Em complemento da postagem A Arte de Manejar o Pêndulo, escrevo sobre a Consagração de Objetos Mágicos. Mas antes vamos à conceitualização.
O que é Consagração?
Consagração é tornar algo ou alguém sagrado. É retirar um objeto, animal ou pessoa do estado mundano e oferecer seus serviços ao Divino. Tenho para mim que, se quero tornar algo sagrado, eu e minha vida também têm que sê-lo. É sobretudo a minha crença e a minha autoridade no agir e falar que tornam algo ou alguém sagrados. Percebe isso?
O que é Limpeza?
Limpeza é discriminação, é fazer o julgamento do que serve e do que não serve em nossa vida e descartar, separar o que não presta de modo eficaz.
O que são Objetos Mágicos?
São objetos limpos e consagrados que usamos em rituais e práticas de cunho espiritual. Podem ser bastões (cajados), punhais (espadas), cálices (caldeirões), pratos, pêndulos, castiçais, livros, pequenas mesas, incensários, vestes etc. Não só a consagração torna algo mágico, mas também (e principalmente) o uso constante do objeto; e a nossa crença de que um pouco da Essência Divina mora nele através de nossa manipulação.
No blog Além do Físico, o ciberamigo Hudson oferece os conceitos básicos dos Objetos Mágicos. Sugiro uma visita.
A Ferramenta no Imaginário
Os Objetos Mágicos de hoje nada mais são que ferramentas que usamos para nos contactar com o Divino. Desde o início dos tempos usamos de objetos para nossa sobrevivência física e intelectual. Primeiro para afastar os animais, promover segurança e conforto, como as pontas de flecha do povo Clóvis. Depois, para invocar e simbolizar autoridade sobre os homens, e até nos defender deles.
Mesmo os Deuses são representados usando ferramentas, como o martelo de Thor das terras do Norte e Hermes com seu caduceu. Sobre o caduceu e sua simbologia, mais uma vez recomendo o blog Além do Físico, do ciberamigo Hudson.
Os Deuses "modernos" também não abrem mão delas, como provam Batman e seu cinto de utilidades, e Capitão América com seu escudo. Para escrever este texto eu uso diversas ferramentas, como um sistema operacional e um computador ligado a internet.
As ferramentas que sustentam nossa vida também podem nos dar grandes dores de cabeça se mal usadas.
Quem Avisa Amigo É
Toda ferramenta possui um manual de uso e no mundo mágico isso não é diferente. Vejam o vídeo do Aprendiz de Feiticeiro que postei aí embaixo. É uma alegoria do que pode acontecer quando usamos nossas ferramentas de maneira inconsequente. Conheço algumas pessoas que ficam fascinadas com as tais "brincadeiras do copo" e abrem portas que não conseguem mais fechar sem ajuda.
Crer é essencial para um ritual de consagração funcionar. Se você tem dúvidas no ritual, terá dúvidas no uso de seu instrumento. Não adianta duvidar. Se é para fazer, decida-se e faça. Se chegou até esta linha com dúvidas, esqueça. Feche a página e procure outra coisa. Não é para você a informação que vem abaixo.
Ainda aqui? Certo. Se está decido, tudo bem. Então continuemos.
O Ritual
O ritual começa antes do ritual, costuma-se dizer. Sabe por que? Porque quando você imagina, coloca tudo para funcionar dentro de você. A busca de informação, a procura dos instrumentos, a escolha do local, sua limpeza, a visualização do ritual... O Universo já iniciou seu giro para lhe auxiliar em seu intento se sua vontade for forte.
Bem, todo o processo que vou lhe explicar dura cerca de 30 dias. Ah, pensou que seria fácil, um fast magic? Hahahahahahahahaha! Lamento! Esses dias serão divididos em quatro partes seguindo as lunações:
- Lua nova: fase de descanso e ponderação sobre o que você fará. Exercícios de respiração e meditação são aconselháveis.
- Lua crescente: elaboração do ritual, busca dos utensílios que serão consagrados, escolha do lugar a ser usado e realização de alguma preparação prévia como limpeza física.
- Lua cheia: realização do ritual em si.
- Lua minguante: data final para a eliminação de quaisquer resíduos do ritual e para registro dos acontecimentos caso tenha um Livro das Sombras. Nesta fase sonhos incomuns podem acontecer. Preste atenção neles!
Os passos principais de um ritual são:
A Limpeza Ritual varia conforme o material do qual é feito o objeto. Se são instrumentos de madeira por exemplo, pode-se usar defumação com varetas de incensos com propriedades purificadoras, como o beijoim.
Sente-se diante de um incenso aceso e segure o objeto acima da fumaça que dele é expelida. Mentalize que juntamente com a fumaça ascendem também energias indesejáveis que por ventura estariam no seu instrumento. Peça ao Divino, seja com palavras criadas antecipadamente ou nascidas do momento que interceda ao seu favor.
A Consagração pode ser feita apresentando os objetos aos Deuses, pedindo-lhes que derramem sobre ele suas bençãos. Faça um voto de usa-lo corretamente e dar-lhe um fim honrado se o momento chegar. Saiba e sinta que neste momento a peça que tem nas mãos possui uma ligação íntima com você e que esta relação só aumentará à medida que ambos trabalharem juntos.
Se trabalha em coven, peça aos demais membros do grupo que individualmente, ofereçam preces e boas-vindas ao item, seja com palavras previamente ensaiadas ou nascidas do momento.
Uma vez seguindo estes passos, considere seu Objeto Mágico consagrado.
Perceba que tão incluí textos sobre o como conduzir suas falas. Não acredito em "receitas de bolo", em modelo prontos onde o celebrante somente copia e cola a ideia. Então eu deixo para que você preencha esta lacunas com sua sensibilidade.
Leia também um excelente texto no blog Santuário Wicca, da ciberamiga Hyvi, sobre o mesmo tema clicando AQUI.
A partir de outubro, aproveitando a maré mágica do mês das bruxas, farei uma série de textos sobre o assunto. Siga o link.
Dúvidas, comente!
Saúde, amizade, liberdade.
Sergio Thot.
Ps.: um assunto pouco comentado é o descarte de objetos consagrados, algo infelizmente comum entre alguns pagãos que, por motivos diversos, estão deixando a fé.
Recorro a história do Rei Arthur, no momento em que ele já não podia mais empunhar sua Excalibur. Sob suas ordens, ele pediu que a mágica espada fosse devolvida a Senhora do Lago. Um fim honrado a um instrumento que serviu ao seu propósito, não acha?
Usando este exemplo, e após uma limpeza energética de seu instrumento, minhas propostas são:
- presentear outro pagão com o/os itens
- enterra-los, queima-los ou devolve-los à água em um território que considere consagrado
Lógico que a segunda opção passa por diversas questões ambientais. Portanto vale calcular o tamanho de sua pegada ecológica para tomar a melhor decisão. E espero que tome decisões mais acertadas na sua vida na próxima vez antes de adquirir qualquer coisa.