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sábado, 2 de janeiro de 2010

CONTATO




Fiz certa vez uma viagem de avião. Na volta à capital, olhando pela janela e vendo os diversos quadradinhos verdes que caracterizam as plantações no solo, soube que chegava à São Paulo por conta de dois sinais: uma nuvem escura de fuligem e fumaça, imóvel; e aquela mancha cinza que parecia um cocô de passarinho gigante que impactou contra o solo e se espalhou em todas as direções!

As grandes cidades são uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que nos dão meios de sobreviver ao mundo selvagem também nos oferecem outros perigos. Estes corpos gigantescos, borrões cinzas quando vistos de grandes altitudes, geram em seus habitantes por conta de seu tamanho um mal chamado indiferença.


Para suprimir a vida ao nosso redor é essencial que a coisifiquemos. A coisificação torna tudo indiferente, uma massa amorfa pronta para ser usada segundo o nosso propósito. Então as pessoas deixam de ter nomes e passam a ser recursos humanos. E se fazemos isso com o nosso semelhante, imagine como tratamos a Terra e o restante de seus habitantes?


Perigos e Revoluções

A crença em um conceito onde o Divino e o Material partilham a mesma realidade é revolucionária e perigosa.

Revolucionária porque subverte o pensamento espiritual ocidental que faz justamente esta separação. Perigosa porque nossa sobrevivência hoje, assim como nosso conforto, existem por conta justamente desta separação. Afinal, incendiar a mata são é por fogo nos cabelos da Deusa? E como poluir rios e mares sem nos darmos conta que jogamos estas imundícies em Sua Face?
Quando reduzimos nosso contato com o mundo ao mínimo trazemos à tona este germe, que a tudo deixa cinza. Nos separamos da Terra para criarmos o Mundo de concreto e termos segurança.


Metrópolis

Nos metrôs das grandes cidades, somos constantemente alertados que o inimigo pode estar ao lado e por isso devemos guardar nossas bolsas e celulares. Desconectados da Terra e das pessoas, sou ensinado que estou confinado em um espaço pequeno com dez, 20, 30 pessoas que podem ser minhas inimigas em potencial.

Nas ruas a situação é semelhante. Andamos com certa aflição na expectativa de termos um alvo numa cidade de vítimas.
Isso é progresso? Será que não é possível criar um mundo pelo qual as pessoas sejam julgadas como boas até que prove o contrário?


Segue um som do REM cujo o clipe e letra refletem um pouquinho deste sentimento de solidão na cidade. Olha só esta letra:

Quando seu dia é longo
E a noite - a noite é solitária,
Quando você tem certeza de que já teve o bastante desta vida,
Continue em frente

Não desista de si mesmo,
Pois todo mundo chora
E todo mundo se machuca, às vezes...
 
Não bate lá no fundo do âmago de seu ser?
 
Pena que o vídeo no Youtube não permite a incorporação, mas é só seguir o link!
 


2 comentários:

  1. acho que não é possível não =/
    quanto mais gente, pior fica ._.'
    principalmente no metrô >_<' 30 pessoas? xD~~ que horário que é isso? hAHHAHAHAHHAHAHA sério...vc já reparou que ficar dentro de um vagão é uma coisa mtu estranha? Se vc olha pela janela só vê concreto passando rápido...se olha para as pessoas elas pensam que vc tá encarando ou quer assaltar ._.' ou está interessado ¬¬"
    isso quando dá pra ver alguma coisa além de um bambuzal de braços ._.'

    Engraçado que pegar transporte público geralmente acontece de vc viajar sempre com as mesmas pessoas (no mesmo horário)...e não conhecer ninguém...por anos a fio. Estranho né?

    A impressão que dá numa cidade é que a natureza é tipo uma coisa não higiênica ._.' pq tudo que a gente tem é um bando de rios/esgotos, umas pracinhas xexelentas ._. mal cuidadas cheias de vadios e drogados...

    E uns poucos parques ecológicos distantes de casa ._.' (na rua de baixo tem um...mas sempre morre alguém lá ¬¬"). A gente não pode nem ficar numa floresta...que é perigoso...não pode sair de noite pra ver as estrelas que é perigoso...\o/

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  2. Bambuzal de braços... que analogia curiosa. Dá pra imaginar a cena.

    O bambuzal de braços e de repente seu rosto desponta dele. Olha para um lado, e para o outro enquanto as luzes da cidade passam em flashes.

    E você se recolhe ao perceber que não há nada de especial, rs!

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