quarta-feira, 31 de outubro de 2007
DO NOVO HOMEM
Nos últimos grupos pagãos em que trabalhei, a presença feminina era maciça. Nada mais natural uma vez que a Religião da Deusa é um atrativo muito poderoso para o feminino existem em cada um de nós, tenhamos nós os cromossomos XX ou XY. Tal descoberta e as experiências dela decorrentes, ajudou-me a desenvolver em mim o valor do "outro".
Por existir um número maior de mulheres na Religião em geral e nos grupos em que celebrei em particular, as funções dentro dos rituais não podiam ser divididas em papéis masculinos para homens ou femininos para mulheres porque o número de pessoas nem sempre era o ideal para tal prática. Passamos então a ver o outro gênero com novos olhos através do resgate do masculino ou feminino dentro de nós.
E já que é Assim na Terra como no Céu, esta visão ampliada das coisas acertadamente transborda também para a realidade comum. A genitália ou a visão social deixa de ter papel preponderante sobre aquilo que somos realmente
Nossos Papéis no Cotidiano
Somos uma sociedade em luta, uma sociedade de conflitos. Um deles se refere aos papéis que homens e mulheres precisam desenvolver na sociedade, a começar na celula mater, a família. O homem tem deixado de ser a cabeça da casa em muitas cidades do Brasil. Seja porque morram mais cedo, seja porque se divorciam/abandonam as famílias.
Em minha própria família isso foi uma realidade. Minhas duas avós e minha mãe ficaram viúvas cedo e tiveram que gerir sozinhas as suas casas. Há campanhas governamentais que focam diretamente na saúde do homem que, como sei muito bem, não gosta de médico. Tem até um vídeo sobre o assunto.
Muitos banco populares têm feito empréstimos somente às mulheres porque costumam ser mais contantes nos pagamentos, além de serem os "homens da casa", por assim dizer. Há uma experiência muito boa em Bangladesh sobre o assunto.
Um novo papel cria-se agora na sociedade, de maneira lenta e gradual! Nós homens estamos um tanto perdidos, onde temos que ser dóceis no mundo privado, porém agressivos cá fora neste capitalismo selvagem. Ser capazes de dar conta da troca de uma fralda, mas também de combater na selva de pedra. Só que em quem nos espelharemos? Somos uma das primeiras gerações a se encontrarem com esta nova realidade. Se não há modelos confiáveis, como podemos cultivar a nosso novos papéis se vivemos em cercados?
Mulheres sem dono
Incrível como os conceitos mudam com o tempo, espaço e povo. O conceito de mulher virgem é um exemplo disso. As mulheres eram virgens não porque nunca tenha se deitado com um homem, mas porque não pertenciam a nenhum.
Num sentido mais profundo, é uma mulher que está ao nosso lado porque o deseja, não por medo do "mundo lá fora", ou piedade, ou interesses. Essa mulher é alguém que nos chama para segurar o alfinete da fralda, mas que também empunha a espada e escudo, com a pele pintada pra guerra e diz: vamos nessa!
Então é isto! Mulheres capazes do manejo da espada ao lado de homens capazes de fazer mamadeiras, todos em igualdade de condições, livres para assumir posições conforme as coisas acontecem, apoiando assim uns aos outros!
Isto, lógico, pede um novo homem também! Um que não se intimide com essa mulher forte e senhora de si.
Ah, este post sobre mulheres fortes merece um som do Ministro!
Ps:
Um texto interessante: Do Macho-Alfa
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
DAS DIVINDADES ARISTOCRÁTICAS
Este novo foco a que me refiro baseia-se no entendimento que tenho sobre a palavra pagão: do latim paganus (camponês, agricultor), estes Deuses são aqueles ligados à colheita, vegetais, alimento. Por extensão, também os associo aos deuses da caça e pesca, lugares selvagens, corpos celestes e ancestrais.
Em um mundo regido pelos ciclos naturais, onde a humanidade vivia com aquilo que retira da terra, Deuses mais aristocráticos e dotados de atributos mais “sofisticados” não inspiram grande devoção.
Mão na Enxada
Posso citar como exemplo Amun-Rá egípcio, cultuado nas grandes cidades pelos faraós e sacerdotes, mas que não se sobrepõe a Osíris (o rio Nilo) e Isis (seu vale inundável e fértil).
Entre os gregos temos Zeus, Hera, Áries, Hades. Apesar de poderosos, todos se renderam a Demeter em ocasião do rapto de sua filha Kore/Perséfone. Os Mistérios Eleusinos sobrevivem até hoje, segundo me consta, em agradecimento a Demeter e Perséfone, senhoras da agricultura.
É Carnaval!
Na Roma Antiga temos a Lupercália, culto ao Deus Lobo Lupercus, guardião da cidade. Fortemente ligado à fertilidade e proteção dos rebanhos, seus sacerdotes vestidos em peles de lobo açoitavam com cintas mulheres dispostas a engravidar.
Como quanto maior a área atingida maior a possibilidade de fertilidade é de se esperar que tais cultos terminassem em uma grande festa de pessoas seminuas. A data em que se comemorava a Lupercália era 02 de Fevereiro, data curiosamente próxima do nosso carnaval.
Como de hábito, afim de submeter o povo à nova religião, o cristianismo transformou o evento numa comemoração mais comportada: o Dia dos Namorados, comemorado em 14 de Fevereiro em alguns países do mundo.
Vocês conseguem ver um membro de alguma alta casta social dançando seminu pelas ruas de uma cidade? Confesso que seria interessante.
Falando em Carnaval...
Luís da Camara Cascudo, escritor brazuca, narra na obra "Antologia do Folclore Brasileiro" os acontecimento de uma "Festa de Baco em Pernambuco", comemorada depois da festa da Nossa Senhora dos Prazeres. Atenção ao Hino báquico:
"Bebamos, companheiros.
Bebamos, companheiros.
O suco da uva.
O vinho verdadeiro."
Lógico que, após tentativas das autoridades para dar um fim pacífico à festa não surtiram efeito, as forças públicas do governo, com uma "numerosa força de infantaria e cavalaria" deram um ponto final ao assunto. Afinal, somos um país cristão onde festas deste naipe não são bem vistas.
Nosso próprio carnaval, antes da pasteurização das escolas de samba e realizado em avenidas artificiais, foi vítima de perseguições mil numa época que droga pesada era lança-perfume. Deixou de ser festa popular no pleno sentido da palavra.
Coisa de Pobre
Deuses pagãos, no sentido estrito da palavra, são cultuados pelas pessoas que "ralam" no sol e na chuva. Seus cultos são melhor realizados nos campos do que em palácios cobertos de ouro. Seus sacerdotes possuem as mãos calejadas e os pés com o barro da terra que dão sustento a eles e a nação.
Um templo pagão é mais uma imagem de um campo coberto pelas espigas de milho brilhando à luz do sol do que a do Partenon esteticamente perfeito.Pense nisso!
Sergio Thot.
Ps.: Essa coisa de mato, de casinha com varanda pede Zé Geraldo, hein minha meiga senhorita?
Sergio Thot
sábado, 20 de outubro de 2007
BELTANE
De Cecília Meirelles
"A VIDA só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a VIDA só é possível
reinventada."
O Grupo Semente Sagrada lhe convida a participar de mais esta celebração.
Época de fazer alianças, juntar amigos, misturar a massa, ver pronta a obra.
O calor nos agita, com o Sol alto no céu, trazido pela carruagem dourada e seus cavalos selvagens! Na terra as plantas recebem suas primeiras chuvas, ainda tímidas.
No espiritual, Aqueles que se Foram Antes vivem suas primeiras aventuras em sua nova existência. Demeter e Perséfone encontram-se novamente e muitas são suas lágrimas de felicidade. Tantas que lavam a terra da aridez da solidão.
