"Não quero saber se esta árvore é ou não amada pela Deusa. Fosse ela a própria Deusa e eu a abateria se se interpusesse em meu caminho."
Palavras de Erisíchton, antes de abater o carvalho dedicado à Ceres
A primeira menção que li sobre a queda do Espinheiro em Glastonbury foi através da coluna Blogs Amigos, que mostra as últimas postagens de blogs com assuntos correlacionados a este. Quando li o título da postagem do amigo Rafael Noleto, pensei: não vou ler isso senão vou me chatear.
Mas o assunto era por demais relevante! Dias depois o blog Rascunhos de um Pagão, do amigo Roberto Quintas faz uma análise do mesmo assunto. Aí tive que ler ambos e realmente! O assunto me azedou a alma. Sugiro que sigam os links caso não tenham tido acesso a esta informação.
"O Grande Pã Morreu!"
Diz a lenda que no limiar do paganismo da Europa antiga, uma voz misteriosa fez ouvir gritando à plenos pulmões "O Grande Pã Morreu!" e que esta anunciaria o nascimento de um culto cujo os sacerdotes não admitiriam outras formas de espiritualidade. E assim se fez.
Leia mais sobre o assunto no blog "A Era da Filha", da autora Priscila Paixão.
De certo modo, a queda do Espinheiro de Glastonbury possui a mesma carga simbólica nos tempos atuais para as pessoas que o visitavam. Falo aqui de simbolismo porque o ato se deu às portas do solstício de inverno, o que não é pouca coisa.
Centenas de pessoas visitarão nesta época do ano sítios como Glastonbury, Stonehenge e outros para celebrar o nascimento do sol. Quem cometeu a ação o fez de caso pensado, não é possível!
O amigo Rafael chama o fato de vandalismo e acho que ele foi muito comedido. Vandalismo seria alguém escrever no tronco da árvore "John ama Mary". Somando todas as evidências chamo isso de terrorismo.
Budas no Afeganistão e a Gruta do Bosque Maia
Muitos não se lembram mas em 2001 a humanidade viu a estupidez vencer o valor histórico no Afeganistão. Sob a desculpa de ser uma "religião pagã", os governantes da época explodiram duas estátuas gigantes do Buda, datadas de 1.500 anos! É como se dinamitassem a Esfinge no Egito, ou o Vale dos Reis!
Minha cidade também possui seus radicais. Dentro do Bosque Maia existe uma gruta artificial sobre a qual depositávamos flores e velas após os nossos sabás públicos. Se era dedicada a alguma Divindade específica não sabíamos. Mas sempre que voltávamos lá alguns dias depois víamos que as velas eram derrubadas e as flores pisadas. Pequenos nichos onde devotos depositavam suas estátuas e velas também eram vandalizados. Infelizmente temos um longo caminho a percorrer neste sentido.
E agora?
Vamos chorar? Vamos! Depois vamos enxugar as lágrimas e plantar uma nova árvore nas proximidades da antiga. Que ela testemunhe centenas de solstícios como sua antecessora e que daqui a mil anos, dois mil anos as pessoas amarrem ao seu redor fitinhas coloridas e brincarão no vento como pipas.
E que nasçam centenas delas! Saiamos as ruas para plantar em cada espaço nossa árvore sagrada. Se o propósito era derrubar um símbolo o terrorista se lascou. Ele criou milhares! E que a fúria de Ceres o encontre, pois não dá pra ser bonzinho o tempo todo. Pã deve correr pelos bosques novamente, seja em Roma ou em turismo no Brasil, junto com Curupira, Saci, Boitatá e outros companheiros.
Este é meu profundo desejo.