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segunda-feira, 30 de julho de 2007

GARRAFAS DA FARTURA

Também chamadas de Garrafas da Prosperidade são uma variante das já conhecidas Garrafas de Bruxa já citadas neste blog (veja AQUI), com o diferencial que estas visam trazer e manter no lar alimentos e bênçãos. Sua confecção é simples como as garrafas de proteção da postagem anterior.

Minhas garrafinhas, rs!
Segue abaixo minha indicação para a criação de uma Garrafa da Fartura:

* Para começar, logicamente, uma garrafa. Vidro é um bom material, daquelas bonitas, de azeite. Com tampa ou rolha. Lave e separe.

* Sementes em geral: arroz, feijão dos mais diversos tipos, milho, canjica etc. Q. S. P.

* Sal grosso


Execução:

* Na primeira Lua Nova, se usar algum oráculo, peça aos Deuses orientação sobre a necessidade ou não da confecção do feitiço. Se a resposta for positiva, prossiga.

* Nos dias que antecedem a Lua Crescente, encontre e recolha os elementos citados e os coloque em um lugar especial, à sua vista. Peça aos Deuses inspiração para criação de uma prece a ser realizada durante a confecção da Garrafa.

* Três dias antes da Lua Cheia, escolha local e momento em que não será interrompido para encher sua garrafa. No fundo, sal grosso. Adicione pequenas quantidades de sementes depois, enquanto faz a prece. Um efeito interessante é fazer níveis com as sementes, alternando cores e formas. Terminado, tampe-a e coloque de volta no lugar reservado.

* Durante a Lua Minguante, guarde-a em um lugar visível em sua cozinha e faça pela última vez a prece. Limpe quaisquer vestígios do feitiço.

* Na Lua Nova, retorne ao oráculo para saber a reposta do Divino.


Bem, segue agora algumas dicas e toques

  • Perceba que lhe passei um feitiço que dura um mês. Não acredito em magia fast-food. Se necessita, tem que ser profundamente.
  • Prece não é algo exclusivo de religiões judaico-cristãs. Pagãos também oram as suas Divindades.
  • De preferência, não compre os itens somente para o feitiço. Recolha os elementos em sua casa, já que possuem sua energia pessoal. As sementes são sobretudo alimentos, então compre-as não só para o feitiço, mas prepare com elas pratos sagrados para sua família ou amigos.
  • As garrafas não são só mágicas, mas também decorativas. Faça algumas de tamanho menor e presenteie. ou convide amigos simpáticos à magia e faça um ritual coletivo, que é mais forte e estimulante que trabalhar só.
  • Oráculos são ideais, mas se sonhar com os resultados será melhor. Preste atenção aos sinais que a Deusa lhe sussurra nos ouvidos, diretamente!
  • Você perceberá que há lacunas no procedimento. São propositais, visando a colocação de seus próprios elementos para que isto não seja uma receita-de-bolo mas algo que compartilhamos.
    Feitiços não raro são usados para solucionar problemas. O ideal em sua vida é você não os tenha. Mas como não ter é difícil, ao menos não seja VOCÊ o causador de suas dificuldades. Prove que tem maturidade espiritual e não se meta em apuros. Poupe dinheiro no tempo das vacas gordas e gaste com sabedoria.
  • Estude. Desde o limiar da Humanidade o ser humano usa de diversas ferramentas para sobreviver. E para usa-las ou fazê-las é preciso estudar.
  • Trabalhe. As coisas não surgem do nada, mas são o fruto de um esforço coletivo. Se você não trabalha não tem. Veja o exemplo de vários Deuses, como Vulcano, Thot, Wayland... Todas divindades que suavam a camisa. Em honra a eles, a sua nação, sua equipe de trabalho e a você, sue a sua também.

Saúde, amizade, liberdade.
S. Thot.

sábado, 28 de julho de 2007

GARRAFAS DE BRUXA




Os Antigos de outras terras afirmavam que as garrafas de bruxa eram basicamente elementos de proteção. Composta de um recipiente cheio de pregos, tachas, alfinetes e outros itens, sua presença atrai para si forças hostis que iriam ao morador da casa, como a inveja, mal-olhado e outras violências.

Estas forças ou pessoas são obrigadas a encontrar, destampar e contar cada um dos elementos nela contidos. Elas se embaralham, caem em dúvidas sobre a conclusão ou não de suas intenções. Logo, quanto maior a quantidade destes itens na garrafa, melhor! Pois isto daria chance de reação ou fuga.

Certa vez ensinei a confecção desta garrafa de bruxa para uma pessoa para que deixasse de ser importunada por uma pessoa inconveniente. E funcionou!

Segue abaixo minha indicação para a criação de uma Garrafa de Bruxa:

* Para começar, logicamente, uma garrafa. Vidro é um bom material, daquelas bonitas, de azeite. Com tampa ou rolha. Lave e separe.

* Pregos, tachinhas, parafusos, alfinetes, bolinhas de aço. Q. S. P.

* Pequenos pedaços de hematita

* Água e sal grosso


Execução:

* Na primeira Lua Nova, se usar algum oráculo, peça aos Deuses orientação sobre a necessidade ou não da confecção do feitiço. Se a resposta for positiva, prossiga.

* Nos dias que antecedem a Lua Crescente, encontre e recolha os elementos citados e os coloque em um lugar especial, à sua vista. Peça aos Deuses inspiração para criação de uma prece a ser realizada durante a confecção da Garrafa.

* Três dias antes da Lua Cheia, escolha local e momento em que não será interrompido para encher sua garrafa. Adicione pequenas quantidades enquanto faz a prece. Terminado, tampe-a e coloque de volta no lugar reservado.

* Durante a Lua Minguante, enterre-a junto a sua porta ou portão e faça pela última vez a prece. Limpe quaisquer vestígios do feitiço.

* Na Lua Nova, retorne ao oráculo para saber a reposta do Divino


Bem, segue agora algumas dicas e toques

* Perceba que lhe passei um feitiço que dura um mês. Não acredito em magia fast-food. Se necessita, tem que ser profundamente.

* Prece não é algo exclusivo de religiões judaico-cristãs. Pagãos também oram as suas Divindades. Leia mais sobre as orações pagãs AQUI.

* De preferência, não compre os itens somente para o feitiço. Recolha os elementos em sua casa, já que possuem sua energia pessoal. Os pregos ou parafusos, por exemplo, não precisam ser novos e água salgada limpará energeticamente os que conseguir por outros meios.

* Água salgada, se for do mar, melhor.

* Se não puder cavar o buraco, coloque sua garrafa em um vaso e plante algo nele, como rosas ou morangos. Mas aí a sua garrafa terá que ser menor, como aqueles que vendem óleo de dendê.

* Oráculos como o tarot são ideais
para se obter uma resposta satisfatória do Divino, mas se sonhar com os resultados será melhor. Preste atenção aos sinais que a Deusa lhe sussurra nos ouvidos, diretamente!

* Você perceberá que há lacunas no procedimento. São propositais, visando a colocação de seus próprios elementos, suas próprias ideias e experiências, para que isto não seja uma receita-de-bolo mas algo que compartilhamos.


Mais um conselho

Feitiços não raro são usados para solucionar problemas. O ideal em sua vida é você não os tenha. Mas como não ter dificuldades na vida é difícil, ao menos não seja VOCÊ o causador de suas pedras de tropeço. Prove que tem maturidade espiritual e não se meta em apuros. Escolha bem as pessoas que levará até a sua casa para que coisas como esta não se repitam.

Saúde, amizade, liberdade.


Uma curiosidade

Segue um link sobre uma garrafa de bruxa encontrada na Inglaterra. Há algumas diferenças nos ingredientes...

S. Thot


Leia também o post sobre Garrafas da Fartura

OS TRÊS MAIORES AMIGOS DO GRUPO DE ESTUDOS




Para entender o que é um grupo de estudos, precisamos antes compreender o que é um corpo. Um indivíduo, a grosso modo, é a menor porção de uma consciência. O corpo e sua consciência, porém, são feitos de corpos menores e consciências menores.

Afinal, quando pessoas de diferentes idades, locais de nascimento, famílias, sexos e opções sexuais diferentes decidem compartilhar ideias, tempo e ações juntas, algo terceiro acontece.

Você, por exemplo, não é este corpo. Você não enxerga com os olhos, ou ouve com os tímpanos. O que define quem você é, como reconhece e como se relacionar com o mundo, em essência, é sua consciência. É a consciência que determina sairmos de um estado "inanimado" para um animado.

Quando estamos separados de nossos órgãos internos e das sensações de nosso corpo, estamos inanimados, inconscientes. Onde está seu pé esquerdo agora? E o direito? Você tinha consciência de sua postura na cadeira até esse momento? De certa maneira, estávamos inconscientes.

Em nível grupal, algo parecido acontece. Primeiramente estamos "desmembrados". Somos partes que se encaixam, porém separados por muitos fatores, totalmente ignorantes uns dos outros. Mas uma força nos faz emergir. Uma série de motivos e possibilidades que nos dá esta visão mínima do "eu, pagão". E, como geralmente somos/nos sentimos incompletos, buscamos a companhia de outros/as que sejam afinados conosco, como as cordas de um violão.

A comunicação moderna nos possibilita um feito surpreendente: nos conversarmos em tempo real com pessoas distantes, seja pelo tempo, seja pela ignorância de que elas existam, mesmo que morem na rua de trás ou na cidade vizinha. Mas saber que elas existem não basta para muitos, nem vê-los em uma foto: precisamos de seu toque e do som de sua voz fora de uma caixa de som. Então decidimos nos encontrar.

Quando o encontro é marcado e todos comparecemos, é como o amor. Primeiro nos reconhecemos, nos medidos para saber onde nos encaixarmos. Nos testamos, como as crianças testam os pais até descobrirem o que os zanga e os alegra. Cada abraço e cada beijo são calculados. Mas isto dura pouco, pois nossas afinidades nos unem e as máscaras caem por terra. Então é a alegria do encontro e a descoberta que nem sempre o parentesco é fruto do sangue.

Com o passar dos tempos &  encontros, as relações se assentam e os grupos de afinidades se formam dentro deste corpo, assim como órgãos dentro dos corpos se unem para desempenhar funções comuns. Mas estes pequenos grupos precisam de um fio condutor, um regente para a orquestra. E a orquestra precisa de um porquê para existir.

Portanto, acreditando nisso, escrevemos sobre os três grandes amigos de um grupo de estudos, o que determina seu porquê. Espero que gostem do texto e que seja válido.


Disponibilidade

Um dos motivos pelos quais as pessoas não se juntam é a disponibilidade de se reunirem todas em um mesmo lugar, numa mesma data e hora e por um número x de tempo. Coisas como trabalho, escola, família, namorada/o são motivos para a ausência nas reuniões.

Bem, o tempo deve ser bem pensado, pois a primeira etapa de um grupo de estudos é a definição de dia, horário e locais para reunião. E estes devem ser respeitados. Se um membro falha, o grupo sofre, pois nos reunimos em círculo e a corrente não pode ser quebrada. Dias e ou horários diferentes podem ser pensados, com se formássemos turmas dentro de uma escola. Sei um dos motivos implícitos é o contato humano, vermos uns aos outros, mas o motivo, o objetivo primal do grupo de estudos... é estudar!


Capacidade

Não tem jeito: são necessárias informações se quisermos dar continuidade a um grupo de estudos. É preciso descobrir o cada um sabe e tem em sua biblioteca. Os temas podem ser por assunto (oráculos, signos, panteões) ou por livros.

Pessoalmente considero o estudo feito a partir dos livros mais abrangente, pois diversas opiniões podem ser feitas a partir de um mesmo capítulo. Afinal, nem todo mundo pensa igual. E o inverso poderia acontecer: todos concordarem em um ponto e descobrirem que aquilo que pensam está em harmonia com o grupo.


Para isso, seria necessário que todos tivessem acesso a informação, seja pela distribuição de xerox ou cópias digitadas, seja pela compra do livro por todos. Em um grupo grande, o mesmo livro pode ser comprado por todos diretamente da editora e ter assim seu valor abatido. Enquanto estudam aquela obra, podem juntar dinheiro e passar a escolher o próximo título.

Sites também são importantes fontes de informação.



Responsabilidade

Aqui a linha traça sua espiral, se sobrepondo ao primeiro tópico. Se não nos responsabilizamos pelo grupo, ele definha e morre. O grupo não é o número de pessoas que estão nele, nem as pessoas que o deixaram, mas aqueles que se reúnem para estudar e dividir informações. Isto eu aprendi isso no Orkut, onde "comunas" têm milhares de pessoas, mas elas ficam lá, olhando, e não participam das conversas. As "comunas" são movimentadas mesmo pelos gatos-pingados que trocam ideias sobre a vida e o mundo, que não chegam a 5% do total.

Ao formar um grupo, qualquer grupo, seja de estudos, para coven, empresa, grêmio estudantil, infelizmente não contaremos com o apoio da "grande massa". Não foque sua atenção aí: mantenha a porta aberta, mas não os obrigue a entrar. Eles o farão na hora certa. Preste atenção nos que ficaram e precisam de você. Esse é o grupo de estudos. São estas pessoas que são a fonte de sua força.

Que assim seja!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

DO NOME MÁGICO




A significação do nome tem várias faces. O nome serve para retirar do comum um determinado objeto, atribuir qualidades positivas ou negativas a outros e a nós, e também para exercer domínio sobre o dominado.


No princípio, era o Caos. Então nossa consciência emerge do irracional, e seu primeiro ato de afirmação é submeter o não-eu aos seus critérios. Isto se inicia no nome. Na tradição judaico-cristã, Adão (nomeado assim por YHWH), tem como função primária denominar os seres do mar, do ar e da terra. Desde modo ele se destacaria da natureza, em um divórcio simbólico que perdura até hoje. Para o bem e para o mal.

O nome também possui função adjetiva em muitos casos. Quando nomeamos alguém de Careca, Negro ou Viado, ou Amor, Mano ou Pai. Estes nomes carregam em si uma carga simbólica que ultrapassa o seu significado básico, passando a destacar qualidades ou defeitos que observamos nestas pessoas. E isto é um dado cultural, pois quem é pai para mim pode não ser para outro.

O nome ganha status de poder quando, através do convencimento ou coação, submeto não só o objeto a minha nomeação, mas digo aos outros que, daqui em diante, aquele ser deve chamar-se tal coisa. Muitos escravos negros eram simplesmente coibidos de usarem seus nomes originais, adotando forçosamente o nome de seus senhores. Aqui, temos também um ato político.

O Caos referido anteriormente pode, em um primeiro momento, aludir a bagunça. Mas se olharmos mais profundamente, só é caótico aquilo que não entendemos ou não aceitamos. Para muitos, nossa forma religiosa é caótica por exemplo, apesar dela possuir uma rotina que todos conhecemos. Tudo o que vemos, pelo menos intelectualmente, só existe porque lhe atribuímos um nome.

Então a (re)nomeação busca a retirada intelectual de um objeto da antiga ordem em que ele se encontra. Ele "morre" para seu uso anterior, "ganhando" novas possibilidades de interação. Eis aqui o resultado natural do nascimento, onde deixamos uma existência e passamos a outra. Deixamos também uma determinada forma de agir por outra. E marcamos isso com o novo nome. No nosso caso, o nome mágico.

Perséfone

No mito grego de Kore/Perséfone, a virginal Deusa é raptada por Hades e leva ao submundo. Identificada como o broto, desaparece no seio da terra Gaia. Sua mãe, Demeter a procura pelo mundo e não a encontra. Sabe por Hécate que sua filha foi raptada. Após rogar a Zeus por justiça e não ser atendida resolve deixar o mundo natural, para a desgraça deste. Em jogo estava a frágil ecologia que sustenta homens e Deuses. Rapidamente Zeus pede que a jovem seja devolvida a sua Divina Mãe. Mas esta não é mais o Broto sem nome, mas Perséfone, Rainha dos Mortos.

Atualmente quando ouvimos ou lemos o mito somos levados a pensar que Ela fora enganada e obrigada a passar parte do ano agrícola no submundo. Mas quando contamos algo sobre alguém, falamos mais de nós do que do outro. Talvez seja isso que os gregos gostariam de passar, segundo sua cultura. Mas e segundo a nossa?

É interessante pensar que a Deusa, ao ser levada ao Submundo, não se submeteu, mas aceitou sua posição como Rainha dos Mortos. E mais: ela o fez para oferecer aos outros cuja morte também rapta, uma esperança: a da vida eterna. No submundo, Kore não só encontra seu nome, mas seu destino de levar aos-que-se-foram-antes, a Luz da Esperança. É o que nos faz pensar a estudiosa e sacerdotisa Rachel Pollack, em seu livro "O Corpo da Deusa". Leitura essencial.

Acreditamos que todo o nome seja mágico, e que o poder está nas mãos e ações de seu usuário. Esta seria a função do nome: um marco, um farol, uma referência de seu portador.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

PERSÉFONE




Há no vale do Ena, um lago escondido no bosque, que o protege contra os ardentes raios do sol; o terreno úmido é coberto de flores, e a primavera reina ali perpetuamente.

Prosérpina lá se encontrava, brincando com suas companheiras, colhendo lírios e violetas, e enchendo com as flores seu cesto e seu avental, quando Plutão a viu, apaixonou-se por ela e raptou-a. Ela gritou, pedindo ajuda à mãe e as companheiras; e quando, apavorada, largou os cantos do avental e deixou cair as flores, sentiu, infantilmente, sua perda como um acréscimo ao seu sofrimento.

O raptor excitou os cavalos, chamando-os cada um por seu nome e soltando sobre suas cabeças e pescoços as rédeas cor-de-ferro. Quando chega ao Rio Cíano, e este se opôs a sua passagem, Plutão feriu a margem do rio com seu tridente, a terra abriu-se e deu-lhe passagem para o Tártaro.

Ceres procurou a filha por todo o mundo. Aurora, dos louros cabelos, ao sair pela manhã, e Hespéria, ao trazer as estrelas ao anoitecer, ainda a encontraram ocupada na procura. Tudo foi em vão, porém.

Afinal, cansada e triste, ela se sentou numa pedra e continuou sentada, durante nove dias e nove noites, ao ar livre, ao ar livre, à luz do sol e ao luar, e sob a chuva.

Da obra de Thomas Bulfinch, O Livro de Ouro da Mitologia

É fim de tarde de abril. Há dias não chove, e o cheiro de urina humana é forte. Com seus grandes ossos, Gaia brota da terra e é testemunha muda na Praça das Pedras, no Macedo. Mas é provável que você não more aqui, e não saiba que a tal praça é um lugar onde mulheres vindas da escola, professoras e alunas, eram violentadas. Não, se você não mora aqui não tem como saber. Muitos dos que moram aqui não sabem!

Não raro tiveram aqui outras Kores encontros escuros com seres violentos, e foram levadas à força. Mesmo com a reforma e iluminação da Praça das Pedras, ainda os jovens da escola próxima e mesmo adultos receiam em passar próximo das sombras das grandes pedras. Como Kore, temem o poder que se esconde anônimo no escuro, pairando negro como as asas da graúna. Tentam afastar da mente estes pensamentos, no temor que eles chamem para si aquilo que se esconde entre as fendas.

Mas, para algumas, isto não basta.

O cheiro de urina é forte, atestando que ali algo morreu da civilização. Demeter se recolhera e grande é sua dor. Sua ignorância fora roubada e não há no mundo descanso para sua cabeça. Todos os travesseiros são de pedra. Mãe e filha vagam juntas, mas cada uma em um mundo. Uma clama por justiça, outra por consolo. Não há mais como afastar da mente aquilo que já marca o corpo. As cicatrizes são como veios da rocha nua. E é na percepção disso que finalmente, embora separadas, mãe e filha se encontram. Pois há outras mães e outras filhas, e os olhos já podem ver melhor.

Mãe e filha se encontram em si mesmas. Encontram em si e se encontram na outra a força que precisavam. Encontram em si e nas outras mães e filhas os meios para que as sombras não mais cubram as bocas dos que tentam gritar.

Com tochas elas iluminam as fendas e algo foge para o interior da terra. A luz do conhecimento deve ficar acesa. Que todos saibam.

Elas lavam e secam umas as outras. É um batismo. Batismo de fogo e de água, pois foram e retornaram. Batismo de terra e ar, conquistando firmeza e conhecimentos. Não mais inocentes e ignorantes. Não mais virarão seus rostos, ou apagarão da mente os perigos. Renascidas, são guerreiras.

Se antes Ela fora levada, agora retorna só e com os próprios pés. Na escuridão, Ela viu dentro de si a luz. E ardeu, e sua chama é um farol para outros pela sombra sequestrada.
Ela move as rochas e os que assistiam se curvam diante delas. A Deusa consigo traz sob seu manto miríades de sequestrados pelo escuro, e todos são gratos. O resgate fora pago com amor e conhecimento. Na escuridão houve luz, e quem teve coragem e fé, seguiu.

É manhã, e o céu e a terra se unem num beijo molhado de chuva. Há cheiro de rosas no ar.



A música que segue agora me faz chorar sempre que ouço & canto junto. Canta comigo?


domingo, 15 de julho de 2007

DO PERDÃO




Escrever sobre o perdão se revela tarefa difícil. O conceito do perdão para mim lembra algo relacionado a dieta, pois temos que restringir em nós o consumo do rancor viciante. Afinal, é tão conveniente o papel de vítima e beber deste fel tóxico. A vítima é passiva por concepção, incapaz de prever ou reagir diante das injúrias feitas pela vida. A vítima se encolhe no canto e chora.


O papel de vítimas já não cabe mais na Humanidade, pois temos, sempre tivemos, a necessidade de tomarmos conta de nossas vidas mesmo nos piores momentos. Temos a obrigação de nos defender das violências do mundo. Vitimismo também nos leva a ações como vingança quando surge a oportunidade. Nações inteiras entram e permanecem em guerras porque não sabem perdoar em coletivo coisas que aconteceram no passado, seja recente ou não.


Conflitos nascidos de razões históricas como os da Iugoslávia e Ruanda são provas de como o ato de não perdoar pode levar populações inteiras a mortes horríveis, onde vizinhos golpeiam uns aos outros com facões ou armas leves, invocando  dores de um passado que não viveram.


O que é perdoar?




Perdoar não é oferecer a outra face. Isto é ser vítima! Ser perdoador significa afirmar que também fomos e somos sujeitos na história. Que quando acontece com o outro é uma crise, mas conosco é um desastre. É neste ponto que somos tentados a dizer por conta de nossas supostas fraquezas - oh, o que fiz para merecer isto? Ao invés disto devemos ter posição ativa. Descobrir que somos o ator e autor de nossa história. E como tal temos nossa cota de responsabilidade. Nós não somos figurantes. Não somos parte do cenário ou paisagem. Não somos máquinas. Não somos objetos. Não somos indefesos. Não somos vítimas! É preciso perguntar sempre - qual meu papel nisso tudo? 


O poder do perdão não serve só para o outro, mas para nós também. E é em nós que ele atua de modo mais benigno. O perdão lava nossa alma, consertando nossas asas. O perdão nos torna mais leves. Sem ele sempre recordamos das injúrias. Recordar injúrias nos impede de raciocinar. Recordar, do termo recordis, lembrar com o coração, a morada dos sentimentos. Como viver bem se em nosso coração estamos afogados em dor?


Perdoando tiramos a violência somente do coração, não da lembrança. Precisamos da lembrança na mente para evitar novo erro. Afinal, quem não conhece a sua história esta fadado a cometer os mesmos erros. Mas é no coração que mora a fé, e nela depositamos nossa decisão de trabalhar no presente para alterar o futuro. 


Perdoar é aquilo que nos abre ao novo de novo, pois cada experiência é única, cada vida é especial. E atenção:  o mundo não pára para que possamos lamber as feridas, já que a fila continua andando. Até porque são poucos os que gostam de cessar seu caminhar para ouvir o rancor alheio por muito tempo. As pessoas que gostam de nós nos apoiam, mas rancor é um fardo por demais pesado para carregarmos, mesmo que estejamos em grupo. Logo somos convidados a deixar o peso inútil para trás... ou sair da fila.


É perceptível também o poder deste sentimento no corpo e na mente: nossa pele envelhece, os olhos afundam, órgãos internos sofrem. Surgem as doenças psicossomáticas, aquelas de origem emocional. É um suicídio lento.


Um veneno auto-induzido, sadicamente ministrado. Uma agulha que injetamos diariamente com substâncias que trazem de tudo para a nossa vida, menos bem-estar. 


Seu corpo é um templo, você já deve ter ouvido falar muitas vezes. Pois é... está na hora de limpar este prédio. Tire o lixo. Perdoar é faxinar o coração.


Saúde, amizade, liberdade.




Sergio Thot.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

DOS CORDEIROS DE DEUS


Imagem de Lascaux. Clique para abrir.
"Quem sou perante o animal?" Aquele que possui ou já possuiu gatos, cães, ou mesmo pássaros e répteis, não deixou esta pergunta passar em branco em algum momento da vida. O próprio termo animal de estimação revela qual nossa posição diante deste seres ao longo de nosso relacionamento com eles.

É difícil precisar qual o momento em que nós seres humanos adquirimos a "consciência-de-si-em-si-mesmo", e nem quando isto, num novo salto, nos separou de nossos companheiros de penas, pêlos e escamas desta nave chamada Gaia. No Ocidente, os mais antigos registros históricos afirmam que - o homem devia ter o domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.

E, ao mesmo tempo que nos separamos deles também desejamos retornar a irmandade. E ao mesmo tempo que queremos reatar estes laços perdidos, temos que deles nos alimentar. É um paradoxo.



Animais frágeis

Se pensarmos no ser humano como um animal, verificamos nossa imensa fragilidade: não somos fortes, rápidos, ágeis. Não voamos. Nadamos e corremos com grande dificuldade em relação a outros animais. Somos um tipo de macaco pelado. Estaríamos destinados à extinção se não tivéssemos uma série de fatores que, combinados, recebem o nome de adaptabilidade. Nosso cérebro e nossa capacidade de construir ferramentas fizeram de nós seres capazes de sobreviver, caçar e coletar alimentos em praticamente todas as partes do globo. Portanto dieta foi a primeira ponte que nos uniu aos animais. 


Mas caça-los não era tarefa fácil: lanças e flechas são armas rústicas, e a mata ou os campos possuem predadores de homens também! A pecuária e a agricultura foram passos importantes, pois pela primeira vez o homem deixa a Terra para criar seu próprio Mundo domesticado.


Lascaux

As imagens de Lascaux e outros sítios arqueológicos ao redor do mundo - incluindo o Brasil - implicam em sérias dúvidas sobre sua real finalidade. Presumisse que estes desenhos de bovinos e equinos de até 5 m., feitos há 15.000 anos atrás com uma beleza impressionante, possuíam um caráter iniciático. Achados arqueológicos ao redor da caverna francesa indicam que os animais desenhados não serviam de alimento, constituindo este basicamente de renas.

Se a caverna servia a iniciação mas os animais ali pintados não eram caçados, porque então a representação? Supõe-se que os seres são sagrados aos antigos frequentadores do local, auxiliares em seus transes, guias para outros planos.

Posteriormente estes e outros animais serviriam como identidade para as tribos. São os totens. Uma tentativa de reunião, de pacto de paz.


Os animais e as Divindades


Se no Período Neolítico buscávamos as ligações com os Deuses através da identificação com os animais, uma vez que observaríamos que estes teriam um relacionamento mais estreito com o sagrado, os milênios mudaram o convívio para outro plano.

Com a domesticação, nossa consciência separa-se da dos animais. Em vez de parentes, somos seus algozes. Agora os sacrificávamos em honra aos Deuses através grandes holocaustos. Com os animais recebemos favores ou nos livramos da Ira Divina. Alguns seres (ou mesmo todos) são proibidos para consumo. Outros são objetos de culto. Mas sua posição como ponte entre os humanos e deuses se manteria ainda por longos períodos.

Muitas Deusas&Deuses teriam através de seus fiéis, características associadas a animais como corujas, águias, vacas, cordeiros, cavalos, leões, jaguares, abelhas, aranhas, escaravelhos, coiotes, lobos, corvos, tubarões, tucunarés, elefantes, cobras. No Egito antigo podemos citar meu Deus de devoção, Thot, com a cabeça de Íbis. O hábito manteve-se até hoje, como verificamos no termo religioso Cordeiro de Deus usado por muitos de seus sacerdotes, os pastores.

Em nosso país os cultos dos afro-descendentes mantém a prática de sacrifícios animais aos Deuses de seus panteões. A indústria da carne de diversos animais continua a todo vapor, onde a característica do animal se dilui nos magníficos comerciais de tv e ganchos de frigoríficos. Para muitas crianças a carne não vem da vaca, mas do açougue.

Animais ainda selvagens são consumidos com função afrodisíaca ou medicinal, como acontecem com as barbatanas de tubarão no processo chamado de "finning" Leia + AQUI. Os bichos domésticos vão da semidivinização (hotéis e motéis para animais, roupas, manicure, dieta etc) a escravidão, mutilação, vivisseção ou puro e simples mau-trato.



E apesar de tudo isto, ainda os consideramos parte de nossa família quando vivem conosco por muito tempo e tomam de assalto nosso coração. Não raro me pego falando com os gatos aqui em casa. E às vezes acho que até me entendem. Não obedecem, mas entendem.

Talvez seja este o milênio em que nós devamos questionar quais são nossos papéis nesta parceria com os companheiros que voam, nadam, caminham e rastejam na Nave Gaia.





Sergio Thot

 

domingo, 8 de julho de 2007

DOS CÍRCULOS & COVENS






Será que basta uma química perfeita na realização dos rituais para que um círculo ou coven sobreviva? Nós acreditamos que é necessário mais do que isto.



Acreditamos que o coven ou círculo são corpos, entidades vivas dos quais seus membros são os órgãos vitais.


Se um dos elementos não está bem, o conjunto não vai bem. Então, como pode dar errado? E como fazer para dar certo? Como ter um coven forte e atuante?

Dizer que cada membro imagina seu grupo funcionando a sua maneira é certo, mas não só isto. Em um coven forte, seus membros apesar de possuírem ideias diferentes, estabelecem termos comuns, uma base de acordo para que o grupo funcione com harmonia. Como num corpo, onde os rins e o coração são órgãos diferentes, mas que trabalham juntos pela manutenção do sangue precioso.

Esta harmonia só é conseguida quando os pensamentos básicos de todos são comuns, tanto no passado como no presente e para o futuro. É o pensamento com metas comuns que mantém o coven unido.


E não importa se falamos de coven ou time de futebol, universidade ou multinacional, banda de rock ou grupo familiar: se não se sabe de onde se veio nem o que se está fazendo, dificilmente se definirá para onde se vai. É aonde o grupo naufraga.

Podemos estabelecer como base para este acordo o traçado formado por três pontos: o caráter, os princípios e os objetivos.

*O caráter:
é aquilo que o grupo vê refletido ao olhar no espelho social. É a resposta a pergunta "quem somos nós?".

*Os princípios:
é a fonte onde o grupo bebe, seus fundamentos filosóficos e a origem de todas as regras que os regem. É a resposta a pergunta "de onde viemos?".

* Os objetivos:
é aquilo que o grupo deseja em longo prazo, seu norte. É a resposta a pergunta "para onde iremos?".

Todo o agrupamento humano precisa responder com sinceridade a estas perguntas e atingir o consenso. Os que conseguem trarão dentro de si o poder de mil sóis. Isto se dá porque agem ao mesmo tempo de forma livre e coesa. Gente junta não porque foram subjugados, mas porque se amam e precisam realizar tarefas que sozinhos não conseguiriam.

São detalhes como esses que tornam os grupos poderosos!


Sugestão de Leitura:


A Dança Cósmica das Feiticeiras, de Starhawk!


quarta-feira, 4 de julho de 2007

EQUILÍBRIO E AÇÃO





A cena é comum: rios já sufocados pelo concreto e pelo esgoto de casas, comércio e fábricas, uma pessoa jogando seu saco plástico de lixo nele. Longas ruas e poucas árvores ardendo ao sol tropical. Pessoas adultas e bem-educadas lavando suas calçadas ou carros com mangueiras e usando água potável. Falam para mim que o problema é cultural, mas eu discordo. Cultura da preservação do meio ambiente todos temos. O que nos falta é a aplicação daquilo que é aprendido.


Perto de minha casa existe uma viela chamada Alagoinha. Vez após vez a prefeitura recolhe de lá toneladas de lixo e entulho e vez após vez a população local emporcalha o lugar com mais sujeira, apesar das leis municipais que proíbem essa prática, da existência do Ponto de Entrega Voluntária (PEV) mantido pela prefeitura e do bom senso de não se jogar animais mortos e lixo ôrganico por onde passam crianças em idade escolar.


"Em Guarulhos, a multa é de R$ 600 por metro cúbico de entulho despejado. Quando o volume de lixo é maior que dois metros cúbicos, o valor da multa dobra: cada metro, passa a equivaler a R$ 1.200. Além disso, os caminhões que são utilizados na operação são apreendidos pela Guarda Ambiental e os motoristas, assim como os responsáveis pela contratação do serviço são presos.


Fonte: Site da Cidade de Guarulhos



Se você, como nós, é sensível a relação que a humanidade tem com a Mãe Terra, já sentiu a impotência de presenciar tais fatos e não poder fazer muito. Apesar de nossa separação do lixo, do reuso que fazemos dos materiais e da redução de embalagens que nos comprometemos a fazer, das campanhas pessoais, públicas e governamentais, dos alertas de secretarias e ministérios, das escolas e do supremo grito vindo da consciência, tais ações não parecem repercutir muito nas pessoas comuns.


Existe por exemplo a campanha Limpa Brasil que...


"pretende-se disseminar uma consciência ambiental para que as cidades sejam limpas e se mantenham limpas. Assim, o primeiro passo é despertar o interesse das pessoas e organizações para que a realidade da sua cidade possa ser mudada de fato, conquistando-as em prol de um objetivo comum: limpar as cidades e mudar a atitude da população."


Visite o site por AQUI



E a perspectiva mostra que as mudanças serão lentas. Mas porque?






Está desperto?



Um livro conhecido por mestres nas artes cênicas, chamado "O Corpo Fala (Pierre Well&Roland Tompakow)" oferece algumas indicações. É material interessante e por vezes divertido, recomendável para quem inicia a busca do autoconhecimento através da linguagem corporal.



Afirmando que o ser humano é divido em três partes distintas e inter-relacionadas, os autores usam a analogia da Esfinge, distinguindo a Mente, os Sentimentos e os Instintos como Águia, Leão e Boi respectivamente. O corpo nos fala constantemente através destes três personagens, porém nós não os ouvimos.


E mais: eles também não se ouvem constantemente, entretidos em numa batalha dentro de nós onde a perda de um dos bichos se reflete em doenças de origem psíquica, as chamadas doenças psicossomáticas. O reequilíbrio, segundo os autores,só é conquistado através da interpretação e convivência com estes três bichos, tendo o Eu, já desperto, como seu condutor.



O livro chama este fio condutor por um nome bem simples: Amor.



Sabemos que o equilíbrio pessoal não é uma das virtudes humanas mais comuns. Se as pessoas não conseguem manter a "ecologia" interna, como manter a externa? Como respeitar o corpo exterior se seu corpo interior vive em dicotomia constante? Como amar o que está fora de nós, se não amamos aquilo que somos?



Bem, não dá para esperar que a humanidade dê este salto rumo ao amor próprio para que, a partir disso, passe a amar as coisas ao seu redor, não é?

O fato é que nós e o resto da raça humana fazemos a coisa por interesses em alguns casos. 


Há quem economize água ou recicle lixo por questões econômicas (para obter renda ou não gasta-la futilmente) ou educacionais (campanhas em fábricas, escolas etc). Não há garantias em longo prazo de quê continuarão contribuindo com o equilíbrio do planeta.






O que fazer?



O ideal que buscamos precisa ser duradouro. Portanto o trabalho que está a caminho pede que identifiquemos o desequilíbrio em nós, no outro e no corpo social em que pertencemos. Um projeto ecológico sério não se baseia somente em propaganda, mas em ações práticas e viáveis, que possuam a cara das pessoas envolvidas. Nós, por exemplo, podemos inserir a questão dentro da magia ritual. Como wiccano ver a natureza como o corpo da Deusa me é muito natural. Portanto é natural meu engajamento nesta luta.



Quantos encantamentos e feitiços não podem ser feitos através do plantio de ervas e árvores nativas? Não possui o Deus o Seu aspecto vegetal? Muitas árvores no Norte possuem finalidades mágicas e/ ou religiosas, e a Ele são identificadas. São locais de culto, onde a Terra, o Céu e o Submundo se encontram. Aqui em nosso hemisfério pode ocorrer o mesmo.



Magias poderosas podem nascem do ato de observar as mudas nascendo de sementeiras na Candelária, plantadas em vasos simples na Primavera, transplantadas para seu lugar definitivo no Beltane, cuidadas nas chuvas de Verão, observadas no Lammas, ver ser seus frutos amadurecerem no Mabon, as folhas amarelarem no Samhain e a vida hibernar em nosso seco e brilhante Inverno. Ato mágico que não se reserva a pedidos simples, mas a coisas que pedem tempo e longa, longa paciência.


Nota: encontrei anos depois de escrever este trecho uma ideia semelhante vinda de um padre de Goiás que ao invés de ministrar orações para as doenças e aflições espirituais dos fiéis, estes são incentivados a plantar árvores! Veja a notícia AQUI.



A Roda do Ano indo e voltando, onde nossas vidas se confundem, onde temos a impressão que ela sempre esteve lá a nos observar, repleta de sombra, seiva, frescor, frutos, amor, magia.



E existe a ação localizada, pontual. Conhecidos ou estranhos, ao ver atitudes não-ecológicas, avalie as possibilidades e faça a abordagem. Não vale apenas querer a mudança se não se luta por ela..






Busque apoio

  • A Secretaria do Meio-Ambiente de muitas cidades fornecem  mudas de árvores nativas e cursos periodicamente.
  • Há centros de formação para pessoas que queira montar ONGs de reciclagem.
  • Professores são receptivos a realizações de palestras nas escolas por parte de especialistas e interessados no assunto.
  • Faça a separação e destinação do seu lixo como forma de dar o exemplo.
  • Dependendo do contexto, aborde pessoas cuja as atitudes não se alinham com esta forma de pensamento ecológica.
  • Colabore com as diversas campanhas existentes como a Limpa Brasil. Clique AQUI!
Permita, enfim, que a Deusa te guie. Ela dirá o que fazer. Leia também este texto com Soluções de simples aplicação.



E faça somente o que sua mão alcança. São as centenas de pequenas ações que constroem o mundo em que vivemos, lembre-se disso!




Fiquem em Paz, Abençoados(as) Sejam.


Sergio Thot.






Post scriptum



Um vídeo legal sobre compostagem.


domingo, 1 de julho de 2007

PODE A DEUSA TER UM CORPO?




Recentemente, em um de nossos grupos de estudo relemos o livro chamado "O Corpo da Deusa", da escritora e ativista norte-americana Rachel Pollack. A obra trata da Deusa não como Ela fosse alguém distante de nós ou uma abstração intelectual, mas como uma Divindade que emerge em nosso mundo físico e com a qual podemos interagir através de nossos sentidos, bastando apenas ativar nossa percepção e nos colocarmos no lugar certo. Rachel nos mostra como os Antigos reconheciam o corpo da Deusa em seu cotidiano, imersa na paisagem.



"Se aceitarmos que essa imagem da paisagem natural incorpora a Deusa, isso vai requerer antes de tudo um ser humano para percebê-la e homenageá-la."


Rachel Pollack


 
A autora, através do cruzamento de dados de cientistas e artistas, traça um panorama do culto ao feminino desde o paleolítico até os dias atuais, passando pelas civilizações clássicas. Seu trabalho não é conclusivo como ela mesma aponta, pois as lacunas dentro daquilo que chamamos de história oficial são grandes. E esta história é escrita na maioria das vezes de modo parcial (quando não, mentirosa) e feita pelos vencedores que contam a sua versão dos fatos. Mas a leitura abre a mente para possibilidades interessantes.

Olhando para a nossa cidade hoje e lembrando da Teoria de Gaia, creio ser este uma obra de leitura obrigatória para wiccanos em geral. Não há no livro meditações ou encantamentos, mas seu conteúdo oferece reflexões e possibilidades.



Alinhamentos naturais

Rachel mostra, por exemplo, como templos cretenses, na atual Grécia, se alinhavam com os aspectos naturais ao redor, onde palácios eram construídos diante de formações montanhosas que lembram a silhueta de uma mulher gigantesca deitada.


Ou fala dos montes artificiais como Newgrange, pinturas gigantescas em cavernas de Lascaux e outros monumentos e obras que nos intrigam até hoje. Correntes místicas brasileiras consideram a cidade mineira de São Thomé das Letras o Útero da Terra. Outro "umbigo da Terra" é a cidade inca de Cuzco.


Aliás, o nome cuzco significa "umbigo" em quíchua (veja AQUI). Interessante, não? A cidade inca de Machu Pichu possui diversos monumentos que reproduzem em seu desenho as montanhas sagradas dos incas.


Pico do Itacolomi. Arquivo pessoal. Clique para ampliar.
Minha experiência pessoal com os alinhamentos e montanhas se deu em uma viagem feita a Ouro Preto. Logo na entrada da cidade, nas proximidades da rodoviária, ve-se o Pico do Itacolomi, localizado no parque de mesmo nome, em Minas Gerais. Para mim o pico lembra o rosto humano visto deitado, de perfil. Para os moradores autóctones da região, é uma mãe acompanhada de seu curumim.

Então o interesse cresceu a partir do momento em que vimos a possibilidade da Divindade emergir no mundo físico, deixando assim o campo abstrato das ideias. E esse mundo físico como foi em Atenas também é aqui, Guarulhos, onde moramos ou sua cidade, onde quer que você more.



Como ver o Deus e a Deusa no Mundo

Sim, é possível enxergar o Divino no mundo. Não como gostaríamos que fossem, mas como eles são de fato. É o que aprende a ver quando nos submetemos à Roda do Ano. Enxergamos com os outros sentidos além da visão e estes sinais não são traduzidos pela nossa razão, mas pelo emocional. O contato com o Divino se dá com o coração primeiramente! É preciso sentir antes de pensar. E vemos que este está em todas as suas formas naturais e do modo com que nos relacionamos com elas. Foi assim conosco.

Passamos a perceber a cidade não mais como um lugar para morar e trabalhar, mas em lugar onde nós possamos viver com alegria e sacralidade. Um corpo gigantesco do qual nós somos parte, entidades vivas e pulsantes, junto com as máquinas, prédios, ruas, rios, carros, postes, avenidas.

Esta sensação cresce a cada ritual aberto, pois retiramos o conceito da Divindade do livro e o inserimos em um tempo e espaço. As celebrações no Bosque Maia nos fazem adquirir uma sensação de omphalos, de centro do mundo, assim como Delfos era para a Grécia. A cada ritual realizado, mais forte é a sensação. Aliás, já comentei sobre o Umbigo do Mundo em outro texto. Convido à leitura.


Muitas vezes, quando queremos falar com o Deus ou a Deusa, temos que calar a voz para ouvir sua resposta.


Bosque Maia


Sim, pode parecer estranho que um lugar tão prosaico possa ganhar tamanha estatura. Mas o que torna as pessoas e coisas especiais são o tempo e esforço que dedicamos a elas. E o Bosque Maia, com seu pequeno córrego, sua gruta à Deusa desconhecida, o anfiteatro onde representamos os dramas Divinos da vida do amor e da morte, árvores, sons do vento e de crianças brincando, as lembranças do incenso subindo aos céus... são elementos que formam um belo quadro em nossas mentes.

E, quando estamos entre mundos, sabemos que o fazemos com outros, em outras terras e outros tempos.

Sim, é somente o Bosque Maia. Mas é o lugar onde todos nos encontramos. Sim é somente Guarulhos. Mas também é o mundo todo, pois é um pedaço do universo onde estão os nossos pés! 







Recently, in one of our study groups re-read the book called "TheBody of theGoddess,"by American activist Rachel Pollack. The work deals with the Goddess as She was not someone far away from us or an intellectual abstraction, but as a deity who emerges in our physical world and with which we interact through our senses, if only our perception and in turn put in place. Rachel shows us how the ancients recognized the body of the Goddess in their daily lives immersed in the landscape.

"
If we accept that this image of the natural landscape embodies the Goddess, this will require first and foremost a human being toperceive it and honor it."

Rachel Pollack


The author, through the intersection of data from scientists and artists, provides an overview of the cult of the feminine from the Paleolithic to the present day, through the classical civilizations. His work is not conclusive as she points out, as the gaps in what we call the official story are great. And this History is mostly written in a partial (if not false) and made ​​by the winners who tell their version of events. But reading opens the mind to interesting possibilities.

Looking at our city today and remembering the Gaia theory, I believe that this is a must-read book for Wiccans in general. There are no spells or meditations in the book, but its contents and possibilities offers reflections.

Natural alignment

Rachel shows, for example, astemples Cretanin present-day Greece, aligned themselves with the natural aspects around, where palaces were built on the mountain formations that resemble the silhouette of a gigantic woman lying down.

Or speak toartificial Newgrangehills,gigantic cave paintings of Lascaux and other monuments and works that intrigue us today. Current Brazilian mystical consider the mining town of São Thomé das Letrasthe Womb ofEarth.Another "navel of the Earth" is the Inca city of Cuzco.

Incidentally, the name Cuzco means "navel" in Quechua (see HERE).Interesting, no? The Inca city of Machu Picchu has several monuments which reproduce in your drawing the sacred mountains of the Incas.

My personal experience with the alignments and the mountains took on a trip to Ouro Preto. At the entrance of the city, near the road to see the Itacolomi Peak, located in the park of the same name, in Minas Gerais. For me the peak resembles the human face seen lying in profile. For the indigenous inhabitants of the region, is a mother with her ​​Indian boy.



Then the interest grew from the moment we saw the possibility of Divinity emerge in the physical world, thus leaving the field of abstract ideas. And this physical world as it was in Athens is also here, Guarulhos, where we live or your city, wherever you live.








How to see God and Goddess in the World



Yes, you can see the Divine in the world. Not as we would like to, but as they really are. It learns what to do when we submit to the Wheel of the Year we see with the other senses besides vision and these signs are not translated by our reason, but by emotion. Contact with the Divine is with your heart first! You must feel before they think. And we see that this is in all its natural forms and the way we relate to them. We were like that.

We realize the city not as a place to live and work, but where we can live with joy and sacredness. A gigantic body of which we are part of living entities and throbbing, along with the machines, buildings, streets, rivers cars, poles, avenues.


This feeling grows every ritual open as we remove the concept of divinity of the book and put it in a time and space. The celebrations in the Bosque Maia make us gain a sense of omphalos,the center of the world, as well as Delphi was for Greece. Every ritual performed, the stronger the feeling. It has already commented on the navel of the world elsewhere. I invite you to read.

Often when we talk to God or the Goddess, we have to silence the voice to hear your answer.


Bosque Maia

Yes, it may seem strange that a place as prosaic can gain such stature. But what makes people and special things are time and effort we devote to them. And the Bosque Maia, with its small stream, its unknown cave of the Goddess, the amphitheater where we represent the divine drama of life and death of love, trees, wind and sounds of children playing, the memories of incense rising to heaven .. . are elements that form a beautiful picture in our minds.

And when we are between worlds, we do know with others in other lands and other times.

Yes, it is only the Bosque Maia. But it is where we all live. Yes it is only Guarulhos. But it is also the world as it is a piece of the universe where our feet are!