Olá, como vão tod@s?
Ig. N. Sª do Rosário - Ouro Preto |
No mês de maio tive contato com o Barroco mineiro através das obras expressas nas igrejas de Ouro Preto, em Minas Gerais. Pela primeira vez me aproximei de algumas obras que só via em livros didáticos da infância ou em fotos. E digo a vocês, parafraseando Belchior, que ao vivo é muito melhor! Rs!
É difícil separar o movimento artístico da religiosidade pois a Arte, queira os artístas ou não, é também uma forma de expressão de sua época e com o Barroco não foi diferente (detalhes AQUI). Nascido em um momento de cisão dos cristãos europeus, entre outras causas, seu principal pensamento era evidenciar a divisão entre os mundos material e espiritual e mostrando é claro as vantagens deste último. E nada melhor para evidenciar tais vantagens que usar as imagens da morte.
A Morte Lhe Cai Bem
A Europa na Era do Barroco tinha muitas dificuldades: convulsões políticas, econômicas e sociais, doenças e guerras ceifando vidas jovens. Numa situação onde o poder constituído precisa instaurar e manter a ordem, nada melhor que o terror e a chantagem.
Mas é preciso ser sutil com as massas, afinal, como diz a nossa Constituição, todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. Isso vale para qualquer nação. Para melhor dominar esta massa, (ou seja, você) é preciso dominar seu coração, seus anseios e medos porque assim é mais barato. Quem domina se coração, te domina. E para propagar sentimentos e sensações de maneira rápida para uma multidão de analfabetos as artes são sem-igual.
Mas é preciso ser sutil com as massas, afinal, como diz a nossa Constituição, todo poder emana do povo e em seu nome é exercido. Isso vale para qualquer nação. Para melhor dominar esta massa, (ou seja, você) é preciso dominar seu coração, seus anseios e medos porque assim é mais barato. Quem domina se coração, te domina. E para propagar sentimentos e sensações de maneira rápida para uma multidão de analfabetos as artes são sem-igual.
Arte de Pieter Claesz |
Vanitas
Tendo a morte e a danação eterna como aliadas, bastava apenas apontar as opções: a virtude ou o vício. Os artistas chamam esta dicotomia de Vanitas (detalhes AQUI), onde em uma obra é expresso o pensamento que entitula este texto:
A vida é curta. A morte, certa.
Vi estas referências na maioria das igrejas de Ouro Preto. E não é para menos, já que a cidade se firmava em um dos veios auríferos mais ricos da nação. Em um meio assim a guerra entre o vício e a virtude eram evidentes. Mas como estava expresso em uma das igrejas visitadas, bem na entrada e pintada no teto "In hoc signo vinces", ou "sob este sinal, vencerás".
Samhain
Andei muito pela cidade velha com estes pensamentos na cabeça, principalmente porque a sombra do Samhain ainda pairava sobre o mundo. Olhando para as lápides dos diversos pequenos cemitérios das cidades, vendo as datas de nascimento e morte das pessoas, imaginei que tipo de de vida tiveram.
Foi quando lembrei de Sêneca, em determinado momento do percurso, que afirmava:
"A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas. Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se esvai".
A arte vanitas diz "lembre-se que morrerás". Já o filósofo romano afirma "lembre-se de viver".
Confrontando estes dois pensamentos me surgiu então um terceiro: a vida pode ser curta ou longa, depende daquilo que fazemos e de nossa percepção dela. Observando a vida hoje acredito que é melhor lutar a favor da vida que contra a morte. Acredito que o inferno e o paraíso podem ser no aqui-e-agora. Acredito que se eu vier para este mundo novamente quero achar um lugar melhor que o deixado quando habita um corpo anterior. Sim, quero criar o paraíso hoje!
Deve ser por isso que a imagem de pessoas arrebanhadas marchando para o paraíso não me agrade. Nunca fui muito de ter pastor. Se o Divino chegar para por ordem na casa, quero ter a alegria de dizer que já fizemos nosso dever e que a Humanidade finalmente pode resolver seus problemas.
Princípio Positivo
Deve ser por isso que a imagem de pessoas arrebanhadas marchando para o paraíso não me agrade. Nunca fui muito de ter pastor. Se o Divino chegar para por ordem na casa, quero ter a alegria de dizer que já fizemos nosso dever e que a Humanidade finalmente pode resolver seus problemas.
Princípio Positivo
A declaração que fotografei e postei ao lado, somado ao pensamento do filósofo, indicam que já que estamos vivos, façamos nosso melhor.
Declaração em um dos muros da cidade. |
Confira AQUI.
Será este um pensamento falho? Minha vida dirá quando chegar o final da caminhada.
Ate lá, viver e não ter a vergonha de ser feliz, ainda que o inverno perdure.
Saúde, amizade, liberdade.
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