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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O VELHO E O NOVO



Para muita gente ao redor do globo é vívida a euforia por conta da mudança de ano. Famílias inteiras neste país deixaram suas casas e rumaram para o nosso extenso e quente litoral, em busca do sol e do banho de mar afim de pular tantas ondas.

Em algumas horas, segundo o calendário ocidental gregoriano estaremos em 2010 DC. Para muitos o ano começa em festa, para outros nem tanto. O mês de Janeiro tem este nome por conta de Janus, o Deus romano de duas faces que olha tanto para o passado quanto para o futuro e que comanda a entrada dos anos.

 

Calendários

Nós ocidentais temos a pretensão de achar que o mundo inteiro comemora a entrada de ano na mesma data. Mas como comentei em outra oportunidade, muitos povos possuem seu próprio ritmo.

Particularmente vivo segundo outro calendário, algo mais regido pelas estações e que tem como o verão o seu ápice. Para mim este não é um período de término/recomeço, mas de forças plenas. Eu não consigo ver, por conta das altas temperaturas, gente pensando no futuro. É impossível a gente se concentrar com tanto calor, sol e cerveja! Rs! Como essa a grande quantidade de gente que tomará vinho e comerá lentilha e outros alimentos calóricos para o desespero dos nutricionistas e equipes médicas, que recomendam alimentos leves e roupas frescas neste país tropical vai pensar no futuro?

Nesse ponto a virada do ano nos países onde o inverno comanda estão mais condizentes com a realidade, uma vez que o frio natural diminui nosso ritmo, o que nos leva a ponderar sobre o faremos com todo um ciclo novinho em folha. E o frio também nos leva a reunião, para compartilharmos calor e companhia.

 

Desafinado

Eu sempre tenho a impressão que "começamos" o ano de maneira descompassada, se nos atentarmos aos sinais naturais. O que é bom para quem se aproveita da maré energética e a surfa convenientemente. Afinal, quem queimou todo o dinheiro nas compras de Natal não aproveitará os descontos enormes de início de janeiro, por exemplo.

Para você que respeita a tradição, feliz 2010. E para você que vive segundo os ciclos sazonais, continuemos a luta que logo vem a colheita!!!

 
S. Thot


sábado, 26 de dezembro de 2009

CRIANDO A MAGIA








A disposição do círculo marca o início formal do ritual.


A Dança Cósmica das Feiticeiras, obra deStarhawk

Nas comunidades do Orkut, pelo MSN e mesmo pessoalmente as pessoas me pedem para criar para elas Feitiços & Encantos. Não raro atendo aos pedidos mas apenas quando vejo a necessidade real, como casos de doença. Ou uma vez que não só criei como realizei um feitiço para que o peso da Justiça caísse sobre um malandro que atormentava uma amiga, história que conta em outra oportunidade.

Sempre que posso explico que o Poder não vem de mim, que sou apenas um canal que ele está ao alcance de todos que o pedem. Sendo a Magia o ato de modificar a realidade segundo a minha vontade, é justamente esta vontade férrea o principal alimento. E todos os elementos que nos cercam apenas corroboram, apoiam esta visão.


A amiga Hazel do blog Casa Claridade concorda comigo neste aspecto.


A Criação do Universo

Já me perguntaram: tenho que criar um Círculo Mágico? Ele serve como proteção? Acredito que antes de ser uma barreira, o círculo é um caldeirão, um recepiente onde a Magia borbulha. Não separo a Magia da Religião, mas está imersa nela. Sendo assim dou-lhe um caráter sagrado, não algo corriqueiro, que se faz a todo momento, mas especial, profundo, de reverência.

A criação do Círculo e dos elementos em seu interior é uma dramatização no sentido mais profundo e grego da palavra. Os gregos tinham no teatro uma ponte com o Divino em diversos aspectos. Quando criamos o Círculo, chamamos os Quadrantes, o Deus e a Deusa, realizamos no microcosmo aquilo que ocorreu no macrocosmo.

E por breve momento o minúsculo e o imenso se olham e se reconhecem. Este é o momento Mágico.


Melhor Prevenir

A sabedoria popular é prudente ao futuro, pois tudo pode acontecer. Somos descendentes diretos do povo das fazendas, dos pagãos, que sofriam com o clima ora seco, ora chuvoso, hora frio demais ou quente demais. Sabiam que quanto maior o número de informações disponíveis para saber a hora de arar, semear e colher, melhor resistiriam aos períodos de crise.

Para isto os líderes espirituais de todos os tempos, que também eram conhecedores do mundo físico, tinham que conhecer os ciclos da vida para servir de intérprete entre o Desconhecido e a pessoa comum.

Conosco é semelhante. A consulta à Lua, ao Sol e às Estrelas são práticas comuns entre os magos atuais, além de cores, músicas, aromas, alimentos, gestos, roupas. Estes elementos supre (e direciona) nosso cérebro para a condição ideal.

Com quatro ou cinco bons livros e uma boa obervação do mundo ao seu redor, você tem todas as referências necessárias para realizar uma miríade de Feitiços & Encantos. Você perceberá que a base é sempre a mesma, mudando apenas alguns temperos.


Mas tem algo importante e que é o sustentáculo de qualquer ato mágico. E aqui falo de experiência, de percepção, de fé.


A Fé que Move Montanhas

As Forças começam a se movimentar mesmo antes do ritual, mesmo antes do Feitiço ser feito. Porque você QUER que assim seja. Sua vontade tem que ser soberana. Você tem que crer em si, na sua necessidade, na capacidade de realizar no físico aquilo que lança no espiritual e se responsabilizar pelos resultados obtidos. Sejam bons ou sejam ruins.

Para crer em si mesmo, aquilo que você diz tem que se realizar. Ah, deixa em escrever de novo só para enfatizar... Se você nõ tem fé em si, se você se poda, se boicota, mente para si mesmo, se cria projetos que sabe de antemão são inaplicáveis, é melhor voltar outra hora.

O que você diz tem que se realizar, entendeu?


Prudente como a Serpente

Tenha certeza do que pede e na capacidade que tem de suportar os encargos. Na Natureza não existe almoço grátis, lembra. Estamos mergulhando na Teia da Vida, e cada ação nossa desencadeia reações nas pessoas e coisas em volta.

E boa sorte.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

VIVER É PRECISO?


"Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: 'Navegar é preciso; viver não é preciso'. Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo."