O fim não é real, mas a oportunidade de um novo começo, um melhor começo.
Para celebrar e render culto nós os convidamos novamente!
Não esqueçam de trazer um prato de doce ou salgado, um tecido para sentar, o cartão de pedidos e um item de seu ato mágico.
Usem uma peça da roupa nas cores Laranja, Verde ou Amarela para nos harmonizarmos com o período.
Bosque Maia - Espaço Gilmar Lopes
Domingo, 28 de outubro de 2007.
14h00
Encontro sob a Tenda do Bosque 15 minutos antes!!!
SEJAM BEM VINDOS!!!
Anne, Branwen, e S. Thot - Grupo Semente Sagrada
Visite nossa página no Orkut!
Este é um clássico da MPB, na voz da Gal, para cantar debaixo de chuva!
"A VIDA só é possível
reinventada.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas...
Ah! tudo bolhas
que vem de fundas piscinas
de ilusionismo... — mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.
Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a VIDA só é possível
reinventada."
O Grupo Semente Sagrada lhe convida a participar de mais esta celebração.
Época de fazer alianças, juntar amigos, misturar a massa, ver pronta a obra.
O calor nos agita, com o Sol alto no céu, trazido pela carruagem dourada e seus cavalos selvagens! Na terra as plantas recebem suas primeiras chuvas, ainda tímidas.
No espiritual, Aqueles que se Foram Antes vivem suas primeiras aventuras em sua nova existência. Demeter e Perséfone encontram-se novamente e muitas são suas lágrimas de felicidade. Tantas que lavam a terra da aridez da solidão.
O fim não é real, mas a oportunidade de um novo começo, um melhor começo.
Para celebrar e render culto nós os convidamos novamente!
Não esqueçam de trazer um prato de doce ou salgado, um tecido para sentar, o cartão de pedidos e um item de seu ato mágico.
Usem uma peça da roupa nas cores Laranja, Verde ou Amarela para nos harmonizarmos com o período.
Bosque Maia - Espaço Gilmar Lopes
Domingo, 28 de outubro de 2007.
14h00
Encontro sob a Tenda do Bosque 15 minutos antes!!!
SEJAM BEM VINDOS!!!
Anne, Branwen, e S. Thot - Grupo Semente Sagrada
Visite nossa página no Orkut!
Este é um clássico da MPB, na voz da Gal, para cantar debaixo de chuva!
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
DO RECONHECIMENTO
Há exatos 10 anos duas mulheres e um homem, sensíveis e inteligentes, vieram a Guarulhos e nos concederam luzes para a formação do que hoje é o Semente Sagrada. Os nomes destas pessoas estão gravadas em nossos corações pois, em uma época em que a comunicação eletrônica no país ainda engatinhava, a presença deles delineou nossa formação religiosa de modo inequívoco.
Tudo começou em 1997, quando S. Thot era membro de um espaço cultural na cidade de Guarulhos. mantido pelo mandato de um vereador local, nesta época ali era o ponto focal de muitas pessoas com um pensamento diferenciado. Entre eles havia Valéria.
Feminista e de pensamento libertário, era sem dúvida uma personagem intrigante. Ambos conversavam muito sobre política, movimentos sociais, sobre a vida. Nas reuniões, atos e outras ações, seu senso de humor, clareza e inteligência eram surpreendentes.
Certa vez, em uma reunião administrativa, ela propôs colocar na grade de eventos e palestras a visita de uma feminista paulistana para falar sobre a condição feminina em face da religiosidade atual. Pomposo, não? "E qual o tema colocamos no panfleto de propaganda?", perguntaram. "Bruxaria Moderna", ela respondeu.
Devo lembrar que falamos de 1997! Sem a internet, poucas pessoas conheciam Wicca e afins. Mas Thot (que era Sérgio na época) e outros mais antenados gostaram do tema, que fugia da linha colocada pelo Espaço.
De quantos amigos você precisou para chegar até onde está?
