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sábado, 16 de maio de 2009

DA CIDADE LIMPA




Estudando ou passeando na capital paulista cheguei a acompanhar com outros olhos a evolução da lei
Cidade Limpa, que ocorre na gestão Kassab. Visualmente falando eu gostei do resultado final, pois havia um certo clima de guerra aberta entre os setores responsáveis pela divulgação de produtos e serviços e a população da cidade.

Aliás, o clima de guerra continua. Afinal, muita gente ganhava dinheiro com isso, desde empresários a trabalhadores do setor e que foram contrários à lei. Estas são questões que devem ser levadas em conta.
Eu penso nisso e em outras coisas toda vez que cruzo a Av. Tiradentes com a Paulo Faccini e me deparo com aquele luminoso enorme e piscante na rua. Me pergunto se ele dá um toque de modernidade à Guarulhos ou se a empobrece visualmente.

Ainda nesta questão visual, tem também as pixações espalhadas na cidade. No Bosque Maia, em uma de minhas visitas, topei com a Guarda Municipal dando um pito em três adolescentes que estavam pichando uma das paredes do prédio administrativo. Insolitamente, usavam grama e seu corante natural para isso! Tenho na memória palavras de ordem que vi em muros de fábricas, chamando à greve por salários e direitos. Hoje a pixação perdeu este caráter de comunicação universal para se tornar instrumento de autopromoção, e destinado a um público restrito. Podia ser diferente.

Mais árvores, arbustos e flores também não fariam mal a ninguém, junto com cercas-vivas e outros adornos. Fora questões como normatização das calçadas (temos ônibus adaptados mas como as pessoas levam as cadeiras de rodas até eles?), lixo nas ruas e córregos (cara, tem gente que não se importa de jogar tudo no chão!!!), desrespeito as leis de zoneamento dos bairros...

E mesmo a lei por si não é suficiente para melhorar o visu das coisas, pois o que outdoor esconde atrás de si é uma caixa funcional de cimento e não uma obra de arte. Ao menos ajuda a perceber o quanto São Paulo carece de construções que seja não só seguras e funcionais, mas também belas de se viver e trabalhar.

Voltando a Guarulhos... nossa cidade é conhecida mundialmente através do aeroporto, temos três grandes rodovias lhe dando acesso e é mais populosa que muitas capitais.
Mas ela precisa ter antes um coração para ter um rosto, algo que nos una e nos faça varrer as ruas para alimentar este sentimento de amor pela terra onde nascemos, ou decidimos morar e criar nossos filhos. Ela só precisa de uma população à sua altura, pois dos governantes só podemos esperar que nos espelhem. Em documentários eu vejo outras cidades como Paris e Roma, Tóquio e Nova Iorque, e sinto nelas uma identidade que falta a Guarulhos.

Pensemos nisso.

sábado, 9 de maio de 2009

DA PROTEÇÃO LEGAL


Já se publicou neste blog, com tema PRECONCEITO, um texto sobre o direito constitucional de reunião religiosa. Segue uma coletânea mais abrangente sobre o assunto que encontrei em outro blog sobre paganismo.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Inciso VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Inciso VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Inciso VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

Inciso XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;

Inciso XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;

Inciso XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;


Inciso XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei.

ANTEPROJETO DE LEI DO CÓDIGO PENAL (Cópia do DOU-I , de 25 DE MARÇO DE 1998 - Internet)



TÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS
MORTOS
CAPÍTULO I DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO

Ultraje a culto

Art. 226. Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; vilipendiar, publicamente, ato ou objeto de culto religioso: Pena - Detenção, de um a nove meses, ou multa. Impedimento ou perturbação de culto

Art. 227. Impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso: Pena - Detenção, de um a nove meses, ou multa.

Aumento de pena

Parágrafo único - A pena é aumentada até a metade, se o crime é praticado mediante violência ou grave ameaça, além da correspondente à violência.



Um ponto interessante é a questão do porte de armas. Temos o athame e não podemos levar a um parque público por conta da lei federal, pois athame é um punhal e este, uma arma branca. Vale uma pesquisa maior sobre esse assunto e verificar se há exceções à regra.

Saúde, Amizade, Liberdade

terça-feira, 5 de maio de 2009

DA LIDERANÇA




Afinal, o que é ser um líder? Longe das discussões acadêmicas e de todos os conceitos sobre gestão empresarial e das dinâmicas de grupo, um líder é aquele que faz o que é preciso quando ninguém mais teve a capacidade, responsabilidade ou disponibilidade para fazer.
É o que toma a frente quando todos ainda olham uns para os outros e diz "é por aqui" quando a crise chega. E sobre ele pesará a história.

Enquanto tudo dá certo, sua posição é cobiça pela ganância de uns e posta em dúvida pela fraqueza dos outros. Mas quando o caminho é o errado, todos se juntam em volta da fogueira para vê-lo queimar. Não é a melhor posição do mundo para se ficar, evidentemente. Só que há esse chamado, essa coisa interna que nos clama para fazer o que se deve fazer apesar de todos os riscos. E nós atendemos esse chamado.

Um líder luta para a realização de um sonho que é comum, um sonho do qual ele é só um protagonista. Logo sua participação é sazonal, temporária, na medida certa. Ele deseja que a atenção seja voltada para si na medida que é necessário cumprir a tarefa. É alguém assim que eu desejo um dia seguir, se a necessidade surgir.

Os líderes (chefes?) que temos hoje vão na contra-mão daquilo que se é desejado, a medida que torna seus liderados (comandados) criaturas infantilizadas do ponto de vista político. Trato aqui como política a relação entre as pessoas, algo que foge do simples ato de votar em alguém.


"Ah, deixa que alguém resolve..."

A medida que temos mais chefes que líderes perdemos a co-responsabilidade pelo ambiente social em que vivemos. Colocamos tudo nas mãos deles e choramos como crianças birrentas por um pouco de pão e circo. As crises sociais e ambientais pelas quais passamos desde sempre se originam desta dificuldade de enxergar o óbvio: apesar da existência de um líder, o problema é grande demais para um ou poucos resolverem.

Isto partindo do princípio que existe um problema. Não raro pessoas "arrumam" problemas para vender soluções.

Como sacerdotes e seres pensantes sobre a questão ambiental, é importante que sejamos líderes primeiramente de nós e de nossas vidas. E, se ou quando o momento chegar, liderar também outros que nos procuram para a solução de problemas.

Pense nisso.


Ah, e você conhece o vídeo do Primeiro Seguidor? Parece que eu não fui o único a ver o potencial de ensinamentos que ele nos traz, virando até tema de palestra.


Assista abaixo.





sexta-feira, 1 de maio de 2009

DA MORTE

Nos velórios que já fui (e compareci a mais deles do que já desejei) eu nunca sabia bem o que dizer as famílias que sofriam pela perda de seus entes queridos levados pela Ceifadora. A Morte é uma pergunta que possui respostas diferentes em corações diferentes. Eu achei a minha resposta por ocasião da morte de meu irmão, Paulo, anos atrás.

Ele passara por um processo de dor e sofrimento por motivos de saúde. Quando finalmente cerrou os olhos eu senti algo que não me assolava fazia muitos anos. Somente quando jovem, aos 14 anos, eu perdia alguém tão próximo de mim: meu pai. Durante o velório minha família estava arrasada pela perda, principalmente minha mãe, que sentia a dor de Deméter sentiu.

Afinal odo pai e mãe não deseja enterrar os filhos. Pelo contrário, querem ser por eles enterrados. Não é natural, subvertendo a ordem das coisas. E seu choro e sua dor perduram ainda hoje.


Mas eu tinha a certeza de Perséfone em meu coração, a certeza do Retorno. Tempos depois, relembrando os fatos, percebi que minha mãe e meus irmãos não raro buscavam em mim algum apoio. E, de fato, eu era entre os familiares próximos o mais sereno.


Morte-em-vida

Observando com atenção, não só os seres morrem. Suas criações concretas ou abstratas também possuem seu tempo: pontes, edifícios, cidades, civilizações, rios, montanhas, nosso planeta, nossa galáxia, o universo... Tudo caminha para a desagregação, para o fim de sua identidade. E a dor disso é absurda.




O imaterial também morre: amizades, empregos, casamentos...

Há coisa que andam por aí, moribundas, esperando pelo primeiro vento forte para derruba-las. Isto a Morte em seus diversos aspectos traz de bom, que é a possibilidade de renovação. Mas sua dor é absurda, eu repito, e não há muito que se possa fazer. Talvez vivencia-la, mergulhar nela até as lagrimas secarem e torcer para que isto seja o bastante.

Que o rio salgado que nasce das lágrimas e que se forma em nossos pés possa trazer algum conforto, que limpe de nós o sofrimento.


Esperança

Neste Samhain eu relembro então um velho pacto entre o Divino e eu: de que o Amor supera a Morte. Eis a finalidade da Religião. De dizer isto para nós, de mostrar no fundo, no mais escuro poço de nossa existência a luz que nos trará de volta. Desde que o primeiro humano foi enterrado em um leito de flores, nós desejamos acreditar que há algo além da Morte. As religiões do mundo buscam dar este acalanto.

Talvez isto não seja perceptível ainda porque a maioria de seus membros seja muito jovem e saudável, e com pais jovens e saudáveis. Mas a medida que os ciclos de vida (casamento, batismo, morte etc) exigem uma atenção espiritual, a finalidade de se apontar e respeitar os ciclos toma forma. Então, quando finalmente chegar nossa vez, poderemos dizer aos que nos cercam no leito: não temam, pois nos reencontraremos.

E esta certeza será plantada no coração de todos.
Neste Samhain, pensem com carinho neste assunto.

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot