quinta-feira, 20 de maio de 2010
RUPTURA!
"Quando Zeus estupra Deméter, a Deusa se vê impotente e busca conforto em sua filha. Mas quando Hades, com a ajuda de Zeus, se aproxima de Korê, finalmente Deméter resiste."
Da obra O Corpo da Deusa, de Rachel Pollack
Guardo no fundo da alma o desejo de lecionar. Sempre gostei do ambiente escolar, de pesquisa e estudo, mesmo quando jovem. Meu caráter tímido favorecia a ficar em casa boa parte do dia. O que para minha mãe era ótimo, e ela me presenteava com enciclopédias, rs! Esse desejo se manteve por muito tempo e moldou muitas coisas em minha vida.
Como gosto de andar com pessoas mais cultas que eu, sempre envolvi-me com gente ligada à educação. Estimo que boa parte de minhas relações e dão com pessoas ligadas direta ou indiretamente com a arte de ensinar. Recentemente, em uma cozinha repleta de professoras, tive uma confirmação alarmante: professor é profissão de risco. O que ouvi de depoimentos sobre coisas que acontecem em salas de aula, ou o tipo de vida que levam alunos de certas escolas, me arrepiou os cabelos.
Apesar de vivermos a quase vinte anos em um regime (mais ou menos) democrático, esta liberdade cívica e seus valores não chegaram em muitos lugares, ou vieram distorcidos. Os relatos de violência que se estende a crianças de todas a idades é algo que me deixa sem palavras. E quando digo violência, não me limito as físicas. Mas psicológicas também. Não só dos pais e da sociedade em vitimar estes seres humanos em formação, mas também da omissão em não reter as violências que chegam de fora.
Então, pela primeira vez em muitos anos repensei minha escolha de vida. Apesar da minha profissão atual, manutenção, por comida na mesa, educar é minha paixão. Mas diante do quadro que se desenhou, com alunos desinteressados ou mesmo violentos, e de profissionais cansados de guerra e que são minhas principais referências... não sei. Penso nessa molecada aí, reproduzindo os erros dos mais velhos. Eu torço para que sejam capazes de quebrar o ciclo, de dar o salto, de romper com os laços do que é velho e imprestável.
Que percebam que a mudança não só é necessária como possível. A Roda da Vida na verdade não é bem uma roda. Tá mais para uma espiral, onde ora se move para frente, ora para trás. Nos tempos bons dançar; nos ruins, lutar. De minha parte... bem... Não perdi a fé ainda.
E nada como um bom desabafo para limpar o peito, não? Talvez fosse isso que elas, estas pessoas que me inspiram, precisassem. De serem ouvidas. Porque apesar de todos os problemas, ainda lutam.
Como Deméter, ainda lutam. Se elas lutam, porque desistirei? Como diria Sinatra e o Sid... it's my way! Leia aqui a tradução.
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oi S. Thot! Bom dia!
ResponderExcluirPoxa legal o texto, meu noivo é professor, não está trabalhando com issso no momenonto como você, mas meu cunhado tbm é e está na tiva e de vez em quando nos contas entórias chatas.
O importante é nunca desistir, nós seres humanos, temos a capacidade de nos renovar e tirar forças da onde nem achávamos que teríamos. Você, tenho certeza que está fazendo sua parte.
Saiba que a sua esperança não está sozinha!
Fico feliz por acreditar que as pessoas tem o dom de aprender e de transformar, espero que elas se utilizem disso....
bem vou ficando por aqui, beijinhos
Ufa, ainda bem! ÀS vezes penso que os bons perderam a fé. É bom saber que as ações de qualidade ainda persistem em outros lugares!
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