Continua...
Enquanto espera, que tal deliciar-se com outros amigos nossos? É uma galera grande, hein? Caymmi, Vinicius, Baden Powell e um quarteto inteiro afinadinho no Cy. Puxe uma cadeira!
Tudo começou em 1997, quando S. Thot era membro de um espaço cultural na cidade de Guarulhos. mantido pelo mandato de um vereador local, nesta época ali era o ponto focal de muitas pessoas com um pensamento diferenciado. Entre eles havia Valéria.
Feminista e de pensamento libertário, era sem dúvida uma personagem intrigante. Ambos conversavam muito sobre política, movimentos sociais, sobre a vida. Nas reuniões, atos e outras ações, seu senso de humor, clareza e inteligência eram surpreendentes.
Certa vez, em uma reunião administrativa, ela propôs colocar na grade de eventos e palestras a visita de uma feminista paulistana para falar sobre a condição feminina em face da religiosidade atual. Pomposo, não? "E qual o tema colocamos no panfleto de propaganda?", perguntaram. "Bruxaria Moderna", ela respondeu.
Devo lembrar que falamos de 1997! Sem a internet, poucas pessoas conheciam Wicca e afins. Mas Thot (que era Sérgio na época) e outros mais antenados gostaram do tema, que fugia da linha colocada pelo Espaço.
De quantos amigos você precisou para chegar até onde está?
Continua...
Enquanto espera, que tal deliciar-se com outros amigos nossos? É uma galera grande, hein? Caymmi, Vinicius, Baden Powell e um quarteto inteiro afinadinho no Cy. Puxe uma cadeira!
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
DO HERÓI
Herói: Sm. 1. homem extraordinário pelos feitos guerreiros, valor ou magnanimidade.
Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, citou em sua obra "A Vida de Galileu", que "triste é a nação que precisa de heróis".
Na Espanha de Miguel de Cervantes encontramos o Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote, fidalgo e leitor assíduo dos romances de cavalaria medievais. Cervantes usa o texto para criticar sua época e estas obras que ele julgava menores. Tomando para si os princípios do cavaleiro andante, nosso personagem decide sair pelo mundo a combater o mal, tendo um final melancólico. Como contraponto ao seu sonhador patrão, Sancho Pança sempre tenta chama-lo à realidade.
Nesta Terra Brasilis encontramos Macunaíma, de Mario de Andrade, o nosso herói sem nenhum caráter que dispensa maiores apresentações.
Cada ser humano, povo e época decide por si o que é um herói e como reconhece-lo em meio a multidão. O que seria para você um herói hoje?
Ouvidos atentos
Incrível os ensinamentos que obtemos quando nossa mente está alerta, não? A inspiração deste texto veio de um papo que tive com uma ciberamiga, a Brawen. Falávamos da novela global Eterna Magia, e o assunto descambou para o Tarot, não sei como!
Antes de ser um método adivinhatório, suas lâminas contam uma história antiqüíssima. Quem as dispuser seus arcanos em uma determinada ordem verá "a caminhada da alma humana rumo o iluminação", como diria Arcano 8.
Uma estória que se inicia com o Louco, ser alheio ao seu entorno, e que termina com o Mundo, representando a perfeição, a obra completa. Mas apenas para, como a Pedra de Sísifo, como as mandalas budistas, ser desfeito e reiniciar a roda da vida ao modo do Louco.
Levanta-te e anda!
Um herói não se dá conta de suas habilidades, mas é impulsionado a isto. Geralmente é ou se sente órfão do mundo e, portanto, não possui qualquer vínculo com a velha ordem que ele certamente mudará. O impulso é externo, uma necessidade contra a qual ele não pode fugir e sobre a qual precisa sobreviver. Pela vida ele luta, buscando novas armas e alianças. Qualidades que até então desconhecia e só lhe atrapalhavam agora afloram como respostas às demandas.
O conhecimento que ele acessa, porém, não é para os fracos. E nada nos é dado sem que algo seja devolvido. Então temos o trabalho sagrado, sagrado ofício, sacro ofício, sacrifício. É a transmutação, a saída da crisálida. Como Wotan/Odin, que para conseguir o conhecimento das runas, pendurou-se na Árvore da Vida por nove dias. E para beber da fonte da Sabedoria, perdeu um olho.
Se ele algum dia desejou esquecer toda esta loucura, é tarde. Este é o ponto sem retorno da alma humana, onde a meta não é mais a mera sobrevivência, mas a destruição do antigo, do arcaico, ou a dominação do caos. Nosso herói não é mais senhor de seus atos, mas ferramenta de forças que o conduz rumo ao embate final.
Uma nova dança
Então temos o choque das galáxias, forças gigantescas, do bem e do mal, que finalmente se enfrentam para fazer tremer céus e terra. Antigas regras são quebradas pois nada assim surgiu antes na realidade. Uma lufada de destruição e renovação varre o mundo de modo a deixar sua marca para sempre no imaginário popular.
Canções épicas contarão sobre feitos incríveis realizados por figuras cuja a nobreza transcenderia o comum. Obra de verdadeiros gigantes.
É aqui nosso herói também encontra seu fim.
Como ponte entre o velho e o novo ele não encontrará lugar nesta realidade virginal. Seu destino e rumo agora é ser o cruzeiro-do-sul dos que sobreviveram a hecatombe. Sobre ele serão escritas histórias, que virarão lendas, que se tornarão mitos.
Solidão
Mais uma vez, mesmo entre os grande de todas as eras, nosso herói estará só, tendo como companhia somente o próprio Ser. Suas cicatrizes serão a história viva de seus feitos impressos no corpo, pois nenhuma palavra será capaz de traduzir as coisas que leva no peito.
Ser herói enfim é o papel de todos, mas poucos são os que percebem.
Leitura Recomendada
No blog Insano [clique AQUI] há uma leitura interessante sobre este assunto:
"Na verdade creio que não só uma crença, mas uma necessidade, a idéia do divino na forma de homem em plena forma que se sacrifica, ressuscita a idéia do “Mito do Herói” que é de extrema importância para o desenvolvimento masculino."
Mantenha o frescor da juventude, sempre!
Saúde, amizade, liberdade.
Sergio Thot
Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, citou em sua obra "A Vida de Galileu", que "triste é a nação que precisa de heróis".
Na Espanha de Miguel de Cervantes encontramos o Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote, fidalgo e leitor assíduo dos romances de cavalaria medievais. Cervantes usa o texto para criticar sua época e estas obras que ele julgava menores. Tomando para si os princípios do cavaleiro andante, nosso personagem decide sair pelo mundo a combater o mal, tendo um final melancólico. Como contraponto ao seu sonhador patrão, Sancho Pança sempre tenta chama-lo à realidade.
Nesta Terra Brasilis encontramos Macunaíma, de Mario de Andrade, o nosso herói sem nenhum caráter que dispensa maiores apresentações.
Cada ser humano, povo e época decide por si o que é um herói e como reconhece-lo em meio a multidão. O que seria para você um herói hoje?
Ouvidos atentos
Incrível os ensinamentos que obtemos quando nossa mente está alerta, não? A inspiração deste texto veio de um papo que tive com uma ciberamiga, a Brawen. Falávamos da novela global Eterna Magia, e o assunto descambou para o Tarot, não sei como!
Antes de ser um método adivinhatório, suas lâminas contam uma história antiqüíssima. Quem as dispuser seus arcanos em uma determinada ordem verá "a caminhada da alma humana rumo o iluminação", como diria Arcano 8.
Uma estória que se inicia com o Louco, ser alheio ao seu entorno, e que termina com o Mundo, representando a perfeição, a obra completa. Mas apenas para, como a Pedra de Sísifo, como as mandalas budistas, ser desfeito e reiniciar a roda da vida ao modo do Louco.
