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sábado, 31 de janeiro de 2009

DO OUTRO MUNDO





"Um Outro Mundo é Possível". Este sempre foi o tema norteador do
Fórum Social Mundial onde quer que ele aconteça. Neste ano foi novamente em Belém do Pará, no Brasil. Mais de cem mil pessoas desceram na floresta amazônica afim de trocar experiências e levar propostas para todos os cantos do mundo.

Paralelo ao Fórum Econômico Mundial, que acontece em Davos, na Suíça, o FMS entende que a moeda de maior valor não é o ouro negro ou números constantes em uma tela de computador. As pessoas que dele participam querem algo mais que carros nas caragens.


Vêem mas não falam

No decorrer da semana busquei notícias consistentes sobre o Fórum, mas incrivelmente, na era da informação, não achei nada de relevante nos grandes meios de comunicação. Não sei porque me espantei vendo uma cobertura baseada em pequenas organizações e pessoas que de maneira individual, relatavam o que viam, ouviam e liam nas assembléias. Parece que, em tempos de internet, quem tem um PC é rei da informação.


A questão ambiental

Não nos enganemos: não se pode falar de meio-ambiente sem falar de justiça social, e vice-versa. Quem explora o humano explora o animal, o vegetal e o meio. Perceba que empresas envolvidas com escravidão também não recolhem impostos, atendem a leis ambientais e outras regras sociais.

A importância do Fórum não deve ser subestimada. A aparência caótica dá a impressão que nada sairá destas discussões, que são um bando de loucos que se vestem de maneira esquisita e que estão lá para diversão mascarada de luta social.

No entanto, temos homens de cinza devidamente organizados, crachás com foto no peito, em ambiente termicamente controlado que olham para a economia e não sabem dizer o que deu errado, como resolver e quanto tempo durará esta crise. Querem ser independentes do Estado até verem seus capitais de mentira irem para o espaço. Nesta hora recorrem aos governos como bezerros sedentos.

É preciso achar alternativas. E com rapidez.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

DO INOMINÁVEL





Existe algo dentro e fora de mim que não posso nomear. Algo que só posso sentir sem poder dar-lhe uma forma, uma voz. É o Mistério, algo a ser vivenciado antes de ser descrito ou provado.
Diante deste Inominável nos sentimos minúsculos, o que geral um nó na garganta difícil de desatar. As pernas fraquejam e o coração bate tal qual um tambor dentro do peito.

Não nego que dar-lhe um rosto familiar que possa interceder entre o Absoluto e meu sentimento de assombro.
Muitos querem provar ou não a existência do Divino, como se fosse possível. Pois não é. O Divino não existe. Talvez você imagine isto como heresia, mas eu vou explicar.


O que é existir?

A existência e sua comprovação é um saber cientifico. O ser existente é algo que vive em nosso real, que pode ser pesado, medido, saboreado, visto, ouvido, algo com que podemos nos relacionar diretamente e manter um comunicação. E o Divino não pode fazer nenhuma destas coisas. O Divino interage conosco em nível mais sutil.

É como estar apaixonado, sabe? Quem pode dizer ou provar que está apaixonado? Como medir o tamanho do amor? O amor não tem proporções e nem há ninguém que possa provar ou não sua existência. No entanto centenas de pessoas afirmam seguramente que o conhecem? Como é possível?



Experimente

Ter contato com o Divino é como o Amor: é preciso viver o momento. É preciso experienciar. Sem a experiência é impossível falar tanto de amor assim como do Divino. Só quem a vive sabe da dor e da delícia de estar imerso nestas sensações.

Para acessar o Divino não basta o conhecimento dos livros, mas também de fé. A fé nasce e mantém através dos ritos, dos sabás e esbás, da comunidade. Sem estes elementos a fé não se mantém, nem o grupo. Tudo está interligado.

Se você vive, você sabe.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DAS CRISES




Desde o final de 2008 ouve-se e lê-
se sobre esta crise econômica que afirmam ser a pior desde a quebra da Bolsa de Valores Norte-Americana em 1929. Desempregos em massa, quebradeira de empresas e coisa e tal. Mas enquanto uns choram, outros vendem lenços. Quem lucra com esta crise, para onde foi todo este dinheiro e principalmente para nós, o que representa isto para a Terra?
 
 

Ciclos


O que os leigos e os mal-intencionados chamam de crise eu chamo de ciclo. O Capitalismo vive de ciclos. As pessoas falam de crescimento da economia. Falam como se crescer fosse a única direção possível. Sabemos como pagãos que o inverno precede o verão, que a noite precede o dia. É a verdadeira Roda da Fortuna, onde a única coisa estável é o eixo em torno do qual o mundo gira.

O mundo não está em crise, apenas o dinheiro é que mudou de mãos.


Será que a crise nas montadoras, que produzem por isso menos carros, não é benéfica do ponto de vista ecológico? Afinal, menos carros sendo construídos são menos fontes poluidoras nas cidades. Sempre existe uma janela aberta quando as portas se fecham.

O pêndulo um dia precisará recuar e é preciso preparação. Nos campos, quem não se precavia passava fome, os chamados tempos de vacas magras. Como pagãos somos treinados para perceber estes sinais, para ver os problemas e nos antecipar a eles antes de sofrer com suas consequências.


O que você acha? Esta não era uma crise anunciada? Será que se estudarmos bem os motivos pelos quais ela surgiu, assim como os antigos estudavam as estrelas para determinar quais os momentos de plantar e de colher, não saberemos suas causas e não ficaremos mais espertos para evitar ou minimizar os efeitos danosos das futuras que certamente virão?




Assumir uma posição

Assumir uma posição clara sobre estes e outros assuntos exige sim, alguma coragem. Pensamos sempre neste termo quando queremos evocar atos de heroísmo. Mas há coragem nas coisas mais simples.

Dizer que alguém está certo ou errado, por exemplo, exige coragem. Porque seremos questionados sobre nossa posição e teremos que dar um retorno. Que gerará novas perguntas e novas respostas. E cada vez nos comprometemos mais com aquilo que acreditamos.

Mostrar nossos conceitos de forma organizada e profunda é dever de todos que participam da sociedade, porém este é um direito exercido por poucos. A maioria só fica como expectador, não sendo heróis de suas vidas.

E não há tempo a perder. Vejam aí os Grandes Investidores Financeiros. Queriam submeter tudo e todos ao frio metal, diziam que o Estado atrapalha a livre economia, e os trabalhadores e as leis que os protegem perturbam o crescimento. Porém, quando seu castelo de cartas ruiu, vieram mamar nas tetas do dinheiro público. Hoje temos governos que salvam bancos seguindo a tabuada proposta pela escola econômica keynesiana (ver AQUI).



"A escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulado como pensam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espírito animal" (animal spirit no original em inglês) dos empresários. É por esse motivo, e pela incapacidade do sistema capitalista conseguir empregar todos os que querem trabalhar, que Keynes defende a intervenção do Estado na economia."


Pedem para que consumamos hoje mais do que nunca para reaquecer a economia. Só que mais consumo significa que mais máquinas rasgarão a carne de Gaia. Será que não temos outra crise em construção?


O Espiritual é Político

Nossa realidade não é feita de uma massa de expectadores que aceita aquilo dito por um homem no púlpito ou palanque. Nos organizamos em círculo porque somos todos iguais nele. E isto exige coragem. Coragem porque a cada momento poderemos ser chamados para tomar uma posição no culto, no fórum, na vida.

Em círculos abertos organizados em minha cidade, sempre aparecia alguém disposto a participar, mas queriam ficar de fora, observando. Assim é fácil!!! Se der certo me divirto. Se der errado, não tenho nada a ver com isso. Tomar partido exige coragem, pois pede compromissos.

Inevitavelmente estas posturas acabam se derramando para a nossa vida cotidiana, até porque o cotidiano também influencia nossa vida espiritual. Não há dicotomias, tudo está integrado. E o sol nunca pára nas temperaturas amenas do outono e da primavera. Para nós o conforto do meio-termo nunca dura muito tempo.


Outras vantagens de ficar em cima do muro

A gente não se indispõe com ninguém, independente das besteiras que elas dizem ou fazem. Passamos por diplomáticos, mediadores. Mas isto não é diplomacia. Calar e fazer calar não é diplomacia. É tirar vantagem para si, se passando de bonzinho, fazendo o paradoxal jogo de julgar como errado aquele que expressa sua opinião em um momento que pede a opinião de todos.

Para quê um ter um cérebro se ele não serve para formular opiniões? para que opiniões se não posso defende-las com unhas e dentes enquanto acreditar nelas?

Aproveite a crise, pois ela abre portas em muitos casos. Nas crises é que se abrem as janelas.


Pensemos nisso.



Saúde, amizade, liberdade




Sergio Thot