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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

VETO ÀS SACOLAS BIODEGRADÁVEIS?

O Governador José Serra vetou tempos atrás um projeto que proibia a circulação de sacolinhas de mercado, ou restringia seu uso às biodegradáveis. Em seu entender, isto não compete ao Estado julgar mas a União, além de interferir em atividade privada e necessitar avaliações quanto ao impacto econômico, entre outros motivos.

O autor do projeto de Lei 534/07, o então deputado Sebastião Almeida afirma que leis semelhantes já foram aprovadas, como em São Francisco (E.U.A.), e que o veto cortou qualquer possibilidade de discussão sobre o assunto.

Quando Almeida elegeu-se prefeito em Guarulhos aproveitou a idéia para criar uma lei municipal, a exemplo de outras cidades do país por entender que cabe aos municípios promover políticas locais para solucionar o problema de seus dejetos. Concordo.


Segundo o blog Bruxa do Leste, iniciativa idêntica fora toma pelo também prefeito de Bauru, Rodrigo Agostinho. Veja AQUI o comentário no blog da amiga Isaura Vecchi.

Minha relação com sacolinhas de mercado tenta ser mínima, já que nas compras uso mochila escolar comum para transporte das minhas compras. Lembro que, quando criança, nós tínhamos uma sacola não-descartável, que ficava em um gancho atrás da porta, para estas finalidades. Minha mãe e eu a usávamos sempre, seja em mercado, seja em feiras livres. Grandes redes de mercados já vendem as ecobags e restringem o uso das sacolinhas de mercado. Já é um avanço.

Com um tempo de vida de 100 anos quando exposta à Natureza, as sacolinhas de material não-biodegradável são um risco em potencial que só aumentam com o descaso da população que não sabe consumir, criar e descartar seu lixo. Já as biodegradáveis possuem um tempo menor de decomposição quando expostas à natureza:

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Além do aditivo que fragiliza as moléculas do plástico comum, feito com polietileno ou polipropileno, a rEs Brasil traz para o Brasil resinas de amido feitas principalmente de mandioca, milho ou batata (não transgênicas), que resultam em um plástico 100% orgânico. O filme resultante se deteriora pela ação de microorganismos em contato com o solo, em contato com resíduos orgânicos e em ambientes de compostagem e de aterros sanitários, os chamados
lixões, em um período de 40 a 120 dias, se transformando em um composto orgânico que pode ser usado como humus na adubação.
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Fonte: recicláveis.com.br

Existem muitos fatores envolvidos na produção industrial em geral. Um dos primeiro argumentos que se faz contra qualquer lei ambiental é que ela atrapalha o desenvolvimento, gera custos e (palavrão!!!) causa desemprego. Quando esta última palavra é citada pode-se ouvir o burburinho "na geral". São questões sensíveis. Tenho um amigo que faz estamparia (silk-screen) em sacolinhas plásticas e já tivemos produtivas conversas a este respeito.


Creio que, independente da existência ou não de uma Lei, deve imperar o bom-senso. Que se reduza a zero o consumo de sacolinhas, apesar dos pesares. Ou teremos mais problemas no futuro enquanto sociedade.


Saúde, amizade, liberdade.

S. Thot.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

DA PROTEÇÃO ANIMAL




  1. Todos os animais têm o mesmo direito à vida. 
  2. Todos os animais têm direito ao respeito e à proteção do homem. 
  3. Nenhum animal deve ser maltratado. 
  4. Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat. 
  5. O animal que o homem escolher para companheiro não deve ser nunca ser abandonado 
  6. Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor. 
  7. Todo ato que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida. 
  8. A poluição e a destruição do meio ambiente são considerados crimes contra os animais. 
  9. Os diretos dos animais devem ser defendidos por lei. 
  10. O homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
Declaração Universal dos Direitos dos Animais - Unesco - 1978
 
A simbiose entre o ser humano e os animais é tão antiga que eu nem deveria separar entre "nós" e "eles".

Isso porque, no início, servíamos de alimento aos grandes caçadores. Depois, quando a situação se inverteu e, através do uso de ferramentas, grandes mamíferos selvagens passaram a integrar nossa dieta e imaginário. Foram e são nossos vigias, meios de transporte, alimento, vestuário. Comentei sobre isso anos atrás, sobre os Cordeiros de Deus.

Já pensou nisso?
 

Na tevê

Tempos atrás assisti um especial na tevê sobre pessoas que cuidam de animais aqui no Brasil. Gente que chamaríamos de loucas, pois investem dinheiro que tem e que não tem para tirar cães e gatos (e às vezes até animais maiores), das condições de abandono.
Como uma mulher que, segundo a reportagem, largou família, posição social e financeira estáveis para cuidar de dezenas de cachorros o dia inteiro, dia após dia.


Quem protege?

A resposta a esta pergunta é supercomplexa. Há um leque de pessoas que realizam ações visão o bem-estar animal,  desde a mais pura e simples piedade sem maiores compromissos deixando na rua um pratinho com sobras e água aos eco-radicais do PETA. O caminho do meio é atuação de centenas de anônimos, cuidadores dos animais de rua, que atuam nas mais diversas ONGs.
 
Nos Estados Unidos, através da tevê, conheci a Dog Town, uma entidade que recupera cães que todos abriram mão de ajudar e que teriam como destino o sacrifício. Em Guarulhos, conhecemos a Ong Deixe Viver que faz este trabalho de remoção, esterilização e recolocação de animais em situação de rua. Composta de voluntários, faz um trabalho de formiga numa cidade gigantesca como a nossa.


Por que?
 
Me perguntaram por que com tanta criança na rua, alguns dedicam seu tempo aos animais. Ora, porque onça não tem sindicato, gato não tem quem brigue por ele para fazer valer os seus direitos. Se fossem deixados à margem das condições mínimas de sobrevivência, como aliás já fazemos com os indivíduos da raça humana que mundo teríamos?

As chamadas atrocidades que realizamos conosco seria o cotidiano dos seres pelo planeta. Aliás, a palavra holocausto, que tanto aplicamos para nomear as barbáries da 2ª Guerra Mundial tem justamente esta origem (do grego antigo ὁλόκαυστον, ὁλον [todo] + καυστον [queimado]): é um termo vindo da época em que se matavam animais para gloria divina.
 

Como?
 
Bem, tudo começa em casa. Respondendo como leigo, eu diria que o melhor tratamento que se pode dar a um animal doméstico é não te-lo, não possui-lo. A posse pressupõe que ele é um objeto que pode se adquirido e descartado conforme a conveniência. Não, isto não se aplica. Todo animal é uma forma de consciência, e formas de consciência assim como nós, não possuem donos.

Então você não tem um animal, mas partilha de sua existência com ele. Somos sócios, amigos, parentes. E veja bem: este ser vive em um mundo que não foi feito e nem é adequado para ele, mas para nós. Tão pouco esse bicho é selvagem porque nós os moldamos ao longo dos séculos para serem nossa imagem e semelhança.

O animal doméstico está em uma encruzilhada. Como definiu minha amiga Milka durante o 5º Encontro Sobre Bruxaria em Guarulhos, o animal doméstico é como uma pessoa portadora de necessidades especiais e como tal deve ser tratada. É uma imagem diferente, não? 

Eu sei, também fiquei com esta cara! Rs! Mas um pensamento mais profundo nos levará também a esta conclusão que, de tão simples, era impossível de ser enxergada.
 
Se você não mora na Africa, fica difícil salvar elefantes. Se não mora no litoral, de ajudar tartarugas. Mas preste atenção em sua vizinhança. Muitos seres que precisam de cuidados sobrevivem bem aí do seu lado.

Conheça a legislação, saiba o que pode e o que não pode fazer. Busque sempre ajuda de uma entidade reconhecida na defesa de animais e do poder público. Uma vez amparado na Lei, suas ações possuem efeito mais rápido e objetivo.
 
Se os cães falassem as língua dos homens, diriam apenas: Tudo o que eu quero é ir pra casa.

Saúde, amizade, liberdade.


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

DO CUIDADO




"Na separação violenta do homem da natureza, o estupro torna-se um instrumento político. Zeus faz valer sua autoridade para tomar qualquer coisa que queira, a serviço apenas de Sua própria vontade violenta."


O Corpo da Deusa, de Rachel Pollack

Os noticiários dos últimos meses tem assustado a nação no que se refere às crianças e de como seus pais tem cuidados delas. Ou não.
Estupros, abandono e assassinatos são cometidos justamente por aqueles que deveriam protege-las dos perigos do mundo. Curioso como as estórias que nossos pais contavam, como João e Maria, ainda acontecem em nossa sociedade dita avançada.


Coisificação

A questão gira em torno da coisificação do ser humano. A criança perde sua personalidade para ser uma coisa que fala e anda. Ser pai ou ser mãe não é só ser um bom reprodutor, mas tem a ver com algo mais profundo, sagrado. Os principais argumentos que as pessoas usam para uma família ter crianças são:


  • que cuidarão dos pais na velhice
  • são a alegria da casa
  • ajudam a manter o casamento estável
  • a camisinha furou

Em nenhum momento se cogitar falar que ali se forma um ser humano, que ele trará consigo um modo de ser, que herdará a história de seus pais e comunidade para juntar com a sua e construir a própria. Esta criança interagirá com o mundo de acordo com as experiências vividas com sua família e amigos nos primeiros estágios da vida.


É deste berço explêndido que nascem os Adolfs ou os Gandhis. 


Criando Dart Vader

Crianças não são coisas, são pessoas em formação, que deverão ter um lugar neste mundo, que o receberão de nós com suas melhorias e defeitos. Não são animais de estimação, nem moeda de troca, nem soldados para a guerra, nem instrumentos sexuais.

São fruto de um mecanismo que ainda não dominamos completamente (ufa! ainda bem!), fruto da união entre o mais forte corredor e a única e mais rara jóia. Do ponto de vista do Sagrado, são um presente e uma responsabilidade. O casal não deve esperar deste ser frágil a força que os unirá. A criança tem um mundo para desbravar e não foi feita para resolver problemas dos adultos. Eles, que vieram antes, que se virem.

Esta certeza deve ser pré-existente, afim de criar entre eles um ambiente de amor, apoio, liberdade e evolução em todas as áreas humanas.


Saúde, amizade, liberdade.




S. Thot 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

DOS VAGALUMES, SAPOS E GRILOS





É noite e estava quente. Brigit, minha gata, e eu estávamos tomando fresca na janela, observando o céu escuro e prestando atenção aos sons da madrugada. Um pensamento veio como relâmpago: não ouço grilos!!!

Quando criança nos anos 80, morando na Vila Barros, meu quintal era meu zoo particular, com pardais, quero-queros, beija-flores, grilos, vaga-lumes, formigas, grandes besouros de asas negras e som de helicóptero, libélulas... Não gostava das aranhas (aliás, ainda não gosto!), mas elas sempre me fascinaram!

À noite era possível ouvir a sinfonia de dezenas de grilos escondidos em capins e moitas. Quando nos aproximávamos eles emudeciam. Como eu achava estes bichinhos espertos! Ah, e também tinha o som dos galos da madruga, das quatro horas em diante, que acordavam o mundo, anunciando a Aurora que chegava com seus róseos dedos a rasgar o véu da noite.

Me pergunto hoje se as crianças que jogam bolinha de gude no carpete e empinam pipa no apartamento já pegaram um vaga-lume nas mãos e se maravilharam com o fato de luz sair de uma criaturinha viva. Hmmmm... Faz tempo que não vejo vaga-lumes.


Conforto

Em nome do conforto de não ter folhas no quintal ou um pouco de terra na sala, pavimentaríamos todo o planeta, sem deixar para a terra um espacinho para que ela possa respirar e seguir seu caminho.

Acho que já escrevi aqui, mas é sempre bom dizer: uma revista especializada em aeronáutica comemorou a expansão da cidade morro acima, pois o desmatamento das árvores prejudica a formação de nevoeiros nas noites de inverno. As mesmas árvores que alimentam os mananciais e mantém viva a cidade. Mas enquanto uns choram, outros vendem lenços. É assim nosso sistema capitalista.


Surpresa

Pensamentos assim não me deixam dormir a noite, então fui para a sala, assistir tevê. Foi quando a Deusa me reservou uma surpresa: perto da porta, piscando sua luz esverdeada para mim, havia um vaga-lume.

Obrigado, Senhora!!!