Levanta-te e anda!
Um herói não se dá conta de suas habilidades, mas é impulsionado a isto. Geralmente é ou se sente órfão do mundo e, portanto, não possui qualquer vínculo com a velha ordem que ele certamente mudará. O impulso é externo, uma necessidade contra a qual ele não pode fugir e sobre a qual precisa sobreviver. Pela vida ele luta, buscando novas armas e alianças. Qualidades que até então desconhecia e só lhe atrapalhavam agora afloram como respostas às demandas.
O conhecimento que ele acessa, porém, não é para os fracos. E nada nos é dado sem que algo seja devolvido. Então temos o trabalho sagrado, sagrado ofício, sacro ofício, sacrifício. É a transmutação, a saída da crisálida. Como Wotan/Odin, que para conseguir o conhecimento das runas, pendurou-se na Árvore da Vida por nove dias. E para beber da fonte da Sabedoria, perdeu um olho.
Se ele algum dia desejou esquecer toda esta loucura, é tarde. Este é o ponto sem retorno da alma humana, onde a meta não é mais a mera sobrevivência, mas a destruição do antigo, do arcaico, ou a dominação do caos. Nosso herói não é mais senhor de seus atos, mas ferramenta de forças que o conduz rumo ao embate final.
Uma nova dança
Então temos o choque das galáxias, forças gigantescas, do bem e do mal, que finalmente se enfrentam para fazer tremer céus e terra. Antigas regras são quebradas pois nada assim surgiu antes na realidade. Uma lufada de destruição e renovação varre o mundo de modo a deixar sua marca para sempre no imaginário popular.
Canções épicas contarão sobre feitos incríveis realizados por figuras cuja a nobreza transcenderia o comum. Obra de verdadeiros gigantes.
É aqui nosso herói também encontra seu fim.
Como ponte entre o velho e o novo ele não encontrará lugar nesta realidade virginal. Seu destino e rumo agora é ser o cruzeiro-do-sul dos que sobreviveram a hecatombe. Sobre ele serão escritas histórias, que virarão lendas, que se tornarão mitos.
Solidão
Mais uma vez, mesmo entre os grande de todas as eras, nosso herói estará só, tendo como companhia somente o próprio Ser. Suas cicatrizes serão a história viva de seus feitos impressos no corpo, pois nenhuma palavra será capaz de traduzir as coisas que leva no peito.
Ser herói enfim é o papel de todos, mas poucos são os que percebem.
Leitura Recomendada
No blog Insano [clique AQUI] há uma leitura interessante sobre este assunto:
"Na verdade creio que não só uma crença, mas uma necessidade, a idéia do divino na forma de homem em plena forma que se sacrifica, ressuscita a idéia do “Mito do Herói” que é de extrema importância para o desenvolvimento masculino."
Mantenha o frescor da juventude, sempre!
Saúde, amizade, liberdade.
Sergio Thot
domingo, 7 de outubro de 2007
MOVA-SE
Às vezes sinto nos pagãos atuais uma certa indolência, aquela coisa modorrenta que se costuma atribuir aos amigos baianos. Se tomarmos o Orkut como verdade pode-se ver o quanto o povo gosta da própria cama, não é ligado aos esportes ou qualquer atividade que lembre a ar livre.
Ora, vida sedentária não só é danosa do ponto de vista físico como retarda ou atrofia nossa porção espiritual. Lembre-se que as divindades encontram-se são imanentes, estão por toda a a parte. E não só aí no seu quarto ou sala de estar. Como ser um culto voltado à natureza se não se está em contato com ela?
Além do quê, como encontrar os outros como nós se não botamos a cara na rua?
Há um sol ou uma lua lá fora. Talvez neste momento chova ou faça frio na cidade onde está. Não importa. Seja para sentir o vento ou se arrepiar com os raios, daqui a pouco vá lá fora e cheire o ar.
Catedral é uma banda que me surpreende. Surpreenda-se também!
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