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sábado, 26 de janeiro de 2008

DA VERDADE




Uma amiga minha, secretária e membro da denominação cristã Testemunhas de Jeová sempre teve problemas com a verdade envolvendo o trabalho. Nos empregos novos, quando seu chefe ainda não sabia de sua condição religiosa, e lhe pedia para dizer que não estava quando recebia uma ligação no escritório, ela apertava o "mute" do aparelho e lhe dizia calmamente: -Então, por favor, saia do escritório! Você ri?

Realmente é engraçado, mas também revela a que ponto chegamos em nossas relações, não? Como ser sempre franco, tipo Tolerância Zero, numa sociedade assim?


É duvidoso, amiga ou amigo leitor, uma vez que a mentira engana a todos, menos àquele que a profere. A não ser que este encontre meios de torna-la fato. E de nós é exigida a mentira o tempo todo, pois a verdade nos empurraria para inadiáveis situações de conflito como o desta moça injustiçada!


Envolvendo a Wicca, a questão ganha outros contornos, pois temos na palavra e na ação nossas bases filosóficas e mágicas. Afinal, como criar um encantamento poderoso se nossas palavras não correspondem aos nossos pensamentos ou atos?


Sermos polidos, porém mentirosos... Sermos honestos, mas sem sutileza... O mundo está preparado para o que somos, verdadeiramente? Talvez o cerne da questão não sejamos nós. Nossa parte está feita. Somos francos e sinceros com nossos próprios sonhos, desejos, necessidades e ideais. Chegamos ao ponto, então, em que seguir o coração é caminhar rumo às fogueiras.

Teremos a mesma coragem que nossos antepassados? Será que Cronos nos dará tempo para ver a Verdade despontar?





domingo, 20 de janeiro de 2008

A Arte de Manejar o Pêndulo


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É difícil falar sobre o pêndulo sem antes comentar um pouco sobre a Radiestesia.

Radiestesia é como chamamos a arte de manejar um pêndulo ou uma vara para descobrir o que está oculto. A Radiestesia consiste em sentir vibrações  através de uma vara bifurcada ou um objeto oscilante pendurado por um fio.
Inicialmente era usada para encontrar água, mas se mostrou muito eficiente para descobrir jazigos de metais preciosos e logo sua técnica se popularizou, sendo que sua utilização se ampliou para diversas áreas. Confira também a visão de Catarina Machioni Spagnol, clicando AQUI.



O Pêndulo


O pêndulo nada mais é do que um objeto suspenso por um cordão, preso pelos dedos indicador e polegar e que, de acordo com a interpretação de suas oscilações, é possível se obter respostas determinadas. Movimentos circulares em sentido horário normalmente significam “SIM” e movimentos em sentido anti-horário “NÃO”.


Muitos objetos podem ser utilizados como pêndulos ou em conjunto com eles: 
  • Peneiras (Crivomancia); 
  • Bíblias (Bibliomancia); 
  • Alianças ou anéis do consulente (Dactilomancia); 
  • Pedras ou chaves (Clidomancia ou Cleifomancia).
Leia aqui uma listagem mais completa.


E atenção: acontece em agosto de 2011 o curso A Divina Arte de Manipular o Pêndulo, por Catarina Spagnol. Entre em contato com ela AQUI.


Hoje temos varias opções, como os modernos e caros pêndulos de cristal, madeira ou metais ocos, mas o objetivo sempre é o mesmo e o modelo ou recurso utilizado pouco influi; o que influi mesmo e a capacidade da pessoa que o maneja, o radiestesista.


A Radiestesia tem informações um tanto quanto desencontradas, apesar de ser uma arte divinatória muito popular. Inicialmente parece um brinquedo bobo, aparentemente simples mas se analisarmos com profundidade, veremos que é algo bastante complicado.


A limitação de respostas afirmativas ou negativas faz com que muitos desistam da Radiestesia e busquem outro tipo de oráculo. Um grande erro, pois a limitação não está nas respostas que o pêndulo dá e sim em quem o maneja. Assim como a Magia, a Radiestesia necessita de tempo, muito estudo e dedicação.


O pêndulo, em sua simplicidade, é tão útil que não existe área na qual ele não possa ser empregado. Com ele é possível detectar doenças, encontrar uma gama de objetos, animais e pessoas, descobrir a verdade, prever o futuro, desvendar o passado entre outros. 


