Páginas

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TRAGÉDIA ANUNCIADA

Vocês se lembram do tsunami ocorrido em 2004 e que devastou vilas inteiras no pacífico sul? Era uma tragédia anunciada. Sabe o significado destas duas palavras? Significa que alguém sabia que algo estava errado, que haveriam mortos e feridos e que nada ou pouco foi feito para impedir o ocorrido. Países do Círculo de Fogo, região do epicentro do tremor, têm (ou deveriam ter) meios para prever tsunamis e alertar a população local. A exemplo do Japão que deu nome que hoje usamos ao fenômeno do maremoto.

Quem assistiu os telejornais nestes últimos dias viu outro tipo de tsunami: o de pedras, árvores e tijolos descendo o morro com água, lama e corpos de pessoas varrendo a região serrana do Rio de Janeiro no início deste ano. Outra tragédia anunciada segundo o geólogo Álvaro Santos (veja AQUI a reportagem). Não vai longe: o ano de 2010 iniciou-se com as mortes em Angra dos Reis, com muitos mortos. Poucos meses depois tivemos os deslizamentos em Niterói, com casas construídas sobre um lixão!


Se você juntar duas competências, a de geólogo e a de metereólogo para que façam um estudo sobre as áreas de risco de certo lugar em determinadas épocas pode-se ter um mapa relativamente preciso de onde as pessoas não devem construir habitações. Ou de onde devam sair para que não haja risco de morte. Nem que seja à força. Radical? Bem, radical é a morte e ela chega e leva.



Vesúvio

Penso por exemplo nas cidades que vivem aos pés do Vesúvio, como Nápoles. É fato que o solo ao redor de vulcões é fértil, o que atrai as populações humanas há gerações. O nosso cimento, sem o qual não haveriam tantas estruturas gigantescas, foi inventado aos pés de vulcões ao se misturar suas cinzas com outros materiais graças à engenhosidades dos romanos e povos vizinhos ainda na Antiguidade. 


Ainda hoje este material é utilizado em diversas partes de mundo na construção, como tem feito nossos vizinhos argentinos na Patagônia que usarão os recursos disponíveis para a fabricação de casas, com tijolos feitos de cinzas vulcânicas, para construir casas populares. É descobrir a oportunidade na adversidade. Veja AQUI a notícia.
Vítimas do Vesúvio, em Pompeia




Mas não preciso dizer que as pessoas que lá residem conhecem os riscos que correm nas encostas de um vulcão ativo.


Se durante séculos os moradores usaram da sorte, dos instintos ou da providência divina para se safarem da morte, hoje é possível detectar tremores e ter planos de emergência para diminuir os danos. Mas aqui falo de erupção vulcânica, algo difícil de prever.

Que o diga as populações de Pompéia e Herculano, vítimas do efeito piroclástico que desceu as encostas do Vesúvio matando centenas em minutos e soterrando a cidade por 1600 anos. O moderno governo italiano pensou adiante:

"Em 1995, o governo italiano formou uma comissão cujo objetivo é traçar um plano de emergência para o caso de o Vesúvio voltar a entrar em atividade. O principal ponto do plano é evacuar 700 mil pessoas que moram nas áreas de maior risco num período de sete dias."

Fonte: Wikipedia 





Podemos Prever Tragédias?


Em nosso país todo verão chove! E a soma de água + morro + pessoas = tragédia. Sabendo disto, considero responsáveis os institutos de pesquisa meterológicas e topográficas, órgãos da defesa civil, as secretárias da habitação de diversos governos coniventes com a ocupação destes locais e os chefes de família que colocam seus filhos nesta situação perigosa. É... apesar do pesar que sinto das mães e pais enlutados chorando diante das câmeras que aumentam o close-up para melhor registrar suas lágrimas, tenho que lembrar que muitos sabem dos riscos quando constroem suas residências nestas áreas.

