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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

ALÉM DAS GOSTOSURAS & TRAVESSURAS

Olá, como vão tod@s?


No próximo final de semana acontece uma festa não-oficial aqui no condomínio: o Halloween. Dizem que o início dos festejos começou com as escolas de inglês que, acertadamente, trazem não só a língua da Terra da Rainha para cá, mas também seus costumes e cultura na medida do possível, o que inclui os festejos e datas comemorativas. Como o Brasil, dizem, adora uma festa, não demorou para a data transbordar para as ruas, para o ódio dos observadores de Sacis do SoSaci.


Aliás, vai ter festa em São Luís do Paraitinga e a 9º Festa do Saci:


"São Luiz do Paraitinga convive nesta semana com as atividades festivas da ‘9ª Festa do Saci e seus Amigos’, que teve início no dia 25 e segue até dia 30 de outubro. O dia 31 de outubro é conhecido no Brasil como o ‘Dia Nacional do Saci’, uma forma de preservar as raízes do folclore nacional, contra a invasão de festas estrangeiras tipo ‘Halloween’." Leia a matéria AQUI.


Pena que é uma festa do "contra". Tantos anos para promover a figura do Saci, desde Monteiro Lobato, Câmara Cascudo e outros, e só o fizeram hoje para servir de contra-ponto ao Halloween...




Beltane ou Samhain?


Apesar de ser Beltane para mim e para muitos outros que rodam pelo Sul, fica difícil não deixar-me envolver com o clima, principalmente com as crianças batendo na porta pedindo doces, rs! Sendo assim, lá vou eu comprar algumas guloseimas para as festas das próximas noites!


E vocês? Como lidarão com os parentes e amigos comentando sobre o Dia das Bruxas?


Para os Brux@s de meu Brasil e países lusófonos, feliz Beltane ou Samhain. E para s pessoas comuns, não abusem nos doces, hein? Rs!


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

POSSE DOS CORPOS



Olá à tod@s

Sabem, não existe contrato no mundo que possa validar, ao meu ver, a posse de pessoas ou grupos sobre outras pessoas, grupos ou terras. Porque tanto o ser humano quanto a Nave-Gaia pertencem a todos, a ninguém e a si mesmos! Este é um pensamento complexo, não?

A ideia nasceu anos atrás, através dos desdobramentos e ligações que tive com com outras ideias. Foi no final do anos 90, após conhecer o pensamento libertário e as lutas campesinas do MST. O primeiro pede a liberdade do ser humano e o segundo a liberdade da terra.



Não Sou de Ninguém


Clique na foto! De Sebastião Salgado.

Libertar o ser humano é antes de mais nada aceita-lo em sua plenitude e não segmenta-lo segundo o próprio gosto. Porque fazemos isso continuamente. Nos coisificamos a nós e ao próximo. A coisificação vem através dos títulos que damos ou recebemos: corintiano, bicha, negro, solteiro, homem, mulher, trabalhador, peão, assaltante, paraíba, baiano, galinha, puta, corno, estudante, comunista, honesto, alto, manco, magrelo, gordo, casado, idiota, caxias, banguela...

O fato é que meu corpo, minha identidade, meus sentimentos, minha inteligência, minha força de transformação do mundo são meus. Meus até o dia em que Hades finalmente chegar e me levar. Mas será a mim e somente a mim que ele levará no meu leito de morte.

Sou em mim meu próprio mundo. E você também! Você é seu próprio universo e há coisas que só fazem sentido aí dentro! Juntos apenas dividimos, compartilhamos um tempo e espaço. As relações humanas são apenas convites para almoçar, jantar, ir ao cinema, dividir o trabalho. Mas são 6 bilhões de realidades diferentes.

Impossível falar de mim sem falar de como me relaciono com o outro. Se você não sabe quem é e seu próprio valor no mundo, corre o risco de ser coisificado.


O Seu Corpo é Valioso

Quando classificamos alguém buscamos reduzi-lo a alguma coisa para que este possa caber em nosso bolso e assim possui-lo. Deste modo tiramos das pessoas a identidade, assim como os senhores de escravos das Américas faziam com os seres humanos por eles comprados na África para o trabalho. Conforme a descrição do livro "A História Concisa do Brasil", de Boris Fausto:

"O critério discriminatório se referia essencialmente a pessoa. mais profundo do que ele, existia um corte separando pessoas de não-pessoas, ou seja, gente livre de escravos, considerados juridicamente como coisa." Pg. 31

Ou seja: para o Estado da época, com a benção da Igreja católica, a pessoa negra era uma coisa. Foram precisos 300 anos para se provar que uma pessoa negra fosse considerada humana. Lhe pergunto: deve uma pessoa esperar a decisão da Justiça ou dos autoproclamados representantes de Deus para se posicionar como figura humana e adquirir a posse de sua individualidade?.

Ainda hoje o pensamento cristão majoritário, com a omissão do Estado, tenta possuir o corpo das pessoas e negar-lhes direitos civis básicos, baseados em critérios duvidosos, por conta da orientação afetiva das pessoas. Em suma: a Igreja decide a quem devemos amar e como. Isso abre brechas para todo o tipo de barbaridades:


  • Pai teve orelha parcialmente arrancada por abraçar filho: o fato se deu na cidade de São João da Boa Vista. Um pai andava abraçado a seu filho e um grupo os espancou achando que fossem gays. Leia AQUI. Lembra aquela história recente de um índio que foi queimado vivo porque achavam que fosse mendigo.


Além da Muralha, os Bárbaros

Ontem e hoje os muros são construídos para delimitar os espaços das pessoas, justificado ou não. Como fez a minha vizinha que ergueu uma fileira de blocos sobre nosso muro comum sem meu consentimento. Para dar o acabamento final na obra ela teve que vir até a minha casa e explicar que a construção não se baseava em qualquer forma de desconfiança da parte deles. Mentira descarada, obviamente. Mas deixei passar. É sempre o medo que levanta muros.

Numa escala maior, os impérios sempre se valeram destas construções para deter o corpo do outro. Veja o exemplo da Muralha de Adriano, imperador romano que construiu um muro gigantesco afim de colocar do outro lado os bárbaros do norte da Bretanha (leia AQUI).  É como varrer a areia da praia. Posso citar outras?

Nossa última vergonha humanitária é o muro que Israel constrói para aprisionar os palestinos da Cisjordânia (veja AQUI). Creio que será uma das maiores penitenciárias do planeta e entra no rol dos Muros da Vergonha. Tudo isso por causa da terra.


A Posse da Terra

As lutas pelo campo que me foram narradas pela militância do MST me deram a seguinte perspectiva: de quanta terra preciso para viver? Pois existem empresas e/ou pessoas que possuem uma fome terrível por espaço e são donas de regiões maiores que minha cidade. O nome disso é latifúndio. A prática de dominar as grandes extensões pela força - das armas ou das moedas - é antiga. Os reis achavam que o país onde estava seu castelo é uma espécie de quintal, sendo as pessoas meros joguetes. Quem já não leu nos contos de fadas: "Filho, um dia tudo isto será seu"?

Existem também os muros invisíveis, as fronteiras desenhadas em mapas-mundi. Todo estudante do ensino básico se acostumou a ver aquela colcha de retalhos colorida e achando tudo normal. Mas em muitos casos as fronteiras separam territórios sem respeitar os traços culturais de cada região.

As guerras mundiais retalharam continentes inteiros ao bel-prazer das nações americana e europeias, como prova o Congresso de Berlim. Qualquer mapa-mundi atual lembra uma colcha de retalhos. Mas o pagão, o camponês que da terra vive não se importa com estas coisas, desejando apenas sossego para plantar e colher, sem ter que se mudar diante do avanço das tropas, sejam elas amigas ou inimigas.



Fronteiras só no mapa-mundi!
Do Alto Somos Todos Iguais


A Mãe-Terra não tem fronteiras quando vista do espaço. Mas inventamos tantas maneiras de construir muros e tantas desculpas para mante-los. E no final é sempre o medo que prevalece, pois temos sempre que por a cara para fora.

A conclusão a qual cheguei é que não podemos libertar o corpo da Terra se não podemos libertar o corpo das pessoas. Que não é possível libertar o corpo do outro sem também libertar a si mesmo. E não podemos libertar as pessoas sem libertar a Terra também! Pois não adianta trancarmos em nossos mini-feudos ou em grandes latifúndios. Somos homo socius e uma hora temos que por a cabeça fora do buraco.

Se puder pedir algo a vocês, caros leitores, é o seguinte: libertem os corpos! O seu, o meu, o da Terra. Pois a posse é uma ilusão e só cria tensão entre as pessoas porque sempre haverá um senhor e um escravo. Não confunda posse com amor. Isso é um erro trágico.


Ame seu corpo e passe a amar o corpo do outro também em toda a sua plenitude.

Saúde, amizade, liberdade!

S. Thot


sábado, 15 de outubro de 2011

GATOS SÃO SAGRADOS!

Brigitte, apenas existindo

Olá, como vão?


Com a aproximação do Dia das Bruxas quero resgatar esse antigo companheiro de casa e de fogueira que é o gato. Ele, mais do que qualquer outro bicho, sofreu com as chamas inquisitórias europeias simplesmente por ser aquilo que ele é. Principalmente os gatos pretos.


Tive um gato preto. Preta, para ser mais exato. A chamei de Nix, deusa noturna do Egito. Era filha de Nina, uma gata da amiga Cibele. Isso foi lá pelos anos de 2000. Desde então vários passaram pela nossa casa, muitos nascidos, outros adotados.


Atualemente temos Brigite e Ágata, duas pestinhas que adoram cavar o jardim, subir na mesa, deitar no colo enquanto vejo tevê ou teclo aqui com vocês.


Ágatha, a gata


E Por Que são Sagrados?


Além da ligação involuntária com as mulheres da Idade Média, podia citar a adoração que os egipcios tinham (e tem!) pelo bichano através da  Deusa Bastet (e sua versão menos humorada, Sekhmet). Além dos japoneses com seu gato de boa sorte, o Maneki Neko que atrai sorte e dinheiro, mas cujo o original, dizem, salvou a vida de um guerreiro. Ou o culto ao jaguar das Américas:


"A onça faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo a dos maias, astecas e guarani. Na mitologia maia, apesar de ter sido cotada como um animal sagrado, era caçada em cerimônias de iniciação dos homens como guerreiros."
Fonte: Wikipedia.


Para o Padre Marcelo Rossi, dizem alguns sites por aí, são animais "traiçoeiros" (Leia AQUI). Opinião típica de que nunca teve gatos pois, se os tivesse saberia que nada que temos realmente os interessa para que nasça a traição.


Mas para mim são divinos porque simplesmente deitam em meu colo, me olham com tédio e cochilam.


Saúde, amizade, liberdade.




Sergio Thot


Post Scriptum:


Vocês conhecem o Maru? Deixe-me apresentar...

sábado, 8 de outubro de 2011

HUMOR PAGÃO

Copilado pela ciberamiga Cássia Filetti e postado no Orkut faz alguns anos, é uma boa maneira de espantar as nuvens negras do mau humor e quebrar qualquer pensamento mais soberbo sobre nós mesmos. Quando ficamos muito soberbos, quando damos muita atenção ao que dizemos, acabamos nos achando maiores e melhores do realmente somos e, em geral, maiores e melhores que os outros também.


Vamos rir juntos? Com a palavra, Cassia Filetti:




Você sabe que é um pagão quando...


1) Você é visto conversando com gatos.


2) Eles entendem o que você diz;


3) Eles respondem.


4)Quando perguntam se você acredita em Deus, você responde : "Qual deles?"


5) Você sabe o quer dizer Athame.


6) Você tem um armário cheinho de especiarias e não cozinha.


7) Você sabe que olíbano e frankincenso são a mesma coisa.


8) Toda vez que chega um livro sobre celtas, o proprietário da livraria reserva um para você.


9) Você sabe que há exceções às leis da física...você as causa.


10) A primeira coisa que seus convidados dizem a chegarem em sua casa é : "Oh que belo... belos altares...você tem aqui".


11)No Samhain você grita para as pessoas na rua: "Feliz Ano Novo!".


12) Você têm amigos que dizem que são elfos...vc acredita neles.


13) Você comete pecadossssssss no plural.


14) Logo após sua morte seu primeiro pensamento é: "De novoooooo..."


15)Gaia não é só um personagem do Capitão Planeta.


16) Você acha que as Brumas de Avalon são um texto sagrado.


17) Você sabe que existe um modo correto e um incorreto de traçar um pentáculo. Você sabe porque e pode ensinar isso.


18) Você passou um ano e meio procurando um familiar,


19) Você fala com as árvores.


20) Elas respondem.


21) Você sabe que fadas e dragões existem. Você já falou com eles.


22) Pintar você mesmo de azul, ficar nu, arrepiar os cabelos dançando e passar a noite em volta de uma fogueira significam um programa legal de fim de semana.


23) Você conhece o simbolismo de um Mastro de Beltane.


24) Você já terminou um telefonema com Blessed Be!


25) Seus filhos saem por ai explicando que os Deuses amam a diversidade


26) Você está lendo esta lista.


27) Você entende o que está nesta lista!


28) Você tem coisas a acrescentar nela!




Clique AQUI para ler o resto das postagens no Orkut!

Saúde, amizade, liberdade!


Sergio Thot

terça-feira, 4 de outubro de 2011

SERMOS OS MELHORES

Olá, estão tod@s bem?


Passado o Dia do Orgulho Pagão deste ano e a Caminhada Religiosa de Copacabana [leia AQUI], fiquei pensando sobre como deve a vida dos pagãos no dia a dia.


Por exemplo, em uma comunidade do Orkut sobre Wicca e Bruxaria, a poucos dias dos eventos acima citados, nasce um tópico de "como para esconder a Wicca dos pais" [leia AQUI]. Temos orgulho mas também temos medo ainda.


Menos por conta de uma perseguição por parte do Estado ou da Igreja, uma vez que a Constituição garante o livre exercício religioso dentro de certos parâmetros [leia AQUI]. Não, este medo tem outra fonte. Uma das maneiras mais eficazes de conseguir que alguém faça o que queremos, quando não é por ameaça direta à vida ou por tortura física é através de restrições às condições de vida.


Voltando ao fórum do Orkut, se o lerem perceberão que a voz colocada ali é a de pessoas que moram e dependem econômica ou psicologicamente da família. Esta dependência faz com que sigamos regras que não elaboramos e sobre as quais não se pode opinar. A minha liberdade religiosa esta firmemente atada a minha independência econômica.


Pagãos como Starhawk, Kerr Cuhulain e Rachel Pollack aliaram sua prática religiosa à campanhas antidifamatórias a respeito de minorias sociais as quais as religiosas estão inclusas. Só recentemente a Grécia liberou o culto pagão. Religiões como a Wicca só tomaram fôlego na Inglaterra depois que deixaram de ser ilegais. Mesmo em um país como é o nosso atualmente, com garantias de liberdade religiosa, a vigilância sobre esta questão deve ser constante pois liberdade não é algo que se ganha, mas que se conquista e se mantém.




No Cotidiano


Em meu cotidiano não faço questão de tornar minha fé pública. Quem sabe sobre mim nesta questão é porque viu a minha estante com livros, ou é amigo suficiente para fazer as perguntas certas e ter de mim as respostas certas. Aprendi na vida que não se fala de tudo para todo mundo.


Quando tornamos pública nossa opção religiosa nos tornamos foco das atenções por conta da diferenciação que causamos (e que não era notada até aquele momento). Trabalhamos, estudamos, pegamos os mesmos ônibus todos os dias mas, por conta de um pentagrama para fora da camisa ou um livro que cai e alguém apanha a percepção que o Outro tem sobre nós se modifica e, quiçá, se amplia.


Mas essa focalização sobre nós pode ter efeitos nefastos. No livro Autobiografia de uma Feiticeira, de Lois Bourne, há uma poesia que ilustra bem o que falo:


Compadeci-me da dor no homem ou na besta,
E só seu bem busquei,
Usei minhas ervas e artes de cura,
Para ajuda-los se pudesse


Compadeci-me das pequenas coisas indefesas,
E, desde que sozinha vivia,
A lebre órfã, o gato sem morada,
Em meu lar de pedra aconchegaram-se.


Apesar de todos verem a minha vida frugal,
E ninguém de rica poder julgar-me,
Alguns juraram que venderia minha alma por ouro,
E, por ser feiticeira, amaldiçoaram-me.


E quando chegou a plantação fracassada,
A criança que não prosperou,
Eles me expulsaram aos gritos e pancadas,
Para ser enforcada ou em vida queimada


De Muriel Rolf


Por conta destas coisas precisamos ser os melhores naquilo que fazemos e sermos o mais independentes possível. Os melhores pais, mães, filhos, irmãos, jogadores, funcionários, estudantes, amigos, amantes... E puxar a humanidade representada pelo nosso próximo para este mesmo estado de graça.


Pois querendo ou não, quando nosso pentagrama fica visível sobre a roupa, está iniciado o julgamento.


Saúde, amizade, liberdade.




Sergio Thot
Orkut
Face