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quarta-feira, 12 de setembro de 2007

BRUXOS NO MUNDO

Religião: sf. 1. crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais. 2. manifestação desta crença por meio de doutrina e rituais próprios. 3. devoção, piedade.

Uma explicação menos acadêmica para definir o termo religião é dizer que, qualquer que seja ela, se trata de uma estrada que leva o humano a divindade. Independente de seu nome ou propósito, se ela conseguir este feito possui um culto sincero.

Como são as estradas que conduzem ao divino, existem para todos os gostos: retas, tortuosas, fáceis, difíceis, largas ou estreitas. Apesar de tudo que dizem, nós que a construímos, sinalizamos, policiamos, cuidamos e nos servimos delas como motoristas.

Dentre todas, há uma que nos interessa: a autoestrada do Paganismo. Nela, entramos na alça de acesso rumo a avenida da Arte, ladeada por ruas chamadas Tradições. Então temos a Eclética, Celta, Diânica, Saxônica, Alexandrina, Gardneriana entre outras. Em cada uma dessas ruas moram as Divindades. E todas estão em casa, é só bater.

A avenida da Arte é nova: suas faixas de segurança ainda cheiram a tinta, e estranhamos um pouco ainda seu trajeto. Suas ruas arborizadas e o córrego que murmura ao longe nos convidam a reflexões. Mas sob o novo asfalto, como os caminhos de Roma, a uma estrada mais antiga de terra batida e pedra.

Graças a verdadeiros arquitetos da palavra como Margareth Murray (O Culto à Feitiçaria na Europa), Charles Leland (Aradia), Robert Graves (A Deusa Branca), Gerald Gardner (A Feitiçaria Moderna), Margot Adler (Atraindo a Lua), Starhawk (A Dança Cósmica das Feiticeiras), Janet e Stewart Farrar (Oito Sabás), temos hoje um culto que não estagna nos alicerces, mas se regenera num trajeto em espiral rumo ao infinito.


Muitas pessoas optam por este caminho por cansarem-se dos buracos, taxas, policiamento, congestionamentos e estreitamento das chamadas Estradas Oficiais. Então nos lembramos que somos os motoristas e co-autores de nossa estrada da vida. Que segue pelo caminho da Arte sabe que tem de cuidar dos que vem atrás, assim como os da frente cuidam da gente.

Os caminhantes seguem regras simples e claras. Existe uma regra básica e um aviso para que o fluxo flua bem: desde que não faça mal a nada nem a ninguém, faça o que quiser; e tudo o que fizemos retornará três vezes.

É claro que os motoristas das Estradas Oficiais ficam loucos quando sabem destas coisas. Acham que estamos nos matando, colocando-nos em perigo quando confiamos no outro sem uma lista enorme regras e punições. Mas tenho que discordar, pois quando se sabe que a nossa vida e a do outro dependem de nós e ajamos de acordo, ficamos mais cuidadosos. E isto nada tem a ver com medo ou premiação, mas com ética. O Caminho da Arte faz-se dos seguintes princípios:

* reconhecem-se as Divindades em rituais associados ao Sol e a Lua
* reverencia-se a Terra como manifestação da energia divina
* a Magia é vista como parte natural e prazerosa da Religião, usada para fins positivos
* as atividades como o proselitismo são consideradas tabus
* não aceitamos o conceito de mal absoluto
* não somos anti cristãos ou satanistas
* usamos instrumentos como oráculos, pedras, cores, aromas e símbolos gráficos, mas reconhecemos sua inutilidade se a força que existe dentro de todos nós não se manifesta.

Durante milênios cruzamos estes mesmos Caminhos: na terra batida dos xamãs, na estrada de pedra dos pagãos medievais ou no pavimento moderno da Religião da Deusa. Em todas estas épocas sempre chegamos à casa das Divindades com diferentes agrados: de estatuetas de barro à renas, trazíamos aquilo que nos era mais caro, de sacro ofício. Éramos recebidos com um sorriso sem jeito, cientes os Deuses que uma recusa seria uma afronta.

Com o tempo, descobriu-se o óbvio, que nossa presença já bastava. Se os relembrarmos, levarmos nossos amigos, um pouco de bebida, comida e música, tivermos cuidado com os restos, fôssemos simples e honestos em nossas vidas e cuidássemos da vida em nosso entorno, os Deuses sorririam, satisfeitos.


Este Caminho nos parece novo, mas é só ilusão. Novo somente é nossa percepção e este corpo que carregamos, pois o espírito continuamente emerge da Fonte Universal, e a Ela retorna ao final.


Abençoados sejam.


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