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quinta-feira, 11 de outubro de 2007

DO HERÓI

Herói: Sm. 1. homem extraordinário pelos feitos guerreiros, valor ou magnanimidade.


Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, citou em sua obra "A Vida de Galileu", que "triste é a nação que precisa de heróis".

Na Espanha de Miguel de Cervantes
encontramos o Cavaleiro da Triste Figura, Dom Quixote, fidalgo e leitor assíduo dos romances de cavalaria medievais. Cervantes usa o texto para criticar sua época e estas obras que ele julgava menores. Tomando para si os princípios do cavaleiro andante, nosso personagem decide sair pelo mundo a combater o mal, tendo um final melancólico. Como contraponto ao seu sonhador patrão, Sancho Pança sempre tenta chama-lo à realidade.

Nesta
Terra Brasilis encontramos Macunaíma, de Mario de Andrade, o nosso herói sem nenhum caráter que dispensa maiores apresentações.

Cada ser humano, povo e época decide por si o que é um herói e como reconhece-lo em meio a multidão. O que seria para você um herói hoje?

Ouvidos atentos
Incrível os ensinamentos que obtemos quando nossa mente está alerta, não? A inspiração deste texto veio de um papo que tive com uma ciberamiga, a Brawen. Falávamos da novela global Eterna Magia, e o assunto descambou para o Tarot, não sei como!

Antes de ser um método adivinhatório, suas lâminas contam uma  história antiqüíssima. Quem as dispuser seus arcanos em uma determinada ordem verá "a caminhada da alma humana rumo o iluminação", como diria Arcano 8.

Uma estória que se inicia com o Louco, ser alheio ao seu entorno, e que termina com o Mundo, representando a perfeição, a obra completa. Mas apenas para, como a Pedra de Sísifo, como as mandalas budistas, ser desfeito e reiniciar a roda da vida ao modo do Louco.

Levanta-te e anda!
Um herói não se dá conta de suas habilidades, mas é impulsionado a isto. Geralmente é ou se sente órfão do mundo e, portanto, não possui qualquer vínculo com a velha ordem que ele certamente mudará. O impulso é externo, uma necessidade contra a qual ele não pode fugir e sobre a qual precisa sobreviver. Pela vida ele luta, buscando novas armas e alianças. Qualidades que até então desconhecia e só lhe atrapalhavam agora afloram como respostas às demandas.

O conhecimento que ele acessa, porém, não é para os fracos. E nada nos é dado sem que algo seja devolvido. Então temos o trabalho sagrado, sagrado ofício, sacro ofício, sacrifício. É a transmutação, a saída da crisálida. Como Wotan/Odin, que para conseguir o conhecimento das runas, pendurou-se na Árvore da Vida por nove dias. E para beber da fonte da Sabedoria, perdeu um olho.

Se ele algum dia desejou esquecer toda esta loucura, é tarde. Este é o ponto sem retorno da alma humana, onde a meta não é mais a mera sobrevivência, mas a destruição do antigo, do arcaico, ou a dominação do caos. Nosso herói não é mais senhor de seus atos, mas ferramenta de forças que o conduz rumo ao embate final.

Uma nova dança
Então temos o choque das galáxias, forças gigantescas, do bem e do mal, que finalmente se enfrentam para fazer tremer céus e terra. Antigas regras são quebradas pois nada assim surgiu antes na realidade. Uma lufada de destruição e renovação varre o mundo de modo a deixar sua marca para sempre no imaginário popular.

Canções épicas contarão sobre feitos incríveis realizados por figuras cuja a nobreza transcenderia o comum. Obra de verdadeiros gigantes.

É aqui nosso herói também encontra seu fim.

Como ponte entre o velho e o novo ele não encontrará lugar nesta realidade virginal. Seu destino e rumo agora é ser o cruzeiro-do-sul dos que sobreviveram a hecatombe. Sobre ele serão escritas histórias, que virarão lendas, que se tornarão mitos.

Solidão
Mais uma vez, mesmo entre os grande de todas as eras, nosso herói estará só, tendo como companhia somente o próprio Ser. Suas cicatrizes serão a história viva de seus feitos impressos no corpo, pois nenhuma palavra será capaz de traduzir as coisas que leva no peito.
Ser herói enfim é o papel de todos, mas poucos são os que percebem.



Leitura Recomendada
No blog Insano [clique AQUI] há uma leitura interessante sobre este assunto:

"
Na verdade creio que não só uma crença, mas uma necessidade, a idéia do divino na forma de homem em plena forma que se sacrifica, ressuscita a idéia do “Mito do Herói” que é de extrema importância para o desenvolvimento masculino."


Mantenha o frescor da juventude, sempre!


Saúde, amizade, liberdade.


Sergio Thot




3 comentários:

  1. Olá ;)
    Também estou acompanhando seu blog, e não posso negar meu encanto com a pluricontextualidade dele!
    Fico lisonjeada com suas visitas.
    Estou preparando um post de cartomancia, mas é tudo tão denso, que acho que demorará um pouco... Com certeza ficarei ansiosa por sua opinião.

    Beijos e Bençãos.

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  2. Ola!

    Sim, os herois sao apenas gente que se destacou por algo. O nosso povo de hoje anda tao desesperado por um que anda adotando Foguinhos e Olavos por ae... Grande besteira, pois se olhassem para dentro veriam que todos somos herois todos os dias! =p

    Quanto as laminas, existe uma teoria em que no Antigo Egito haveria um grande salão com colunas que representariam as laminas. E sim, voce poderia ver nelas uma sincronicidade que mostraria a ascensao do ser humano. fantatisco. unico. Presentes dos Deuses a nós!

    Beijocas

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  3. Curioso como o texto, exceto algumas informações a mais, permanece para mim tão fresco, atual.

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