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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CASSANDRAS MODERNAS



Cassandra era filha do rei Príamo, o último rei de Tróia. Dizem os antigos-de-outras-terras que Cassandra era profetisa por obra e graça de Apolo. Uns falam que ela ganhou o dom quando criança, quando esta dormia no templo do Deus e serpentes lamberam-lhe os ouvidos. Outros dizem que ganhara já adulta.

Mas o fato é que se a moça tinha o dom da profecia também não conseguia convencer os outros de que aquilo que dizia era verdade. A queda de Tróia é um bom exemplo do que falo! Imagino ela no castelo dizendo Meu Rei, meu pai, não aceita esse presente de grego, apontando para fora enquanto os soldados troianos arrastam um grande cavalo de madeira.

Você já se sentiu assim, com a capacidade de falar sobre o futuro das coisas, de fatos que são obviedades para ti mas que permanecem encobertos à maioria, mesmo que as explique das mais diversas maneiras? Ou pior: depois que fazer "aquela" besteira, lembrar que alguém lhe disse "meu, não faz isso que tu se estrepa"? Pois é, já tivemos nossos momento de Cassandra e de Rei Príamo nesta e noutras vidas.




Cassandras Modernas

Não só no privado deixamos de escutar bons conselhos. Nas decisões públicas também fazemos burradas de não ouvir a voz de quem tem razão. Quando ando pela cidade topo com estas decisões tolas a cada momento. Em cada terreno baldio ergue-se um cavalo-de-tróia de lixo ou entulho.

De certo modo os movimentos conservacionistas são as cassandras da modernidade ao baterem na mesma tecla a décadas sobre buracos na camada de ozônio, efeito estufa, desmatamento, transgênicos e correlatos. Talvez a questão seja a seleção que fazemos para aquilo que desejamos ou não saber.

Por exemplo você. Se chegou até este blog é porque possui um conjunto de ideias parecidas com as minhas. Logo as palavras ditas aqui soam quase como repetitivas. A pessoa que realmente precisa saber e ser tocado por estas ideias nem toma conhecimento delas. Se navega pela net, é por outras águas em busca de outros assuntos. Ursos polares famintos por conta de degelo no Pólo, a poluição do Tietê ou o avanço da soja e pecuária sobre a Amazônia são ecos distantes de uma realidade que não é a dele/a.

Mas o fato de ser uma cassandra que não é ouvida não me impedirá de falar sobre estas coisas as pessoas sempre que a oportunidade se apresentar. Espero o mesmo de vocês, seja quais forem as suas posições sobre o mundo que os cerca.

Cassandras Unidas Jamais Serão Vencidas!


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

SOBRE A MULHER QUE EXISTE EM NÓS



Já pincelei antes sobre o feminino dentro dos homens aqui neste blog, mas acho que raramente falei sobre como este aflora no mundo cotidiano e suas implicações na sociedade.

Nos últimos meses duas situações chamaram a minha atenção sobre a feminização do lugar onde vivo: a postura crossdresser do cartunista Laerte e a eleição de Dilma Roussef.

Tomei conhecimento da ruptura do Laerte com a moda masculina através de uma entrevista na revista Bravo! Confesso que nas primeiras linhas fiquei um tanto chocado. Mas depois a ideia pareceu-me lógica: ele decidiu se vestir de mulher mas o cartunista que conheço e gosto continua lá. Então o que é que tem?

Ontem à noite na tevê Cultura assisti a uma entrevista dele no Metrópolis e até esqueci que aquela senhora é um homem travestido. Tem um personagem dele chamado Hugo, que nascera no caderno Informática de um grande jornal do país mas tomou novos rumos, dando sinais do desejo de seu criador em mudar também o guarda-roupa.

Talvez a questão seja menos o fato de usar ou não saias, mas o como a libido dos muito-machos é despertada e confundida, pois somos condicionados a não experimentar coisas fora de nossa zona de conforto afetivo-sexual. O resto é tabu. Laerte pôs o assunto na pauta do dia.

A Dilma Presidenta é outro assunto. Durante as semanas de campanha pelo rádio, televisão e internet nem me ocorreu pensar que ela é a nossa primeira presidenta! Uma presidenta! O som da palavra é até estranho, não acham?

Há alguns anos atrás isso seria um marco (e talvez até o seja pela ótica de muitas pessoas neste e em outros países), mas acredito que chegamos (cheguei?) em um período da vida onde, diante desta verdade simples, surge a pergunta e porque não? Sem dúvida são novos tempos! Tempos onde tivemos duas candidatas com sérias possibilidades de vitória e isso não se tornou uma guerra dos sexos!!

Bem, agora que o gênero do governante desta nação aflorou em minha percepção, meu mais profundo desejo é que  o matrismo, como dizem as blogueiras Nana Odara do Mater Mundi, e Gaia Lil, do A Alta Sacerdotisa, inspire a presidenta Dilma pelos próximos quatro anos e que tenhamos ,com a ajuda da Deusa e desta população, o Brasil que precisamos.

Que Assim Seja!

E tenho que escrever uma molecagem: teremos primeiro-damo?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

APIMENTE-SE!





A minha palavra sobre o assunto tem a ver com a redescoberta que fiz sobre a pimenta, este pequeno fruto que tem sido um bom acompanhamento nos almoços e jantares sempre que possível, e como seu consumo tem feito bem para mim nos últimos anos.


Seu Peso em Ouro

A pimenta faz parte do seleto grupo das especiarias, um conjunto de produtos vegetais que, entre os séculos 14 e quinze, motivou guerras, conquistas e navegações por boa parte do globo. Seu sabor exótico, novo nas terras europeias, atraiu o imaginário e a cobiça de muitas pessoas.

A América que o diga, que viu sua capsicum frutescens ser levada para regiões distantes como a Índia e China.

Uma curiosidade: a escala Scoville mede o quanto uma pimenta é ardida em sua boca. Veja na tabela ao lado.


Dedos-de-Moça
Meu primeiro contato com pimenta foi em casa, como convém a filho de bons baianos. Tenho lembranças de meu pai pegando pimentas do tipo dedos-de-moça e comendo-as in natura. O lembrar do crunch-crunch que elas faziam enquanto eram mastigadas me deram água na boca só de lembrar. Mas na época meu paladar infantil não se adaptou bem às vermelhinhas. E passei longe delas por muitos anos.

Ultimamente tenho reduzido uma série de itens em minha dieta, entre eles o açúcar e o sal. O açúcar era o que eu mais consumia. Com a redução, meu paladar teve que se modificar e ficou um pouco mais acentuado, mais apurado. Tanto que coisas que achava intragáveis, como jiló, brócolis e chuchu hoje como numa boa. Os tempos mudam a gente, não? Então revoluciono meu cardápio aos poucos e a lista das coisas que como tende a aumentar.

Nesta lista eu incluo a pimenta.


As Pimentas São do Reino da Saúde!

Detentora de diversas qualidades medicinais, tornou minhas refeições não só mais saborosas, mas também um pouco mais, digamos, aventurescas! Experimentar pela primeira vez uma nova espécie e descobrir seu sabor e o quanto é picante é muito estimulante.

E sinto que fico com uma certa animação depois, ao contrário da famosa preguiça pós-rango! Rs! Além de sentir nela um bom descongestionante. No frio, com sopa, esquenta qualquer ambiente!

Durante os textos apresentei alguns links sobre o assunto. Não sou um expert em degustação ou qualidades medicinais destas plantinhas, mas recomendo seu consumo baseado na sensação de bem-estar que ela me causa. São decorativas quando conservadas em garrafas. Aliás, nossa colega Sel dá uma receita no final desta postagem. Vale uma lida.

Também quero citar o texto no blog Bruxaria Revolucionária (clique AQUI), da blogueira Brixta Lofn, que diz:

"(...) além dos princípios ativos capsaicina e piperina, o condimento é muito rico em vitaminas A, E e C, ácido fólico, zinco e potássio. Tem, por isso, fortes propriedades antioxidantes e protetores do DNA celular. Também contém bioflavonóides, pigmentos vegetais que previnem o câncer."

Postas à vista na cozinha, transmitem uma sensação de fartura, como o pão e o sal. Plantadas em vasos na sala, oferecem um ambiente acolhedor para os habitantes, ao mesmo tempo que dão um aviso aos visitantes que ali o povo pega fogo!

Então meu conselho para a vida é: apimente-se.

Saúde, amizade, liberdade.