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quinta-feira, 1 de novembro de 2007

DOS "PINK WICCAS" E QUEJANDOS




Por S. Thot


Nos últimos anos tem-se observado o número crescente de pessoas interessadas em religiões pagãs. Na esteira deste interesse, diversos autores criaram publicações, sites, blogs, comunidades e msn's.

Os seguidores mais antigos, anteriores a este boom de informação, sentem-se ameaçados e traídos, pois suaram para conseguir conhecimento, autorespeito e respeito de outros do próprio grupo e de outras comunidades religiosas. Hoje, qualquer um tem acesso a textos antes herméticos, misteriosos.

O Oculto sairia da sombra.



Água com açucar

Não por nada, muito deste conhecimento atual parece diluído, açucarado. Ora para tornar o texto mais palatável, ora para vender melhor sua imagem ou seu produto, sendo difícil determinar o limite entre as duas idéias. Se é que há limites.

A outra face da moeda mostra um público pouco afeito a crítica, a pesquisa e a filosofia, condições básicas para a formação de um caráter religioso forte. Se usarmos o Orkut como base para este argumento, a verdade fica clara: ortografia e gramática de muitos que postam é sofrível. E as perguntas, superbásicas. Sinal que o que leram não passa de placebo. Se pagaram pela informação (e hoje, quase tudo é cobrado), jogaram dinheiro fora.

É como um tsunami: poderoso, mas temporário. O que ficará quando a onda passar?


Para Bellum

Depois da onda, vem o refluxo. Membros mais antigos mostram seu rancor nas "páginas" da internet, ora com argumentos, ora com ferraduras. Ou uma combinação das duas, a gosto do freguês. Na onda deles, tiradores de sarro e farristas aproveitam o clima de vale-tudo e tiram uma casquinha. Estamos todos no fogo-cruzado.

Qualquer pessoa que tenha algo a dizer sobre os pagãos não precisará gastar neurônios escrevendo: basta dar copiar + colar em algumas comunidades ou blogs, repetindo assim a mesma informação ao infinito. Isto me deixa contrariado.

Quando entrei, sabia o que queria: dedicar-me ao sacerdócio. Estudei e estudo para isto, não só livros dedicados ao paganismo, mas outras disciplinas também. Então ser arrastado nesta onda me causa muito mal-estar.


Inimigo meu


Só que há o outro lado. O processo a que são submetidas as pessoas tachadas de Pink Wiccas é semelhante aos usados a milênios por outras religiões, seitas e grupos diversos: o outro é o mal, o outro veio nos destruir, etc.

No Cristianismo, religião majoritária em nosso país, dão o nome de Anticristo a esta pessoa e seus seguidores. Independente de suas razões teológicas, este termo tem sido usado há séculos para destruir moral ou fisicamente diversos grupos "opositores", independente da religião ou grupo social.

Um processo semelhante estaria acontecendo entre nós. Um opositor para ser usado como imagem torta: "Veja como somos bons, puros e inteligentes, ao contrário do outro, que é feio, mal e ignorante".


De que cor você é?

Ainda não encontrei uma definição "acadêmica" para o significado da palavra Pink Wicca, o que torna a perseguição a este "grupo" mais temerosa, porque qualquer um pode ser "pink", assim como no passado qualquer um podia ser preso e/ou morto por ser bruxo, judeu ou cristão, dependendo do grupo no poder e das intenções.

Mas também não creio que os que assumem a carapuça rosa sejam inocentes, pois não acredito em vítimas. Existe sim uma generosa massa de pessoas que posa de pagão por vários motivos, menos pelos adequados: exercer o sacerdócio. Quando a chapa esquenta, são os primeiros a pular fora, deixando os que erram no intuito de acertar, com a batata nas mãos.


Conhecer é preciso


Mas também não é para devorar a Biblioteca Nacional. Não se engane: pode-se ler um livro, dez ou cem, não importa. Você adquirirá conhecimento e isto é louvável, mas não suficiente. Postura (e não pose) também será levada em conta. Ação vale mais que palavras ou um fake. Participar da vida de sua comunidade é importante. Não esta aqui, mas a de verdade: sua rua, seu bairro, sua família, sua cidade. Se deles você não tiver o respeito, ainda que não concordem com suas idéias, não adianta.

Abandone-os. Que sejam felizes, que se enforquem com a corda da liberdade.

Lembre-se, sua comunidade é aonde estão seus sapatos.

E se for para você ser "Pink", ser o inimigo de alguém só para este promover e fortalecer seu grupo, que você pelo menos, seja um bom, inteligente e poderoso adversário.

Isto me lembra um som do Chico, chamado Geni...

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