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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

REI MORTO, REI POSTO

Olá a tod@s!

O fogo da mudança ameaça as terras egípcias nestes dias. Lembram do texto Saber Perder deste blog? Então... o "presidente-faraó" do Egito não sabe perder. O país vive uma crise econômica e social e o cara quer ficar lá eternamente após uma semana de choques entre forças policiais e manifestantes no Cairo! Fez às pressas uma reforminha meia-boca nomeando um policial para o cargo de vice-presidente e dissolvendo o ministério que ele mesmo nomeia. "E daí?", podem vocês pensar.

Bem, levando em conta que o atual manda-chuva do lugar era vice-presidente antes de assumir o poder a 30 anos atrás, traça-se então uma interessante linha decisória, não acham? E já vivemos uma situação parecida aqui no Brasil também.

Se Mubarak fosse pagão e a terra e seu povo empobrecessem, a decisão mais acertada que ele tomaria era sacrificar sua posição  para alguém mais capaz de tomar conta de sua mátria terra. Quando as coisas vão mal o responsável por ele é o líder.

Mas ele não casou com o Egito como faziam os reis do passado, mas o tomou e se mantém no trono graças ao exército e não por causa da sua capacidade administrativa. E para não largar o osso todos os métodos truculentos são usados, desde os mais antigos como as balas, fuzis e tanques, até algo relativamente novo que é desligar a Internet e a rede de telefonia celular! A tevê Al Jazeera já foi pro espaço!

Temo pela seguranças das pessoas que lá moram e que estão montadas em um barril de pólvora. O Egito é um importante aliado ocidental na região então poucos presidentes darão um pito no Mubarak. Se não deram um sermão no homem nos últimos 30 anos, porque o fariam agora? E o rei da Arábia Saudita (país que, entre outras coisas, proíbe as mulheres de dirigir) já demonstrou seu apoio ao "presidente-faraó". Lógico, pois a próxima cabeça a ser pedida nas ruas pode ser a dele! Lembrando que os protestos contra a corrupção e pobreza nasceram em outras nações da região, como a Tunísia. Enquanto isso, os saques aos patrimônios culturais e residências na capital já começaram.

Fica a lição para vocês sobre a vida em uma nação: os homens no poder em geral são eleitos nos braços do povo, mas sempre que podem se mantém no poder graças as baionetas dos soldados.

Que a paz e a prosperidade voltem às terras banhadas pelo Grandioso Nilo.


E para provar que um governante se apoia mais em seu exército do que na Constituição, deixo-lhes uma lição de nasceu a primeira Constituição no Brasil, contada pelo historiador Eduardo Bueno.


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Sergio Thot.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

1º CIRANDA DAS MULHERES SÁBIAS - SÃO PAULO

Bom dia, pessoas.

Por enquanto só vim repassar um convite feito pelo blog, Dea Mater, com apoio até o momento dos blogs Germinando, Universo Eco-Feminino e do Stregheria Pratica. Segue o conteúdo.

Saúde, amizade, liberdade

S. Thot


O Projeto CMS é mais uma iniciativa que visa reunir mulheres de todas as idades e culturas para uma roda de trocas não só de experiências, mas de pensamentos e anseios dentro do "ser mulher" ontem e hoje.

O que eu, como mulher, preciso nos dias de hoje? Quais as mudanças que eu vi no decorrer da vida?
O que aprendi ou o que desejo aprender com mulheres como eu?

Vamos trocar histórias, experiências, visões e muito mais nesse encontro de mulheres sábias!

Dia 5 de Fevereiro de 2010 (sábado), às 14h30
Parque Ibirapuera, na entrada da Oca - Portão 1 e 2
No caso de chuva, essa entrada ficará mais fácil para encontrarmos local coberto.
Que tal levarmos comes e bebes para um lanchinho?

Contato: rfpetropolis@hotmail.com (Rachel)
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domingo, 23 de janeiro de 2011

LIBERDADE DE PRESENTE

Por esses dias visitei o Museu Afro-Brasil, que se localiza dentro do Parque do Ibirapuera. Fora a primeira vez que fazia tal viagem cultural e realmente fiquei sem palavras. Não só pelas dimensões do museu, mas também pela diversidade de nossa história enquanto povo. Apesar do título, arrisco dizer que o acervo é bastante democrático e mereceria o nome de Museu do Povo Brasileiro. Polêmicas à parte, quero comentar com vocês coisas que senti enquanto caminhava pelas galerias.

Como pessoa de etnia negra que sou, visitar o museu serviu como parte da consolidação de minha identidade cultural, pois sou filho de uma Diáspora que durou 200 anos entre várias regiões africanas e o Brasil, e que terminou se maneira irresponsável. Há uma certa dívida que não pode ser cobrada em dinheiro ou pedido oficial de desculpas. É um vazio que só Thot, Senhor do Tempo, saberá curar.


Olhando os guilhões e correntes, as gravuras, os anúncios de época de negros fugidos, fiz um link com outro grupo que sofreu perseguições por ser o que é: os bruxos. Também sou um filho desta cultura que adotei no final da década de 90 e a comparação para fim foi óbvia e inevitável.


Liberdade de Presente 

Hoje em nosso país temos a liberdade de nos expressar de maneira livre mas nem sempre foi assim. As chamas da Inquisição também aportaram nesta terra trazendo outras formas de violência, como nos fala o historiador Rainer Sousa, no Mundo Educação:

"Em vários documentos de época, possuímos o registro de algumas situações onde homens e mulheres apelavam para os saberes místicos de alguns feiticeiros. Geralmente, essa opção era ativada quando os remédios e ações litúrgicas cristãs não surtiam o esperado efeito em alguém que sofria com alguma enfermidade física ou emocional. Muitas vezes, até mesmo alguns padres eram denunciados aos seus superiores por recomendar a ação desse tipo de prática religiosa.

"Para frear esse costume, os dirigentes da Igreja fizeram o requerimento das chamadas visitações do Tribunal do Santo Oficio. Essa instituição, criada nos fins da Idade Média, tinha por função combater qualquer tipo de manifestação que representasse uma ameaça contra a hegemonia dogmática católica. Em 1591, o clérigo Heitor Furtado Mendonça foi o primeiro a estabelecer essas visitações que investigavam os casos de heresia ocorridos no Brasil."
 

Hoje o máximo da perseguição que as bruxas sofrem hoje é muitas vezes o corte da mesada da mamãe.

Em minha visita ao Museu Afro-Brasil, parei diante de correntes e enforcadores penduradas na parede. O sol da tarde iluminava o corredor enquanto crianças passavam entre risos e brincadeiras, alheias aos instrumentos de dor ali presentes. Será que será tudo isso é coisa do passado mesmo? No Brasil, talvez sim. Em alguns países as perseguições continuam, pelos mais variados motivos e meios. A escravidão também. 

As pessoas negras e as pessoas bruxas desta terra tiveram perseguidores, períodos e motivações diferentes.  Mas a dor e o medo das pessoas não são iguais a todos? Nossa liberdade é um presente dado por centenas de pessoas que viveram, soluçaram, gritaram e morreram por serem o que são. Somos gratos por isso?

Convido vocês a visitarem o Museu Afro-Brasil, se vierem a São Paulo, e responder a esta e outras perguntas.

Saúde, amizade, liberdade.

Sergio Thot

Ps: segue a Dispara, com Jair Rodrigues. Os mais mocinhos nem vão assistir um vídeo em preto e branco, mas tinha que colocar este material, pois a época em que ele foi gravado é embremática, haja visto a presença de políciais em cima do palco e na platéia. Em 60's, as bruxas a serem caçadas eram outras.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

PROJETO 365

Olá, pessoas!

Conheci o projeto 365 através do Blog da amiga Hazel, o Casa Claridade. A proposta do projeto é simples: contar sobre seu dia através das fotos que tira  você em seu cotidiano. Um dia, uma foto. Isso pede um olhar diferenciado da realidade, um apurado grau de percepção tanto de quem "lê" como de quem "escreve" a história.

Mas como tenho o hábito que conhecem bem de olhar para o outro lado da história, me vi com a seguinte pergunta: teria eu cacife de não me repetir nas histórias que conto dia após dia? Lutamos tanto para ter um dia rotineiro, pegando sempre o mesmo ônibus no mesmo horário com as mesmas pessoas, rumando para ambientes controlados... Haveria espaço para a magia em nosso dia-a-dia?

E como é seu dia? Acontecem 365 coisas mágicas durante seu ano? Isto é uma decisão nossa, ou é algo sobre qual não temos controle? Ou são ambas as coisas?

Não raro desejamos que nossa vida seja rotineira. Emoções a gente compra pela tevê à cabo, ou com drogas lícitas ou ilícitas.


A Vida é Uma Montanha Russa

Lembrei da época em que morava de aluguel em cima da casa de minha senhoria. O marido dela, supostamente, era cardíaco e não podia passar por grandes emoções. Nenhuma. Isso tornara minha existência na casa um tormento pois andar pelos cômodos exigia mil cuidados para não fazer nada errado, nenhum barulho.

Curiosamente tudo de errado acontecia, o que me deixava estressado e triste. Mas certo dia mudei e tudo passou. E não adiantou nada proteger o homem de sua vida , pois o senhor acabou morrendo do mesmo jeito, com o sem emoção. Ela se foi um ano depois. E a vida segue.

Nossos problemas são tão gigantes... mas são só nossos. Para o resto do mundo o dia que passou foi só mais um dia. Talvez não seja interessante levar uma vida de carrossel todo o tempo. Devemos nos divertir também nas horas da montanha russa!

Conheça o Projeto 365 e nos conte em imagens como foi o seu dia.

Saúde, amizade, liberdade




sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

TRAGÉDIA ANUNCIADA

Vocês se lembram do tsunami ocorrido em 2004 e que devastou vilas inteiras no pacífico sul? Era uma tragédia anunciada. Sabe o significado destas duas palavras? Significa que alguém sabia que algo estava errado, que haveriam mortos e feridos e que nada ou pouco foi feito para impedir o ocorrido. Países do Círculo de Fogo, região do epicentro do tremor, têm (ou deveriam ter) meios para prever tsunamis e alertar a população local. A exemplo do Japão que deu nome que hoje usamos ao fenômeno do maremoto.

Quem assistiu os telejornais nestes últimos dias viu outro tipo de tsunami: o de pedras, árvores e tijolos descendo o morro com água, lama e corpos de pessoas varrendo a região serrana do Rio de Janeiro no início deste ano. Outra tragédia anunciada segundo o geólogo Álvaro Santos (veja AQUI a reportagem). Não vai longe: o ano de 2010 iniciou-se com as mortes em Angra dos Reis, com muitos mortos. Poucos meses depois tivemos os deslizamentos em Niterói, com casas construídas sobre um lixão!


Se você juntar duas competências, a de geólogo e a de metereólogo para que façam um estudo sobre as áreas de risco de certo lugar em determinadas épocas pode-se ter um mapa relativamente preciso de onde as pessoas não devem construir habitações. Ou de onde devam sair para que não haja risco de morte. Nem que seja à força. Radical? Bem, radical é a morte e ela chega e leva.



Vesúvio

Penso por exemplo nas cidades que vivem aos pés do Vesúvio, como Nápoles. É fato que o solo ao redor de vulcões é fértil, o que atrai as populações humanas há gerações. O nosso cimento, sem o qual não haveriam tantas estruturas gigantescas, foi inventado aos pés de vulcões ao se misturar suas cinzas com outros materiais graças à engenhosidades dos romanos e povos vizinhos ainda na Antiguidade. 


Ainda hoje este material é utilizado em diversas partes de mundo na construção, como tem feito nossos vizinhos argentinos na Patagônia que usarão os recursos disponíveis para a fabricação de casas, com tijolos feitos de cinzas vulcânicas, para construir casas populares. É descobrir a oportunidade na adversidade. Veja AQUI a notícia.
Vítimas do Vesúvio, em Pompeia




Mas não preciso dizer que as pessoas que lá residem conhecem os riscos que correm nas encostas de um vulcão ativo.


Se durante séculos os moradores usaram da sorte, dos instintos ou da providência divina para se safarem da morte, hoje é possível detectar tremores e ter planos de emergência para diminuir os danos. Mas aqui falo de erupção vulcânica, algo difícil de prever.

Que o diga as populações de Pompéia e Herculano, vítimas do efeito piroclástico que desceu as encostas do Vesúvio matando centenas em minutos e soterrando a cidade por 1600 anos. O moderno governo italiano pensou adiante:

"Em 1995, o governo italiano formou uma comissão cujo objetivo é traçar um plano de emergência para o caso de o Vesúvio voltar a entrar em atividade. O principal ponto do plano é evacuar 700 mil pessoas que moram nas áreas de maior risco num período de sete dias."

Fonte: Wikipedia 





Podemos Prever Tragédias?


Em nosso país todo verão chove! E a soma de água + morro + pessoas = tragédia. Sabendo disto, considero responsáveis os institutos de pesquisa meterológicas e topográficas, órgãos da defesa civil, as secretárias da habitação de diversos governos coniventes com a ocupação destes locais e os chefes de família que colocam seus filhos nesta situação perigosa. É... apesar do pesar que sinto das mães e pais enlutados chorando diante das câmeras que aumentam o close-up para melhor registrar suas lágrimas, tenho que lembrar que muitos sabem dos riscos quando constroem suas residências nestas áreas.

Não é possível confiar em parlamentares, infelizmente. Parlamentar, como a origem da palavra mostra, é uma pessoa cuja a função é falar. Blá, blá, blá interminável que começa e termina no período eleitoral, visando apenas conquistar votos e a manutenção de poder, cargos e salários. Que prefeito terá culhões para enfrentar bairros inteiros e dizer o óbvio? De que se os habitantes permanecerem ali correrão o risco de morte e que serão desalojados?

Toda cidade possui um limite habitável determinado pelas condições que a natureza lhe impõe. Quando ultrapassamos este limite estamos por conta e risco e esta é uma informação que tem que ser dita em alto e bom tom. 

Depois que fornecermos nossa ajuda e solidariedade através de alimentos, água, produtos e higiene e limpeza é preciso sentar e conversar seriamente sobre como fazer com que no verão de 2012, afim de não iniciarmos o ano com imagens de crianças mortas emergindo da lama nos braços de bombeiros em prantos.

Certo?

S. Thot 

Ps.: na segunda semana de março o Japão foi sacudido por um dos piores abalos dos últimos anos. O terremoto, acima de 9 graus de magnitude, causou na seqüência um maremoto e, entre outros estragos materiais, a explosão de uma de suas usinas nucleares (Fukushima Daiichi). A contagem dos mortos, feridos, desaparecidos e desabrigados continua enquanto o mundo presta sua solidariedade. Há coisas que mesmo prevendo são difíceis de contornar.




ALMA NOBRE


Sempre penso que as pessoas devam ser os heróis e heroínas de suas vidas. E isso significa mergulhar na lama da vida sem ser parte dela. Tarefa difícil. Ter a alma nobre é enxergar e criar além do comum, acredito.

É tornar o lugar onde mora  uma Paris. Quem não quer morar em Paris? Eu quero! É uma cidade que me fascina, cuja a mais famosa igreja, Notre Dame data dos anos 1100! E que antes dela havia ali um templo dedicado a Júpiter construído pelos romanos conquistadores. E que antes deles os celtas provavelmente já usavam o lugar para suas cerimonias. Podem sentir o que eu falo?

Mas Roma não foi feita em um dia, nem Paris, Londres ou Lisboa. São fruto de uma construção física e psíquica em que dado momento alguém disse para si e para os outros: epa, existe algo grandioso aqui! E em mim também!

Todos estes lugares nasceram como aldeamentos vira-latas. As cidades são a soma de pessoas, de residências, de pensamentos e ações comuns. Em Londres não faz muito tempo as pessoas jogavam o conteúdo matinal do penico nas ruas. Hoje, se assistir a reportagens internacionais e reparar nas ruas verá que elas estão limpas e organizadas. É uma amostra de uma cidade que é consciente de ser uma das vitrines do mundo. Mas teve que haver o momento do estalo, da epifania, da revelação.  E neste momento foi possível vislumbrar um futuro diferente e uma capacidade de liderança do próprio destino.

Você pode dizer o mesmo de si ou do lugar onde mora? Pode afirmar com segurança que é você é uma referência positiva para outras pessoas em contraste ao modelo midiático atual? Quem é ou será a heroína de sua filha? As grandes mulheres do passado representadas por você ou alguma siliconada barraqueira do BBB 11

Temos a chance incrível de transformar a nós mesmos e ao lugar onde moramos. De sermos heroínas e heróis de nossa históiria. Podemos escolher que o bairro em que moramos seja um Haiti ou uma Suíça. E isso não vem do nada, não é de graça, mas passa pela organização, limpeza, estudo, trabalho. Temos uma geração inteira de jovens que detestam estudar e que não ligam as palavras trabalho à progresso.

"Mais do que criar uma extensão do Bolsa Família para a faixa até os 18 anos, como foi feito agora, a pesquisa mostra que é preciso despertar e conquistar o interesse do jovem em permanecer na escola."

 Fonte: O Globo
 


Sim, lamento ser o portador de notícias ruins, mas não é possível sustentar um país de Tiriricas. Já basta um que mal chegou no Congresso Nacional e pegou um aumento de 60 e poucos por cento  em seu salário de parlamentar enquanto a maioria dos trabalhadores levou 10 vezes menos para casa. Bem, o mal está feito e seguindo a tradição pão e circo de nosso país, as coisas ficarão como estão.

Sigamos em frente.

Não importa o quanto o corpo se suje, desde que sua alma esteja limpa. Se sujar faz bem! Rs!

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

SABER PERDER

"O tema da fertilidade natural é mais complexo. Envolve duas figuras divinas: o deus do ano crescente (que aparece amiúde na mitologia como o Rei carvalho) e o Deus do ano Minguante (o Rei Azevinho). São gêmeos claro/escuro, cada um o outro eu do outro, rivais eternos que longamente se conquistam e se sucedem mutualmente. Competem eternamente pelo favorecimento da Grande Mãe e a cada um, no pico de seu reinado semestral, é sacrificialmente unido a ela, morre em seu amplexo e é ressuscitado a fim de completar seu reinado".

De Janet e Stewart Farrar, Oito Sabás para Bruxas


Olá a tod@s. Essa postagem nasce da releitura de um texto no blog Bruxaria Pagã, da amiga [(Säm)], sobre o tema dos reis Carvalho e Azevinho. O que me chama a atenção é o acordo de cavalheiros entre os dois para que um submeta o outro em seu devido tempo. Ter noção do tempo que nos resta e não prolongar o inevitável é uma demonstração de sabedoria.

Na vida em geral nem sempre temos/damos amostras desta sabedoria antiga. Queremos ganhar todas as discussões, todas as batalhas e permanecer sempre no trono quando somos potentes e sem compaixão. Logo temos que cobrir toda a terra com concreto, asfalto e monoculturas simplesmente porque podemos faze-lo. Nos comportamos em nossa casa ou trabalho como se fossemos os reis do mundo. Não raro soberanos antigos e modernos tentam perpetuar-se no poder divinizando-se como se isso lhes dessem vida eterna, ou tentam transmitir as boas características de seu reinado através dos laços de sangue como se qualidades humanas fossem herdadas geneticamente. Será?

Ou então deixamos que ganhem todas porque nem sempre nosso oponente é forte ou inteligente o suficiente para segurar a barra de esperar o novo ciclo. Na pior das hipóteses eles são fortes de mais para subjugarem nossa vontade mas não para trazer benefícios em seu domínio.

Mas como mostram os Reis, nada é para sempre. Reinos caem, linhagens desaparecem no sangue bárbaro e no fim só fica mesmo o caipira no campo desde os tempos imemoriais. Sábia é a pessoa que percebe que tudo é transitório.

Pela net, quando neófitos me pedem feitiço disso ou daquilo, informo que antes eles devem pedir discernimento para julgar que aquilo que querem vencer é realmente necessário. Como no judô, temos que muitas vezes nos render a esta força maior para que num futuro não muito distante possamos usa-la a nosso favor quando realmente precisarmos.

Não ganhe todas. Ganhe o que importa. Saiba discernir.

Saúde, amizade, liberdade.