Olá à tod@s
Peço que assistam com cuidado o vídeo abaixo. Entenda o porquê da controvérsia envolvendo este deputado federal pelo Partido "Progressista" lendo AQUI. Observem o ódio embutido, escondido atrás do terno e da gravata do "cidadão de bem". São sempre "gente de bem", né? Sempre pregando pela família e os valores morais.
Curioso. O estopim da ditadura no Brasil começou com uma Marcha pela Família (Leia + AQUI). Gente marchando sempre me dá medo. Ninguém dança. Todos marcham.
Percebe-se que não existe qualquer argumentação nos gritos emitidos por este ser. Ele apenas vocifera e tenta ganhar no grito, assim como um dia ele ganhou já discussão com arma na mão. Segue o perfil do ser AQUI. Só há ódio em seu "discurso", e desinformação. Triste é que ele foi eleito diversas vezes e ajuda eleger outros que possuem o mesmo perfil, com votos de milhares de "bolsonarinhos" espalhados por este país, talvez os mesmos eleitores que votaram no Tiririca.
O perfil deste ser é o mesmo de outros perseguidores em todas as épocas. Hoje estão na tribuna democrática porque lhes é muito conveniente, mas em outros tempos, habitam os porões, masmorras e florestas de todas as terras e todas as épocas, onde somente sua vociferação era ouvida, acusatória. E qualquer um que esboçasse a mínima defesa a favor da vítima ou do processo era com ela sacrificada.
A democracia representativa brasileira, que não é das melhores mas é nossa, gozada por aqueles que hoje tem 25 anos ou menos, não foi gratuita. Foi vencida na luta contra seres deste naipe que, durante várias gerações, tem tentado ditar suas ordens através da violência ou de fato, ou de palavras.
"A acusada era conhecida por tomar banho"
Recado aos que acreditam na educação, no diálogo e nos direitos civis: existem muitos "bolsonarinhos" por aí. São quase invisíveis, aparecendo apenas em atos esporádicos de violência física ou verbal. Esses dão mais medo. Se o Bolsonaro é a voz, os bolsonarinhos são os braços.
Fala-se que Hitler matou tantos judeus. Na verdade milhares de alemães mais ou menos anônimos fizeram isso. São destes tentáculos que tenho medo.
Não é jogando ovos em um politico que serão vencidos. O político é um representante de um pensamento coletivo, uma hidra com tantas cabeças que, para ser vencida deve-se conquistar corações e mentes em todas as frentes, em cada vez que a ignorância se manifesta: na fila do mercado, no ônibus, na rua, no cinema, em casa.
Quero dividir com vocês os pensamentos surgidos de um evento triste ocorrido esta semana com a Consorte. Voltando do trabalho, num dia quente de Beltane, em pé no ônibus, um cidadão se oferece para segurar-lhe a bolsa. O que não sabia é que minutos atrás ela havia se tornado mais um alvo numa cidade de vítimas. Quando entrou no ônibus e guardou seu aparelho em um compartimento da bolsa, a ação foi marcada pelo meliante, o mesmo que se ofereceu para segurar a bolsa e cobrila distcretamente com uma revista enquanto sorrateiramente abria o bolsinho lateral.
A questão não é o valor do aparelho, que era baratinho, mas a audácia, cara de pau, e a sensação de vácuo que fica nessas horas. Pois fica. Depois vem o ódio e a desconfiança.
Invasores
Quando pequeno fui ensinado a desconfiar das pessoas. Ao atingir a adolescência resolvi matar isso em mim e me jogar mais no mundo. Não que não tema, mas isso faz com que me relacione facilmente com os outros sem desconfiar que qualquer desconhecido seja um marginal em potencial. Adquiri com o tempo e experiência uma certa fé na humanidade, por saber que as pessoas são... apenas pessoas. Que existem os essencialmente bons, os essencialmente maus, mas que ambos os grupos são formados por um número pequeno de indivíduos. O restante, como você e eu, é bom o mau conforme a oportunidade, como diria Erich Fromm.
Quando esta oportunidade não existe, o crime e a violência são desnecessárias, conforme nos aponta Rachel Pollack em seu livro O Corpo da Deusa (que não canso de citar, rs!) quando fala das antigas sociedades aparentemente pacíficas.
Deidade encontrada em Çatal Hüyük
"A cidade neolítica de escavada próximo à Çatal Hüyük, em Anatólia, na Turquia (em geral chamada simplesmente de Çatal Hüyük), é uma das cidades mais antigas do mundo, datando de 7250-6150 a.C. O arqueólogo James Mellaart encontrou 800 anos de habitação contínua. Nem uma vez o registro arqueológico mostra sinais de um saque ou de um massacre. Nenhum em 800 anos".
Uma corrente de historiados e arqueólogos, como Marija Gimbutas, acredita que uma sociedade femeo-centrada tenha existido na região que conhecemos hoje como Oriente Médio, estendendo-se até a Europa Oriental, e que era essencialmente pacífica e agrícola, sendo submetida por povos indo-europeus vindo do leste. Esta ideia é chamada de Hipótese Kurgan.
"Gimbutas acreditava que as expansões da cultura Kurgan foram uma série de invasões essencialmente militares e hostis, onde uma nova cultura guerreira se impôs sobre as culturas pacíficas e matriarcais da "Europa Antiga", substituindo-as por uma sociedade guerreira patriarcal, um processo visível no surgimento de povoações fortificadas e nos túmulos de líderes guerreiros."
Então temos o caipira cuidando de sua terra e plantação tendo que, do dia para a noite, defende-la do ataque de grupos empenhados em consumir o suor de seu rosto. Devemos lembrar que uma parte considerável da história humana baseia-se no resultado direto do campo, numa vida em que as reservas alimentares não duravam muito. Saber quando plantar e quando colher era questão de vida ou morte para populações inteiras. Saiba mais sobre os invasores indo-europeus AQUI.
A Ocasião Faz o Ladrão
Voltando ao assunto, acreditamos que o meliante era apenas uma pessoa comum que viu a oportunidade e aproveitou, por conta de uma baixa de seus conceitos éticos e morais e da oportunidade que se apresentou, tentadora. Temos momentos assim, acredito, onde o pior de nós aflora mas que não aquilo que somos essencialmente.
Ou então este pensamento é meu lado Pollyana falando, rs!
Crendo nisto, vivo a vida de modo a não criar tais oportunidades para que as ações ruins não nasçam na mente e coração das pessoas, e penso que todos devamos fazer o mesmo, seja em nível individual ou social. E que também devemos nos preparar psico e fisicamente para situações onde se exige que entremos em conflito com o outro na busca de nossa segurança e de quem queremos bem.
Estas são coisas a se pensar com profundidade na realidade em que vivemos.
Os que tem a idade de 20 anos ou um pouco mais talvez não lembrem do período em que o Brasil e muitos países da América Latina recebiam visitas das comissões do FMI, vindas para sugerir (impor) restrições ao modo com que conduzíamos a política econômica, para o desespero da oposição da época. Greves, manifestações de quebra-quebra nas ruas, braço de ferro no Parlamento. Aquela situação me lembrava um evento vivido nas brumas do tempo pelo povo grego nas mãos de Procusto, o gigante.
A Cama de Procusto
Procusto era um cara legal, que só tinha o problema de matar as pessoas por diversão sádica. Aproveitando-se de sua força, ele obrigava viajantes incautos que passavam em suas terras a visitarem sua casa e deitarem na cama que ele preparava especialmente para a ocasião. Até aí nada de mais, só que se sobrasse alguma parte do corpo do visitante para fora, ele cortava. E se, ao contrário disso, o corpo do viajante fosse pequeno e sobrasse espaço neste literal leito de morte, ele esticava-lhe os membros até arranca-los. Era dura a vida em Elêusis. Leia + AQUI.
Se correr o bicho pega?
A crise na Europa protagonizada pela atual Grécia e as regras impostas pela União Europeia e FMI me lembaram esse episódio. Parece que o povo grego está deitado na cama de Procusto, onde as contas nunca fecham. Desejo sorte e discernimento na terra de Homero. Leia + AQUI.
E a nós também, porque não!? Nossas vidas também são cheias destas situações insólitas onde se correr o bicho pega. Em troca de alguma segurança e conforto nos submetemos a provas que chegam no limite de nossas forças, muitas vezes por motivos que escapam da razão lógica, onde vamos colher alguma coisas, mas a nossa produção é endereçada mais para os outros do que para nós mesmos.
Se correr o bicho pega? Então se ficarmos a gente luta, combinado?