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sábado, 24 de novembro de 2007

DO RETORNO

Sinto em conversas com cristãos de meu trabalho um certo "largar de mão" no que se refere ao tomar participação em nossa realidade. Eles olham para o mundo e falam de doenças, violência e corrupção, colocam tudo em um saco e escrevem "fatalismo". Ou seja: é irremediável, entregaram a Deus.

Creio que parte deste pensamento vem do fato de crerem em uma existência pós-morte no paraíso longe desta dimensão, ou na terra depois do expurgo, ou algo similar.

Vez após vez
Como uma boa parte de mim retornará para a existência após minha morte, quero herdar de mim mesmo um lugar, no mínimo, igual ao que deixei. Vida após vida, algo de mim que fora pedra, rio, árvore, tiranossauro rex, peixe, mosca, minhoca, estrela retorna e passa a ser parte de outros seres.

Não posso dar certeza de que algo de minha consciência sobreviverá após o término desta individualidade. Mas sou religioso, então há horas em que ter fé basta.

Pode ter aí uma dose de conservacionismo conforme citado acima, mas quem não busca para si algum conforto nesta vida? Aceito a fome, o frio e a doença como partes de minha caminhada na Terra, mas também aceito o fato que lutarei contra estas situações para manter-me vivo.

No fundo é disso que trata a Wicca: como toda religião, busca uma explicação satisfatória para aquilo que acontece quando fechamos pela última vez os olhos. Talvez agora, porque a base dela é formada por muitos jovens, esta questão não esteja na pauta do dia, mas a medida que seus praticantes envelhecem, as perguntas mudam de "feitiços de amor" para coisas mais viscerais, profundas.

Não há um céu que nos espera. E nosso destino está atado à Gaia, queiramos ou não.

Então será a hora de nossa última caminhada, a sós, pelo caminho que Perséfone nos abre.

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