Fernando Pessoa

Tornar a vida grande... Sim, fazer algo em nossos dias que realmente valha a pena contar no futuro. Observando e ouvindo as pessoas na rua, nos ônibus e filas de mercado já me deparei com o absurdo da vida pequena. Só ouvi falar dos pequenos problemas, das mesquinhezas de uma existência menor. É a vida como um núcleo secundário de uma novela das oito, onde os pobres fazem micagens.

Não posso dizer que seja a idade, afinal eu não me acho (tão) velho, e também porque sempre tive esta visão de mundo. Aliás, que anda menos radical agora e talvez isso sim seja um sinal de senilidade. Mas há uma chama débil tremulando em algum lugar aqui dentro e é ela que me aquece no deserto do real. Ainda que isso me deixe mal vez ou outra.

Neste ponto até apoio as pessoas que, irracionalmente, destroem o planeta: não-pensar é incrivelmente mais fácil. Como os violinistas do Titanic, tocar até o navio afundar de vez. Há algo que se possa fazer contra o iceberg do status quo? Bem, há o trabalho de formiguinha, o dia-a-dia. Há o refletir e agir constantes.

Uma coisa que percebi nas grandes histórias de heróis é que eram as pessoas certas na hora certa. Ser herói é ter nas mãos a chave que muda a realidade, mas sem saber para quê aquele troço serve até o momento crucial. O herói como alguém finalmente desperto para a vida, atuante, que participará dela não como mero coadjuvante, mas como um de seus protagonistas, um dos Argonautas a cruzar o mundo conhecido e nele achar perigos e tesouros.


Talvez sucumbir no final até. Mas não é esse o destino de todos? Até lá, sejamos radiantes como o Sol.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

NUNCA SALVAREMOS O PLANETA





Vendo as discussões em Copenhague percebi o quanto somos arrogantes em nosso discursinho de "Salvar o Planeta". Não é a questão de salvar ou não a vida na Terra já que, de um modo geral, ela estava aqui quando nossa espécie despontou na História e continuará aqui quando nos formos como tantas outras.
A questão é que queremos mesmo é salvar nossa pele. Ou menos o querem aqueles que vislumbraram o futuro nas lâminas de tarô ou nos eventos climáticos e suas conseqüências para as populações.

Como um pagão que vê na Terra o rosto da Deusa que pari, nutre e recebe, creio que seja uma questão não só de sobrevivência mas também de respeito a defesa deste equilíbrio que se degrada a olhos vistos nas ruas da cidade.
Eu sempre cito a cidade porque, tal qual a família, ou um coven, é o nosso núcleo celular, nossa celula mater.

É aonde agimos e existimos como pessoas, onde exercemos nossos deveres básicos e garantimos os direitos. E o que acontece na cidade acontece no mundo, sendo o oposto também verdadeiro.
Penso na Lei de Retorno e no quanto ela é simples e verdadeira: o que fazemos ao planeta fazemos a nós mesmos porque a ação retorno age como um bumerangue.

Então, talvez fazendo uma concessão, posso afirmar que salvar o planeta até que faz sentido, uma vez que assim o fazendo, jogamos no futuro aquele bote salva-vidas que um dia nos resgatará.


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

SOBRE O FUTURO




"Visualização é a capacidade de ver, ouvir, sentir, tocar e saborear com os sentidos internos."


Da obra a Dança Cósmica das Feiticeiras, de Starhawk

O futuro sempre foi algo mágico e aterrador. Desde as mais tenras eras recorremos à homens e mulheres de poder para descobrir o que nos espera na próxima esquina da Vida e as mais diversas mancias foram usadas para este fim.

Em parte porque a terra, de modo geral, era um lugar aterrador, selvagem e mortal. As cidades eram escassas, maioria das pessoas era moradora dos campos. E mesmo as cidades eram lugares sujos em sua maioria, focos de doenças e violência. Trabalhava-se duro, comia-se com dificuldade e morria-se cedo. Isso quando o governante do local ou vizinho não inventava uma guerra.

Em linhas gerais nossa sociedade goza de alguns privilégios, como acesso à água limpa, mais alimentos, remédios, transporte e informação. Ao menos em boa parte do globo. Ou da nação Ou da cidade. O futuro pode ser algo mais promissor, claro e otimista. O futuro pode ser melhor.

Mas este futuro melhor depende de uma boa base, estrutura sólida, e um passado com conteúdo. Rápido, pois em breve o futuro se fará presente.


O Clima promete

Por conta das mudanças climáticas o amanhã tem sido sombrio. Desde a Eco-92 as reuniões sobre mudanças no estilo de vida de nações inteiras tem caído no vazio. Agora em Copenhague há suspeitas de manipulação de dados a fim de maquia-los.

No entanto o cidadão comum não é tocado por este apelo simples. Não importa que lhe diga que as gerações futuras vão herdar uma terra suja, poluída. O cidadão comum não vê a ligação entre essas gerações futuras e seus filhos, não é incrível?

E o Brasil, com o pré-sal, com o biocombustível, com esse governo popular no meio disso tudo. seremos nós o país do futuro, como diziam aqueles antigos slogans?
Podemos viver em um eterno país do futuro, mas isso não é tangível, não é real. O futuro deve ser uma meta e não uma ilusão.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

DO SOL





"Após ter completado sua volta celeste, Hélio, ao anoitecer, recolhia-se em seu castelo de ouro, onde adormecia, para no dia seguinte mais uma vez cruzar o céu."


Trecho do livro O Oráculos dos Astros, de Marcia Frazão

O Sol, que cruza nosso céu todos os dias, fez desta terra uma espécie de "celeiro do mundo" no imaginário das nações.

Há, Sol e Brasil tem tudo a ver! Rs! Na década de noventa lembro de uma discussão muito interessante sobre veículos movidos a base de biocombustíveis, ou como a maioria das pessoas conhecem, o carro à álcool. Acontece que nosso país tem terra&sol suficientes para abastecer uma grande frota de veículos mundiais em um tempo onde discutimos como e aonde conseguiremos mais petróleo para abastece-los. Acontece é que isto tem um custo muito alto e não falo só em dinheiro.

Ao viajar para o interior do estado de SP vi de perto carretas enormes cheias de cana recém-cortadas, e campos a perder de vista em um lugar onde a pouco mais de 400 as florestas dominavam. Nas minúsculas áreas de reserva restantes a fauna e flora penam para sobreviver. Nossa fatia da Mata se encontra na Serra da Cantareira, ao norte da cidade e passa por estas dificuldades.

