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quarta-feira, 8 de julho de 2009

DO CICLO


"Toda viagem é a partir da Mãe, para a Mãe, dentro da Mãe."

Nor Hall, autor de The Moon and the Virgin

Foi na sexta série que estes fatos aconteceram. Estudava no E. E. P. G. "Glauber Rocha" à tarde, em uma sala cuja a janela se voltava para o oeste. Relógio de pulso não era coisa para todo mundo ter naquela época, e celular... bem... era 1987 e a gente nem sonhava com essas coisas.

Mas a necessidade é a Mãe das invenções e naqueles dias a nossa necessidade era descobrir quanto tempo restava para a hora do recreio. Então alguém veio com uma idéia simples: quando o sinal tocasse alguém riscava a parede onde uma sombra em particular se projetava (olha o vandalismo!). No dia seguinte, era só seguir esse referencial que saberíamos quanto tempo faltava.

O lance ficou tão bom que usamos o sistema aperfeiçoado para marcar as trocas de professores e hora da saída, usando novas marcações (gente, não façam isso na escola, hein?). Criamos nosso próprio relógio solar. Mas tudo que é bom dura pouco, diz o ditado. Com o tempo percebemos que as marcações perdiam sua capacidade de marcar as horas com exatidão. Então descobrimos na prática e sem querer os efeitos dos movimentos de rotação e translação da Terra, e como eles criam os efeitos que chamamos de Dia e Noite, Solstícios
e Equinócios.




Percepção e Consciência


A percepção dos ciclos em nossa vida é algo revelador. A vida deixa de ser uma linha reta e se torna um conjunto de espirais que se entrelaçam. Há ciclos curtos como um dia de trabalho, ou longos como uma amizade de décadas. Então a vida foge da somatória de dias amorfos e é pontuada por etapas a serem alcançadas e vencidas. Nos conta a ciberamiga Layla, no blog Correndo com os Lobos: 

"
Não ouso lamentar por nada. Apenas me entrego ao ciclo fundamental de vida-morte-vida que rege o mundo. Caem as folhas secas, e encravam-se em meu peito, decompondo-se em matéria úmida que há de fertilizar minha carne."

A percepção dos ciclos ainda evita que caiamos no mesmo buraco uma segunda vez. A história humana é recheada de problemas pelos quais não deveríamos passar novamente. Temos muitos exemplos de guerras e catástrofes ecológicas para aprender com nossos erros e aperfeiçoar o futuro. Em nível pessoal o mesmo ocorre: se um certo tipo de pessoa não serve para se ter relacionamento, é obvio que tal padrão deva ser quebrado para seu próprio bem.

Assim diz a canção...




"São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
"

Conhecer passado para determinar o futuro.



Felicidades.




Sergio Thot.

2 comentários:

  1. Nossa eu adoro essa música!
    Durante muito tempo da minha vida eu percebia alguns eventos ciclicos...mas não conseguia escapar deles (na verdade ainda não consegui). É interessante notar que certas coisas que a gente percebe que deve evitar (pq já conhece a história), se repetem também...como pra testar nossa resistência.

    Achei muito legal sua história de colégio xD
    A percepção do tempo é uma coisa que super me intriga...pra mim parece que o tempo nunca é o do relógio...é como se cada coisa que existe tivesse uma espécie de ciclicidade própria...de começo meio e fim...e a gente constantemente usasse como referência coisas artificiais pra medir isso =/
    As vezes eu duvido que eu tenha "mesmo" 26 anos....a Terra gira irregularmente....e eu sinto o tempo passar acelerado...cada vez mais =x

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  2. O tempo é esse acordo entre nós, para que estejamos no mesmo lugar na mesma hora. Daí passamos a usar isso em outras partes de nossa vida, creio, para deixa-la menos selvagem e livre.

    Tenho 38, mas não me sinto com isso. Às vezes acho que tenho 28, ou 18, ou mesmo 8. Tem horas também que me sinto com 78. Ou que estou em outra vida.

    O tempo nosso é diferente do tempo presente.

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