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quinta-feira, 27 de maio de 2010

VITÓRIA DE PIRRO


"Mais uma vitória dessas, e estarei perdido."

Pirro, general na Antiga Grécia, em luta com os romanos.



Por ocasião da crise que se abateu no mundo desde 2009, o governo brasileiro resolveu reduzir o IPI dos automóveis afim de aquecer a economia. Se bem que eu não vi crise nenhuma, só dinheiro mudando de mãos, mas isto é assunto para outro texto. Voltando ao tema, pensei cá com os meus botões: poxa, porque se investiu em um meio de transporte tão burro?

A foto acima ilustra bem a situação: temos 60 pessoas que são distribuídas nos mais diversos meios de transporte. Em qual deles a relação gente transportada x espaço ocupado é mais benéfica para uma cidade?

Agora adicione construção e manutenção de estradas, poluição do ar e rios envolvendo carros direta e indiretamente, qualidade de vida e outros fatores.

A Marginal Tietê, importante via da capital paulistana, sofreu melhorias consideráveis. Mas já nos primeiros dia a situação de trânsito pesado voltou ao tema dos noticiários noturnos. Parece algo sem fim. E falamos aqui dos carros rodando. Aonde eles serão estacionados?

Será que é algo a se comemorar a venda de 1,3 milhão de automóveis onde a maior parte da energia gerada é para virar calor, e o restante é para mover 90 quilos de gente dentro de uma tonelada de veículo?!

Certas vitórias têm de gosto de fumaça.


Saúde, amizade, liberdade.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

RUPTURA!





"Quando Zeus estupra Deméter, a Deusa se vê impotente e busca conforto em sua filha. Mas quando Hades, com a ajuda de Zeus, se aproxima de Korê, finalmente Deméter resiste."


Da obra O Corpo da Deusa, de Rachel Pollack

Guardo no fundo da alma o desejo de lecionar. Sempre gostei do ambiente escolar, de pesquisa e estudo, mesmo quando jovem. Meu caráter tímido favorecia a ficar em casa boa parte do dia. O que para minha mãe era ótimo, e ela me presenteava com enciclopédias, rs!
Esse desejo se manteve por muito tempo e moldou muitas coisas em minha vida.

Como gosto de andar com pessoas mais cultas que eu, sempre envolvi-me com gente ligada à educação. Estimo que boa parte de minhas relações e dão com pessoas ligadas direta ou indiretamente com a arte de ensinar.
Recentemente, em uma cozinha repleta de professoras, tive uma confirmação alarmante: professor é profissão de risco. O que ouvi de depoimentos sobre coisas que acontecem em salas de aula, ou o tipo de vida que levam alunos de certas escolas, me arrepiou os cabelos.

Apesar de vivermos a quase vinte anos em um regime (mais ou menos) democrático, esta liberdade cívica e seus valores não chegaram em muitos lugares, ou vieram distorcidos. Os relatos de violência que se estende a crianças de todas a idades é algo que me deixa sem palavras. E quando digo violência, não me limito as físicas. Mas psicológicas também. Não só dos pais e da sociedade em vitimar estes seres humanos em formação, mas também da omissão em não reter as violências que chegam de fora.

Então, pela primeira vez em muitos anos repensei minha escolha de vida. Apesar da minha profissão atual, manutenção, por comida na mesa, educar é minha paixão. Mas diante do quadro que se desenhou, com alunos desinteressados ou mesmo violentos, e de profissionais cansados de guerra e que são minhas principais referências... não sei. Penso nessa molecada aí, reproduzindo os erros dos mais velhos. Eu torço para que sejam capazes de quebrar o ciclo, de dar o salto, de romper com os laços do que é velho e imprestável.

Que percebam que a mudança não só é necessária como possível. A Roda da Vida na verdade não é bem uma roda. Tá mais para uma espiral, onde ora se move para frente, ora para trás. Nos tempos bons dançar; nos ruins, lutar.
De minha parte... bem... Não perdi a fé ainda.

E nada como um bom desabafo para limpar o peito, não? Talvez fosse isso que elas, estas pessoas que me inspiram, precisassem. De serem ouvidas. Porque apesar de todos os problemas, ainda lutam.

Como Deméter, ainda lutam.
Se elas lutam, porque desistirei? Como diria Sinatra e o Sid... it's my way! Leia aqui a tradução.



domingo, 9 de maio de 2010

TERRA NOSTRA

Região de S. T. das Letras - MG (arquivo pessoal)


Tive uma conversa interessante com um colega xamã esses dias via MSN. Fora um de nossos primeiros contatos e o assunto-tema foi o eurocentrismo. Como ele sabe que sou wiccano achou que minha visão espiritual se baseava somente nos povos da Europa Ocidental, como os celtas e tal. Grande engano, rs!

Confesso que sim, no início possuía esta visão. Mas com o passar dos tempos & livros percebi uma mensagem sutil, inerente a cada trabalho que lia. Quando escritores do porte dos Farrar descreviam suas experiências, o falavam de sua região em particular porque era nela que eles viviam.

Eles supunham que os wiccanos de outras localidades teriam a mesma percepção, que dariam atenção aos mitos & fatos da terra de seus ancestrais. O que é óbvio, dado o fato da Religião da Deusa ser centrada na terra, a terra onde se nasce ou pelo menos onde estão descansando nossos sapatos, rs!


Tesouro escondido

Percebendo isso, e levando em conta que as divindades agrícolas de outras localidades, passo a estudar então outros povos e suas relações com o Divino. Não raro encontro paralelos interessantes. Tal busca me trouxe ao Brasil e a nossa riqueza cultural, a Câmara Cascudo e Ariano Suassuna, entre outros.

E, tal qual aconteceu na Inglaterra, o que era sacro nesta terra virou folclore, uma palavra que por estas bandas costuma reduzir tudo a conto da carochinha para crianças, ou festas em que o sentido pagão ainda existe, mas esta adormecido como as Festas Juninas.

Andando pelo mundo em busca do tesouro e o encontrei na soleira de minha porta, profundamente escondido.

E você, já achou o seu tesouro?

Saúde, amizade, liberdade.



Sergio Thot.