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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

DO PAU-DE-FITA








No ano de 2007 a prefeitura de Guarulhos convidou uma conhecedora em Danças Circulares, Vaneri de Oliveira, para ministrar workshops aos domingos na Tenda do Bosque Maia, na região central de Guarulhos. O lugar era aberto e qualquer um poderia participar da atividade mas poucos adultos, incluindo nós do Semente, ousavam dançar em roda.

Sim, a exposição a algo que poderia ser ridículo deixava muita gente à margem. Em muitos o olho dizia sim mas o corpo não obedecia ao impulso primitivo de dançar e ser um pouco mais solto e feliz. A única expressão possível a estas pessoas era um leve sorriso de escárnio.

De minha parte reconheço que o contato com a dança faz uma ponte com outra forma de percepção de meu corpo, fazendo movimentos com as articulações que jamais se realizariam na vida cotidiana.


A dança sempre teve um papel importante no quesito conhecimento do corpo, seja do seu, do outro/a,  seja da comunidade. Bailes sempre reforçaram a solidez dos grupos, reatando os laços da comunidade. Muitas vezes possuem até um caráter utilitário, como nas construções de casas em algumas regiões do mundo. Dança-se para criar um chão de terra batida, afim de fazer o piso onde será erguida a futura residência. Não é interessante?


Quer dançar?
 

Em um Certo Beltane

Entre nós temos as danças de pau-de-fita nos dias de Beltane, em finais de outubro, trançando e destrançando sob o sol brilhante. Tenho a lembrança de uma destas danças, feitas com número ímpar de participantes, no Parque do Carmo. O ideal era que o número de celebrantes fosse par, mas seria inviável deixar alguém de fora por causa de um detalhe técnico.

E durante o trançar e destrançar nos enroscávamos e ríamos como crianças novamente! Porque rir é fundamental quando as coisas parecem dar errado. E porque ríamos de repente tudo parecia fazer sentido e entramos sem querer em um estado mental diferente. Os risos deram lugar à contemplação.

Não sei o que os outros sentiram mas eu me senti levado no tempo e no espaço e depois somente girava e girava como fazem os planetas em torno do Sol. Era a própria Dança Cósmica que reproduzíamos ali. E quando finalmente terminamos, esbaforidos e felizes, tínhamos a profunda certeza de que chegamos onde deveríamos chegar.

Para cuidar e amar o corpo, temos que reconhece-lo. Seja o corpo da Terra, seja o nosso. Então dancemos!!!


sábado, 25 de outubro de 2008

DIONÍSIO







É necessário estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso; eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,
que vos abate e vos faz pender para a terra,
é preciso que vos embriagueis sem cessar.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio,
na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida,

perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,
a tudo o que canta, a tudo o que fala,
perguntai-lhes que horas são;
e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,

hão de vos responder:
É hora de se embriagar!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!

De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

Charles Baudelaire


Dionísio, filho de Sêmele e Zeus, é um dos Deuses preferidos dos pastores e agricultores. Os relatos gregos afirmam que, quando Hera descobriu de quem Ele descendia, enciumou-se e resolveu fazê-lo louco e vagar pelo mundo.

Curioso como são as coisas, não? O que deveria ser um castigo tornou-se sua marca.




Deus Libertador

Os Deuses olímpicos exigiam de seus cultuadores alguma forma de sacrifício, e com Dionísio não é diferente. Mas nossa devoção para com ele se dá através do maior sacro ofício de todos, que é a busca de nossa própria libertação.

O seu valor como divindade agrícola nasce quando ele ensina o cultivo das parreiras e o processamento do vinho, após ser curado pela Deusa Cibele. O vinho não é o fim em si mesmo, mas o caminho do êxtase que nos leva a uma Verdade maior. Algo que vá além da rotina, do trabalho, maternidade, estudo.

