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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DEUSES & MADONAS




Olá à tod@s!

Tive o prazer de visitar o MASP (Museu de Arte de São Paulo) nesta semana. O fato é que fazia um curso de uma semana em Congonhas referente ao meu atual emprego na aviação civil e este termina no final da tarde, quando tem chovido diluvianamente na capital paulista. Some este fato à hora do rush na cidade que tem a maior frota de carros do país, e que querem sair todos da garagem ao mesmo tempo! Ninguém merece ficar em busão fechado, em pé, ouvindo funk daquela molecada que não compra fone de ouvido, e com janelas fechadas por conta da chuva que cai lá fora! Então decidi dar um tempo pra cabeça e adquirir cultura nessas horas críticas.

Peguei o metrô e parti para a Avenida Paulista, uma das "praias" paulistanas, título dividido com o Parque do Ibirapuera. As primeiras gotas já caíam pesadas enquanto o céu adquiria vários tons de cinza quando atravessei o Vão Livre do museu. Ingresso na mão, carpe diem!

Dispensa dizer que é gratificante contatar obras que até então só via através de reproduções. Digam o que quiserem, mas ao vivo é muito melhor, como conta Belchior. Destaque para as exposições Deuses & Madonas. Uma coletânea interessante de representações da Virgem Cristã sobre a ótica de diversos artistas, além de pinturas enaltecendo temas pagãos. Destaque para a obra de Nicolas Poussin, “Himeneu Travestido Assistindo uma Dança em Honra a Príapo”, que está acima.


Segundo os Antigos, Himineu vestiu-se de mulher para espionar sua noiva que participava das festividades ao Deus Príapo. Suponho que o quadro retrata o momento exato em que ele participa das festividades, quando cai diante da estátua do Deus. Digo isso porque é a única pessoa que não está dançando na imagem, rs!

Aliás, a disfunção chamada priapismo nasceu do nome Dele, o que considero ofensivo pois este Deus não era um ser doente. Ter esta ereção enorme é que faz dele o Deus da fertilidade. Mas a nossa cultura, que teme o sexo mais que a violência, tratou de domesticar seus atributos.


Sobre o Culto ao Pênis na Antiguidade, leia o texto introdutório no Conselho de Bruxaria Tradicional, clicando AQUI.

Saibam que o MASP restaurou a pintura após a castração de Príapo feita pelos espanhóis católicos que tremeram diante da visão de ereção tão potente. O quadro fora adquirido em 1953 mas só recentemente pode ser visto em toda a sua glória.

Vou colocar o antes, o depois e não me venham com moralismos caducos, hein? Se tá no museu pode vir para o blog também. E aqui o link da notícia sobre a restauração.

Recomendo a visita.

Serviço:
Av. Paulista, 1.578, 3251-5644, metrô Trianon-MASP.
Das 11h/18h (5ª, 11h/20h; fecha 2ª).
R$15,00

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

YES, WE CAN!

Olá a tod@s.

É o fim da agonia política no Egito após a renúncia do ditador-faraó Mubarak que ficara 30 anos poder cumprindo seu dever cívico, que era juntar em contas no exterior uma quantia equivalente à  R$50 bilhões, em estimativas modestas. Mas, como dito no texto "Rei Morto, Rei Posto", um líder pode subir ao poder nos braços do povo mas só fica lá com apoio das baionetas. Sem o exército para lhe dar suporte, o maior ditador é apenas um homem megalomaníaco sozinho em uma sala grande. Uma vez retirado o apoio dos militares, não há governante que resista no trono. De certo modo todo poder emana das Forças Armadas e em nome de seu povo é exercido.

Como em todos os países, é justamente o povo que mais sofre as conseqüências de seus governos, principalmente aquelas pessoas que tiram o sustento da terra. Governos mais ou menos ditatoriais  transformam as pessoas em recursos humanos, em estatísticas e estimativas. Sistemas econômicos estatais ou liberais fazem o mesmo, tanto que a maior preocupação das nações era saber se a Bolsa de Valores iria subir ou descer, como ficaria a cotação do barril do petróleo, a administração do Canal de Suez...

Pouco ou nada se falou no estado de emergência vivido pelo povo egípcio fazia 30 anos. É como estar em estado de guerra permanente. O medo é uma importante arma dos governos, sejam eles mais ou menos ditatoriais. Pode-se acostumar a este estilo de vida e achar que "é assim que Deus quer" desde que não se saiba como é o mundo lá fora.


Janela para o Mundo

Queima de livros da Alemanha Nazista
Neste ponto a Internet é para o século XXI o que Gutemberg foi para a sua época. O inventor alemão deu o primeiro passo para a popularização do livro, esta arma contra a estupidez e a barbárie. O conhecimento sempre foi uma arma contra ditadores. Os merlins da Bretanha eram homens perigosos porque seriam o depósito vivo do conhecimento de um povo. A Revolução Cultural chinesa teve como ação icônica a queima de livros proibidos. As bruxas foram para as mesmas fogueiras e até hoje em sua homenagem chamamos nossos livros que contém experiências pessoais dentro da Religião de Livro das Sombras, pois tinham que ficar escondidos. Se hoje os cristãos protestantes até doam bíblias, os primeiros anos após o nascimento da ICAR foram marcados por cultos falados em uma língua desconhecida a maioria das pessoas e em certas fases da história de proibição de tradução para a língua nacional.

No entanto o caminho do compartilhamento de informação só segue adiante, para o bem e para o mal. Pode-se represar um rio por muito tempo, mas não para sempre.Temos acesso hoje a informação de qualidade mas, sem uma linha-mestra, sem objetivo é só entulho. E há o conteúdo que visa somente a diversão vazia, ou deturpada de maiores valores, como um chiclete. Os egípcios souberam fazer bom uso dos  veículos e espero que outros povos façam o mesmo.

Porque nós podemos.

Saúde, amizade e liberdade ao Egito e a todas as nações.


S. Thot


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

TÁ COM CALOR?

É curioso como as pessoas se queixam do calor em todos os verões. Não é natural que as temperaturas subam em um país situado na faixa tropical do planeta? Me surpreenderia se fosse o inverso e as temperaturas chegassem à 17, 15, 10ºC às portas do Carnaval. Aliás seria muito engraçado assistir na tevê os blocos da Bahia saindo com pessoas vestidas em cachecóis, toucas e luvas!

Faz calor em fevereiro do lado de baixo da linha Equador e há pouco que se possa fazer a não ser beber muito líquido, evitar o sol nos períodos de pico do Rei, usar protetor solar e talz. Faz parte da Roda do Ano em nosso país e devemos aproveitar as oportunidades que se apresentam, evitando também os potenciais riscos.

E, pensando melhor, creio que faz parte falar do calor também. Ao menos inicia-se uma conversa através das trivialidades. Creio que só eu quero falar nos Grandes  Temas da Atualidade, kakakakakakaka!


Faetonte

Esse calor me lembra uma história de Faetonte, do filho do Sol, que queria porque queria conduzir o carro do pai pelo céu. Assim aqui como lá, sabemos que isso não dá certo, apesar de todas as recomendações:

"E para que o Céu e a Terra possam receber cada um a quantidade devida de calor, não subas demais, senão incendiarás o as moradas celestes, nem andes muito baixo, para que não ateies fogo à Terra; o meio é o caminho mais seguro e melhor."

O Pai deu as rédeas dos cavalos ao filho inconseqüente e este saiu pelo firmamento. Estranhando a condução vacilante, os animais não respeitaram os comandos de Faetonte e saíram loucos, em disparada. Em seu caminho queimaram florestas e cidades e mesmo os Deuses sofreram com a corrida dos animais sem  controle.

Zeus, vendo que aquilo deveria parar, lançou sobre um carro seu raio e derrubou o condutor. Faetonte precipita-se do céu, em chamas! Imagino isso como a queda de um corpo celeste, um cometa, sobre a terra! CABUM!

Leia mais sobre Faetonte e outros na obra "O Livro de Ouro da Mitologia", de Thomas Bunfinch.



Ilhas de Calor

É claro que é possivel amenizar a situação em médio e longo prazos. Está em andamento em diversos pontos da cidade o projeto Ilhas Verdes, que distribui mudas de árvores nativas da região para a população a fim de reduzir ou mesmo eliminar as ilhas de calor criadas pelo concreto e asfalto.

"O estudo apontou, por meio de um mapa termal, as regiões da cidade que mais concentram ilhas de calor, incluindo os bairros próximos ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, Centro, Cidade Satélite de Cumbica – zona industrial. Mesmo com áreas específicas, a pesquisa demonstrou que o problema afeta todo o município. Desde o início do projeto, a Secretaria do Meio Ambiente plantou mais de 25 mil mudas de árvores em diversos locais da cidade, incluindo cerca de 2 mil mudas próximo a Marginal Baquirivu e 1.200 no Centro. A meta é plantar no mínimo 10 mil mudas por ano."


Fonte: Diário de Guarulhos

Sem o apoio da população, as queixas do calor continuarão. Afinal, não dá para comparar as sombras de um árvore frondosa com a de uma marquise de concreto!

São nestas coisas que penso enquanto vejo os passarinhos cantando nas antenas dos telhado.

Saúde, amizade, liberdade.



segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

ACEITANDO A BENÇÃO



Olá a tod@s. Quero abrir meu coração a vocês a respeito de algo que penso a algum tempo. É sobre as bençãos e como as pessoas as recebem e percebem.

A vida é uma caixinha de Pandora e todos os dias somos expostos as mais diversas situações, algumas boas e outras ruins. São os fatos.
As coisas ruins recebemos no peito, BAM, e a guardamos com carinho. Nããããoooo caro leitor, não é erro de escrita não. Você realmente leu isto! E vou repetir: quando recebemos algo ruim, uma palavra ou gesto, nos abraçamos a ela.

O mesmo não acontece quando recebemos coisas boas. Não nos achamos dignos delas, simplesmente. Ou tentamos achar por debaixo dos elogios ou belos gestos intenções mesquinhas, sarcasmos, ironias. Se dizemos que alguém está bonito, pensa-se "ah, então antes eu estava feio!". Ou se damos algo de valor, reduzimos a questão afirmando "que não precisava se incomodar", que "o presente é caro. Imagine, com tanta gente passando fome no mundo, blá, blá, blá whiskas sachê", quando tudo que se busca é um abraço e um "obrigado". Simplesmente.

Precisa-se estar pronto para receber a benção, saber reconhece-la como tal, abrir-se. Pois quem faz algo de bom também abre o peito, expondo o coração. Os bons precisam de reconhecimento, de feedback. Há uma corrente, uma ligação, uma corrente que une as pessoas e esta ligação pede uma via de mão dupla de sentimentos positivos. Esse outro pode ser uma pessoa ou o Divino. As coisas que fazemos exigem tempo e esforço. Não existe almoço grátis. É assim na natureza e somos parte dela.

Faz-se o bem na esperança de que nosso entorno seja um lugar mais aprazível. Não faz sentido?

Bem, nos aproximamos do Equinócio de Outono, que simboliza as bençãos que recebemos pelo nosso esforço durante todo o ano. Estas bençãos também nos alimentarão durante o período das vacas magras. Estejam prontos para agradecer. Estejam prontos para receber. Acreditem, tudo o que se planta se colhe e se merece.

Saúde, amizade, liberdade.


S. Thot

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BENDITO FRUTO!

Mesmo antes de nascer a vida de Mani estava em risco. Filha da união de sua mãe com o Divino, ela estava sujeita a lei dos homens e esta dizia que mulher grávida é mulher casada com homem. E aonde estava o pai? Não se sabe. A mãe de Mani chora dias e noites sob o olhar severo do pai, jurando que não fora à mata com ninguém da tribo para se deitar na relva e fazer amor. A tribo a despreza ou a evita como se tivesse uma doença contagiosa. Se afastam.

O que a Mãe, nossa Mãe, não sabe é que ela alimentará nações com o fruto de seu ventre que já vem até com nome: Mani. Tal-e-qual Demeter de Outras Terras, ela chorará muito por sua filha mas suas lágrimas serão lembradas para sempre enquanto o sacrifício Dela e de Sua Filha for por nós repassado. É da Casa de Mani que surge a farinha que minha mãe habilmente misturava com carne, legumes, caldo e temperos e comia com gosto. E eu, criança, lutando com o garfo e a faca achava aquela destreza o máximo, rs!

A batata salvou milhões na Europa (sendo que países inteiros dependiam de boas safras, como pode ser visto AQUI) e a mandioca outros milhões na África, onde até hoje é plantada tendo como a Nigéria um de seus maiores produtores.

Mas ainda estamos às portas do Equinócio do Outono e o fruto ainda não está maduro. Sejamos fortes e pacientes como Mani. Que a menina-Deusa nos ensine a suportar os encargos de ser o que somos, apesar de nossas origens! Feliz Lammas.


Ps.:

Vejam como são as coisas. Este texto se inspirou em outro blog, o Círculo de Gaia e agora a corrente segue adiante através do blog do amigo Saulo, o Empório da Bruxaria. Mas nosso amigo mineiro lapidou o pensamento em poesia. Segue um trecho. Aproveitem e leiam no original também, rs!


"Uma nova esperança,
Que a tribo iria receber,
Tão bela criança,
Fruto de um bem querer,

"Da concepção divina,
O cacique duvidava da pureza,
E em seu sonho veio à confirmação,
Tupã, do ato explicou-lhe com clareza."

S. Thot