Olá, estão tod@s bem?
Passado o Dia do Orgulho Pagão deste ano e a Caminhada Religiosa de Copacabana [leia AQUI], fiquei pensando sobre como deve a vida dos pagãos no dia a dia.
Por exemplo, em uma comunidade do Orkut sobre Wicca e Bruxaria, a poucos dias dos eventos acima citados, nasce um tópico de "como para esconder a Wicca dos pais" [leia AQUI]. Temos orgulho mas também temos medo ainda.
Menos por conta de uma perseguição por parte do Estado ou da Igreja, uma vez que a Constituição garante o livre exercício religioso dentro de certos parâmetros [leia AQUI]. Não, este medo tem outra fonte. Uma das maneiras mais eficazes de conseguir que alguém faça o que queremos, quando não é por ameaça direta à vida ou por tortura física é através de restrições às condições de vida.
Voltando ao fórum do Orkut, se o lerem perceberão que a voz colocada ali é a de pessoas que moram e dependem econômica ou psicologicamente da família. Esta dependência faz com que sigamos regras que não elaboramos e sobre as quais não se pode opinar. A minha liberdade religiosa esta firmemente atada a minha independência econômica.
Pagãos como Starhawk, Kerr Cuhulain e Rachel Pollack aliaram sua prática religiosa à campanhas antidifamatórias a respeito de minorias sociais as quais as religiosas estão inclusas. Só recentemente a Grécia liberou o culto pagão. Religiões como a Wicca só tomaram fôlego na Inglaterra depois que deixaram de ser ilegais. Mesmo em um país como é o nosso atualmente, com garantias de liberdade religiosa, a vigilância sobre esta questão deve ser constante pois liberdade não é algo que se ganha, mas que se conquista e se mantém.
No Cotidiano
Em meu cotidiano não faço questão de tornar minha fé pública. Quem sabe sobre mim nesta questão é porque viu a minha estante com livros, ou é amigo suficiente para fazer as perguntas certas e ter de mim as respostas certas. Aprendi na vida que não se fala de tudo para todo mundo.
Quando tornamos pública nossa opção religiosa nos tornamos foco das atenções por conta da diferenciação que causamos (e que não era notada até aquele momento). Trabalhamos, estudamos, pegamos os mesmos ônibus todos os dias mas, por conta de um pentagrama para fora da camisa ou um livro que cai e alguém apanha a percepção que o Outro tem sobre nós se modifica e, quiçá, se amplia.
Mas essa focalização sobre nós pode ter efeitos nefastos. No livro Autobiografia de uma Feiticeira, de Lois Bourne, há uma poesia que ilustra bem o que falo:
Compadeci-me da dor no homem ou na besta,
E só seu bem busquei,
Usei minhas ervas e artes de cura,
Para ajuda-los se pudesse
Compadeci-me das pequenas coisas indefesas,
E, desde que sozinha vivia,
A lebre órfã, o gato sem morada,
Em meu lar de pedra aconchegaram-se.
Apesar de todos verem a minha vida frugal,
E ninguém de rica poder julgar-me,
Alguns juraram que venderia minha alma por ouro,
E, por ser feiticeira, amaldiçoaram-me.
E quando chegou a plantação fracassada,
A criança que não prosperou,
Eles me expulsaram aos gritos e pancadas,
Para ser enforcada ou em vida queimada
De Muriel Rolf
Por conta destas coisas precisamos ser os melhores naquilo que fazemos e sermos o mais independentes possível. Os melhores pais, mães, filhos, irmãos, jogadores, funcionários, estudantes, amigos, amantes... E puxar a humanidade representada pelo nosso próximo para este mesmo estado de graça.
Pois querendo ou não, quando nosso pentagrama fica visível sobre a roupa, está iniciado o julgamento.
Saúde, amizade, liberdade.
Sergio Thot
Orkut
Face
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