Um Deus que liber
ta as mulheres dos sutiãs, activias, OB's... Que permite que o sangue volte ao solo novamente e que o fertilize. Do vinho que reduz a razão, e que permitem ideias loucas e inspiradas brotando da aridez que é nosso dia-a-dia. Uma Verdade que nos retira daquilo que fazemos cotidianamente e nos leva àquilo que somos.

Para os campesinos, que sempre viveram submetidos ao domínio das cidades e seus Deuses de ordens e de linhas retas,
ter um Deus que morre e renasce, que é vítima de injustiças e abusos mas ainda sim mantém-se íntegro, é uma promessa.

Uma promessa de renovação, de esperança, de criatividade, de Vida. Uma promessa de Retorno sem chantagens ou ameaças. O Deus que é o marido secreto de Perséfone, também Esta que conheceu a dor e violência, o rapto e
morte, mas que retorna todo ano para os braços Deméter (Salve Grande Mãe!) para novamente reinarem sobre os grãos e frutos, grãos e frutos que somos nós.

 Não há um sacerdote entre seus cultuadores de Dionísio. Ou melhor, somos todos sacerdotes do Deus, todos responsáveis. Todos carregamos o cetro do Deus da terra. 

Hino Órfico a Dionísio:
 

"Eu clamo ao estrondoso e festivo Dionísio,
primordial, de duas naturezas, duas vezes nascido, senhor Báquico,
selvagem, inefável, secretivo, de chifre duplo, de duas formas.
 
Coberto de hera, com rosto de touro, bélico, uivante, puro,
tu tomas a carne crua, tu tens festivais trienais,
envolto em folhagem, protegido por cachos de uvas.

Eubouleus de muitos recursos, deus imortal gerado por Zeus
quando este se uniu a Perséfone em união inenarrável.

Escuta atentamente à minha voz, ó abençoado,
e com tuas amas vestidas de beleza
sopra em mim um espírito de perfeita gentileza."


Falando em vinho, para aumentar a cultura de meus leitores os brindo com a sabedoria de um enólogo das terras lusitanas!





Outras Leituras


Convido-os a conhecerem a Sociedade Dionísica, cuja a proposta é...


"...alcançar o estado de liberdade que nos coloca em contato com o divino. Nos inspiramos nas principais atribuições que nosso deus tinha na Grécia Antiga (vinho, orgia e teatro) para classificá-las em três grandes gêneros: a liberdade da mente (representada aqui pelo Álcool), a liberdade do corpo (simbolizada pelo Sexo) e a liberdade da alma (figurada pela Arte)."
Clique AQUI e descubra

Leia também um belo Hino Órfico para Bacchus no Mundo Pagão, clicando AQUI.


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

5º Encontro Sobre Bruxaria em Guarulhos





5º Encontro anual Sobre Bruxaria em Guarulhos

Sábado, 20 de dezembro de 2008.


Das 12h às 18h



Astrologia, Curas Naturais, Dança E muito mais!!!


Investimento: 1 kg de ração para cães ou gatos
Seu auxílio é importante para esta causa
Contribua!



Destinada à ONG Deixe Viver


Tel.: 3436.5399 Cel.: 8878.2839 (Claro) c/Sergio [clique AQUI] 


Cel.: 8553.2423 (Tim) 8027.9574 (Oi) c/ Paula


Local: Centro de Educação Ambiental do Bosque Maia
Av.: Papa João Paulo XXIII, 218


Compareça!!!


Realização Grupo Semente Sagrada [clique AQUI]

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

DO MACHO-ALFA




Esses dias, indo para São Paulo, me deparei com alguns membros da torcida Independente do São Paulo Futebol Clube, um time de primeira divisão em meu país. Um dos rapazes desta torcida organizada exibia uma camiseta onde o santo São Paulo, usado como símbolo da organização, estava monstruosamente representado (repito, MONSTRUOSAMENTE). Para as torcidas de futebol nos dias de hoje é visível que demonstrar habilidades no esporte ficou em segundo plano.



Anos atrás vi a mesma representação do santo levantando sua túnica e deixando as pernas livres para melhor dominar a bola. Sua face demonstrava alegria e irreverência, em contraste com a imagem forte, musculosa, sem qualquer simbolo que o relacione ao futebol. Era gritante a desproporcionalidade não só dos músculos em relação a realidade, mas até a "idade" do personagem, que é um velhinho. Me atento ao sorriso. Não um sorriso despreocupado da imagem de anos atrás, mas uma imagem ameaçadora, sádica, violenta.

Ainda temos na mente o padrão "Rambo" sobre homem, sem atentar que uma pessoa pode ser máscula ser ter que coçar o saco, falar alto e cuspir no chão. Um Ares de espada sempre ereta, pronto para luta.


Pensamentos de conquistas não são parte de um ideal pagão. Ora, quem lida com a terra não tem tempo para guerrear: ou é o arado ou a espada. No campo de batalha só se colhem corpos mutilados. Como pagãos, qual é nossa escolha mais óbvia?



É preciso paz para plantar

Ares é diferente, por exemplo, de Dionísio. Esta divindade do vegetal, do vinho e do êxtase, pouco se preocupa com as lutas, ou em "andar na calçada". Seu culto nos leva a quebrar padrões sólidos, a rever parâmetros, e a gozar um pouco a vida, nós que trabalhamos sol a sol desde o início dos tempos.

Dionísio não é um Deus da conquista, ao menos não no modo usual do termo. Nascido de uma das famosas escapadas de Zeus e, portanto, ganhador do rancor justo de Hera, por esta foi tornado louco por vingança contra o marido pulador de cerca, e vagou desvairado pelo mundo à fora.

Sob a proteção da Deusa Cibele, é curado de sua insanidade. Depois é instruído à cultivar vinhedos e de seu fruto extrair a bebida sagrada. Atravessando a Ásia, ensina o cultivo da uva (e, porque não dizer, de outros frutos também?). As imagens que se fazem deste Deus (um velho bonachão, uma criança ou um jovem sorridente) não mostram qualquer imagem de Poder Sobre, de tentativa de dominar outras pessoas ou de prazer sádico.

O Dionísio/Baco representado pelas telas de da Vinci, falando em termos sensuais, tem até a cara daqueles que levam as mulheres ao êxtase muitas e muitas vezes, e que retira daí seu próprio prazer.


Sangue Latino

Agora um exemplo próximo de como é interessante a imagem que o feminino faz dos homens. Uma amiga minha trocou de namorado. O antigo seguia o perfil "macho latino". O novo é mais sutil, delicado. Quando saíram de balada, ela estranhou que seu novo par soubesse dançar, mexer o corpo. O antigo era mais turrão e ficava de canto, fazendo pose.
No início ela confessara que estranhou, mas depois viu que as idéias que se fazem do homem quase sempre são estereotipadas. Inteligente e sensível, seu novo companheiro destoa daquilo que sempre se indicou como provedor, defensor e líder.


Sim, podemos ser machos e ainda sim, sermos fofos, rs!


Na vida diária

Vivemos em uma nação parcialmente democrática. Parcialmente porque ela ainda é representativa, e não direta como eu gostaria. Trocando em letras miúdas, elegemos pessoas que vão escolher para nós aquilo que é prioritário para nossa cidade, estado e país. E a democracia termina aí.

No ganhar da vida, no emprego, nós não escolhemos nossos líderes, coordenadores, supervisores, diretores. Vivemos em uma hierarquia, onde ouço abertamente Manda Quem Pode e Obedece Quem Tem Juízo. São herdeiros culturais de um mundo que está se deteriorando.

Apesar de nossa civilização de 10.000 anos, dos carros elétricos, do Iphone, da Internet, ainda vivemos sob a espada do macho-alfa, que detém poderes virtuais ou mesmo reais de vida ou morte sobre nós. E com nosso consentimento!!!

Isto até a sua queda inevitável, quando muitos machos-beta, submetidos, lutam como crocodilos do Nilo em busca do topo da pirâmide social. Onde ainda há regras de ascensão e queda, as coisas são suavizadas pelas leis e estatutos. Onde o Estado ou o Mercado não têm domínio, ganha quem saca primeiro e tem mais balas no tambor, como demonstram os confrontos nas favelas cariocas.

Se assim tratamos as pessoas, imaginem como tratamos a natureza da qual extraímos nosso sustento? Não raro abuso ambiental é precedido pelo abuso humano.


Um novo tempo

O masculino que submete hoje vive um momento de crise em sua base, uma vez que um número pequeno mais crescente de mulheres já não mais aceitam o sonho romântico de casar. Essas mulheres trabalham fora, possuem mais apoio jurídico e psicológico que suas mães tiveram. Muitas disputam o topo com os homens. Muitas criam sozinhas a sua prole, seja por opção ou por ausência do parceiro (divórcio, abandono, morte).

Ao mesmo tempo surge este novo tipo humano masculino, que busca as crianças da escola, trabalha em parceria horizontal com seus colegas, lava a louça e pergunta com sinceridade em casa "como foi seu dia, amor"? E não tem vergonha disso. Dionísio atende perfeitamente a este tipo homem que não precisa empunhar uma espada para persuadir as pessoas, para lidera-las.

Isto se estenderá para outras partes da vida, seja por bem ou por mal. Nossas relações, graças a facilidade de comunicação, nunca mais serão as mesmas.

Mas se for preciso ir à guerra, que eu tenha um líder que valha a pena ser seguido!


Hmmm... talvez você queira ler também algo sobre as Pressões da Vida. É um texto interessante é que complementa este aqui.


Saúde, amizade, liberdade.


Sergio Thot. 



sábado, 11 de outubro de 2008

DA CASA VIVA







"Se a Terra é nossa Mãe, então uma caverna torna-se uma imagem do seu útero e um lugar para se entrar em Seu corpo real."
Rachel Pollack


Seu corpo, sua casa

Ah, falar sobre nossa primeira casa é falar sobre o nosso corpo. Concordo que é objeto de especulação a existência de alma ou não, e não vou tratar disto aqui. Mas hão de concordar
que existe algo além da máquina humana, que existe um Eu que a opera, que dirige seus passos.

Eu SEI que não sou somente carne e ossos e sangue. Que existe algo além disto, que mora aqui dentro. Eu VIVO neste corpo e através dele interajo com o mundo exterior, sendo não só minha casa como meu veículo de transporte e locomoção, entre outros atributos.


Bem, sendo minha primeira casa, só levo para dentro dela quem eu quero, certo? Como pagão, creio também que minha casa também é meu templo, morada do Divino, o que só aumenta a respon
sabilidade do que entra e sai dela. Física, mental e emocionalmente falando, é preciso ser assim para manter a saúde em todos os aspectos.

Como você trata esta primeira camada de residência?


Ya-bada-badoo!!!


A citação no início deste texto, da autora e sacerdotisa pagã Rachel Pollack, me faz pensar sobre as primeiras moradias.

A nossa segunda camada de residência é a nossa casa propriamente dita, seja ela de pedra, concreto ou madeira. Como somos animais sem pelos e demasiado sensíveis a variações de temperatura ter uma proteção contra frio e chuva que vá além das roupas e fundamental.

Mas ainda não dispúnhamos das ferramentas para construir esses bens duráveis, ou nem sempre ficávamos muito tempo em um lugar para justificar tal construção. O que fazer?


Cavernas Modernas

Já pensou naquilo que sua casa é? Nunca a imaginou como uma caverna de alta tecnologia, artificial mas ainda sim com todos os elementos básicos de uma gruta, principalmente no Brasil, que usamos material vindo das profundezas da terra na confecção do cimento e concreto?
No princípio contávamos somente com as formações naturais, que não são lá muito comuns.

O que fazer então quando não se tem uma caverna natural à mão? Constrói-se uma! De argila, couro ou gelo.

Cavávamos o solo e erguemos do corpo da Mãe nossas primeiras edificações, Filhas de sua própria carne.
Lógico que são apenas especulações, pois vestígios destas primeiras habitações são virtualmente impossíveis de descobrir, uma vez que as casas dissolviam-se com as atividades climáticas. Da Mãe veio, para a Mãe retorna.

Mas o Brasil moderno conserva ainda construções que herdaram esta forma de engenharia habitacional. Para quem mora na capital paulista, visite o Museu de Arte Sacra, na Zona Norte de Sampa. P
arte da igreja foi erguida com barro e madeira e foi conservada para visitação.

Nossas casas hoje carecem desta harmonização com o meio porque esta entropia não é vantajosa para nós que desejamos uma vida mais estável. Reconstruir partes da casa feitas em barro não são tarefas que possam ser feitas em curtos espaços de tempo, uma vez que tempo é o que menos temos. Nossas casas modernas são pouco ecológicas seja na sua construção ou manutenção.

Logo, nossa segurança e conforto dependem do sacrifício do Corpo da Deusa em nosso favor. Respeitemos isto.



Casa na Árvore ou a Árvore como Casa?

Tendo o processo evolucionário proposto por Darwin como base e através de estudos de fósseis além de outras evidências, é possível dizer que nas regiões tropicais os primeiros hominídeos viveram boa parte de sua existência em árvores até 3-4 milhões de anos.

Longe dos perigos do solo, a única questão a ser resolvida durante a noite é se manterem juntos e equilibrados nas copas das árvores. Hmmm... será que vem daí aqueles pesadelos de quedas infinitas? Uma defesa inconsciente do nosso corpo para que não caiamos na boca do predador enquanto dormimos?

Atualmente quando a madeira da árvore não é usada como matéria-prima na construção de casas, lhes servem de suporte como as tradicionais casas-da-árvore. São as casas ditas alternativas que sempre geram olhares diferenciados de admiração e espanto.

E esta segunda camada de residencia, a morada de seu corpo, como é tratada?


Sua casa mora aonde?


Como boa parte da população de nosso país mora na zona urbana, é provável sua casa esteja situada dentro de uma cidade. A cidade é a casa de sua casa, já percebeu isso? Se sim, já parou para prestar atenção nela? Suas ruas, árvores e praças, comércio, pessoas, vizinhos, animais? Nos sons da manhã e da noite? Nos cheiros que ele deixa no ar? E no modo como ela pulsa em diferentes horas do dia? Onde fica seu coração? Onde as decisões são tomadas? Onde as pessoas estudam ou trabalham? Como o lixo é recolhido e eliminado? E o esgoto?

Depois que os celulares popularizaram as câmeras, ficou mais fácil o registro das coisas. Então meu exercício atualmente é fotografar as ruas próximas de casa. E acho incrível como a câmera muda a perspectiva de algo que faz parte de meu cotidiano há tanto tempo. A fotografia nos força a olhar o objeto de outro ângulo. O próprio fotógrafo, na busca do inusitado, tenta achar esta novidade.

Experimente redescobrir seu bairro, e verá as surpresas que encontrará.
Então o corpo que é o bairro saltará aos olhos!!!


Minha cidade é meu País

Preste atenção: como queremos afirmar que alguém participa da vida social e política da nação, dizemos que esta pessoa é cidadã. Ora, é um termo para morador das cidades. E de fato: a célula mais definível de um agrupação cultural e político é a cidade. Para um migrante, o voltar a terra natal não é o estado de origem, mas sua cidade, onde ele é algo mais que um número. As cidades são as células deste corpo chamado Nação.

Volta então o sentimento de lar, família, de pertencer a algum lugar. É aonde crescem nossos filhos e estão enterrados nossos ancestrais. É inevitável: o que acontece em sua cidade, acontece com você. E o que acontece contigo ocorre em seu país. A sua história e a História estão coligadas.

