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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

DESAFINADO

E vem aí mais um final do ano civil e eu desafinando o compasso. Sim, porque enquanto todos se preparam para o novo ano, em mim as coisas ainda estão em andamento. Todo ano é a mesma coisa, rs! As pessoas me desejam Feliz Ano Novo e eu fico sem jeito para devolver o cumprimento. Para mim amanhã é simplesmente outro dia de verão.

Talvez seja isso. É toda essa agitação e calor que não convida ao recomeço mas a continuidade. Enfim... para quem segue o calendário, feliz 2011. E tenham paciência com este pagão bossa-nova, desafinado, que segue os solstícios e equinócios! Rs!


Post Scriptum

Só para lembrar que não sou o único fora do tom, trago uma matéria interessante pós-virada do jornal O Globo sobre outras culturas para quem o Ano-Novo já começou. Siga AQUI o link.


 

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

VISÃO DO PARAÍSO


É uma tarde fria de verão, o que é estranho levando em conta as altas temperaturas registradas nesses últimos tempos. Tarde fria porque estamos no fim do dia, ou porque choveu, ou talvez porque o vento sul sopra da Argentina. Volto para casa de bike depois de um dia de trabalho.


Diante de mim, ao norte, a Serra da Cantareira está parindo nuvens. Quem mora perto de serras cobertas pelas florestas sabe bem o que é isso, quando as nuvens brotam das matas que as cobrem e rumam ao céu. E é poetico isso, não? Montanhas parindo nuvens... E a cena me levou a devanear.

Lembrei de um documentário que assisti esses dias chamado A Insolência Taliban. O título é auto-explicativo. Enfim, no correr do programa o narrador, conduzido por um soldado americano, entra em uma suposta célula de treinamento de homens-bomba. Ou o que sobrou dela depois dos ataques com mísseis inteligentes. Nas paredes sem teto de um certo cômodo com marcas de tiros existem algumas pinturas. O soldado explica ao narrador que chamam aquele cômodo de Sala do Paraíso por causa das pinturas na parede. 


Acredita-se que ali os homens-bomba e outras formas de terroristas eram doutrinados a aceitar a Outra Vida como prêmio pela sua imolação, pelo seu sacrifício, e as pinturas na parede fornecem uma ajuda, um reforço visual para estimular a imaginação das pessoas de como seria o paraíso prometido. E o que se vê nas pinturas?

As pinturas na parede daquele cômodo cravado no deserto amarelo eram de morros suaves, cobertos de verde e com casinhas brancas ponteando aqui e ali em meio a vegetação exuberante. As visões de paraíso daqueles homens desesperados por uma vida mais feliz são a minha realidade!


Levando em consideração o amarelo opressivo daquela paisagem deserta onde a casa e as pessoas estão imersas, morros verdejantes e nuvens carregadas de chuva são uma bela visão para um pastor ou agricultor.



Terra de Verão


Já para os Antigos de certas regiões das terras européias, o paraíso é Summerland, ou a Terra de Verão, uma ilha à oeste da Inglaterra também chamada de Terra das Maçãs (And yes, nós temos bananas também!). Isso sem falar na fantástica ilha de Hi-Brazil. E não é que aprendemos que nosso país era tido como uma ilha pelos antigos navegadores portugueses?

E ali, diante do trivial, percebi que o comum para alguns é o paraíso de outros. Agradeci a Deusa pela chuva, pelo verde e pela esperança que ela nos dá. Mesmo que não percebamos em nosso dia-a-dia (nem tão) atribulado.


E desejo que a paz chegue para regiões tão conturbadas do globo, para que as pessoas possam voltar aos seus campos e plantar e colher, sentar na soleira da porta e ver o sol cair no horizonte. São sempre os camponeses aqueles que mais sofrem com as guerras.

Que neste solstício possamos nos encher de energia para coroar de êxito nossa vida. Assim como a coroa solar reina nos céus.

Feliz Litha!


Sergio Thot




Post Scriptum


Leia AQUI outro texto sobre as Visões do Paraíso, no blog Além do Físico.

 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

"O GRANDE PÃ MORREU!"

"Não quero saber se esta árvore é ou não amada pela Deusa. Fosse ela a própria Deusa e eu a abateria se se interpusesse em meu caminho."
Palavras de Erisíchton, antes de abater o carvalho dedicado à Ceres

Retirado d'O Livro de Ouro da Mitologia - Thomas Bulfinch

A primeira menção que li sobre a queda do Espinheiro em Glastonbury foi através da coluna Blogs Amigos, que mostra as últimas postagens de blogs com assuntos correlacionados a este. Quando li o título da postagem do amigo Rafael Noleto, pensei: não vou ler isso senão vou me chatear.

Mas o assunto era por demais relevante! Dias depois o blog Rascunhos de um Pagão, do amigo Roberto Quintas faz uma análise do mesmo assunto. Aí tive que ler ambos e realmente! O assunto me azedou a alma. Sugiro que sigam os links caso não tenham tido acesso a esta informação.


"O Grande Pã Morreu!"

