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sexta-feira, 16 de abril de 2010

NOSSO PAPEL




“As mudanças climáticas afetam de maneira direta as condições de vida e de trabalho das mulheres, particularmente por sua proximidade aos elementos de vida, como a agricultura, seu contato com a água e para poder cumprir com o ciclo de cuidado da vida que lhe foi transferido como responsabilidade prioritária”
Magdalena León

Responsáveis pela manutenção do lar enquanto os homens saem para caçar, sejam alces ou máquinas pesadas, fica a cargo das mulheres a sutil dança com os ciclos do mundo. Lembro de minha mãe olhando para o céu e dizendo para mim: leva guarda-chuva filho pois vai chover. Ou das panelas areadas brilhando ao sol, refletindo sua luz nas paredes da casa. De intuir a hora em que meu irmão caçula dormia e acordava antes mesmo dele o fazê-lo. E aqui falo apenas de uma família que reside no meio urbano. 



Há os ciclos das nuvens e dos astros para as pessoas que dependem dos frutos da terra, onde saber essas coisas é a diferença entre a fartura e a fome.

Penso o quanto nossa vida se distanciou dos ciclos quando inventamos a luz elétrica ou a água encanada no mundo ocidental. A gente aperta um botão e as coisas acontecem como mágica. Mas é um mistério bem explicado, calculado e com sérios custos. Cada vez que fazemos tais coisas imprimimos uma digital no mundo. Gostaria de falar diferente, que o aquecimento global não é de nossa responsabilidade. Que o que acontece com o gelo ártico, tão longe de nós, não tem nada a ver com a gente e que podemos levar nossa vida despreocupadamente. Mas não é bem assim.

E mesmo que assim o fosse, não explicaria ações nulas em nível local, como separação de material reciclável limpo para catadores de bairro, por exemplo. Ou, com o espaço adequado, uso de material orgânico na compostagem.





Culpa ou "responsa"?

Responsabilidade, lógico! A culpa pressupõe que somos crianças diante das coisas, que não temos controle sobre nossos atos e que agimos por impulsos incontroláveis. Inverdades.
Exceto em casos patológicos, somos sabedores de nossos atos a cada passo da Caminhada. Atribuir a outros nossas faltas, ou autojulgarmos incapazes de uma ação consciente é enganar a si e a os que lucram com esta insensatez!

Claro que não peço mortificações e sacrifícios no sentido de colocar em risco saúde ou bem-estar. Mas a separação entre o sadio e o supérfluo deve ser feita. Se não por questões ecológicas, ao menos pelas econômicas. E quando se mexe com o bolso as pessoas se movem, não? Rs!

Saúde, amizade, liberdade.


Sergio Thot

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