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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

DIA DO ORGULHO PAGÃO - 2011

Olá, como vão tod@s?


Quero abrir um espaço para que a experiência de outra pessoa seja transcrita aqui nesta data que nos é tão querida. No último domingo, 18, ocorreu a 4ª Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa, em Copacabana, no Estado do Rio de Janeiro e entre as centenas de pessoas de todos os credos estava minha ciberamiga Anitsi Lemos, que convidei para escrever sobre o que viveu durante o evento e que nos conta por email.


Com a palavra, Anitsi:




Sobre Caminhadas, Respeito e Afins




18 de Setembro de 2011, orla de Copacabana, onze da manhã...Muita gente animada, muito respeito sendo utilizado e assim, mais uma Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa começou! Claro que houve alguns percalços, alguma desorganização, mas num evento tão grande e com tanta gente, não dá pra evitar esse tipo de coisa.


O que realmente interessa no assunto, é que todos que estiveram lá, foram com a intenção pura e simples de compartilhar amor e respeito pelo seu irmão terreno, mesmo que este tenha uma religiosidade diferente, ou mesmo nenhuma... Conversei com várias pessoas, expliquei minha fé pessoal, ajudei (apenas um pouco) a remover alguns conceitos errôneos sobre Wicca ou o que bruxas fazem na vida real, e fui tão bem tratada quanto sou pelos amigos mais chegados que tambem têm suas religiões diferentes da minha. Há que se apoiar todo e qualquer evento que tenha a intenção social de remover pré conceitos e disso não abro mão! Nosso país pode se dizer laico, mas eu sei que a ignorância e o fanatismo estão aí, mesmo que escondidos sob uma camada de civilidade, e qualquer religião pode ter membros com tal postura já cristalizada, então o mais certo é agir assim, saindo do famoso armário das vassouras, e nos fazendo ver.


Cada vez que isso acontece, alguem é levado a encarar nossa existência e acho que isso é importante. Como se tratássemos alcoolismo, onde só dá para resolver o problema quando este é assumido publicamente, só assim dá para começar a resolver o caso. A cada "lebre preconceituosa" levantada, é mais um que pode ser ajudado a compreender que é errado e legalmente criminoso ser preconceituoso e agressivo com religiosidade alheia, só por ser diferente da maioria. Lembro-me perfeitamente de casos antigos que abriram precedente contra preconceito de cor neste país. Fizeram nascer e se cumprir alguma lei, mas mesmo asim, quem vive escondido sob o manto de piadinhas e "liberdade de expressão" existe e acaba não sendo devidamente educado ou punido.


Com a religião Wicca acontece o mesmo, gente não diz que fé segue por medo de ser maltratado no trabalho, de ser esculhambado pela família e de perder amigos, que podem dizer que somos "do demônio"... A única diferença no caso é que cor não se esconde, religião já pode ser assunto privado mesmo. Cada um tem a sua, TODOS os brasileiros têm o direito de seguir qualquer uma ou nenhuma sem sermos pisoteados por gente doida, ou simplesmente mal informada. Ao mesmo tempo, EU tenho tanto direito de usar um pingente da minha fé, quanto um cristão tem direito de usar seu cucifixo, andar na rua sem ser taxada de maluca como a maioria e ser bem tratada em todos os lugares como todo mundo, afinal pago os mesmos impostos e sou tão brasileira quanto qualquer um que tenha nascido aqui, ou escolhido nosso país para viver...


Estes são os meus motivos para ajudar a divulgar, apoiar e aparecer com a minha cara lavada nesse tipo de evento. Ensinar e aprender com outros sobre respeito e fé! Sou uma bruxa pagã com muito orgulho de ser, nunca me escondo e quem não me engolir por isso, não ligo, mas se tiver a oportunidade de ensinar, é aí que fico mais feliz.


Ao amigo Sérgio Thot, que gentilmente pediu minha humilde opinião sobre o evento, meu agradecimento pelo espaço cedido aqui... Que possamos ser Abençoados em qualquer religião, por qualquer Divindade em que acreditemos!


Que Assim Seja, Anitsi!




Sergio Toth.


terça-feira, 20 de setembro de 2011

ET IN ARCADIA EGO

Olá como vão tod@s?


Os Pastores de Arcádia, de Nicolas Poussin
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Revi a postagem sobre a exposição Deuses e Madonas [leia AQUI], e com saudades lembrei do passeio no MASP onde me deparei com Nicolas Poussin e sua obra “Himeneu Travestido Assistindo uma Dança em Honra a Príapo”, castrada pelos católicos espanhóis, por temerem a grande ereção do Deus pagão Príapo (filho de Dinísio e Afrodite) ali representada. A exposição do museu também era uma forma de comemorar a restauração feita por uma equipe excelente de brasileiros e franceses. Movido pela curiosidade, dei uma olhada em outras obras do artista pela internet. Uma delas me chamou a atenção: Os Pastores de Arcádia representada ao lado.


A pequena construção que é por eles rodeada no retrato é a lápide de um túmulo. Aquele que está abaixado está a ler uma inscrição feita para lembrar seu ocupante: Et in Arcadia Ego. A frase em latim nos diz em uma tradução livre: eu estive na Arcádia, que é o nome da região que hoje conhecemos como Grécia. Percebe-se como os gregos e sua cultura influenciaram o pensamento artístico e filosófico de Poussin e seus contemporâneos. Segundo fontes pesquisadas, o túmulo realmente existiu e localizava-se em Rennes-le-Châteaut, na França.


Taí uma frase que também gostaria de ter em meu túmulo. Também desejo conhecer o berço das antigas civilizações grega, egípcia, romana, babilônica, indiana, chinesa, japonesa, maia, asteca... tantos lugares, tantas culturas. Quero sentir como o velho e o novo se misturam, como os povos administram este tesouro que é o saber humano antes que nossa estupidez desfaça obras importantes, como os Grandes Budas do Paquistão, explodido pelos talibãs [ver AQUI]. Mas por hora tenho me contentado em conhecer as capitais dos estados deste país de proporções continentais.


Alexandre, o Grande
O ato de viajar nos abre o espírito para o novo e nos faz repensar uma série de coisas sobre nós e sobre o mundo. É impossível não retornar e comparar a cidade onde se vive com o lugar visitado. Para os espíritos visionários tudo o que era belo e funcional que foi aprendido nas viagens é aplicado no lugar onde se mora. E o inverso também é verdadeiro. Alexandre da Macedônia, quando levou a cultura helênica rumo ao leste tal e qual Dionísio, também foi modificado pelos povos por onde passou. Mas lhes garanto que minha comitiva e intenções ao visitar estes lugares seriam mais modestas, rs!


E vocês, para onde irão por este país imenso que apenas começamos a conhecer? Meu desejo é neste Ostara você plante as sementes de todos os seus desejos e que estas germinem e frutifiquem!


Saúde, amizade, liberdade.




Sergio Thot


terça-feira, 6 de setembro de 2011

VAMOS SER FELIZES?





"Escolha ser feliz. Ou seja infeliz mas sofra calado por favor. Não incomode quem decidiu ser feliz nessa vida."


Luna Peregrina


Olá, como vão?


Em uma conversa com Luna Peregrina lembrei de outras que tive anos atrás com alguns colegas de trabalho sobre a escolha de ser feliz. Para mim é possível realizar esta escolha. Loucura né? Sim, na época também me chamaram de louco e de idiota.


Mas acredito que podemos levantar da cama de manhã de uma maneira não mecânica, nos espreguiçarmos, calçar os chinelos, bater as mãos nos joelhos e fazer um pergunta interna: "quero ser feliz hoje?". Continua achando loucura? De fato, não é algo trivial para se perguntar. Mas tudo tem a ver com o Entusiamo.




Um Deus Dentro de Si


Escrevi certa vez sobre o Entusiamo (clica AQUI), esse pedaço do divino que mora em cada um de nós e nos leva adiante. É dessa loucura, desta inspiração que falo. Mas em geral não é algo que vem de fora. Como o próprio termo diz, este alimento a gente tem enfiando a colher na própria alma e se alimentando dela. Só que os efeitos são interessantes. Quanto mais se come, mas comida aparece, como o maravilhoso caldeirão Undry do Deus Dagda (Leia AQUI).


Aliás, o próprio Deus merece uma menção honrosa. Dagda, de acordo com os Farrar é uma divindade ligada aos ritos da vida e da morte e de todo conhecimento que estes dois pólos abarcam. Mas apesar de todo este poder nossa visão dele o coloca mais como um deus bem-humorado que alguém sisudo e compenetrado.


"Parece que Dagda inspira ao mesmo tempo respeito e zombaria, sendo representado como um deus grosseiro e barrigudo com roupas de camponês."
O Deus dos Magos, de Janet e Stewart Farrar


Bem, como já escrevi aqui anos atrás sobre as Divindades Aristocráticas (leia AQUI), o que esperar de um deus de camponeses, de caipiras? Que ele se vista como um caipira também. E não duvido que parte da zombaria a ele atribuída não venha de classes mais "nobres", como os guerreiros profissionais. Para quem vive no trabalho diário, o que importa são as ações de seu trabalho e a defesa dos frutos da terra. Neste ponto deuses como Dagda e Thor cumprem bem o seu papel de defensores bem-humorados dos campos um tanto tolos pela visão externa, mas extremamente amados pelos seus cultuadores.




Loucura do Mundo


Tal e qual Dagda, não dá para ser feliz e não ser louco aos olhos de todos. É preciso ter essa dose de insensatez para sobreviver ao dia, receber inspiração, olhar além daquilo que se apresenta.


É como canta o Poeta na balada do louco (Letra completa AQUI):


Dizem que sou louco
por pensar assim
Se eu sou muito louco
por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz


Mas apesar de tudo, do emprego, do passado, do presente e do futuro é preciso desanuviar os olhos. É preciso abrir o peito. É preciso ser louco. É preciso ser um idiota e fazer a pergunta simples.


Você quer ser feliz hoje?


Saúde, amizade, liberdade.




Sergio Thot.