Diz a lenda que no limiar do paganismo da Europa antiga, uma voz misteriosa fez ouvir gritando à plenos pulmões "O Grande Pã Morreu!" e que esta anunciaria o nascimento de um culto cujo os sacerdotes não admitiriam outras formas de espiritualidade. E assim se fez.

Leia mais sobre o assunto no blog "A Era da Filha", da autora Priscila Paixão.

De certo modo, a queda do Espinheiro de Glastonbury possui a mesma carga simbólica nos tempos atuais para as pessoas que o visitavam. Falo aqui de simbolismo porque o ato se deu às portas do solstício de inverno, o que não é pouca coisa.

Centenas de pessoas visitarão nesta época do ano sítios como Glastonbury, Stonehenge e outros para celebrar o nascimento do sol. Quem cometeu a ação o fez de caso pensado, não é possível!

O amigo Rafael chama o fato de vandalismo e acho que ele foi muito comedido. Vandalismo seria alguém escrever no tronco da árvore "John ama Mary". Somando todas as evidências chamo isso de terrorismo.


Budas no Afeganistão e a Gruta do Bosque Maia

Muitos não se lembram mas em 2001 a humanidade viu a estupidez vencer o valor histórico no Afeganistão. Sob a desculpa de ser uma "religião pagã", os governantes da época explodiram duas estátuas gigantes do Buda, datadas de 1.500 anos! É como se dinamitassem a Esfinge no Egito, ou o Vale dos Reis!

Minha cidade também possui seus radicais. Dentro do Bosque Maia existe uma gruta artificial sobre a qual depositávamos flores e velas após os nossos sabás públicos. Se era dedicada a alguma Divindade específica não sabíamos. Mas sempre que voltávamos lá alguns dias depois víamos que as velas eram derrubadas e as flores pisadas. Pequenos nichos onde devotos depositavam suas estátuas e velas também eram vandalizados. Infelizmente temos um longo caminho a percorrer neste sentido.


E agora?

Vamos chorar? Vamos! Depois vamos enxugar as lágrimas e plantar uma nova árvore nas proximidades da antiga. Que ela testemunhe centenas de solstícios como sua antecessora e que daqui a mil anos, dois mil anos as pessoas amarrem ao seu redor fitinhas coloridas e brincarão no vento como pipas.

E que nasçam centenas delas! Saiamos as ruas para plantar em cada espaço nossa árvore sagrada. Se o propósito era derrubar um símbolo o terrorista se lascou. Ele criou milhares! E que a fúria de Ceres o encontre, pois não dá pra ser bonzinho o tempo todo. Pã deve correr pelos bosques novamente, seja em Roma ou em turismo no Brasil, junto com Curupira, Saci, Boitatá e outros companheiros.

Este é meu profundo desejo.


quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

VÁ DE GALINHA!

Geralmente vou de bike até o trabalho (Aeroporto Internacional de Guarulhos - 6km), mas por conta das aulas de inglês que frequento em alguns dias da semana no centro da cidade e a extensão do trajeto, acabo pegando ônibus. Eis que surge na rodovia Helio Smith, na volta da aula do dia, o outdooor bem-humorado da campanha Vá de Galinha realizada pelo SOS Mata Atlântica. Clique na imagem ao lado para maiores detalhes.

A campanha ironiza a demora na construção da sfamosas linhas de trem que ligarão a cidade e o aeroporto a malha ferroviária da capital. São elas as linhas 13 - Jade e o Expresso Aeroporto. Tomara que 13 seja nosso número de sorte. Veja aqui o projeto do Trem de Guarulhos/Expresso Aeroporto em PDF.

Bem, se observar o ritmo das obras das linhas dos trens prometidos ao Aeroporto de Guarulhos, o maior do país e que receberá uma população-monstro para a Copa e as Olimpíadas, parece-me que vão faltar galinhas.


Navegar é preciso

Viajei para Porto Alegre em novembro e fiquei bestificado. Não só pelo belíssimo centro histórico da capital gaúcha que visitei pelo city tour, mas pelo fato de que havia uma estação de trem bem na porta do aeroporto que leva a população não só no eixo norte-sul da cidade, mas também para as cidades vizinhas!

Guarulhos, com uma população um pouco menor e estrategicamente colocada entre três grandes rodovias (Dutra, Trabalhadores e Fernão Dias), mais o aeroporto, está à mercê de ônibus lotados na hora do rush e de corridas de R$100,00 de táxi até capital. Somos governados pelo motor à combustão.

Haja visto a solução do governo federal na gestão anterior para a última crise econômica: reduzir o IPI e produzir mais carros! Tá certo! Nos comerciais os veículos trafegam gostosos em ruas vazias e sem buracos. Mas ao vivo... ao vivo é muito pior.

Quando tirar seu bibi-fonfon da garagem de manhã e fazer aquela rápida ida à padaria, experimenta trocar seu possante por uma galinha. Quem sabe não é melhor!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

DA ANTIGA EUROPA AO MORRO CARIOCA


"A ausência de evidência de violência no período neolítico é tão completa que chega a ser quase inacreditável. Nos locais em que os escavadores encontraram sepultamentos em massa, seja de grandes comunidades ou de pequenos grupos durante um longo período de tempo, virtualmente nenhum dos corpos mostra qualquer sinal de morte violenta. (...)

"A evidência da não-violência vai além das mortes individuais. A cidade neolítica  escavada próximo à Çatal Hüyük, em Anatólia, na Turquia (em geral chamada simplesmente de Çatal Hüyük), é uma das cidades mais antigas do mundo, datando de 7250-6150 a. C. O arqueólogo James Melaart encontrou evidência de 800 anos de habitação contínua. Nenhuma vez o registro arqueológico mostra sinais de um saque ou de um massacre - nenhum em 800 anos."

Da obra O Corpo da Deusa, de Rachel Pollack

Não é de hoje que as pessoas simples, que mourejam sob o sol sofrem na mão de hordas violentas. Segundo várias pesquisas uma civilização não violenta residia no chamado Crescente Fértil durante o período neolítico em uma área que ia dos atuais Iraque até o Egito, passando pelo litoral mediterrâneo. Saiba mais sobre a milenar cidade clicando AQUI.

Composta por fazendeiros (Pagãos? Camponeses?) foram os grandes inventores da humanidade pois a vida fixa na terra permitia a reflexão sobre as questões práticas da existência. Quando temos segurança em todos os aspectos de nossa vida ganhamos tempo ocioso. Com este tempo pensamos em modos práticos de melhorar o que já está bom: o cálculo, a escrita, a agricultura e suas ferramentas, a metalurgia, a cura. Sabe o que acontece? Mais tecnologia, mais segurança e conforto. Então surgem mais pessoas e as aldeias viram cidades.

Neste berço esplêndido supõe-se floresceu uma religião matrifocal, se não matriarcal, dirigida à terra e a sua manutenção. Há quem sustente que no neolítico vivemos o período da Religião da Deusa.

Mas como tudo que bom só dura algumas centenas de anos, tribos do norte, os chamados indo-europeus, ocuparam pela coerção estas regiões e se estabeleceram em definitivo. Era o fim da paz na terra entre os povos de boa vontade. Como a vida é cíclica, a gente sempre vê as coisas acontecerem de novo e de novo.


Ocupe seu lugar no espaço

Tal-qual os povos invasores da Antiga Europa, durante décadas assistimos os morros cariocas e as favelas paulistas serem tomadas por um novo tipo de conquistador no espaço deixado pelo Estado. Lembre-se que a natureza detesta espaços vazios e que se há um vácuo de poder ele TEM que ser ocupado, seja pelo poder do Estado, a organização do cidadão ou a ação criminal.
Seja no Complexo do Alemão, na praça perto de sua casa, aquele terreno baldio ou casa abandonada, o espaço nunca fica vago por muito tempo. Então cabe a uma destas três forças (O Estado, o cidadão ou o crime) a ocuparem, sendo que só duas delas possuem o monopólio da violência. A guerra de ocupação que testemunhamos pela tevê ou mesmo ao vivo (Deusa, se compadeça destas pessoas) é uma amostra do que acontece quando a organização popular deixa seu mundo à deus-dará.

Que Têmis restabeleça a ordem quando as Erínias cumprirem seu papel. Caso queira fazer um pedido especial a elas, vou lhe dar um combustível emocional.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CASSANDRAS MODERNAS



Cassandra era filha do rei Príamo, o último rei de Tróia. Dizem os antigos-de-outras-terras que Cassandra era profetisa por obra e graça de Apolo. Uns falam que ela ganhou o dom quando criança, quando esta dormia no templo do Deus e serpentes lamberam-lhe os ouvidos. Outros dizem que ganhara já adulta.

Mas o fato é que se a moça tinha o dom da profecia também não conseguia convencer os outros de que aquilo que dizia era verdade. A queda de Tróia é um bom exemplo do que falo! Imagino ela no castelo dizendo Meu Rei, meu pai, não aceita esse presente de grego, apontando para fora enquanto os soldados troianos arrastam um grande cavalo de madeira.

Você já se sentiu assim, com a capacidade de falar sobre o futuro das coisas, de fatos que são obviedades para ti mas que permanecem encobertos à maioria, mesmo que as explique das mais diversas maneiras? Ou pior: depois que fazer "aquela" besteira, lembrar que alguém lhe disse "meu, não faz isso que tu se estrepa"? Pois é, já tivemos nossos momento de Cassandra e de Rei Príamo nesta e noutras vidas.




Cassandras Modernas

Não só no privado deixamos de escutar bons conselhos. Nas decisões públicas também fazemos burradas de não ouvir a voz de quem tem razão. Quando ando pela cidade topo com estas decisões tolas a cada momento. Em cada terreno baldio ergue-se um cavalo-de-tróia de lixo ou entulho.

De certo modo os movimentos conservacionistas são as cassandras da modernidade ao baterem na mesma tecla a décadas sobre buracos na camada de ozônio, efeito estufa, desmatamento, transgênicos e correlatos. Talvez a questão seja a seleção que fazemos para aquilo que desejamos ou não saber.

Por exemplo você. Se chegou até este blog é porque possui um conjunto de ideias parecidas com as minhas. Logo as palavras ditas aqui soam quase como repetitivas. A pessoa que realmente precisa saber e ser tocado por estas ideias nem toma conhecimento delas. Se navega pela net, é por outras águas em busca de outros assuntos. Ursos polares famintos por conta de degelo no Pólo, a poluição do Tietê ou o avanço da soja e pecuária sobre a Amazônia são ecos distantes de uma realidade que não é a dele/a.

Mas o fato de ser uma cassandra que não é ouvida não me impedirá de falar sobre estas coisas as pessoas sempre que a oportunidade se apresentar. Espero o mesmo de vocês, seja quais forem as suas posições sobre o mundo que os cerca.

Cassandras Unidas Jamais Serão Vencidas!


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot.



quarta-feira, 3 de novembro de 2010

SOBRE A MULHER QUE EXISTE EM NÓS



Já pincelei antes sobre o feminino dentro dos homens aqui neste blog, mas acho que raramente falei sobre como este aflora no mundo cotidiano e suas implicações na sociedade.

Nos últimos meses duas situações chamaram a minha atenção sobre a feminização do lugar onde vivo: a postura crossdresser do cartunista Laerte e a eleição de Dilma Roussef.

Tomei conhecimento da ruptura do Laerte com a moda masculina através de uma entrevista na revista Bravo! Confesso que nas primeiras linhas fiquei um tanto chocado. Mas depois a ideia pareceu-me lógica: ele decidiu se vestir de mulher mas o cartunista que conheço e gosto continua lá. Então o que é que tem?

Ontem à noite na tevê Cultura assisti a uma entrevista dele no Metrópolis e até esqueci que aquela senhora é um homem travestido. Tem um personagem dele chamado Hugo, que nascera no caderno Informática de um grande jornal do país mas tomou novos rumos, dando sinais do desejo de seu criador em mudar também o guarda-roupa.

Talvez a questão seja menos o fato de usar ou não saias, mas o como a libido dos muito-machos é despertada e confundida, pois somos condicionados a não experimentar coisas fora de nossa zona de conforto afetivo-sexual. O resto é tabu. Laerte pôs o assunto na pauta do dia.

A Dilma Presidenta é outro assunto. Durante as semanas de campanha pelo rádio, televisão e internet nem me ocorreu pensar que ela é a nossa primeira presidenta! Uma presidenta! O som da palavra é até estranho, não acham?

Há alguns anos atrás isso seria um marco (e talvez até o seja pela ótica de muitas pessoas neste e em outros países), mas acredito que chegamos (cheguei?) em um período da vida onde, diante desta verdade simples, surge a pergunta e porque não? Sem dúvida são novos tempos! Tempos onde tivemos duas candidatas com sérias possibilidades de vitória e isso não se tornou uma guerra dos sexos!!

Bem, agora que o gênero do governante desta nação aflorou em minha percepção, meu mais profundo desejo é que  o matrismo, como dizem as blogueiras Nana Odara do Mater Mundi, e Gaia Lil, do A Alta Sacerdotisa, inspire a presidenta Dilma pelos próximos quatro anos e que tenhamos ,com a ajuda da Deusa e desta população, o Brasil que precisamos.

Que Assim Seja!

E tenho que escrever uma molecagem: teremos primeiro-damo?

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

APIMENTE-SE!





A minha palavra sobre o assunto tem a ver com a redescoberta que fiz sobre a pimenta, este pequeno fruto que tem sido um bom acompanhamento nos almoços e jantares sempre que possível, e como seu consumo tem feito bem para mim nos últimos anos.


Seu Peso em Ouro

A pimenta faz parte do seleto grupo das especiarias, um conjunto de produtos vegetais que, entre os séculos 14 e quinze, motivou guerras, conquistas e navegações por boa parte do globo. Seu sabor exótico, novo nas terras europeias, atraiu o imaginário e a cobiça de muitas pessoas.

A América que o diga, que viu sua capsicum frutescens ser levada para regiões distantes como a Índia e China.

Uma curiosidade: a escala Scoville mede o quanto uma pimenta é ardida em sua boca. Veja na tabela ao lado.


Dedos-de-Moça
Meu primeiro contato com pimenta foi em casa, como convém a filho de bons baianos. Tenho lembranças de meu pai pegando pimentas do tipo dedos-de-moça e comendo-as in natura. O lembrar do crunch-crunch que elas faziam enquanto eram mastigadas me deram água na boca só de lembrar. Mas na época meu paladar infantil não se adaptou bem às vermelhinhas. E passei longe delas por muitos anos.

Ultimamente tenho reduzido uma série de itens em minha dieta, entre eles o açúcar e o sal. O açúcar era o que eu mais consumia. Com a redução, meu paladar teve que se modificar e ficou um pouco mais acentuado, mais apurado. Tanto que coisas que achava intragáveis, como jiló, brócolis e chuchu hoje como numa boa. Os tempos mudam a gente, não? Então revoluciono meu cardápio aos poucos e a lista das coisas que como tende a aumentar.

Nesta lista eu incluo a pimenta.


As Pimentas São do Reino da Saúde!

Detentora de diversas qualidades medicinais, tornou minhas refeições não só mais saborosas, mas também um pouco mais, digamos, aventurescas! Experimentar pela primeira vez uma nova espécie e descobrir seu sabor e o quanto é picante é muito estimulante.

E sinto que fico com uma certa animação depois, ao contrário da famosa preguiça pós-rango! Rs! Além de sentir nela um bom descongestionante. No frio, com sopa, esquenta qualquer ambiente!

Durante os textos apresentei alguns links sobre o assunto. Não sou um expert em degustação ou qualidades medicinais destas plantinhas, mas recomendo seu consumo baseado na sensação de bem-estar que ela me causa. São decorativas quando conservadas em garrafas. Aliás, nossa colega Sel dá uma receita no final desta postagem. Vale uma lida.

Também quero citar o texto no blog Bruxaria Revolucionária (clique AQUI), da blogueira Brixta Lofn, que diz:

"(...) além dos princípios ativos capsaicina e piperina, o condimento é muito rico em vitaminas A, E e C, ácido fólico, zinco e potássio. Tem, por isso, fortes propriedades antioxidantes e protetores do DNA celular. Também contém bioflavonóides, pigmentos vegetais que previnem o câncer."

Postas à vista na cozinha, transmitem uma sensação de fartura, como o pão e o sal. Plantadas em vasos na sala, oferecem um ambiente acolhedor para os habitantes, ao mesmo tempo que dão um aviso aos visitantes que ali o povo pega fogo!

Então meu conselho para a vida é: apimente-se.

Saúde, amizade, liberdade.



sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A CAMINHO DE SÃO THOMÉ DAS LETRAS



Bem, é Beltane para mim, mas a verdade é que a maré das pessoas comuns insiste no Halloween, pegando pronta as festividades do Hemisfério Norte que a esta hora vivencia os primeiros dias frios do inverno setentrional. Nosso amigos portugueses que o digam, entre outros que acompanham da Europa e América este blog.

Mas há um conselho colocado no Oito Sabás Para Bruxas, dos Farrar, que diz assim:

"As crianças esperam divertimento de Hallowe'en, e do mesmo modo (nós o descobrimos) os amigos e vizinhos esperam algo das bruxas em Hallowe'en.

Assim realize uma festa e lhes ofereça - abóboras, mascaras, trajes à fantasia, pregar peças, música prendas, tradições locais - a sorte. 

E realize seu ritual de Samhain para o coven em outra noite ".

Sendo assim, rendi-me a maré da gente comum e vou entrar de cabeça em nosso carnaval especial na cidade de São Thomé das Letras - MG, onde se poderá andar à caráter sem medo de ser feliz neste dia 31 de outubro!

Para os que seguem o Sul, Feliz Beltane.

Para os que seguem o Norte, Feliz Halloween.

S. Thot.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

31 DE OUTUBRO É DIA DA DEMOCRACIA (DE NOVO!)



Pois é... estamos aí novamente, cara a cara com as urnas em todo o país. Após o primeiro turno, onde 1 milhão de Tiriricas elegeram um cidadão que  não sabe qual a função desempenhará para ganhar mais de R$15.000,00, fora benefícios. Quem votou no Tiririca não elegeu uma proposta. Nem sequer uma pessoa. Foram 1 milhão de votos (e quatro candidatos-nanicos eleitos à reboque) para uma imagem, um personagem de circo.

Não digo que sou contra o voto, que sou saudosista da Ditadura Militar no Brasil e outras sandices. Considero o sufrágio uma excelente ferramenta. Mas o processo eleitoral do brasil, apesar de ter uma estrutura excelente, cujo o simbolo é a urna eletrônica, carece de mudanças em sua base.

Temos eleições muito personalistas. Não existe um debate técnico sobre as propostas de governo, sua viabilidade e aplicabilidade. O que se vê na tevê não constrói um pensamento político sadio e estruturado. Somente divide a nação entre "nós" e "eles" em um processo que conheci em outras instâncias.

Me envolvi na política partidária em 90, graças ao movimento estudantil em minha cidade. Os grêmios, como os sindicatos e outros órgãos, eram vistos (e são) como braços dos partido e percebi o quanto é vertical, hierárquico, personalista e restritivo são os processos decisórios. Minha visão era ter o partido a serviço da entidade, e não o oposto.

Os debates internos eram marcados não pela racionalidade, mas pela emoção e, vez ou outra, meias-verdades. Com o tempo aprendi que queria eleger mais um programa de governo que uma pessoa ou grupo. Porque as pessoas passam, mas o programa e o grupo ficam. Mais de uma vez vi as massas se enfrentarem nas plenárias enquanto nos bastidores os líderes confabulavam. Fui perdendo o tesão.

Após o desgaste inevitável, deixei a política partidária em 99. Mas a vida política continua. Pois ela não se restringe ao Palácio do Planalto. Política é a soma das relações humanas no ônibus, na rua, no emprego, na cama, na cozinha, com o vizinho, com o desconhecido.

Lavar ou não a louça na pia determina naquele momento qual o tipo de relação de poder tenho em casa. Se cada ato é sagrado, cada ato também é político.


Separatismo

Estas eleições tem sido marcadas pela questão religiosa sobre assuntos civis como aborto, união civil entre pessoas homoafetivas e afins. Apesar do Estado ser laico segundo a Constituição de 1988, a população não o é. E é atrás destes votos que candidatos D. e S. correm. Como se durante quatro anos estes fossem os únicos temas a serem colocados em pauta.

Esse papo de bancada evangélica me lembrou algo. Faz uns anos que me foi sussurrado nos ouvidos uma proposta de partido pagão. Não sou a favor da setorização das pessoas. Lembra a criação de guetos, como o de Varsóvia. Sejamos cristãos ou pagãos, temos que comer, vestir, morar, nos movimentar. Um partido não deve governar para poucos nem em cima de um ou outro tema. E nem a nação se deixar levar pelo canto da sereia.

Quando as pessoas se separam, se coisificam.

Meu desejo é que num futuro próximo possamos eleger propostas viáveis para a nação em todos os campos básicos e deixemos de dividir o país em "bancadas" e "partidos". Quando aprendi que posso fazer política fora das plenárias durante o ano inteiro e não só quando entrego meu voto a uma pessoa, entendi o real valor dele. E entendi que hoje as pessoas e o modelo estão abaixo das minhas expectativas. Desde 1994 não elejo ninguém para qualquer cargo público.

Mas não quero que esta seja a tônica desta eleição, pois temos milhões de pessoas adultas que não tem responsabilidade política para se autogovernarem, e tão pouco serem coautoras da administração de uma região. Estas precisam (merecem?) os candidatos que se apresentam.

Que a Deusa tenha piedade de nós.


Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot.

Ps.: entrou em vigor a lei da Ficha Limpa, válida já para estas eleições. Um fato curioso é que gente que tinha a ficha suja foi eleita, muitos com grande margem de votos, sendo preciso usar o poder da lei para retirar estes elementos das cadeiras do Congresso. Incrível como o povo necessita de um guia para tomar decisões corretas! E o quanto uma nação corrupta se reflete em seus parlamentares!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

DA LUA



"Quando necessitar de alguma coisa, uma vez ao mês, e é melhor que seja quando a Lua estiver cheia, deverão reunir-se em algum lugar secreto e adorar meu espírito; Eu que é a sou a Rainha de todos os sábios."

Os encargos da Deusa, de Doreen Valiente



Vocês já se perguntaram como nasceu a Lua que tanto amamos? Se não, delicie-se e surpreenda-se a representação gráfica no final do texto. Principalmente com a frase do astrônomo: a Lua é filha da Terra!

Para os pagãos, esta frase não é vazia, mas bate profundamente. Tanto que, quando eu a ouvi pela primeira vez, meus olhos lacrimejaram. E vou até repetir: a Lua é filha da Terra




Mas tem Caroço nesse Angu!

Tem uma coisa que me incomoda na Lua. Não é Lua em si, mas algo que visitantes recentes lá deixaram. É uma bandeira que fincaram nela. E não foi a bandeira da ONU, entidade que já existia na época e que representa (ou tenta) uma boa parcela das nações. A bandeira que está lá hoje não representa a conquista humana, mas a conquista de uma nação, somente. Foi uma viagem para conquistar. E o próximo passo desta conquista é fazer da Lua uma base espacial para futuras missões à outros planetas, como Marte.

Os objetivos englobam vários aspectos: científicos, militares, políticos, econômicos. O que me preocupa é a palavra "exploração". Na Terra ela nunca trouxe boas consequências em longo prazo e me pergunto o que acontecerá quando as primeiras latas de Coca-Cola começarem a voar pelo espaço. O fato da Lua ser deserta e o espaço, infinito, não implicam em espalhar por aí nosso lixo.

Ao mesmo tempo, com a população humana crescendo e a forte demanda por materiais e energia (afinal, todo mundo quer um IPhone), não há muitas escolhas senão explorar novas fontes. De certo modo estamos de mãos atadas, presos pela nossa dependência do conforto de nossa atual tecnologia.

Será que olharemos para a Lua, no futuro, com admiração como o fazemos hoje? Ou veremos nela somente mais um lugar distante de onde sugamos aquilo que queremos e lá depositamos os detritos?

O uso de fontes de matéria&energia alternativas às do petróleo, somadas a decisões corajosas junto aos governos, indústria e entidades de todos mundo podem evitar catástrofes e equívocos em médio e longo prazos.


Enquanto esta "iluminação" não chega, cabe ao cidadão comum proteger o seu maior bem, que é a capacidade de viver com dignidade usufruindo da Terra que lhe foi "emprestada".

E que Ela baste.



É Lua Cheia


Já conheci pagãos que vieram perguntar para mim, via net, em que Lua estávamos. Pedi-lhes gentilmente que fossem lá fora ver. Estamos um pouco desconectados, não acha?


Que esta Lua coroe de potência os seus intuitos mais profundos. E que o ritual mais simples seja feito noite após noite: olhar para o céu e contempla-la.


Saúde, amizade, liberdade.




S. Thot

Ps.: se gostou do leu, visite um texto meu sobre como a Deusa Selene tira meu sono à noite, rs!


Leia também uma postagem interessante sobre a Lua Violeta, fenômeno de nosso calendário, onde acontecem duas luas novas no mesmo mês. Poderá encontrar o texto no blog Bruxaria Revolucionária, clicando AQUI!




quarta-feira, 20 de outubro de 2010

RECICLAGEM DE BICHOS

Brigitte, a mais velha e preguiçosa



Bomba fazendo cara de vítima
"Como puderam jogar estes bichinhos fora?", perguntei-me olhando para Bomba, Brigitte e Aghata. Dei-me conta de que na minha casa a gente recicla bichos.

Bomba, a pincher, veio de uma série de outras casas onde apesar de seu pedigree, não se adaptou. Brigitte (na foto) foi jogada de uma moto em alta velocidade na rua e foi trazida pela minha cunhada. E Aghata estava na porta de um banco abandonada fazia dois dias.

São bichos que não tinham lar e que vieram parar em casa. Nenhum deles, ou dos outros que vieram e foram levados por Bast ou Hécate, foram comprados em pet shops. Todos eles deram e receberam muito amor e atenção e marcaram nossas vidas. Impossível dizer que são todos iguais. Cada um dos bichos (amigos?) possuía sua própria personalidade e se comunicavam conosco melhor até do que muita "gente humana", Rs!

Incentivemos a "reciclagem" dos bichos ao invés do seu comércio. Aqui na cidade ocorrem feiras de adoção no Bosque Maia e outros lugares regularmente. Lembre-se que a raça de seu novo amigo não determina o tamanho do amor que você receberá em troca deste gesto de simples de carinho e coragem.
Agatha, a recém-chegada

Talvez você também goste desta postagem sobre a Proteção Animal


É como aquele comercial! Fala que seus olhos não se enchem dágua vendo as expressões desses bichos?!

"Tudo o que eu quero é ir pra casa!"



Saúde, amizade, liberdade!



S. Thot

Ps.: abaixo, veja porque prefiro reciclar bichos

Ps. 2: não se preocupem. O bicho foi resgatado horas depois pelo dono graças às imagens gravadas pela câmera de segurança. Também por conta disso a mulher que aparece no vídeo foi acusada de maus-tratos após a divulgação do mesmo.


OS OBJETIVOS DE UM RITUAL

Prosseguindo com a série de textos sobre Como Realizar um Ritual, chegamos no ápice de nossos esforços até então. Para continuar, devo dizer que somos sacerdotisas e sacerdotes. Já se escreveu neste blog sobre o assunto anos antes, porém convém relembrar.

Nosso papel é o de servir a comunidade e manter viva a chama da devoção ao Divino. Nós prestamos serviços a quem vem nos pedir apoio, seja como conselheiros, seja como curadores. O ritual possui estas características. É o lugar e o momento onde nos colocamos a disposição do outro.

Nossa recompensa está justamente em sermos aquilo que treinamos para ser, e utilizar esta soma de conhecimentos mútuos para o Bem da Humanidade. Humanidade esta que é  personificada na pessoa que está na sua frente. Não é diversão de fim de semana ou para os momentos em que se está sem namorado/a. Ficou claro que a iniciação ou mesmo a dedicação não é algo descartável, mas uma decisão para toda a vida? Pois é de almas que falamos, principalmente da sua.

Tomei consciência desta verdade óbvia através da leitura da obra da família Farrar, Oito Sabás para Bruxas. Na parte final do livro Janet e Stewart discorrem sobre como os sacerdotes podem servir a sua comunidade realizando rituais de Nascimento (Wiccaning), Casamento (Handfasting) e Morte (Requiem). Todo ritual tem objetivo! Esta série usa como foco a Consagração de Objetos Mágicos, mas também podem ser de:
  • sociais
  • iniciação
  • súplica
  • fertilidade
  • celebração etc.
Outras formas de ritual podem ser encontradas no livro O Guerreiro Wicca, de Kerr Cuhulain.

Prefiro fazer rituais de celebração, onde honro o Divino e a Roda do Ano. Logo, no sabás tenho um compromisso em deixar a chama acesa, nem que seja uma flor em uma área verde da cidade, para lembrar dos votos feitos e das graças recebidas. Poucas pessoas se aproximam da Deusa e do Deus hoje em um ritual sem ter a mão estendida pedindo alguma coisa, o que considero desrespeitoso. Se é para pedir, que seja força para vencer e discernimento para saber qual o momento ideal para avançar ou retroceder.

O resto o dia concederá.

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

GRAÇAS AO DEUS E À DEUSA



Olá a tod@s!

Falarei à vocês hoje sobre a importância de agradecer. Sinto em meu coração que esta ação possui um paralelo muito grande com o ato de perdoar, que já comentei neste blog em outra oportunidade. Acredito ser semelhante no sentido de que esta modifica tanto a nós como o outro que é objeto de nosso agradecimento. De que maneira?

Vivemos em uma sociedade destinada ao conflito, mas também à concórdia, ao entendimento. A maior prova é que estamos aqui hoje. Em um mundo de guerras constantes não tem tempo para colocar a casa em ordem e viver com dignidade. Veja o Haiti, que é uma gigantesca favela que vive em meio a golpes de Estado e guerras civis à décadas. Isso sem contar os eventos naturais como terremotos e furacões.

Vivemos em um país relativamente estável hoje do ponto de vista econômico e político. Faz vinte anos que domamos a infração e trinta que não temos militares no poder. Em algo avançamos, apesar de bolsões de haitis existirem em paralelo com as pequenas europas brasileiras. Sigamos em frente.

E pelo que agradecer ao Deus e à Deusa? Por estar vivo e bem. Por estar vivo e não tão bem, mas com coragem de lutar para estar. Por estar vivo e sem esperança de melhora, mas grato pela aceitação do fato e tentar fazer o melhor possível com as ferramentas que lhe restam. Temos agora e sempre a possibilidade da mudança em nossos corações. Principalmente os desesperados, os sem-nada. Estes não possuem nada a perder e podem fazer as apostas mais altas.

Na Roda do Ano agradecemos ao sacrifício que o Deus faz em nossa vida todos os dias.


O sacrifício de um Deus

A Deusa é o imutável, o perene, o eixo. O Deus e sua História são a Roda do Ano. Mas quem Ele é em nossa vida? É tudo que percebemos em movimento, que é ativo e que, principalmente, retiramos do corpo da Deusa que é a terra. 

Logo, toda casa, todo carro, navio, ponte ou cidade é visto por mim como o corpo do Deus. Curioso que tudo o que construímos deseja retornar ao seu estado natural, uno com a Deusa na terra. Experimente deixar algo abandonado e perceberá o abraço Dela no objeto em forma de ferrugem, oxidação, decomposição. Lógico que as leis da Física chamam isso de princípio da termodinâmica, chamar de O Abraço da Deusa é muito mais poético, rs!

E mais! O sacrifício do Deus também é o nosso. Todo dia ao sairmos para trabalhar deixamos o corpo da Deusa que é nossa família, nosso lar, nosso refúgio. Como o carro solar de Rá que cruza o céu para combater Apep, o destruidor, o caos, a fome, a pobreza, o frio, o medo. O trabalho de Rá e iluminar o dia. O nosso é fazer com que nosso dia valha a pena ser vivido.

Bem, sendo mundo que construímos, que nos protege e nos dá prazer é fruto deste sacrifício sagrado, nada mais natural é sermos gratos por ele em nossa vida diária. Dentro do Círculo Mágico não é diferente.

Dito isto, prossigamos.


Estrutura

Assim como usamos os elementos para representar os quadrantes, no altar também há objetos que representam o sacrifício do Deus em nosso cotidiano: o alimento. Apesar de muito, mais muito do que comemos ser plantado ou colhido por nós e portanto, não temos a exata percepção do que é cortar, colher, arrancar da terra, por uma questão de tradição usamos o alimento como representação do sacrifício divino.

O nome tradicional refere-se a Bolos e Vinho, mas opções são bem-vindas. Como citado no texto anterior, vinho e menores em um sabá não são a combinação mais adequada e sucos são bons opcionais. E outros tipos de alimentos podem ser recomendados. Um livro que indico como referência para comida sagrada é A Cozinha Mágica da Márcia Frazão. Veja aqui algumas receitas.

Cada convidado traz uma pequena porção feita com carinho, consciência e cuidado para o sabá afim de compartilhar com o outro as graças recebidas. Os alimentos ficam elegantemente dispostos sobre o altar. Dê preferencia a alimentos de época e da região onde se mora. Tempo e espaço são as ferramentas do bruxo. Desta forma os pratos se alinham com a época do ano em que o sabá é comemorado... e ficam mais baratos também, rs!


Conteúdo

Após o convite ao Deus e a Deusa, a Sacerdotisa, o Sacerdote e o Auxiliar posicionam-se diante do altar. A Sacerdotisa segurar a Taça e o Sacerdote com a ponta do Athame ainda molhada do vinho profere as palavras rituais, tocando suavemente os alimentos dispostos sobre a mesa, agradecendo a fartura e o sacrifício do Deus em permitir que seu corpo nos alimente e abrigue.

A Taça então é passada pelo círculo entre os celebrantes como forma de os abençoar e agradecer pela sua presença na celebração.

E está terminado esta parte.


Alguns pontos:

  • A opção de vinho por suco de uva se dá no caso de restrições por parte de algum celebrante que seja menor de idade ou tenha intolerância ao álcool. Lógico que isto tem que ser levantado com antecedência.
  • Acreditar em ter o Divino dentro de si é diferente de acreditar ser o próprio Divino.
Se esqueci alguma coisa, comente!

Saúde, amizade, liberdade.

S. Thot.