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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SOBRE A GENTILEZA




Este post tem inspiração no
Crianças Pagãs, da ciberamiga Luciana Onofre. Ela, obviamente, tem suas próprias inspirações e eu os convido a descobri-las em seu blog.
Já que a sementinha foi em mim plantada, busquei o significado da palavra e me deparei com um sentido que difere daquilo que as pessoas pensam, daquilo que até eu pensava.
Na blogagem anterior falei sobre gratidão e eu achava que estes são termos sinônimos. Não são. Na Gratidão nós agradecemos uma dádiva. Na Gentileza nós somos a dádiva. Somos agentes daquilo que desejamos para nós, mas visando algo além de nós mesmos.
E é curioso escrever aqui a palavra Gentileza em maiúscula. Inconscientemente preparando terreno para citar o Profeta Gentileza, paulista de nascimento mas universal de coração que, morando na cidade do Rio de Janeiro, expressou em palavras escritas & faladas e em gestos, gentilezas.
Gentileza no cotidiano
Não sei se é um fato ou influência da idade, mas percebo que o ato gentil caiu entre as pessoas nos últimos anos. Como sou quieto por natureza, fico mais tempo observando as pessoas e vendo como agem umas com as outras. E me parece que a medida que os espaços e reservas diminuem, menos gentis ficam.
Para reverter este possível quadro, eu proponho ações simples mas eficazes:

  • Em qualquer situação onde nos encontramos com pessoas um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite" são imprescindíveis. E eu, particularmente, exijo a resposta. Ah, e olho no olho! Pegou na mão, aperte com firmeza! Se é abraço, idem!
  • Recebeu? Agradeça! Com firmeza!
  • Em uma situação de carência, compartilhe. Num ônibus cheio, por exemplo, segure uma bolsa, uma sacola, ou até dê o lugar. Com firmeza! Recentemente fiz exame de sangue e é conhecido o meu medo de agulhas em geral. Mas na sala onde eu estava havia uma criança de 12 ou treze anos que simplesmente tremia dos pés à cabeça. Compartilhei com ela uma técnica que aprendi com outra pessoa para tirar a atenção da agulha: mexer os dedos dos pés. Por algum motivo isso dá certo e meu medo diminui. Ela rio com a imagem e facilitou o trabalho da enfermeira. Rs!
  • Seja gentil com o planeta, reduzindo, reusando e reciclando seu lixo. Vá à pé sempre que possível, ou de bike, ou de ônibus.
  • Plante sua árvore, ou se já plantou, plante outra!
  • Sabe aquele seu muro pichado? Pinte! Se picharem novamente, escreva nele uma poesia.
  • Seja gentil com seu cão e leve-o para passear com guia a coleira. Seja gentil com a cidade recolhendo o cocô dele das calçadas.
Existem outras formas e exemplos, mas eu deixo para que vocês descubram e exercitem por si mesmos.


Ato político

O termo firmeza que usei bastante significa que a Gentileza não pode ser apenas um fim em si mesma, mas é uma ação política. Somos homo socius, criaturas que sobrevivem graças ao contrato social que nos mantém unidos em prol de um bem comum. Logo, somos criaturas políticas. Cada ato que fazemos não é o fim em si mesmo, mas reverbera em outros, sempre. Esteja sempre cônscio disto.

E deve se-la porque o contrário acontece: as pessoas deixam de ser gentis para demonstrar força sobre as outras, ou ao menos indiferença. A ação gentil também ter que ser firme porque a Gentileza é um recurso dos bravos, dos que abrem as carapaças e se permitem o contato com o outro, sem barreiras ou armas.


No mais, sou grato pela gentileza em me ler, rs!

Saúde, amizade, liberdade.
S. Thot



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DA GRATIDÃO




"Nós semeamos, nós cuidamos

Nós crescemos, nós colhemos,
Nós ceifamos uma boa colheita.
Deusa, agradecemos a você por suas dádivas.
Deus, agradecemos a você por sua generosidade."

Da obra
Dança Cósmica das Feiticeiras, que completa 20 anos de publicação, da autora Starhawk.

É um momento de agradecimento este. Para começar, agradeço a você, leitor anônimo que a poucos dias, meses ou anos, visita nosso blog para dele extrair algo que precisa.

Agradeço aos colaboradores, que não colaboram muito, é verdade (rs!), mas cujas conversas ao vivo ou pela Web inspiraram muitas postagens aqui.

Agradeço, ainda nesta linha de pensamento, todas as pessoas que me inspiraram e inspiram. Não sou nada como blogueiro se não fosse esta interação com vocês.

Também sou grato à tecnologia que me possibilita escrever a pessoas de todo o planeta. Quando eu escrevia com minha Hermes 3000 (máquina de escrever que ainda guardo com carinho), alcançando poucas pessoas com meus textos em papel desde 1994 (cara, fazem 15 anos!) jamais imaginaria chegar a tanta gente. Desde que coloquei o contador, em março deste ano, já se contam quase duas mil visitas. Espero ter tocado neste povo dois ou três corações.

Sou grato a Thot, Grande em Tudo, meu patrono, mentor, guia, que olha para mim atentamente, corrigindo meus escritos que insistem a ficar na antiga norma da Língua Portuguesa. Ora, também sou súdito de Saturno, e as coisas são lentas por conta disso. Mas inexoráveis.

Ah, também agradeço aos inimigos que conquistei nesta caminhada. Inimigos são melhores que amigos por serem menos condescendentes com nossos erros e falhas. Os meus afiaram-me um pouco mais, assim como a pedra que afia a lâmina da espada.

Sou grato ainda pelo trabalho sagrado que todos fazem para que eu possa chegar aqui e colocar um pouco do que vivo e sei para vocês.

Que as bençãos do casal divino recaiam sobre todos, sem distinção e em abundância.

Que Assim Seja


S. Thot.




quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Guerra

Imagine uma cidade inteira sendo destruida. As casas pegando fogo, pessoas soterradas, morrendo queimadas.
Imagine uma cidade que não estava preparada para a guerra e que foi atacada de surpresa.
Agora imagine esta cidade sendo reconstruida por um homem, um único homem, que vê naquela cidade a única esperança para sua vida.
Aquela terra para ele é sagrada, e não importa que tenha sido violada, ela ainda é a Sua Terra.
Este homem vê na reconstrução da cidade a única saída para seus sonhos.
O Primeiro passo é dado por ele e logo, o Universo se move para ajudá-lo.
O que parece loucura para alguns, torna-se a esperança para outros à sua volta, e logo esses outros juntam-se à ele.
E dentro de alguns anos os estrangeiros voltam a buscar abrigo naquela cidade outrora arruinada.
E a face dos que morreram na guerra agora podem ser vistas em cada pedra recolocada em seu lugar!
Nós guerreamos a cada dia, e a cada dia somos tentados a abandonar nossa terra destruida e ir buscar abrigo em lugares desconhecidos.
Mas existe uma força Criadora igual à Destruidora, que nos mostra que o que chamamos de destruição, de ruínas, de "mal" anda de mãos dadas com  o "bem".
É necessário destruir, é necessário violar, é necessário queimar , para que a vitória, a fartura, e a mudança aconteça.
A guerra leva embora nosso medo, quando estamos de frente com o exército inimigo sentimos uma coragem que jamais pensamos sentir um dia, a morte dentro de nós se torna uma honra,  e a sede pela batalha incendeia nosso coração.
O medo perde o sentido, e tudo começa a fazer sentido.
Este é apenas um pequeno sinal de fumaça das nossas almas, para que não desistamos dela, para que lutemos por ela e se for preciso atacar e destruir, que o façamos para assim resurgimos da poeira e das chamas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

DA TRANSFORMAÇÃO





Existe na Física um conceito chamado entropia, usado na termodinâmica para explicar, por exemplo, porque os cubos de gelo derretem em sua coca-cola. Ou na eletroquímica, para explicar como a oxidação deixa o suco de laranja amargo com o tempo. A termodinâmica nos mostra o porquê tudo se deteriorar.



E para garantir nossa sobrevivência e/ou conforto, sempre lutamos com a tendência natural das coisas se desagregarem, enferrujarem, caírem, morrerem. É o trabalho dos mecânicos, faxineiros, jardineiros e da manutenção em geral. É um esforço contínuo manter este mundo funcionando.

Mas tudo caminha para o caos, guarde estas palavras.


O nascimento da Humanidade

Quando a consciência humana despontou no horizonte do mundo natural, questões urgentes precisavam ser resolvidas: como obter caça, pesca, frutos, abrigo, calor., segurança, cura Somos
socius por natureza e por imposição das circunstâncias, então percebemos que se trabalhamos juntos os resultados são melhores.

A tomada desta consciência de que juntos é melhor nos leva a criar coisas, nomeá-las e transmiti-las para outros de nós. Começamos assim a transformar o horizonte natural e modela-lo à nossa imagem e semelhança.

Com a combinação de conhecimento acumulado de tantas pessoas por mais tempo, mais habilidades, mão-de-obra e material natural, erguemos do solo e de tudo que está sobre ele todos os itens que precisamos para sobreviver e depois viver com algum conforto.

 E a inovação não para: os materiais ficam mais refinados; a linguagem verbal e não-verbal fica complexa e a transmissão deste conhecimento por via oral e sua manutenção na memória não mais suporta a carga de conteúdo acumulado. É preciso gravar na pedra, no barro, no papiro, no pale no disco rígido. Tudo isto culmina em ferramentas melhores e mais complexas, em vidas mais complexas e relações mais complexas. 10.000 anos depois temos nossa sociedade pós-pós-moderna.

Mas esquecemos de onde viemos, de onde tudo vem. Achamos que o mundo sempre existiu, que o ovo vem da geladeira e o leite do supermercado. A conexão com a terra foi perdida. A percepção da transformação foi perdida.

Não sem um custo para a Natureza.


Filhos de Sísifo

Eu seria muito ingrato se mal-dizesse todas as conquistas que a raça humana obteve e que permite uma vida de certos confortos a uma boa parcela da população, eu incluso. Mas também seria um inconsequente que este mesmo conforto, mesmo não chegando a toda a humanidade, ainda sim mina as reservas que a Mãe possui.

Depois de tanto tempo só sugando agora este ritmo ao qual esta parcela de privilegiados possui (nos quais incluo eu e você, que tem água tratada e encanada em casa), é preciso:

*garantir que os que não têm tenham acesso ao básico-do-básico. Se não por questões éticas, ao menos para evitar a guerra por água e energia.

*garantir a sobrevivência das áreas do planeta que ainda continuam silvestres, afim de garantir nossa própria pele.

Como podem ver, é um trabalho digno do próprio Sísifo! Não sou um fatalista e vejo no personagem mais do que seu final, vitimado pelo colérico Zeus. Astuto, não deixou que sua condição mortal interferisse em sua vida e usou da inteligência e astúcia para vencer as dificuldades. Sigamos seu exemplo!


Parteiros de Deus


Costumo assistir a muitos documentários no Discovery e em todos eu vejo o milagre da criação humana. Trabalhando na área de manutenção pesada aprendi a admirar o trabalho de outros profissionais deste e de outros países. Em todas as áreas. E vejo neles Hermes, Osiris, Hefestos, Dionisos, Ícaros... todos lutando contra a tendência natural que nos leva a estabilidade passiva.


Todos eles erguem da carne da Deusa um Deus-menino, cuja maturidade se concretiza na obra pronta, acabada. E que encontra seu fim como tudo nesta terra. E só agora aprendemos instintivamente que de carcaça de um Deus-morto pode surgir um Hórus, um Osíris renascido, assim como o sol que nasce toda a manhã ainda é o mesmo sol que se pôs na noite anterior.

Tudo tende ao Caos. A Ceifadora sempre pede seu preço, mas dos escombros e do Caos sempre fizemos o Novo. E sempre faremos enquanto a terra nos sustentar. Que o sacerdócio não se prenda somente ao círculo mágico, mas que este se estenda ao horizonte que é circular também. Que um Deus nasça todo dia dos frutos de nosso suor e que sejamos nós, além de seus sacerdotes e sacerdotisas, também parteiros.

Que Assim Seja!


S. Thot

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

SEMENTES AO CHÃO





"Nesta terra, em se plantando
tudo dá"

Carta de Achamanento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha ao El Rei

A Carta de Achamento do Brasil é um marco para o nascimento desta nova nação. Ela oferece uma ideia que até hoje perdura entre nós: a de quê este solo é fértil em sua totalidade. E nós brasileiros gostamos de pensar que é assim, mesmo depois de 500 anos.

Vamos ver se isso é verdade, mesmo?


Sementes ao Chão

Foi numa conversa dessas que a Paula me falou sobre a ideia das Sementes ao Chão. É muito simples: sabe aquelas frutas que você come e joga fora as sementes? Então... o plano é dar-lhes uma utilidade, jogando-as em terrenos baldios e outras áreas "abandonadas". E o que fazer com o que nascer? Aí já não é mais conosco, mas de quem pegar.


É comum passarmos por goiabeiras plantadas seja lá por quem e nos servirmos de seus frutos. Tenho lembranças de ter feito isso durante boa parte de minha vida, desde criança. E esta é uma boa maneira de não só retribuir, mas também contribuir.

Viu como é simples?

Então, da próxima vez que comer sua jabuticaba, banana ou abacate não desperdice as sementes no ralo ou no lixo. Ofereça ao futuro alguns frutos doces e selvagens.

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot