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quinta-feira, 23 de abril de 2009

DO CAIPIRA




É interessante ver, vez após vez, que a tradução para pagão, do latim paganus seja camponês. Ou o bom e velho caipira. Já devo ter escrito aqui e ali sobre a dicotomia que existia (existe?) entre o morador civilizado da cidade e o morador do campo. Mas sempre gosto de repetir isso porque é uma verdade fundamental.

Convesando pelo MSN com um amiga virtual, "interessada em coisas esotéricas", perguntei se ela tinha visto a Lua Cheia, esses dias. E ela disse que não, que tais eventos sempre passavam batido. Temos um povo tão mergulhado em livros e teorias que não percebem a realidade básica: o segredo salta aos nossos olhos.

Se não pudermos olhar para a Lua Cheia e nos maravilharmos, ou ver nas nuvens se choverá ou não, ou sentir no vento as mudanças de temperatura que se aproximam, não seremos paganus de verdade.
Vários sítios arqueológicos encontrados possuem entre suas construções observatórios astronômicos, onde os solstícios e equinócios eram demarcados. Isto porque o sagrado e o comum estavam entrelaçados. Era uma questão de sobrevivência. O caipira sabia dessas coisas. Ele tinha que saber pois sua vida econômica dependia destas informações.

O lance é deixar de olhar a terra como um lugar para extrair para ser o lugar onde vamos nos encaixar. Apesar de termos construído um mundo sobre a terra, essas duas partes não tem conversado muito bem. Mas estamos dando grandes passos nessa direção, vide a agricultura orgânica e dos telhados verdes. São soluções tímidas, mas toda caminhada começa com um passo pequeno.

E a questão da terra nunca foi tão discutida no país, desde as Ligas Campesinas, passando por alimentos transgênicos, até o atual MST. São coisas do campo que afetam as vidas das cidades. Afinal, contrariando a ideia das crianças um pouco mais ingênuas, a comida não vem do supermecado...

Agora é diminuir o ritmo das coisas, porque não dá para prover todo mundo de tudo que existe por aí. Esse negócio de modernidade, desta corrida louca pela última novidade... isso tá acabando com a gente! Precisamos repensar os modelos que temos e preparar o futuro que nos aguarda amanhã, quando acordarmos.


E vamos de uma modinha de viola?

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