A cidade não precisa ser um lugar de anônimos apressados e sem vida. A existência de praças e parque nas regiões centrais garantem que sua população possa parar e aproveitar a experiência que é viver em coletivo.


Novas Visões sobre o Corpo-Cidade

Uma forma de repensar o espaço das cidades, por exemplo, está na fazenda urbana, uma idéia antiga que toma corpo graças a crescente população x espaço para plantio. Eis uma forma de repensar o lugar onde se vive.
Defenda então a cidade. Participe de sua vida, sinta sua respiração, seus movimentos. Seja uno com ela. Pois é neste templo gigantesco em que mora o Divino.

Outra, mais voltada para a guerrilha de jardim: a ocupação dos terronos baldios por plantas comestíveis. Essa idéia foi da Paula e é muito simples. Sabe todas aquelas sementes que você jogava fora quando comia maçã, pera ou maracujá? Então, ao invés de po-las no lixo, jogue-as no terreno baldio ou margem de córrego mais próximo. Ou eles servirão de alimento para pássaros e insetos ou brotarão e darão origem a plantas.

A nossa casa é aqui e agora, aonde a gente está!

Segue um som muito gostoso do Arnaldo Antunes, para ilustrar a idéia.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

DAS LEIS DE MERCADO




Uma notinha sobre o Capitalismo...

Capitalista é aquele que possui meios de produção a fim de obter lucro. Se você não possui estes meios, é mero consumidor ou objeto de consumo. Quando se trabalha para alguém não é capitalista!

O Capitalismo visa lucro. Não, lucro não rima com sustentabilidade. Não há grandes lucros observando as conseqüências sociais e ambientais quando se trata de extração ou transformação de matérias-primas em produtos acabados.

Para o Capital não importa se a matéria-prima vem de uma fonte sustentável, nem se importa para onde é vendido, como é usado etc. O que importa é lucrar.


Sangue

Posso citar como exemplo doméstico o embate que se dá nas áreas amazônicas a décadas, que ganhou força no século passado com o assassinato de Chico Mendes.

Um exemplo mais gritante foi transformado em filme tempos atrás: Diamantes de Sangue. A história gira sobre a forma com que as pedras preciosas deixam Serra Leoa, um país africano.


Os Diamantes são Eternas Fontes de Problemas

Apesar de ser um país capitalista e rico em jazidas de diamantes, sua população é pobre. Explorada pelo conquistador europeu, após a independência sofreu com guerras internas financiadas pela indústria de diamantes. Não que a De Beers seja a sucursal do inferno sobre a terra. Esta apenas não se importava de onde viam as pedras: do exército ou governos corruptos, ou de forças rebeldes. O que importava era o lucro fácil.

Somente quando suas "operações" começaram a serem ligadas com mutilações de crianças, devastação do meio-ambiente e estupros em massa, é que, por altruísmo ou temer que sua imagem fosse tingida de vermelho, resolveram criar certificações de origem e outros mecanismos.

Após a morte de Chico Mendes e a insistente divulgação dos detalhes de sua execução, no Brasil começou-se a criar iguais caminhos para que a madeira oriunda da mata nativa tivesse algum controle desde a sua extração até o consumidor final.

O Mercado é amoral. Se preciso, e quando ninguém olha, apóia guerra, a escravidão, a destruição e a morte pois só pensa em curto prazo. Demos grandes passos, mas muito falta a ser feito e são grandes os inimigos.

Capitalismo não é sinônimo de liberdade pois sua aplicação pressupõe hierarquia e coerção. Haja visto que o pensamento neoliberal deseja que o dinheiro circule pelo mundo, enquanto restringe a circulação de pessoas que desejam rumar para outros países e ganhar seu sustento.


Comemoração consciente

O comércio sempre inventa ou se aproveita de datas comemorativas para colocar em nossos corações que amar é presentear. Sempre que for fazer suas compras, porém, observe bem o que e como está comprando. Um pouco de crítica e discernimento nestas horas só fazem bem a você e ao planeta.