Certa vez realizamos um ritual na área limítrofe entre a cidade e a mata e me dei conta do quanto avançamos lenta e inexoravelmente por ela. Mesmo nos pontos onde começa a se fechar há sinais da passagem humana: lixo, muito lixo. Bairros como Vila União, que não existiam a 20 anos atrás, hoje possuem ruas estreitas e tortuosas com casas que buscam se fixar nos morros íngremes. Nesses meses de chuva eu penso o quanto estas residências correm perigo devido a terra solta, muitas construídas sem apoio de arquitetos ou engenheiros.

Ser a terra abençoada pelo sol deveria trazer as suas populações mais benefícios que problemas.


Câncer de pele

Outra discussão antiga envolvendo o sol é o buraco da camada de ozônio e a degradação da atmosfera pela ação industrial. O simples ato de sair na rua atualmente deve ser cercado de medidas para evitar o câncer de pele com o uso de protetores solares.

Quando criança tomar banho de sol era sempre um prazer, brincado de bola em rua de terra, esconde-esconde, pião e bolinha de gude. Importante também na absorção da vitamina D pelo nosso corpo, em meu imaginário não consigo me ver morando em uma região próxima aos pólos onde os dias são mais escuros e frios. Sou um adorador confesso do Sol. Atualmente, entre outros perigos, reais ou imaginários, que as ruas nos oferecem agora temos que listar o Sol.


Fonte de energia

Outra benção de nosso país que envolve o Sol é a quantidade de rios devido as chuvas abundantes. A energia que usamos hoje provem de hidrelétricas espalhadas pelo território nacional. Relativamente barata e limpa se compararmos com as de origem nuclear ou da queima de fósseis, só acontece devido a grande quantidade de energia envolvida na vaporização de oceanos, sua transformação em nuvens, chuva e rios que abastecem o sistema. Mas é preciso levar em conta o impacto que tais construções geram em seu entorno, como a represa das Três Gargantas, na China.

Uma fonte de energia direta e ainda inexplorada é a geração de energia elétrica através de células fotossensíveis. Primeiramente encontrado em aparelhos simples como calculadoras, a energia solar ocupa cada vez mais espaço nas mentes das pessoas. Empresas especializadas já oferecem serviços para instalação de painéis solares particulares a um preço razoável dado o custo x benefício, já que a energia excedente pode ser "vendida" à empresa distribuidora de energia. Como? É simples.

Toda a energia consumida em sua casa é medida pelo aparelho instalado pela empresa distribuidora, o famoso "relógio". Com os painéis solares solares instalados, a energia não consumida tem que ir para algum lugar, começando assim a "empurrar" os elétrons de sua casa para o sistema. O relógio então retrocede marcando menos energia consumida. E, até onde sei, isso não é ilegal.


O Sol, em seu passeio pelo céu no entanto, ignora todas estas questões.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

DAS ESTRELAS




"Então Diana dirigiu-se aos pais do Princípio, às mães, aos espíritos que existiam antes do primeiro espírito."

Da obra Aradia, de Charles Leland

Recentemente saí fora da Grande São Paulo e seu véu de fumaça e poeira. Distante uma centena de quilômetros, pude passar um tempo um pouco mais perto do silêncio e de um ar menos fumacento. Mas a surpresa veio à noite.
Ela prometia ser nublada mas não desanimei. Meu objetivo era ver o céu noturno e limpo, pois meu último encontro com a Via Láctea fora a mais de 15 anos atrás em São Tomé das Letras, Minas Gerais.

Na ocasião foi muito engraçado, rs!
Estávamos em grupo, andando numa trilha e saindo da cidade. Era inverno e fazia um frio de lascar, com o vento cortante no rosto. Tomava cuidado para não tropeçar nas pedras nem no companheiro da frente. Num lapso, por algum motivo, olhei para o céu. Você, criatura da cidade, não faz ideia assim como eu também não fazia ideia. Eu estava acostumado somente a relances, algumas constelações. No máximo um Cruzeiro do Sul.

Mas ali a sensação que tive foi de assombro pois um rio de estrelas cruzava o céu e pude penetrar em sua escuridão até o fundo e lá ver o meu reflexo só para constatar a minha pequenez diante daquele milagre.
Por ato contínuo meus joelhos dobraram. Acredita quando eu falo pois eu sempre narro este fato a quem quiser ouvir pois eu mesmo não acredito: meus joelhos dobraram.

E se bem me lembro continuei fitando o céu, assombrado, rolando para o lado da trilha. A pessoa que vinha atrás de mim, lanterna na mão, me ofuscou perguntado "o que foi?". Eu apontei e disse "o céu". Ele olhou e também caiu no chão!
E tantos anos depois eu buscava este reencontro, sentado na varanda da casa, temendo pelo contato com cobras e aranhas reais ou imaginárias, rs! E então as nuvens foram sopradas para longe.

O céu descortinou-se para mim. "Oi" eu disse. E ficamos lá, olhando um para o outro enquanto estrelas-cadentes cruzavam o firmamento rápidas e ávidas por pessoas que lhes fizessem pedidos. De volta à Cidade Grande eu ainda fito a escuridão opaca do pó e névoa na tentativa de ter um vislumbre das estrelas que nos observam e protegem.


Guardiães

Um escritor pagão conhecido, Raven Grimassi, escreve em sua obra "Os Mistérios Wiccanos" sobre a vião dos Antigos sobre as estrelas e o culto ao Guardiães, estrelas Reais. Charles Leland (Aradia - Gospel of the Witches) mostra a crença que os Guardiães são, Deuses antes dos Deuses ou simplesmente os Antigos.

É fato que as estrelas exercem sobre nós um grande fascínio e foram de grande importância em vários capítulos da história humana seja como calendário agrícola, seja como instrumento de navegação.

  • No calendário egipcio Sírius possuia posição de destaque pois sua aparição marcava aos pagãos a hora da cheia do rio Nilo.
  • Ou a Canopus, importante estrela para navegação no hemisfério Sul. Esta estrela é parte da antiga costelação Argo Navis. A Argo Navis fora uma expedição grega de heróis que cruzara o mundo conhecido em busca de aventuras. Canopus era seu condutor.
  • A primeira costela que reconheci no céu noturno me foi mostrada pelo meu pai: o Cruzeiro do Sul. Ela faz parte de minha infância e de uma rica gama de histórias contadas por ele sobre os seres que habitavam as florestas e mares do Sul da Bahia. A importância desta constelação para o imaginário popular e as navegações é surpreendente!

Então, se tiver a oportunidade de se afastar dos centros poluídos, aproveite para sair na escuridão e se maravilhar.

Saúde, amizade e liberdade


S. Thot.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

DA ESCOLHA




Esta postagem tem inspiração no Blog Casa Claridade, da amiga dálem-mar Hazel. Ela, sabedora de que vivemos em uma sociedade de conflito, desembainhou suas espadas e foi a luta.



Vivemos em um ambiente de conflito. A paz que experimentamos entre quatro paredes é uma negação a realidade que nos rodeia. Chega uma hora que simplesmente temos que atravessar a porta e sair. E, ao sair, temos que fazer escolhas e encontrar o Outro.

Apesar de precisarmos ser socius não raro temos relações distantes, oportunistas ou parasitas em relação ao Outro. Esse Outro pode ser um animal, uma pessoa ou um recurso da Terra.


Diante deste fato simples e de sua percepção é evidente que há muito tempo estamos em uma guerra. A diferença é que alguns percebem e outros não. E os que percebem só o fazem quando uma granada explode ao seu lado.


Omissão

Vivendo portanto em uma sociedade de conflito dizer simplesmente "ah, isto não é comigo" não resolve muito as coisas. Esta frase coloca nas mãos da Fortuna o curso de sua vida, e aí tudo se acontece neste jogo de dados que é o mundo lá fora. "Isto não é comigo" não é uma resposta válida. Vivemos em uma sociedade em conflito. Nesta situação todos tem posições. Sem exceção.

Na sua rua, quando a praça acumula lixo jogado pelos moradores e passantes, cria-se ali um vórtice de energia negativa ruim. Começam a aparecer insetos e animais maiores como transmissores de doenças. Mais lixo se acumula e, diante do vácuo social e destas presenças, estes locais viram pontos de desova de veículos ou mesmo corpos humanos. A natureza detesta espaços vazios e isto é uma regra. Se a sociedade não ocupa os espaços, ALGUÉM o fará.



A mesma coisa acontece na sua vida. Se você não escolhe o que fazer da sua, acredita, alguém fará a escolha por você. E aí, meu amigo e minha amiga, o resultado é uma loteria.


Gentileza ou Força?

Quem me conhece sabe que sou sempre pela diplomacia, pelo consenso, pelo acordo. Mas há horas em que a diplomacia, o consenso, o acordo não são opções. Sabemos que há situações onde ações enérgicas são necessárias pois o estado de emergência chegou. Nossa luta deve ser, em primeiro momento, para que estado de emergência não chegue, para que a degradação em todas as relações pare e, se der, até recue.


Cada ação mínima, como a Gentileza, é uma ação válida. Mas seja rápido, antes que a Gentileza tenha que ser substituída pela Força. E aí, quando a hora da Força chegar, posições serão cobradas com mais vigor.


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot


Post scriptum



Olá! Gostaria que lessem outras experiências com relação à questão da Escolha:

  • "Todo mundo tem,  e todo mundo joga coisas lá, no subconsciente: O pavor de leões ou baratas, o horror ao conflito, à agressão, à expressão desse lado e ao mal entendido.  O ódio de quando alguém invade seu espaço. O desejo de dar uma bela voadora...uns shouryukens xD..." Termine de ler este divertido e instigante texto em Bruxaria Pagã, clicando AQUI, da ciberamiga [(SÄM)].

domingo, 8 de novembro de 2009

AGORA É SOBRE GENTE LESA



Gente Lesa foi uma série de curtíssima duração sobre uma família classe média carioca vivendo em torno da responsabilidade social. Passava no canal pago GNT e lamento não ter durado.

As sacadas da trama eram muito boas, como vocês podem ver AQUI e AQUI. Só depois da postagem sobre o Gentileza é que entendi o duplo sentido do nome do programa. Isto é cultura pop! Mas o que me leva a escrever tem a ver com a série em si em com as reflexões que ela me deu sobre a questão ambiental.

Basicamente a série diz: sustentabilidade não é fácil. Um dos bordões do programa era "pobre recicla por necessidade". E não é verdade? O exército de catadores de papelão nas ruas que o digam! Apesar do serviço importantíssimo que realizam, são vistos como páreas pois lidam com materiais que tornamos e chamamos de lixo. Mas limpo e seco ele vira somente uma embalagem vazia!

Acho que já até já falei aqui mas não custa nada recordar. Afinal, temos que abrir mão de pequenos confortos, sonhos e prazeres para ao menos diminuir esta corrida louca rumo ao abismo. vejo no local onde moro que, apesar de toda a campanha que é feita sobre reciclar e tal, apesar dos tambores com as cores e palavras "papel","plástico" e "vidro e metal" escritas em tamanho gigante, há quem não se incomode e mistura o reciclável com orgânico e transforma tudo em lixo!

É muito mais confortável, admito, consumir e jogar fora. Só que isso está se tornando insustentável. É essencial diferenciar o que é conforto e o que é necessidade, e esta linha não é clara para alguns, como a série Gente Lesa e meu dia-a-dia mostram.

E para você? O que é conforto e o que é necessidade?







quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SOBRE A GENTILEZA




Este post tem inspiração no
Crianças Pagãs, da ciberamiga Luciana Onofre. Ela, obviamente, tem suas próprias inspirações e eu os convido a descobri-las em seu blog.
Já que a sementinha foi em mim plantada, busquei o significado da palavra e me deparei com um sentido que difere daquilo que as pessoas pensam, daquilo que até eu pensava.
Na blogagem anterior falei sobre gratidão e eu achava que estes são termos sinônimos. Não são. Na Gratidão nós agradecemos uma dádiva. Na Gentileza nós somos a dádiva. Somos agentes daquilo que desejamos para nós, mas visando algo além de nós mesmos.
E é curioso escrever aqui a palavra Gentileza em maiúscula. Inconscientemente preparando terreno para citar o Profeta Gentileza, paulista de nascimento mas universal de coração que, morando na cidade do Rio de Janeiro, expressou em palavras escritas & faladas e em gestos, gentilezas.
Gentileza no cotidiano
Não sei se é um fato ou influência da idade, mas percebo que o ato gentil caiu entre as pessoas nos últimos anos. Como sou quieto por natureza, fico mais tempo observando as pessoas e vendo como agem umas com as outras. E me parece que a medida que os espaços e reservas diminuem, menos gentis ficam.
Para reverter este possível quadro, eu proponho ações simples mas eficazes:

  • Em qualquer situação onde nos encontramos com pessoas um "bom dia", "boa tarde" ou "boa noite" são imprescindíveis. E eu, particularmente, exijo a resposta. Ah, e olho no olho! Pegou na mão, aperte com firmeza! Se é abraço, idem!
  • Recebeu? Agradeça! Com firmeza!
  • Em uma situação de carência, compartilhe. Num ônibus cheio, por exemplo, segure uma bolsa, uma sacola, ou até dê o lugar. Com firmeza! Recentemente fiz exame de sangue e é conhecido o meu medo de agulhas em geral. Mas na sala onde eu estava havia uma criança de 12 ou treze anos que simplesmente tremia dos pés à cabeça. Compartilhei com ela uma técnica que aprendi com outra pessoa para tirar a atenção da agulha: mexer os dedos dos pés. Por algum motivo isso dá certo e meu medo diminui. Ela rio com a imagem e facilitou o trabalho da enfermeira. Rs!
  • Seja gentil com o planeta, reduzindo, reusando e reciclando seu lixo. Vá à pé sempre que possível, ou de bike, ou de ônibus.
  • Plante sua árvore, ou se já plantou, plante outra!
  • Sabe aquele seu muro pichado? Pinte! Se picharem novamente, escreva nele uma poesia.
  • Seja gentil com seu cão e leve-o para passear com guia a coleira. Seja gentil com a cidade recolhendo o cocô dele das calçadas.
Existem outras formas e exemplos, mas eu deixo para que vocês descubram e exercitem por si mesmos.


Ato político

O termo firmeza que usei bastante significa que a Gentileza não pode ser apenas um fim em si mesma, mas é uma ação política. Somos homo socius, criaturas que sobrevivem graças ao contrato social que nos mantém unidos em prol de um bem comum. Logo, somos criaturas políticas. Cada ato que fazemos não é o fim em si mesmo, mas reverbera em outros, sempre. Esteja sempre cônscio disto.

E deve se-la porque o contrário acontece: as pessoas deixam de ser gentis para demonstrar força sobre as outras, ou ao menos indiferença. A ação gentil também ter que ser firme porque a Gentileza é um recurso dos bravos, dos que abrem as carapaças e se permitem o contato com o outro, sem barreiras ou armas.


No mais, sou grato pela gentileza em me ler, rs!

Saúde, amizade, liberdade.
S. Thot



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DA GRATIDÃO




"Nós semeamos, nós cuidamos

Nós crescemos, nós colhemos,
Nós ceifamos uma boa colheita.
Deusa, agradecemos a você por suas dádivas.
Deus, agradecemos a você por sua generosidade."

Da obra
Dança Cósmica das Feiticeiras, que completa 20 anos de publicação, da autora Starhawk.

É um momento de agradecimento este. Para começar, agradeço a você, leitor anônimo que a poucos dias, meses ou anos, visita nosso blog para dele extrair algo que precisa.

Agradeço aos colaboradores, que não colaboram muito, é verdade (rs!), mas cujas conversas ao vivo ou pela Web inspiraram muitas postagens aqui.

Agradeço, ainda nesta linha de pensamento, todas as pessoas que me inspiraram e inspiram. Não sou nada como blogueiro se não fosse esta interação com vocês.

Também sou grato à tecnologia que me possibilita escrever a pessoas de todo o planeta. Quando eu escrevia com minha Hermes 3000 (máquina de escrever que ainda guardo com carinho), alcançando poucas pessoas com meus textos em papel desde 1994 (cara, fazem 15 anos!) jamais imaginaria chegar a tanta gente. Desde que coloquei o contador, em março deste ano, já se contam quase duas mil visitas. Espero ter tocado neste povo dois ou três corações.

Sou grato a Thot, Grande em Tudo, meu patrono, mentor, guia, que olha para mim atentamente, corrigindo meus escritos que insistem a ficar na antiga norma da Língua Portuguesa. Ora, também sou súdito de Saturno, e as coisas são lentas por conta disso. Mas inexoráveis.

Ah, também agradeço aos inimigos que conquistei nesta caminhada. Inimigos são melhores que amigos por serem menos condescendentes com nossos erros e falhas. Os meus afiaram-me um pouco mais, assim como a pedra que afia a lâmina da espada.

Sou grato ainda pelo trabalho sagrado que todos fazem para que eu possa chegar aqui e colocar um pouco do que vivo e sei para vocês.

Que as bençãos do casal divino recaiam sobre todos, sem distinção e em abundância.

Que Assim Seja


S. Thot.




quarta-feira, 14 de outubro de 2009

A Guerra

Imagine uma cidade inteira sendo destruida. As casas pegando fogo, pessoas soterradas, morrendo queimadas.
Imagine uma cidade que não estava preparada para a guerra e que foi atacada de surpresa.
Agora imagine esta cidade sendo reconstruida por um homem, um único homem, que vê naquela cidade a única esperança para sua vida.
Aquela terra para ele é sagrada, e não importa que tenha sido violada, ela ainda é a Sua Terra.
Este homem vê na reconstrução da cidade a única saída para seus sonhos.
O Primeiro passo é dado por ele e logo, o Universo se move para ajudá-lo.
O que parece loucura para alguns, torna-se a esperança para outros à sua volta, e logo esses outros juntam-se à ele.
E dentro de alguns anos os estrangeiros voltam a buscar abrigo naquela cidade outrora arruinada.
E a face dos que morreram na guerra agora podem ser vistas em cada pedra recolocada em seu lugar!
Nós guerreamos a cada dia, e a cada dia somos tentados a abandonar nossa terra destruida e ir buscar abrigo em lugares desconhecidos.
Mas existe uma força Criadora igual à Destruidora, que nos mostra que o que chamamos de destruição, de ruínas, de "mal" anda de mãos dadas com  o "bem".
É necessário destruir, é necessário violar, é necessário queimar , para que a vitória, a fartura, e a mudança aconteça.
A guerra leva embora nosso medo, quando estamos de frente com o exército inimigo sentimos uma coragem que jamais pensamos sentir um dia, a morte dentro de nós se torna uma honra,  e a sede pela batalha incendeia nosso coração.
O medo perde o sentido, e tudo começa a fazer sentido.
Este é apenas um pequeno sinal de fumaça das nossas almas, para que não desistamos dela, para que lutemos por ela e se for preciso atacar e destruir, que o façamos para assim resurgimos da poeira e das chamas.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

DA TRANSFORMAÇÃO





Existe na Física um conceito chamado entropia, usado na termodinâmica para explicar, por exemplo, porque os cubos de gelo derretem em sua coca-cola. Ou na eletroquímica, para explicar como a oxidação deixa o suco de laranja amargo com o tempo. A termodinâmica nos mostra o porquê tudo se deteriorar.



E para garantir nossa sobrevivência e/ou conforto, sempre lutamos com a tendência natural das coisas se desagregarem, enferrujarem, caírem, morrerem. É o trabalho dos mecânicos, faxineiros, jardineiros e da manutenção em geral. É um esforço contínuo manter este mundo funcionando.

Mas tudo caminha para o caos, guarde estas palavras.


O nascimento da Humanidade

Quando a consciência humana despontou no horizonte do mundo natural, questões urgentes precisavam ser resolvidas: como obter caça, pesca, frutos, abrigo, calor., segurança, cura Somos
socius por natureza e por imposição das circunstâncias, então percebemos que se trabalhamos juntos os resultados são melhores.

A tomada desta consciência de que juntos é melhor nos leva a criar coisas, nomeá-las e transmiti-las para outros de nós. Começamos assim a transformar o horizonte natural e modela-lo à nossa imagem e semelhança.

Com a combinação de conhecimento acumulado de tantas pessoas por mais tempo, mais habilidades, mão-de-obra e material natural, erguemos do solo e de tudo que está sobre ele todos os itens que precisamos para sobreviver e depois viver com algum conforto.

 E a inovação não para: os materiais ficam mais refinados; a linguagem verbal e não-verbal fica complexa e a transmissão deste conhecimento por via oral e sua manutenção na memória não mais suporta a carga de conteúdo acumulado. É preciso gravar na pedra, no barro, no papiro, no pale no disco rígido. Tudo isto culmina em ferramentas melhores e mais complexas, em vidas mais complexas e relações mais complexas. 10.000 anos depois temos nossa sociedade pós-pós-moderna.

Mas esquecemos de onde viemos, de onde tudo vem. Achamos que o mundo sempre existiu, que o ovo vem da geladeira e o leite do supermercado. A conexão com a terra foi perdida. A percepção da transformação foi perdida.

Não sem um custo para a Natureza.


Filhos de Sísifo

Eu seria muito ingrato se mal-dizesse todas as conquistas que a raça humana obteve e que permite uma vida de certos confortos a uma boa parcela da população, eu incluso. Mas também seria um inconsequente que este mesmo conforto, mesmo não chegando a toda a humanidade, ainda sim mina as reservas que a Mãe possui.

Depois de tanto tempo só sugando agora este ritmo ao qual esta parcela de privilegiados possui (nos quais incluo eu e você, que tem água tratada e encanada em casa), é preciso:

*garantir que os que não têm tenham acesso ao básico-do-básico. Se não por questões éticas, ao menos para evitar a guerra por água e energia.

*garantir a sobrevivência das áreas do planeta que ainda continuam silvestres, afim de garantir nossa própria pele.

Como podem ver, é um trabalho digno do próprio Sísifo! Não sou um fatalista e vejo no personagem mais do que seu final, vitimado pelo colérico Zeus. Astuto, não deixou que sua condição mortal interferisse em sua vida e usou da inteligência e astúcia para vencer as dificuldades. Sigamos seu exemplo!


Parteiros de Deus


Costumo assistir a muitos documentários no Discovery e em todos eu vejo o milagre da criação humana. Trabalhando na área de manutenção pesada aprendi a admirar o trabalho de outros profissionais deste e de outros países. Em todas as áreas. E vejo neles Hermes, Osiris, Hefestos, Dionisos, Ícaros... todos lutando contra a tendência natural que nos leva a estabilidade passiva.


Todos eles erguem da carne da Deusa um Deus-menino, cuja maturidade se concretiza na obra pronta, acabada. E que encontra seu fim como tudo nesta terra. E só agora aprendemos instintivamente que de carcaça de um Deus-morto pode surgir um Hórus, um Osíris renascido, assim como o sol que nasce toda a manhã ainda é o mesmo sol que se pôs na noite anterior.

Tudo tende ao Caos. A Ceifadora sempre pede seu preço, mas dos escombros e do Caos sempre fizemos o Novo. E sempre faremos enquanto a terra nos sustentar. Que o sacerdócio não se prenda somente ao círculo mágico, mas que este se estenda ao horizonte que é circular também. Que um Deus nasça todo dia dos frutos de nosso suor e que sejamos nós, além de seus sacerdotes e sacerdotisas, também parteiros.

Que Assim Seja!


S. Thot

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

SEMENTES AO CHÃO





"Nesta terra, em se plantando
tudo dá"

Carta de Achamanento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha ao El Rei

A Carta de Achamento do Brasil é um marco para o nascimento desta nova nação. Ela oferece uma ideia que até hoje perdura entre nós: a de quê este solo é fértil em sua totalidade. E nós brasileiros gostamos de pensar que é assim, mesmo depois de 500 anos.

Vamos ver se isso é verdade, mesmo?


Sementes ao Chão

Foi numa conversa dessas que a Paula me falou sobre a ideia das Sementes ao Chão. É muito simples: sabe aquelas frutas que você come e joga fora as sementes? Então... o plano é dar-lhes uma utilidade, jogando-as em terrenos baldios e outras áreas "abandonadas". E o que fazer com o que nascer? Aí já não é mais conosco, mas de quem pegar.


É comum passarmos por goiabeiras plantadas seja lá por quem e nos servirmos de seus frutos. Tenho lembranças de ter feito isso durante boa parte de minha vida, desde criança. E esta é uma boa maneira de não só retribuir, mas também contribuir.

Viu como é simples?

Então, da próxima vez que comer sua jabuticaba, banana ou abacate não desperdice as sementes no ralo ou no lixo. Ofereça ao futuro alguns frutos doces e selvagens.

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot

terça-feira, 29 de setembro de 2009

SOBRE O BEM E O MAL






"Os Wiccanos evitam certas ações nem tanto por acreditarem numa possível punição como resultado, mas por utilizarem uma noção básica de certo e errado."


Os Mistérios Wiccanos, de Raven Grimassi

O que é o Bem e o que é o Mal? Como podemos definir e como devemos nos posicionar? Acredito que o Bem e o Mal são não sejam apenas conceitos ou idéias, mas fundamentalmente ações. Que não basta apenas pensar ou desejar algo de bom ou de ruim, e sim colocar os pensamentos no campo do prático e então teremos o bom e o ruim em forma de ações.

Sendo assim o problema muda de foco.


Boa Ação, Má Ação

Gosto assim, quando as coisas saem do campo do abstrato, das ideias, e assumem forma. O mundo é de quem faz! Se concordamos até aqui, continuemos.

E o que são ações boas ou más? Para mim é simples: boa é a ação cujo os benefícios alcançam o maior número possível de pessoas com poucos danos ao mundo em torno. Uma ação má, portanto, segue no sentido contrário ao ponto de que elas são ruins na medida que poucas pessoas se beneficiam delas, às custas de um grande número de prejudicados.


Existem ações declaradamente ruins e outras explicitamente boas, no entanto, caminhamos na maioria das vezes em zona cinzenta, intermediária. Não raro temos que optar entre duas situações semelhantes e delas escolher a menos pior. E nos submeter ao julgamento das pessoas, das mudanças culturais e do tempo.

E mais: estamos todos na Grande Teia de Aranha da Vida. Uma ação nossa repercute em todas as direções e nem sempre atenua sua força a medida que ela segue no tempo e no espaço. A maior prova disso está estampada nos rios, lagos, mares e lugares silvestres da terra, onde a intervenção humana causa impactos de curto, médio e longo prazos.


Apenas a luz do farol

Sim, na maioria das vezes o resultado não é claro e agimos como viajantes sem mapa e sem bússola, contando apenas com o conhecimento que se descoberta atrás de cada curva do caminho da Vida. Só os que virão, conhecedores de nossa história, terão a facilidade de dizer: ah, ele acertou aqui mas errou acolá. Tarefa fácil essa, apontar os erros de quem pôs a cara para bater!

Com as poucas informações que temos, incluindo educação formal e exemplos dos mais velhos, temos que seguir adiante. Não raro é preciso quebrar certos dogmas & paradigmas antes, pois informação não é conhecimento e estamos tão poluídos com exemplos que não nos servem que é preciso renascer e reaprender mais de uma vez nesta vida.

Quem tem no Tarot um instrumento de autoconhecimento sabe do que falo. O Livro de Thot nos oferece o vislumbre do futuro através da tênue luz da Lanterna do Ermitão. A vida é uma estrada Escura e será fácil para os outros nos julgarem sentados em seus sofás. Mas somente nós sentimos a brisa leve causada pela espada que tenta nos atingir no escuro.

Não te preocupa pois todos fazemos o Caminho da Tarot, a Senda do Herói. É algo inescapável pois disso depende o crescimento de nossa alma. Cedo ou tarde o Caminho cobra seu preço.
Lembra: o Caminho sempre cobra seu preço. Por isso eu sempre afirmo que o melhor pedido a se fazer ao Casal Divino é discernimento, uma luz no Caminho para evitar tropeções e abismos. E para nos fazer recuar caso o Caminho afinal não seja o nosso.

Escolha com cuidado e siga com firmeza!

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A MAGIA DAS PALAVRAS & AÇÕES




"Ó poderosa Mãe de todos nós, portadora de toda fertilidade, dá-nos o fruto e o cereal, rebanhos e manadas, e crianças para a tribo, para que nos seja permitido ser poderosos. Pela rosa de teu amor, desce sobre o corpo de teu servo e da sacerdotisa presente."


Trecho de Oito Sabás para Bruxas, dos Farrar

Qual é a força de suas palavras e ações? Já pensou nisso? O que você faz ou diz tem a ver com aquilo que pensa, com aquilo que é? Você é fiel a si mesmo?

Já citei aqui e torno a fazê-lo. É uma obra chamada "O Corpo Fala". Ela diz o óbvio: a fonte de todas as nossas alegrais é o equilíbrio interior. E devo acrescentar, da magia também. Veja que nós trabalhamos com Feitiços&Encantos. Ou seja, usamos as Ações&Palavras para mover nossas emoções e nossa vontade.

Isto é importante pois aquilo que fazemos e dizemos carrega o que levamos de dentro para fora. É um parto. Então temos que expor nosso melhor, aquilo que temos de mais verdadeiro, profundo e puro. Mas isso é abrir o peito ao mundo, é derrubar a carapaça de falsidades e mentiras que usamos para sobreviver em meio as pessoas, digamos, comuns.


Não é fácil


Mostrar o que somos, nossos equilíbrios e escorregadas interiores é uma afronta as pessoas. Quando criança eu assistia aos programas do tipo Namoro na Tevê e via um desfile de obviedades. Quando o apresentador pergunta o que procurava no par ideal, o perguntado respondia que queria alguém sincero e blábláblá... É lógico que ninguém quererá casar com um marginal, é evidente. Mas quem deseja a verdade nua e crua? Se uma mulher pergunta ao marido estou gorda, que resposta ele deve dar? Há, pense duas vezes!

Não raro somos assediados para nos negarmos, e afirmar esta mentira com um sorriso nos lábios, pois é preciso manter as aparências, o estático, é preciso conservar para ganhar tempo e elaborar um plano B. E é isso que mina o poder daquilo que falamos e fazemos, o fato de estarmos em profundo desacordo interno.


A fonte de todo o poder

A fonte de todo poder vem do conhecimento. O conhecimento produz a previsão do evento. A previsão do evento antecipa a ação. Quem tem conhecimento se antecipa.

O Poder Pessoal tem a ver com isso, com uma "corrente de energia" que segue por você sem bloqueios ou interrupções. Em Eletricidade isto se chama Fator de Resistência, onde todo material é capaz de conduzir corrente elétrica, mas uns melhor do que outros. Quanto menor esta capacidade, mais o material se aquece, com possibilidade de derreter e se partir com o calor gerado.

Canalizar este poder significa sermos nós mesmos. Mas isso implica na selvageria, na incompreensão do outro que se nega a ver o ciclo, o quadro todo. Implica na nossa marginalização da sociedade, na perca do
status quo.


Em outras vidas e outras terras

Mal sabe esta sociedade exclusora que nosso banimento fortalece-nos. Isso porque estamos isolados daqueles que se escondem em meio a cortinas de fumaça e véus, fazendo então nos destaquemos mais. E este mesmo banimento nos obriga a sermos mais fortes para sobreviver.

E há um dado adicional: sempre encontramos outros "segregados", mais experientes, verdadeiros mestres de si mesmos.


Uma imagem me veio à cabeça agora... de homens e mulheres caminhando para a morte. Não os pobres coitados que foram vítimas de mentiras e traições, inocentes que só faziam simpatias para curar seu gado ou dar saúde às crianças. Mas eu falo de bruxos e bruxas de verdade, que foram pegas e não negaram o que eram e por isso pagaram com a vida.

Eu penso nestas pessoas que viveram e morreram sendo o que eram... íntegras. E como isto é tão difícil hoje como foi a centenas de anos. As fogueiras mudaram, é verdade. E há lugares mais perigosos do que outros... Mas os ataques ao que somos verdadeiramente, e não só bruxos, mas pessoas também, cheias de contradições e defeitos que buscamos melhorar mas que não será do dia para a noite... ah... esses ataques continuam.

Se você quer que suas Palavras&Ações sejam fortes, precisam estar dispostos à sair da zona de conforto.

Sejam fortes!


Saúde, amizade, liberdade.


Leia também: Da Magia


S. Thot

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

DA SAÚDE




"Sal e água,
Dentro e fora, Espírito e corpo, Sejam purificados! Eliminem tudo que seja prejudicial Absorvam tudo o que é bom e saudável! Pelos poderes da vida, morte e renascimento Que assim seja feito!" 


A Dança Cósmica das Feiticeiras, Starhawk

A questão da purificação veio a minha mente por conta das diversas notícias e temores causados pela gripe suína. Esta doença tirou o sono de metade do planeta nos últimos meses e tem dado dor de cabeça para os órgãos como a OMS e o Ministério da Saúde.

Mas analisando as formas de contágio e as mortes é visível que esta doença não é tão grave quanto se imagina. Para se pegar a gripe você tem que tocar em algo infectado e depois em alguma mucosa sua (olhos, boca ou nariz, por exemplo) num prazo de quatro horas em média, acima deste tempo o vírus morre em condições naturais.

E sua mortandade está associada a indivíduos em condições especiais como mulheres gestantes e pessoas já debilitadas e/ ou acamadas por outros males. Pior foi a cólera no final dos anos 90. Doenças respiratórias como a tuberculose estão entre entre nós a mais tempo e têm feito mais vítimas, apesar da pouca exposição midiática. Um simples ato de lavar as mãos, ou usar álcool em gel já resolve parte do problema. Evitar contato das mucosas com as mãos sujas também. Os Antigos sabiam das coisas.





Faça como os romanos


Cálice de Hígia
Não tenho dúvida que a grandeza e longevidade de Roma se deu não só pelas suas conquistas da engenharia, filosofia, política e bélica, mas também por causa da forma com a qual tratava a relação da cidade com a saúde.


Afinal são famosos os banhos romanos, suas privadas coletivas e a requintada arte de seus aquedutos para levar o líquido preciso para as cidades. Limpeza é vida. Tanto que havia a deusa Salus, para reger a saúde dos romanos, cuja a equivalente grega era Hígia [ver AQUI].


Tirar os sapatos

Hábito muito comum em lares orientais. Nas mesquitas muçulmanas é prática corrente retirar os sapatos antes de entrar no templo. Isso evita que o ambiente seja contaminado por poeira e outros detritos em uma religião onde se reza muitas vezes ao dia.

Sempre limpamos o ambiente em que abrimos o círculo. Não só energética mas fisicamente também. Isso nos permite deixar fora os calçados e tomar contato com o solo.


Fluidos

Lembro de uma saia justa entre a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy e um representante da comunidade judaica. Durante um encontro entre os dois ele evitou o aperto de mão com medo de que ela estivesse menstruada e, portanto, impura. Outros culturas do Oriente também possuem restrições a mulheres menstruadas.

Não possuímos tais tabus e não consideramos o corpo humano primordialmente sujo. O corpo nos é sagrado, tanto o nosso como o de Gaia, e merece respeito e cuidados.


Alimentos

Há diversos tabus ligados aos alimentos. Não só sobre o que comer, mas também sobre como sacrificar e tratar os animais. As origens de tais tabus são nebulosas mas a teoria aceita é que muitas delas tenham origem sanitária, possivelmente através da observação de pessoas doentes após o consumo de certos alimentos, ou alimentos não-tratados corretamente.

Muitos pagãos são vegetarianos mas isso não é regra. Com o passar do tempo aprendemos a respeitar a comida, a vê-la não como bandejas no supermercado, mas como carne e sangue do Divino que tomba para nos alimentar desde tempos imemoriais.


Candiru

Há um tabu dos povos amazônicos sobre urinar nos rios que talvez venha do medo do candiru, peixinho parasita que, atraído por banhistas desavisados que se aliviam nas águas, entram nos orifícios do corpo para sugar o sangue de suas vítimas.

A imagem dele não é nada bonita. Recomendo usar o banheiro.


Tempos modernos

As gripes em geral são transmitidas por contato prolongado entre os animais (aves, mamíferos) e seus criadores em condições com pouca higiene. O vírus, que não é tolo, faz o salto genético e se aproveita de um incrível universo de bilhões de pessoas sem defesas para se reproduzir. A humanidade marcou bobeira!

Moramos em uma cidade de disparates, onde boa parte da população não possui saneamento básico e boa parte de seus dejetos são jogados nos córregos. Em períodos de chuvas todos estes contaminantes invadem ruas e casas.

A dengue ainda é um problema, assim como outras doenças transmissíveis por mosquitos como a febre amarela.

E até o simples hábito de lavar as mãos não é respeitado. parando para observar, muitos homens que usam o banheiro saem fazer este asseio fundamental. E quando se encontram ainda dão as mãos para se cumprimentarem! Eca!

O asseio sempre foi importante para os wiccanos na purificação ritual. Este mesmo cuidado, conosco e com o outro fora do círculo também deve ser alimentado. Isto é, sobretudo, um ato de amor.

Pense nisso.


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot


Ps.: Este texto apareceu no blog Alma Rubra, que reproduzo na íntegra. É de fazer pensar...


"Este alerta está colocado na porta de um espaço terapêutico:

  • O resfriado escorre quando o corpo não chora.
  • A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições.
  • O estômago arde quando as raivas não conseguem sair.
  • O diabetes invade quando a solidão dói.
  • O corpo engorda quando a insatisfação aperta.
  • A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam.
  • O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar.
  • A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável.
  • As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas.
  • O peito aperta quando o orgulho escraviza
  • O coração enfarta quando chega a ingratidão.
  • A pressão sobe quando o medo aprisiona.
  • As neuroses paralisam quando a"criança interna" tiraniza.
  • A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade.
Preste atenção! O plantio é livre, a colheita, obrigatória ...

Preste atenção no que você esta plantando, pois será a mesma coisa que irá colher!!"



Sergio Thot