Não é possível confiar em parlamentares, infelizmente. Parlamentar, como a origem da palavra mostra, é uma pessoa cuja a função é falar. Blá, blá, blá interminável que começa e termina no período eleitoral, visando apenas conquistar votos e a manutenção de poder, cargos e salários. Que prefeito terá culhões para enfrentar bairros inteiros e dizer o óbvio? De que se os habitantes permanecerem ali correrão o risco de morte e que serão desalojados?

Toda cidade possui um limite habitável determinado pelas condições que a natureza lhe impõe. Quando ultrapassamos este limite estamos por conta e risco e esta é uma informação que tem que ser dita em alto e bom tom. 

Depois que fornecermos nossa ajuda e solidariedade através de alimentos, água, produtos e higiene e limpeza é preciso sentar e conversar seriamente sobre como fazer com que no verão de 2012, afim de não iniciarmos o ano com imagens de crianças mortas emergindo da lama nos braços de bombeiros em prantos.

Certo?

S. Thot 

Ps.: na segunda semana de março o Japão foi sacudido por um dos piores abalos dos últimos anos. O terremoto, acima de 9 graus de magnitude, causou na seqüência um maremoto e, entre outros estragos materiais, a explosão de uma de suas usinas nucleares (Fukushima Daiichi). A contagem dos mortos, feridos, desaparecidos e desabrigados continua enquanto o mundo presta sua solidariedade. Há coisas que mesmo prevendo são difíceis de contornar.




5 comentários:

  1. É triste, mas é fato.
    Pessoas constroem a casa "dentro" do rio, ai chove pouco a agua chega até a casa, chove muito o rio entra dentro da casa... Gente é uma questão obvia, se a agua não penetra no solo, ela vai para o plano, que geralmente é um rio, se tem casa no rio, a natureza não quer saber se a pessoa esta certa ou errada, a natureza segue seu curso que é natural, o homem intervém ano após ano, concreto, cimento...
    O pior é que é morro, é, a pessoa habita, ja sabendo que esta errado, e para completar a prefeitura da o respaldo, pois asfalta, leva luz, esgoto e agua... Dai chove, destrói tudo, ai a culpa é das autoridades, mas não apenas delas.
    Segue exemplo o caso do fumante, o cara sabe que faz mal, e fuma aquela bosta, ai o câncer come os pulmões dele, depois vem clamar a DEUS, que deus foi ruim com ele, o cara se maltratou a 30 anos fumando e DEUS, leva o credito...

    ResponderExcluir
  2. Bem, pode sim haver muitas pessoas, mas não é so por isso... Gaia até pode não estar satisfeita, mas não faz o menor sentido, seria como construir uma cidade ao lado de um vulcão.

    ResponderExcluir
  3. Pois é Saulo. Mas isso faz parte de nossa infantilização política, onde vemos o governante como um grande Pai, que nos dá tudo que precisamos.

    A tomada da consciência, em todos os âmbitos, é amadurecimento. Precisamos dar condições para que as pessoas ao nosso redor amadureçam para que deixem de achar que tudo se resolve com um passe de mágica, com um decreto do prefeito ou um ato de Deus.

    ResponderExcluir
  4. Olá, Nion. De fato não dá para domar a Natureza o tempo todo. Nosso mundo é fundamentado sobre essas leis da física. Uma delas diz que tudo tende ao caos (termodinâmica). Logo, vez ou outra as coisas fogem do controle mesmo.

    A questão é estarmos preparados para isso. É fazer uma análise do ambiente e pensar: o que eu faço em caso de emergência para que possa me safar com segurança sem dar trabalho ao meu próximo?

    ResponderExcluir
  5. Eu só espero que as pessoas não comecem a ver nisso coisas como sinais do fim do mundo e outras besteira do tipo, ou que o Deus cristão está punindo/avisando nações x ou y. Aconteceu o que era esperado para acontecer em um país situado em uma falha geológica, assim como as casas do Meio-Oeste americano são fadadas a sofrerem com os furacões.

    ResponderExcluir

Cultivaram esta Semente: