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domingo, 19 de agosto de 2007

PODER OU DEVOÇÃO





Quando as pessoas me perguntam como fazer para ingressar na Religião, a primeira pergunta que faço é: pra quê? A resposta quase invariavelmente é: para fazer magias! É muito estranho isso, essa coisa utilitarista do Divino, algo criticável também em outras formas de culto que fazem do púlpito um local de barganha entre Deuses e humanos.
Se analisarmos a religiosidade do ponto de vista cultural e histórico, veremos que nós humanos nos relacionamos com as Divindades de modos diferentes com o decorrer das eras.

E não seria diferente, pois isso se baseia no modo em que percebemos e vivemos no mundo.
Uma das provas disso está no fato de que mesmo as grandes religiões deixaram de lado muitas práticas que lhe eram corriqueiras, como holocaustos de animais em honra aos Deuses. Estamos prontos hoje, já que temos uma autonomia maior em relação a Natureza e aos elementos, para desenvolver uma relação menos infantil e mendicante com os Deuses. Então chegamos ao uso da magia e afins...


Magia: Como e Porque Usar


Li certa vez, no livro de um autor pagão que gosto muito chamado Scott Cunnighamm (Magia Natural: rituais e encantamentos da Tradição Mágica; pg. 28; Editora Gaia) que a eficácia do ato mágico depende de três fatores fundamentais:


*Necessidade


*Conhecimento


*Emoção


Nesta obra é comentado um fato interessante: desejo e necessidades não são coisas iguais, e que se deve buscar no fundo da alma sua diferenciação. "Um desejo é um capricho", pontua o autor. Até que ponto a busca (e até a confusão que se faz entre Magia e Wicca) de poder não liga-se ao puro desejo de fazer pirotecnias?


Trabalho Duro

Nesses tempos de internet, todos querem tudo na mão, né? Mas as coisas realmente importantes tem ser merecidas. Mesmo os Deuses sabem disso. Haja visto Odin, que para obter sabedoria deu em sacrifício (sacro ofício, santo trabalho) um de seus olhos. De outra feita, pendurou-se na Árvore da Criação para obter o direito às Runas.

Seja no mundo espiritual, seja no físico, não existe essa de almoço grátis. Tudo tem um valor. Tudo merece sua dose de sacrifício.



Viver em Comunidade

O objetivo da Religião é a religação do ser humano com algo que está além dele e de qualquer explicação racional. E Religião pede sacerdócio. As pessoas que buscam a Wicca, e por extensão, uma iniciação, têm que compreender esta verdade básica, que elas se preparam para viver em comunidade, e ajudas-la em suas tensões e passagens.


Afinal, quem os casará? Quem apresentará seus filhos aos Deuses quando nascerem? E quando morrer, que sacerdote dirá palavras de consolo e fortaleza a nós, que ficamos? O padre católico? O pastor protestante?


No Mundo Real


Trabalho com evangélicos, católicos e ortodoxos. Nosso convívio é muito bom, uma vez que o germe evangelizador deles morreu quando suas tentativas de me transformar em varão da igreja não surtiram efeito.
Isso porque perceberam que a paz que eles achavam que só existiam em suas agremiações religiosas estava em meu coração também.

E é este o grande lance: o encontro do equilíbrio interior. Eu simplesmente estou saciado e foi percebido que ofereciam a Água da Vida deles para quem já não tinha mais sede desta fonte.
Apesar das diferentes sendas todos buscamos esta paz. O cara em cima do palco quer algo mais, é verdade. Mas o seguidor no "chão de fábrica" só quer achar seu lugar no mundo.

Todos só queremos achar nosso lugar no mundo. Os athames, cálices, magias&encantos e mantos ornamentados são só fetiche.
O que realmente importa é imaterial. Nos buscamos o Contato. E este contato, acredito eu, se dá com o Divino que mora aí, em seu coração. É através de você que os Deuses se manifestam. Eles sussurram, dia após dia, conselhos para uma vida equilibrada. Quem quiser poderes, quem se inebria com os fetiches que os instrumentos mágicos criam, se perderá na jornada labiríntica, ficará com medo e parará na porta de igreja que achar aberta.


Vencer o Medo


Me veio a mente uma cena de Peixe Grande e suas Histórias Maravilhosas (Tim Burton)

A Roda do Ano, pontuada pelos Sabás, nos conta a história de como o Divino através do Amor, reduz a pó o terror da Morte. Gente, isso não é pouco e vou explicar!
Imagina assim: você rala o ano inteiro no seu emprego, dá o sangue e não tem o reconhecimento merecido. Seu coração sabe que o merece e que sua empresa é capaz de faze-lo. Mas as empresas são feitas de homens e suas imperfeições. Cabe a você então dar o primeiro passo.

E aí entra o medo, principalmente o medo do desemprego por colocar pressão em um ponto tão sutil de sua carreira.
O medo nos conduz a estagnação. Agora pense como um pagão que compreende a sutileza dos ciclos. Você compreende que a morte não é o final e que pode ser vencida, que existe a promessa de Retorno.

Agora, eu te pergunto: quem vence o medo da Morte tem medo de desemprego ou de qualquer outra coisa?


Pense nisso! Abençoado Seja!
E segue a sequencia do filme do Tim, só para relembrar...


Sergio Thot.





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