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quinta-feira, 28 de julho de 2011

SENTIDO DA VIDA


O Gato deu um sorriso ainda mais largo.
-"Ora vejam só! Parece que ele está gostando muito" - pensou Alice e foi em frente: - Você poderia me dizer, por gentileza, como é que eu faço pra sair daqui?
- Isso depende muito de para onde você pretende ir - disse o Gato.
- Para mim tanto faz para onde quer que seja...-respondeu Alice.
- Então, pouco importa o caminho que você tome - disse o Gato.
-...contanto que eu chegue em algum lugar...- acrescentou Alice, explicando-se melhor.
-Ah, então certamente você chegará lá se você continuar andando bastante..." - respondeu o Gato."
Alice no País das Maravilhas


Olá, como vão vocês?



A contagem para o verão já começou e é tempo de levantar desta cama macia e quentinha e encarar o mundo mais uma vez. Sabem, qualquer fundo de poço se transforma em um lar para o espírito acomodado. Boa parte das misérias humanas nascem da autopiedade, da preguiça, da paralisia.  A pedra dura, quando aquecida pelo calor do corpo, vira aposento real.  Quase escrevi "medo" aqui. mas o medo é uma constante na vida que nunca impediu ninguém de continuar. O que nos detém é a dúvida sobre que caminho seguir para não sofrermos.


No fundo do mais profundo abismo qualquer vela é um sol, e o coração Dela, que parou de bater como num soluço no Solstício de Inverno, volta a brilhar e nos chamar para um novo ciclo. "E para quê", pode você perguntar
... E a única resposta plausível é... não sei.


A vida complexa como a conhecemos resiste solitária neste Nave Azul não tem muito tempo. Afinal, o que são alguns milhões de anos diante de inimagináveis 14 bilhões de anos desde o Big Bang, e que somos um acaso bem-sucedido. Mas segundo a tradição religiosa majoritária neste país, ela foi criada somente neste planeta entre todos do universo só para nos servir e que nossa vida possui um sentido que é servir o Criador. 


O fato é que a vida na Terra tem um sentido em si mesma. A Vida É. Ponto. Não há sentido. O sentido nós que damos, tanto ao Universo quanto a nós. Porque a natureza de nossa existência nos equipou com ferramentas que nos fazem acumular cultura. E nossa cultura não aceita a finitude. Criar um sentido para a vida nos dá sensação de utilidade. Quantas pessoas suportariam viver a vida sabendo que não são eternas nem indestrutíveis? Mas não é assim que muitos exemplares homo sapiens sapiens vivem sua existência?


É sempre nossa decisão levantar da cama ou não. E uma vez em pé, voltar para cama ou continuar o dia, trabalhar ou enrolar, voltar para casa ou sair de balada numa quinta-feira. Mas os cães que vi brincando no parque quando ia trabalhar hoje cedo não decidiram brincar naquela manhã, nem o sol que calidamente os banhava decidiu brilhar. A decisão é nossa, e estamos mergulhados nesta teia, neste rio onde nem tudo faz sentido como nos filmes e novelas. A brincadeira dos cães no parque e o sol não fazem sentido. Não se tem final feliz todo o tempo. Às vezes o mal ganha mesmo simplesmente porque ele foi mais eficaz.


"Que bela maneira de receber a Candelária hein, Sergio?", pode você me repreender. Pois é... nos esforçamos em criar um sentido na Roda do Ano e eu aqui dizendo que os ciclos são a raridade, que o majoritário é o caos. Mas o nosso drama e nosso mérito é a tentativa, é o rolar da pedra de Sísifo morro acima. Criar o padrão e descobrir como nos ajustar a ele, nós os primatas pelados. É como nos diz a Alice:


"Eu penso em seis coisas impossíveis antes do café da manhã".


Nosso drama e nosso desafio é sempre desafiar o impossível, dizer ao Caos: "você não me pega,", mostrar o dedo e sair correndo!


A Candelária está chegando! Hora de caminhar rumo à Luz! Hora de planejar o ano, de preparar os campos dos sonhos e colher os frutos quando o sol se por no horizonte! Hora de criar o destino!


Levanta e Anda!




Sergio Thot


7 comentários:

  1. Otimo exemplo da Alice.
    Não importa o caminho que tomemos, chegaremos lá ou não, depende do que acontece durante a vida.
    É de certa forma desconfortante pensar que o caos impera, mas Freud, disse que "nós não somos senhores de nós mesmo, devido nossa instancia inconsciente e primitiva" sendo assim seria muito "reforçador" dizer que controlamos nossas vida, controlamos muito pouco, mas mesmo assim tem gente que se ilude a acreditar que controla 100% de sua vida.
    Com relação as escolhas e ao sentido da vida, concordo que é de cada um, eu gosto de estar vivo, me sentir vivo, é algo muito prazeroso, momentos de felicidades são bem valorizados quando já passei por qualquer especie de sofrimento, e para outros a vida num tem sentido algum.
    Uma vez escutei de um professor psicanalista, e me disse, tem gente que vive a vida inteira preparando para a morte, e tem gente que ja sabe que vai morrer, trata de viver bem, partindo do pressuposto psicanalitico que a morte é a ultima castração do ser humano.

    Felicitações e que o verão chegue...

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  2. Também podemos ressaltar que na atualidade, coisas futeis tem tomadfo lugar das importantes, o ser e sentir, vem substitudo em eu tenho e eu quero.

    Quando me refiro ao ser, é o ser humano, é ser feliz e sofrer, é existir, e não apenas vegetar.

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  3. Faltou uma parte... por que viver é a plenitude, num existe vida boa e feliz, e rica... as coisas se misturam, se fundem com coisas ruins, para um contrapeso. A natureza tende ao equilíbrio.

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  4. Pois é Saullo...

    É realmente confortador deixar o pensamento de controle... nos controlar, rs! Quem suportaria o peso da existência sabendo que a qualquer momento tudo pode dar errado e que nada mais será como antes?


    Quanto ao fútil, talvez hoje mais do que nunca graças à Revolução Industrial e todos os seus desdobramentos, temos um oceano de coisas fúteis para comprar, carregar e usar. Uma vida simples, low profile, é difícil uma vez que somos constantemente empurrados ao consumo inconsciente. Nossa missão é quebrar a "virgindade" das pessoas e dizer "Meu, a Terra não aguenta!"


    Quanto as coisas se misturarem... sei lá... é meio uma coisa de percepção também né? Queremos sempre mais, sempre mais. Às vezes temos tudo que queríamos a 10 anos atrás mas hoje queremos mais coisas... Por exemplo, me controlo para não comprar um netbook enquanto não dar um fim digno ao meu PC: vender, doar, dar ao meu sobrinho, algo assim. Faço reciclagem faz uns anos e percebo o quanto de material usável produzo e quanto tenho poupado simplesmente não comprando. Mas não-comprar é uma castração de um prazer vinda da percepção de que a Terra não aguenta. Mas há o lado negro da força em mim que fica sonhando comigo escrevendo e lendo com meu net na cama, rs!

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  5. Oi Nion

    Não fugiu não, Amada! Na verdade um dos motivos que tenho para escrever é causar em ti novas ideias, seja para escrever ou por em prática por aí. pois é assim comigo: o texto não é meu, mas fruto de experiências diferentes mas que deram nisso aí que tu leu. Os caminhos da inspiração são tortuosos e quero apenas passar adiante aquilo que recebi.

    Se a inspirei a escrever algo (e olha que seu comentário é um bom início de postagem) valeu a pena ter escrito.

    Felicidades!


    Sergio

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  6. Peço licença para comentar aqui, achei ótimo o texto.
    Falar sobre comodismo sempre é algo difícil, pois muitos de nós precisamos encarar este fato em alguma área da nossa vida. Não por falta de vontade mas como o autor disse por medo do sofrimento. A vida é dura e quando encontramos um pedacinho de "terra" não queremos largar por nada. Porém muitas vezes aquele pedacinho de terra é apenas um trampolim para novas realizações então vamos olhar pra frente pros lados eenfim, em todas as direções e aproveitar a luz da candelária!!
    Que a Deusa traga as flores, os perfumes e as cores, e que nossa alma se misture à Ela novamente e sinta a vida pulsar dentro de nós!!
    Feliz Candelária para todos!

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  7. Oi Lajlah!

    Como sempre suas palavras vão no ponto! Que a luz da Candelária ilumine seus caminhos rumo àquilo que mais deseja no mundo!

    Saudades!


    Sergio.

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