade, existe um exemplar desta espécie que, durante décadas, ajudou a criar riquezas devido a sua madeira resistente e a brasileína, um tipo de pigmentação.
Há uma controvérsia envolvendo estas duas grandes árvores nacionais e sobre qual delas deve ser o símbolo nacional definitivo. Confesso que neste pódio, ambas dividem o primeiro lugar!!!
Não só nosso país possui nome de árvores. Bairros paulistanos como Cambuci e Pinheiros também possuem esta honra e lutam para que mais destas árvores vivam entre a população.
E você?
Quantas árvores existem na sua rua? Sabia que elas ajudam a refrescar o ambiente graças a evaporação realizada pelas folhas no verão, e a umidificar o ar no inverno? Que a secretaria do Meio-Ambiente de sua cidade possui mudas e cursos gratuitos na área?
Vamos fazer parte desta teia?
Ah, segue um vídeo muito bom, som de infância, com Liu e Léu, chamado O Ipê e o Prisioneiro. Se tiver preconceito contra o som da terra, vença-o e assista!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Cultivaram esta Semente: