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domingo, 21 de março de 2010

FLEXIBILIDADE




Conversando com a amiga Naty que é professora de dança do ventre e taróloga (boa parte de meus amigos ministra alguma coisa, rs) fiquei sabendo de algo curioso.

Não raro ela tem problemas com alunas que não conseguem realizar determinados movimentos na dança. Quando conseguem, estas alunas se sentem tão libertas que até choram! Acho que não há melhor descrição do que esta: Libertação. Minha amiga descobriu que...

... a memória de certos traumas fica guardada, retida nos músculos, impedindo a livre ação do corpo. Como se fosse uma mola energética comprimida pelas pancadas que a vida dá em nosso lombo. E esta memória, quando é solta parece a corrida de cavalos selvagens com a libertação do músculo, fazendo com que os sentimentos venham à tona.

Nosso corpo lembra então as placas tectônicas da terra que raspam umas nas outras, causando terremotos, maremotos e a alegria dos âncoras de notícias e catastrofistas em geral nos últimos meses. Sempre que elas se movimentam perdemos o chão sob nossos pés.

Há pessoas que estão acostumadas e precavidas com tais percalços da vida e outras não. Não possuem a flexibilidade suficiente para ondular com o vento como fazem as árvores. Não reconhecem os ciclos. Quando recebem a pancada não se flexibilizam, mas matam no peito. Algumas suportam bem o impacto uma ou duas vezes mas inevitavelmente  desmoronam sobre suas bases.

Faça como as árvores e dobre-se um pouco ao sabor do vento. Suba em um morro e se deixe levar pela brisa. Experimente a flexibilidade.


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot 

domingo, 14 de março de 2010

DAS PEGADAS




"
Que eu possa me aproximar dos altos trabalhos da terra e dos círculos de pedra, como raposa ou mariposa, e não perturbar o lugar mais que isso."

Rae Beth.

Com a aproximação de 21 de dezembro de 2012 crescem as especulações sobre o fim. E pululam documentários nas tevês pagas. Mas um deles me chamou a atenção. Intitulado "O mundo sem ninguém", explica como ficariam as criações humanas se não estivéssemos aqui. Se simplesmente desaparecêssemos.


Confesso que ao final fui tomado por uma melancolia danada. Em 100.00 anos, que para o tempo da Terra é um piscar de olho, toda a criação humana desaparece. Restariam (logicamente) as Pirâmides do Egito. Mas todo o resto seria engolido pela terra ou vegetação. A luta que se trava para sustentar nossas passadas na Terra, para manter este mundo artificial, é hercúlea, eu relembrei.

Mas tudo passa enfim, e nada sobrará de nós se não houver ninguém para cantar hinos sobre guerreiros cujo os nomes as areias do tempo cobriram.

E relembrei também uma poesia de Rae Beth que reproduzo aqui no blog, na aba lateral. Ela fala das coisas efêmeras da vida e das coisas que realmente importam. Espero que reflitam um pouco sobre nosso papel neste pedaço de espaço-tempo, se é que temos algum.
Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot

quarta-feira, 10 de março de 2010

HORA DO PLANETA




Por iniciativa da WWF e apoio empresas engajadas, a proposta da Hora do Planeta é realizar o desligamento das luzes durante uma hora.


O dia e hora marcados são:

  • 27 de março de 2010
  • Das 20h30 até as 21h30.

Indo mais longe na proposta eu convoco as pessoas não só a desligarem suas luzes durante este período, mas a saírem para a rua e conversar com seus vizinhos que também aderiram. Fazer que o evento seja algo além de "uma coisa que vi na net", mas uma demonstração de engajamento entre as pessoas.

Pois acredito que desligar as luzes mas continuar a ver tevê ou fuçar no computador não são coisas que fazem parte da proposta se pensarmos mais profundamente. Ampliando o pensamento, é uma demonstração de cuidado e carinho que temos e teremos com o nosso próprio futuro e daqueles que seguirão quando nós já não podermos mais.

Clique aqui ou no banner aí do lado para ter mais informações.


Grato.


S. Thot

sábado, 6 de março de 2010

8 DE MARÇO




"A mulher é o negro do mundo. A mulher é a escrava dos escravos. Se ela tenta ser livre, tu dizes que ela não te ama. Se ela pensa, tu dizes que ela quer ser homem."


John Lennon

Escrever sobre a mulher é sempre um desafio quando chega o 8 de março, pois não sou mulher e nem faço ideia de como é sê-lo. Então a tentativa soa pretensiosa, quase ofensiva. Mas não tenho como não faze-lo diante da data e de seu valor histórico.


E tenho que falar das mulheres que admiro, das que me deram apoio e sustento até aqui, sem as quais eu não teria vida, ou teria uma vida diferente. E tenho que falar das que lutaram por algo, famosas ou anônimas.

E falar das que hoje votam, dirigem, trabalham fora, rebolam até o chão e não sabem da trajetória que seu gênero teve e tem para chegar até aqui.

E que outras ainda estão nesta corrida, ultrapassando obstáculos gigantescos como os estupros coletivos de Danfur, ou a condenável prática de jogar ácido no rosto e colo das que tentam sair debaixo de suas vestes tradicionais.


Quero dizer que sou homem mas não sou inimigo pois vivemos em uma sociedade patriarcal e nela todos, homens-beta e mulheres, se submetem da mesma maneira aos líderes. E que eu tenho a opção, todo o dia, de escolher entre escalar o topo para lutar pelo meu quinhão ou permanecer na luta com vocês. E toda vez eu digo "sim" à luta.

Mas soará pretensioso isso também pois eu luto por um ideal e vocês pela vida.
Mas sou apenas um homem e isso é tudo que posso oferecer.

Feliz 8 de março.


Ps.:

Texto inspirado pela amiga Yone, do Alma Rubra. Visite o blog!

terça-feira, 2 de março de 2010

DA BELEZA




Os aterros sanitários que me perdoem, mas a beleza é fundamental. Digo isto pensando nas ruas de meu bairro onde pessoas depositam toda a sorte de lixo e entulho. Isso apesar dos PEV's localizados em vários pontos da cidade.

Percebi que os locais servidores como pontos para desova de resto de obras, móveis e afins já estava degradado pelo tempo, uso ou pixações. Que um lugar abandonado é desculpa para chegar lá e depositar sua contribuição.

Fazendo um paralelo é como encontrar uma mulher amarrada e vítima de um estupro e supor que também pode-se tirar uma lasquinha só porque o mal está feito e ninguém está vendo ou ligando.


Acredite na beleza

E aqui eu pego uma carona em um comercial da Boticário que trata justamente disto: da crença que a beleza é contagiante e melhora nosso cotidiano, assim como o inverso também é possível.

Para melhor destruir o que é mais importante reduzimos tudo a coisas. Chamamos florestas, focas, baleias, mulheres, crianças, montanhas, rios de recursos, espólios de guerra, troféus. Porque ao lhes conferir beleza somos obrigados a respeitar limites e reconhecer os sacrifícios que lhes infligimos.

Quando exposto ao que é belo, tudo que é mal se incomoda, escarnece e reaje com violência. A beleza não é um estado de espírito ou uma forma estética, mas também uma arma revolucionária.

Então, quando for a luta, não batalhe contra o feio. Lute pelo belo.


Sergio Thot.

Face

Ps.

Tempos depois desta postagem li esse texto interessante no Blog Duplamente Venusiana sobre o Por que a Beleza tem que ser Divertida. Segue um trecho e depois clique no link acima:

"Não é uma beleza que distancia. Pelo contrário, me vi conversando com uma travesti (que era doze vezes mais feminina do que jamais serei) sobre cores de esmaltes, na fila do supermercado.

Começando conversas ou quebrando a tensão, quando no meio de uma reunião tensa alguém reparou nos pequenos arco-íris nos dedos e senti o clima ruim dissipando no ar."