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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

PRINCÍPIO POSITIVO





Durante alguns anos participei de atividades sociais em Guarulhos, a começar pela montagem de grêmios estudantis ainda em 90, influenciado pelos eventos na
Praça da Paz Celestial. A imagem daquele homem solitário parando uma coluna de tanques ainda faz ferver a minha alma!

Pessoas com quem comentei o gesto na época não compreenderam aquela ação nascida do peito de um herói. Há muito perdemos a crença em pessoas com atitudes especiais, apesar delas pulularem ao nosso redor, no atacado e no varejo.

Como os irmãos Arns, Zilda e Evaristo. Poderia dizer que ambos lutaram contra a fome e a ditadura, mas não seria verdade completa. O fato é que ambos lutaram pela nutrição das crianças e pelo retorno das liberdades políticas. E você pode perguntar...


Mas qual a diferença?

Não raro as pessoas lutam "contra" alguma coisa: contra a fome, contra a guerra, contra a doença. Eu via muito disto nas falas das pessoas que participavam comigo nos movimentos sociais e sentia algo de pesado, utópico e desesperado nelas.

Eu acredito que lutar contra não seja algo produtivo. Lutar contra transfere atenção e energia aquilo que queremos eliminar ao invés de investir tudo isso no objetivo que ambicionamos. É cansativo pois focamos no inimigo e perdemos de vista nosso aliado.


É como nos grupos de estudos que montamos durante estes meses: no começo vão bastante pessoas. Depois elas vão se escasseando e ficam uma ou duas. Se focamos naquelas que se foram ou naquelas que nunca vieram ao invés de perceber as que já estão conosco, desperdiçamos muita energia.


Princípio positivo

O princípio positivo é isto: se desejamos dar ao mundo uma contribuição de nossos valores, daquilo que temos de melhor em nós é nisso que devemos focar. É lógico que manter o foco no objetivo requer uma postura otimista sobre as coisas. Otimista e realista, diga-se de passagem, avaliando e trabalhando com o que se tem, ao mesmo tempo que se cria alicerces para mudanças e crescimentos futuros.

O princípio positivo se apóia em uma necessidade evidente, em um planejamento acurado e uma ação firme. E fé, principalmente, pois não raro seremos expostos a situações não previstas. A vida é assim. Então chega a hora de se agarrar firme no timão e seguir em frente, mesmo que o céu se cubra de negro e as ondas nos cubram enquanto o vento assobia nas velas.

Mantenham o foco.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

MÁTRIA




Pátria-mãe não é um termo estranho? Se a pátria é mãe, a geradora, então devia se chamar mátria, que é muito mais coerente em termos linguísticos. Só que chama-la de mátria incorreria em alguns problemas no consciente coletivo da nação. Afinal quem mais usa o errôneo termo são militares e políticos. E pátria envolve algo de bélico, de guerreiro. De patrão.

 

Terra Arrasada

As pátrias são organismos curiosos na geopolítica mundial. Nasceram para expandir seu território e invadir as outras pátrias. Mas uma mãe deseja que seus filhos saiam por aí para morrer em prol de desejos expansionistas de velhos decrépitos? Ela quer nutri-los e cuidar de sua vida pacata. Não se planta e colhe numa terra devastada, e são justamente os pobres, camponeses, os caipiras que primeiro perdem na ocupação. Seja pela invasão do exército inimigo, seja pela tática de "terra arrasada" que se implementa durante a fuga da guerra.

Uma mãe deseja que seus campos se cubram de flores e grãos, não de sangue dos mais jovens. Uma mãe ama os seus e os dos outros também, e divide o prato porque conhece a fome e a privação de todos os tipos.

Uma mãe deseja que seus filhos tenham orgulho sim, mas não o que nasceu da morte e da destruição. Há batalhas onde a honra pode ser evocada e que não envolvem a morte de milhares, destruição de florestas por agente laranja ou bombas inteligentes que acertam ônibus com crianças.

 

Todas as Mães são Uma

Uma mãe tem interesse na vida e na continuidade dela, seja na sua casa ou na alheia. Não é à toa de a Deusa dos bretões é a própria ilha, a Bretanha. Não é à toa que Ísis é o trono, a terra, a nação. E o faraó se submetia a ela se quisesse governar. Não é à toa que na obra de Ariano Suassuna "O Auto da Compadecida", Maria intercede por todos. No final, todas as mães se reconhecem. Todas as mães se tornam uma só.

Não é à toa que se coloca a mãe no meio da pátria quando esta é atacada. Pois ninguém gosta de guerra, mas quando se mexe com a Mãe todos pegam em armas.
Pais adoram uma disputa. Mães preferem sentar e bater um bom papo para resolver os problemas pois só com entendimento entre as casas é possível fazer o que é realmente útil: viver.

É por causa destes fatos que não quero pátria, quero mátria.

Na mátria não lutamos pela honra, mas para que todos tenham dignidade.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

DO ENTUSIASMO



Já se deliciaram com a etimologia da palavra entusiasmo? Em grego, é algo como ter um Deus dentro da gente. Isso não é interessante? Não raro buscamos o poder de fazer as coisas fora de nós. Buscamos fora de nós a resposta de todos os nossos problemas.


Entusiasmo (do grego en + theos, literalmente 'em Deus') originalmente significava inspiração ou possessão por uma entidade divina ou pela presença de Deus. Atualmente, pode ser entendido como um estado de grande euforia e alegria, refletindo em uma consequente coragem. Uma pessoa estusiasmada está disposta a enfrentar dificuldades e desafios, não se deixando abater e transmitindo confiança aos demais ao seu redor. O entusiasmo pode portanto ser considerado como um estado de espírito otimista. Fonte Wikipedia

Mas a gente presta atenção demais nas coisas erradas. Dizemos por aí uma mentira: que a humanidade é essencialmente má. Isto é uma bobagem. E por conta disso perdemos o Deus Dentro de Nós, essa força incrível que vive guardada. E achamos que tudo é "assim mesmo", que o eco de nossas palavras não repercutem em nada. Então não nos animamos, não recebemos o Sopro Divino que nos faz realizar coisas extraordinárias. E, ironia das ironias! É justamente nessa hora que passamos a nos ouvir, quando não temos mais ninguém a quem recorrer. Nesta hora encontramos o Divino em nós.

Não consigo lembrar de melhor analogia para o entusiasmo que Psiquê.


Psiquê

Psiquê amava Eros mas não podia vê-lo sob a pena de coisas terríveis acontecerem. Mas contrariando a ordem e induzida pelas irmãs ciumentas ela o espia e não gosta do que vê e perde seu grande amor. Como penitência, precisa realizar diversos trabalhos inclusive o de descer ao mundo dos Mortos.

A Alma é assim: inocente até tomar noção da realidade que a cerca e então aquilo que ela tinha de mais puro se esvai como areia entre os dedos entreabertos. Como Psiquê, algo em nós precisa morrer quando percebemos o mundo como ele é.

Na nossa vida social, apesar das melhores intenções, somos expostos as mesquinharias de alguns indivíduos (as irmãs?) que nos conduzem ao abismo por conta de nossa própria curiosidade ou inexperiência. Devemos fazer disso uma oportunidade, porém, pois lamentar já não adianta.

Está na Carga da Deusa:

Mantenhais puro vosso mais elevado ideal;
empenhai-vos sempre na sua direção;
não deixais nada parar-vos ou desviar-vos.
Pois minha é a porta secreta que se abre sobre a Terra da Juventude e minha é a taça do vinho da vida e o Caldeirão de Cerridwen, que é o Graal Sagrado da imortalidade.

Levanta e Luta

Mantenha viva a Divindade dentro de si. Gostaria de dizer-lhe que será fácil, que as pessoas fazem sempre boas ações e que terá uma existência tranquila. Mas seria mentira. Porém posso lhe garantir que somente o início é pesado devido a própria inexperiência. Após algum tempo e tropeços aprendemos a andar na escuridão até voltarmos novamente aos dias claros.

E nem podemos nos abster de viver, de nos arriscar, de sentir o mundo que se abre a cada dia.

A medida que os esforços são reconhecidos, ganhamos mais e mais vivência e sejamos sinceros, a Deusa dividirá a nossa carga com Ela. Seja uma pessoa simples e siga leve. Descanse enquanto trabalham e trabalhe enquanto descansam. Seja objetivo e franco.




Como as borboletas.




Sergio Thot.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

CULTURA DE PAZ






Como costumo escrever aqui, nossa sociedade é marcada por conflitos. Seja no nível pessoal e familiar até em questões internacionais, pois não raro duas pessoas ou grupos desejam/necessitam da mesma coisa e esta se encontra em escassez.


No entanto há outro tipo de conflito. Aquele onde não há nada em disputa e onde o germe do mal fincou suas raízes. E uso a palavra maldade aqui com muito cuidado, pois não costumo dividir as pessoas assim. Considero que as ações são más, e não as pessoas. Pessoas são simplesmente pessoas. A imagem acima é um exemplo disto.


A omissão dos bons

A foto é icônica. Um homem detendo por alguns minutos a marcha de tanques de fabricação russa que rumavam para a Praça da Paz Celestial, em Pequim. Isto aconteceu em 1989 e acredito que alguns de meus leitores nem eram nascidos nesta época. Vocês sabiam que hoje o governo chinês não permite que os seus cidadãos pesquisem sobre isto na internet? E que o Google é omisso, senão permissiva, com esta restrição?

Eis um gigantesco exemplo de como a omissão diante de uma ação maléfica também caracteriza maldade.



Toda a maldade é um roubo

Toda maldade é um roubo porque esta toma de nós alguma coisas, material ou não: equilíbrio, paz de espírito, sono, apetite, saciedade, liberdade, amor, inocência. Quando defrontados com ela perdemos tudo aquilo que julgamos ser o melhor da humanidade e nos tornamos algo sem nome ou propósito.

Toda maldade toma algo de muito valor para dele se aproveitar pouco. O fato de ser tomado caracteriza este tipo de desperdício. Quando jovem tentaram tomar minha auto-estima por conta da minha cor de pele e tipo de cabelo, o que só consegui resgatar ao longo dos anos, da tomada de ação & consciência. O que queriam disso tudo? Rir um pouco. Tanto por nada.


O que fazer?

Cultura de paz não é a cultura do deixa pra lá. Se assim fosse já viveríamos nela, uma vez que o "isso não é meu problema" é o pensamento presente. Não, não são necessárias ações cinematográficas, grandiosas, para se mudar o presente.

Bastam apenas seguir alguns passos simples.


Acorde

Acordar é questionar. Para realizar maioria de nossas tarefas cotidianas nos induzimos a um estado de sono vigiado. Nossa vida rotineira faz com que prestemos atenção somente na tarefa a ser realizada, o que acaba se ampliando para outros aspectos da vida. Então nem sempre percebemos o mal que estamos fazendo a nós ou a outros por conta disto.


Sinta

Sentir é compartilhar. Coloquei o sentir antes do pensar porque nossa mente racional acertadamente busca manter nossa integridade individual ante a segurança do outro. Por isso pouca gente se joga na frente de um carro para salvar uma criança do atropelamento. Mas é justamente este abandono do conforto e da segurança que caracteriza os loucos e o heróis. E a Deusa sabe o quanto é fina a linha que divindade um do outro.


Reflita

Refletir é solucionar. Eis a linha que divide os loucos dos heróis. Os heróis têm um plano de ação baseado em suas experiências de vida, as pessoas que podem lhe ajudar e os recursos disponíveis. Como fez Ísis, que soube sobre a morte de seu marido e não ficou muito tempo chorando. Levantou-se e foi a luta, resgatando seu corpo que fora dividido e espalho, unindo-o e, através das artes de Thot, devolvendo-lhe a vida.


Aja

A palavra fala por si mesma. As pessoas que fazem ações más não se deterão para executa-las, não se engane. Elas, quando cientes do valor negativo de seus atos, ainda assim dispõem-se a faze-los. Já romperam diversas barreiras culturais e éticas. Até mesmo legais.

As pessoas que fazem ações más não se detem. As pessoas disposta a fazer o bem também têm que possuir a mesma disposição.


Lembra: cultura de paz não é passividade. E que demonizar o outro nunca é boa idéia. Afinal, como canta o Poeta "Mas quem se importa? MAS QUEM SE IMPORTA?! EU ME IMPORTO!!! EU ME IMPORTO!!! PELA PAZ, PELA PAZ, PELA PAZ EM TODO O MUNDO!!!



Sergio Thot