Na “Arte”, o pêndulo é o fiel companheiro do mago, sendo útil tanto no auxilio em substituições rituais ou mesmo como sanador de dúvidas ao escolher um novo membro para o Coven, além de responder perguntas bastante diretas sobre qualquer assunto.



Quem responde através do pêndulo?!


Isso é um mistério! Alguns acreditam que seja o “Fluido Universal”, já conhecido pelos gregos. Outros acreditam no poder extra-sensorial do indivíduo. Há ainda quem diga que “alguém” responde através do pêndulo. Esse “alguém” pode ser um ser desencarnado, um elemental, entidades que habitam planos vizinhos, etc. Os livros teóricos não dão explicações muito satisfatórias e cada qual é livre para tirar suas próprias conclusões.

Muitos autores desaconselham o uso de pêndulos comprados em lojas, por dizerem que objetos fabricados não possuem alma ou carga mágica e que o correto seria que o mago tivesse um pêndulo fabricado para ele ou mesmo o fabricasse. 


Mas convenhamos, fabricar um pêndulo pode ser uma tarefa um tanto quanto difícil, e acredito que quando compramos algo ele passa a fazer parte de nós, e um bom ritual de limpeza e consagração o tornará pessoal e com muito poder. Mais uma vez cabe a você decidir se prefere comprar um pêndulo ou fazê-lo. É o seu livre arbítrio!


Só desaconselho o uso de alianças, pois elas já foram consagradas para um devido fim, exceto aquelas compradas "virgens". Atenção também com coisas de procedência misteriosa (ex: jóias antigas), pois podem ter sido consagradas para algum fim, não terem boas energias ou até mesmo serem habitadas.



Limpeza do Pêndulo


Fabricado para (ou por) você ou não, o pêndulo deve ser limpo antes de ser consagrado para depois ser utilizado, afinal deve ter um monte de energias grudadas nele...


Existe uma infinidade de rituais, alguns bastante simples, outros que exigem muitas coisas e são mais complexos, mas o importante é limpá-lo fisicamente e energeticamente.


Uma técnica simples para aqueles feitos em cristal é o mergulho em água salgada . Uma opção é usar um pano limpo, e de preferência exclusivo para isso, embebido com água salgada.


Outras formas são a defumação com incenso, exposição à chuva ou água corrente. Se seu pêndulo for sensível aos elementos, como metal ou madeira, o uso do tecido umidificado é bem eficaz!



Consagração do pêndulo


É comum consagrarmos nossos objetos mágicos, e o pêndulo não foge à regra. A consagração além de deixá-lo ainda mais poderoso poderá impedir que diga mentiras ou mesmo seja habitado por forças indesejáveis.


Caso tenha um altar, crie um ritual específico para este fim, ou banhei-o sob a luz da Lua Cheia. Um ritual detalhado é encontrável no texto Consagrando Objetos Mágicos.



Aprendendo a utilizar seu pêndulo.


Depois de limpo e consagrado está na hora de começar a treinar o seu pêndulo. Se bem que quem é treinado é VOCÊ a compreender a linguagem que lhe é transmitida. A primeira coisa que se deve fazer é estabelecer o que é o “SIM” e o “NÃO”, depois deve-se começar os treinos. Gosto de pensar que o pêndulo está inerte e que é o Universo que balança ao seu redor.


Existem exercícios simples que podem ser feitos (como encontrar objetos escondidos em uma sala). Vá aumentando a dificuldade dos exercícios até quando você sentir que seu pêndulo já está apto a responder suas perguntas com certeza.


É muito importante ter a mente vazia para não influenciar o pêndulo na hora em que for utilizá-lo. Exercícios de relaxamento e meditação são aconselhados antes da prática da Radiestesia.


Pode-se usar ferramentas complementares ao pêndulo, como o tarot por exemplo, mas em mãos habilidosas e mentes afiadas, o uso do pêndulo favorece grandemente seu usuário.



Mão passiva e mão dominante.


Muitas pessoas têm duvidas a respeito de com qual mão devem manusear o pêndulo. O certo é utilizar sua mão dominante, que é a mão que você utiliza mais: a mão com a qual escrevemos. No caso de Ambidestros, use a que você tem menos dificuldade ou aquela que você escreve melhor.


A mão passiva é a outra, e ela é usada como receptora de energia.



Movimentos do pêndulo.


Você já deve ter notado que o pêndulo faz outros movimentos além dos circulares. Segue agora uma pequena descrição e possíveis interpretações desses movimentos.
  • Reto, horizontal: ligação, harmonia, sintonia;
  • Reto, vertical: separação, desarmonia, falta de sintonia;
  • Oscilações com vários sentidos: pergunta mal formulada;
  • Parado: falta de sintonia. Tente perguntar em outro lugar, o pêndulo pode ainda não estar bem treinado ou em duvida.




Conclusão



A Radiestesia, como já foi dito, requer estudo e dedicação. Não é necessário nascer dotado de algum poder especial, o mais importante é formular bem as perguntas para se alcançar um bom resultado. Lembre-se: dá respostas positivas ou negativas. Sim ou não. O pêndulo sempre fala a verdade. Cabe a você estar preparado para "ouvi-la" e interpreta-la.


Faça perguntas claras e objetivas respeitando o “SIM” e o “NÃO”. No começo talvez ele não reaja como o esperado, mas não desista. Com sabedoria e paciência, o pêndulo será seu aliado para todas as horas. Treino é tudo.

O número de perguntas a se fazer ao pêndulo é ilimitado, mas recomenda-se sabedoria nestas horas. Perguntar coisas óbvias é perda de tempo para agir sobre o problema. Peça ajuda somente quando precisar.

Lembre-se que prever o futuro com o pêndulo é relativamente fácil. Difícil é saber realmente o que fazer com esta informação e saber que ela possui um prazo de validade. Pois o futuro não é imutável.

Akhesa d’Rhiannon.

Leia também:

sábado, 19 de janeiro de 2008

DA CONFECÇÃO DE ENCANTAMENTOS





Magia sf. 1. Arte ou ciência oculta com que se pretende produzir efeitos e fenômenos contrários às leis naturais.



Não concordo com parte da afirmação acima, no tocante a antinaturalidade da Magia, ao menos não em termos wiccanos. Somos interligados ao natural, portanto, a magia faz parte de algo natural. Usamos os instrumentos que temos à mão, incluindo a voz.

Encantar é usar a voz como veículo da magia. As palavras, escritas ou ditas, possuem poder. É este poder, o de vocalizar aquilo que se pensa e sente é que dá ao encantamento o impulso. Melhor se rimado ou cantado.

Isto serve para despertar algo inato em nossos corações.

Eu tava dormindo

A Deusa me chamou

Eu tava dormindo

A Deusa me chamou

Disse levanta povo

O Inverno já passou

A letra precisa relacionar-se ao pedido. Ou seja, se você não sabe criar, terá de adaptar algo que já exista, o que não é o fim do mundo. Há muitos textos pagãos só esperando para se transformarem em canções. Musica-las revela tarefa árdua e estimulante! Ela mexe com nossa sensibilidade.

Há uma miríade de sons na música popular brasileira que remetem ao paganismo. Grupos como Mawaca ou Sagrado Coração da Terra fazem composições quase que sob medida.

Olha isso então, da Clara Nunes:

O mar serenou

quando ela pisou

na areia

Quem canta à beira

do mar

é sereia!

Imaginem convidar o elemento Água com uma música assim, que é parte de nossa cultura? No Semente Sagrada, uma pessoa muito especial e verdadeira mestra na musicalização das poesias pagãs é nossa irmã Cibele.

Ouçam esta música do Baden Powell, e vejam as sereias cantando nas pedras de Fernando de Noronha, atraindo os marinheiros para o seu abraço.

domingo, 13 de janeiro de 2008

DA LIBERDADE





O que é liberdade? Todos a desejam, e os comerciais de tevê nos prometem todas as formas possíveis de libertação, assim como as grandes religiões e todas as formas de governo inventadas pela espécie humana. Mas o que ela realmente significa?

Liberdade é a capacidade efetiva de satisfazer nossas necessidades. Vou repetir o que escrevi e quero que preste atenção:

Liberdade é a capacidade efetiva de satisfazer nossas necessidades. Isso é tão importante que mereceu até grifar as palavras-chave!

Quanto mais necessidades satisfazemos, mais livres somos. E do que necessitamos?

Segundo Abraham Maslow, nossas necessidades podem ser organizadas de forma hierárquica visando assim a auto-realização. Chamam esta teoria de hierarquia de necessidades.

Então libertador, estendendo o significado, é tudo aquilo que nos capacita a realizar nossas necessidades afim de nos auto realizarmos. Parece bom, não?

E já que somos livres para realizar nossos anseios mais profundos, temos que descobrir quais são eles, afinal. Isto pede que nos ergamos de nossa condição de nada-ser.


O Nada

O nada é aquilo que não existia antes de tomarmos consciência de sua existência. "No princípio era o nada", lembra disso? Para que possamos dar um olhar para o "todo" em nossa volta temos que olhar primeiro para nós, nos reconhecermos como sujeitos, observadores, seres pensantes e atuantes. A partir disso podemos olhar o outro e dizer "Eu Sou"


Olhar

Projetos em escolas públicas tem como objetivo despertar o olhar das crianças sobre seu cotidiano e as coisas que a rodeavam. Para isto usaram de um conceito da ótica, uma lata e filme fotográfico. Chamado de Lata Mágica, em Recife, devolveu o olhar a quem estava cego para as coisas.

Com a liberdade é igual, pois somos levados a não mais seguir amorficamente a correnteza, mas nos erguemos dela e fazer discriminações, separações, escolhas. A liberdade, paradoxalmente, nos prende ao regime das escolhas. Decidir significa não ter mais o poder de não decidir mais.

É... bem complexo.


Quanto a nós

Acredite quando eu digo que isto também se aplica a nós. Na nossa vida diária somos sempre convocados a dar nossa opinião ou apoio as mais diversas questões. Deixamos de ser observadores amórficos e somos colocados sob os holofotes, com todos os olhares voltados para nós. Quando isto acontecer, é melhor estar preparado para dar sua opinião e sua participação.

Saúde, amizade, liberdade.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

DO AMOR





Não é raro encontrar nas comunidades do Orkut pedidos para criação de Feitiços & Encantos com finalidades amorosas. São pessoas que ainda não tiveram o fruto de sua paixão nas mãos, ou estes bateu asas e voou devido um vacilo. Gente que afirma vender a alma para ter seu amor novamente, a ponto de sacrificar o livre-arbítrio do par em nome do amor.

Você faria, diante destes fatos, um feitiço de amor para esta pessoa?

 

Gaiola dourada
Você lerá isto de muitos pagãos e pagãs responsáveis, mas me encontro na obrigação de dizê-lo assim mesmo.

De minha parte a resposta é não. Sabe porque?

Apesar do solicitante não pensar na liberdade do outro,  eu penso. E creio que a "vítima" também. Se somos incapazes de deixar alguém livre, o que se busca não é amor, mas posse do corpo. Controlar seus passos, o que diz e a quem diz. Posse é não levar em conta os sentimentos do outro na tentativa de escraviza-lo.

As palavras de amor são doces, mas os pensamentos e atos atrás de algumas delas...


 

Você ama?
Ame a quem te ama! Não perca seu tempo e, sobretudo, não envolva sua liberdade nisso. Ao aprisionar alguém, a gente também se aprisiona. Porque todo prisioneiro precisa de um guarda para sua cela. A criação de um ato mágico é algo muito complexo. Pois enrola-se também nesta teia outras pessoas que não tem nada a ver com o peixe. São aquelas que, sensibilizadas com sua lamúria condição, lhe transmitirão seus conhecimentos sobre Encantos & Magias.

É muita responsabilidade!

 

E, por falar nisso
Nosso culto tem entre suas Palavras Sagradas que "somos livres em nossos rituais". E, acredito, esta liberdade deva se estender a outros aspectos de nossa vida: trabalho, escola, vida a dois, família.

Deduzo ainda que alguém que faça tal pedido não seja pagão, não só pelos motivos expostos acima, mas por ser também é incapaz de criar um ritual simples. Que pagão não sabe elaborar um ato mágico?

Quem ama, liberta
Se ele/ela se foi, talvez não tenha sido a opressão o motivo que levou seu par embora? Quem gosta de viver numa prisão dourada? Mesmo com beleza, barras são sempre barras.

Quem ama deve libertar. E, se depois de liberto seu par voltar, isto é amor de verdade. 



Saúde, amizade, liberdade.

Sergio Thot.





terça-feira, 8 de janeiro de 2008

DA CORAGEM




Enquanto aguardava minha vez no consultório do otorrino, lia uma destas revistas de variedades e um assunto me chamou a atenção. Urbanistas da cidade de São Paulo, em conjunto com especialistas da polícia, concordam que os muros altos das residências são ineficazes na questão de manutenção da segurança.


Isto porque ocultam a visão do interior para a rua, impedindo que os moradores observem a movimentação nas portas de suas casas. Algo como "se não vejo, não me atinge".

Uma vez dentro da residência, os invasores ficam acobertados dias pelos mesmos muros dos olhares da vizinhança, vigilância particular e ronda policial. Ao invés de constituirem uma fortaleza, fazem da casa uma prisão.

Fortaleza
O medo faz isto conosco: nos tranca cada vez mais dentro de nós mesmos. Fazemos camadas e camadas de couraças protetoras contra as intervenções de fora com medo de que o outro, este desconhecido, nos agrida.

Lógico que exposição gratuita não é adequada em muitas situações. Somos senhores e senhoras de nossa própria imagem, e da imagem que projetamos nos outros até certa medida. Para tudo há hora e lugar.

Sun Tzu, estrategista chinês, afirma em seus textos que as fortalezas costumam selar os destinos de seus exércitos. Que tal edifício pode tornar um castelo em prisão se decisões vitais não são tomadas. Que a luta deve ser evitada, mas se é para lutar que se vá preparado, leve e em campo aberto.

Então escolha bem seu momento!

No oculto
Se tomarmos em conta os fóruns do Orkut veremos que boa parte dos postadores tem algum tipo de receio, ou mesmo medo:

*medo de feitiços dos outros
*de olho gordo
*de que os pais descubram
*medo da volta da Inquisição

Não duvido até que os wiccanos cristãos - uma curiosa Tradição, temos que admitir - sejam apenas pessoas que não querem perder seu pedacinho do paraíso acaso venha o Messias. Mas estes aí ficam no meio do caminho, nem bons cristãos, nem bons pagãos.


Wiccanos gardnerianos costumam realizar seus rituais "vestidos de céu". Sem Perfeito Amor e Perfeita Confiança, o sentido original desta prática se perde. É preciso fé e coragem para viver, para realizar qualquer coisa.

Praticar a Religião é um ato de entrega e não é à toa que falamos de fé. Nada de filosofia de vida, esta coisa indefinível que não compromete ninguém. Sem entrega, sem esta leveza na alma, não há culto, não há religião.
Irmãos, é preciso coragem!


Sergio Thot.


Ps.: este post é de 2008, mas o tema é atemporal. Logo sempre que a oportunidade surge, colocarei aqui exemplos de coragem além da conta.


Patricia Acioli, Juíza Linha Dura


"De acordo com fontes da polícia, nos últimos dez anos a juíza (Patricia Acioli) foi responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a milícias e a grupos de extermínio.
Em setembro do ano passado, seis suspeitos, ente eles quatro policiais militares, foram presos. Segundo as investigações, todos faziam parte de um grupo envolvido no assassinato de 11 pessoas em São Gonçalo. A juíza Patricia Acioli foi quem expediu os mandados de prisão." Fonte: G1.



Nota da casa: os parentes das vítimas exigem do governo do estado a apuração dos fatos para que o crime seja investigado à fundo. Mas investigar crimes não é dever do Estado?






terça-feira, 1 de janeiro de 2008

DO CALENDÁRIO


Este é o primeiro dia do ano-novo, um dois mil e oito novinho para fazermos o que quiser. Mas (e sempre tem um mas...), em qual calendário?

Porque temos os calendários judeu, muçulmano, chinês, juliano, gregoriano, asteca... Tem para todos os gostos. Ah, e temos também o nosso, que combina elementos solares e lunares.

Mas, e aí? De onde vem o calendário?

Origens
A medida que o ser humano emergia para o ser consciente, sua percepção o fez se intrigar com os fenômenos naturais a sua volta. Os seres nasciam e se degradavam, modificavam-se diante de nós. No alto, discos brilhantes apareciam e sumiam.
E estes eventos podiam ser acessados em sua memória, mesmo que sua presença física tenha passado.

Este acesso permitiu aos nossos antepassados descobrirem que certas coisas eram aleatórias e outras não. E o que não é aleatório possuía um ciclo, uma freqüência. Se antes ele vivia o tempo presente, agora ele poderia prever, com alguma certeza, eventos futuros. Tudo que tem um ciclo pode ser medido.

Parece pouco saber a que horas o sol nasce, mas se você pensou assim não descobriu ainda a essência da Wicca, que é maravilhar-se com as supostas pequenas coisas. Há 100.000, 200.000 anos atrás a descoberta do Pensamento e da Memória foi fundamental para que tenhamos o conforto do qual desfrutamos hoje.

A percepção do ciclo pode ter começado pequena, no cotidiano, com o mais óbvio, mais evidente ciclo conhecido que é o nascer do sol. Quantas luas cheias são necessárias para se ver nascer uma criança ou um bezerro. Depois disso passamos para pássaros e insetos que cantam em certos momentos do dia ou mudanças de vento. Nossa percepção então vai em um crescendo, reconhecendo ciclos maiores como menstruação, florescimento dos vegetais, cheias de rios, idas e vindas de bandos e manadas.

Ao mesmo tempo, pequenos ajuntamentos familiares crescem para aldeias e vilas, e toma-se conhecimento de outras localidades mais distantes. Troca-se produtos e idéias. As viagens são mais longas, os plantios e rebanhos são maiores e complexos. É preciso pensar em longo prazo e criar uma ferramenta capaz de identificar e medir este ciclo.
Se antes nossas tarefas eram medidas ao passo dos dias, com a complexidade de nossas tarefas é preciso pensar em intervalos cada vez maiores. É necessário também que esta ferramenta seja acessível, facilmente reconhecido e de maneira universal. Nasce o conceito do calendário.

Irmão Sol, Irmã Lua
Os principais calendários foram os solares e lunares, cuja combinação nem sempre exata é usada até hoje. Presume-se que o primeiro a ser usado fora o lunar, pois seu ciclo mais curto e a ausência de ferramentas para sua medição o torna mais prático. Seu período é de um mês lunar (a palavra mês tem sua origem primordial na palavra lua). Uma característica básica dos calendários lunares é o fato do dia seguinte iniciar-se ao por-do-sol, como o hebraico.

Mas a base econômica das populações era a agricultura, que exigia períodos maiores de tempo e conhecimento das épocas de plantio e colheita através da marcação das estações. Provavelmente por estes e outros motivos o calendário solar foi criado.

Isto pediu um nível intelectual mais avançado, pois a fase da Lua é facilmente reconhecível para o observador. A medição e observação solar, porém, pedia instrumentos e conhecimentos mais abstratos.

A verdade está lá fora
Se você, caro leitor, amiga leitora, observar bem o nascer e por do sol durante o ano perceberá que, apesar dele nascer no leste e se por no oeste, isto não acontece sempre nos mesmos pontos o ano inteiro. O sol faz um movimento aparente no horizonte neste período. No nosso hemisfério, este movimento o faz movimentar-se para o sul. Quando ele chega o mais próximo possível do sul, diminuindo assim a incidência de raios solares sobre nosso hemisfério, o tempo esfria e temos o Solstício de Inverno.

O problema é que é difícil e não recomendável olhar para o sol para o sol para medir este posicionamento. Mas veja só que sacada! O movimento da luz é imitada pela sombra. Então uma das possíveis primeiras ferramentas para medir as estações (e, posteriormente, as horas) foram pedras ou toras de madeira estrategicamente colocadas no solo para que, quando a sombra de uma passasse sobre a outra, marcasse o solstício.

Supõe-se ainda que os portadores destes conhecimentos fossem vistos com reverência que hoje chamaríamos de religiosa. Com a divinização destes astros, seus conhecedores acabaram realmente ganhando status de sacerdotes, de ligação entre o divino misterioso e o camponês.


O Tempo e o Vento
Os antigos pagãos tinham na medição do tempo um cuidado especial. Afinal, como caipiras, dependiam da terra, da agricultura, para sobreviver. Não raro encontramos observatórios solares, verdadeiros relógios, que medem os solstícios e equinócios. Há hora para plantar, hora para colher, ora para descansar.

observatórios famosos (megálitos), dólmens, menhires, círculos de pedras (Stonehenge), e outros. São construções encontrados na China, Bretanha, Ibéria, Germania e no Amapá.


O Divino, povo e o tempo
Como viu-se, além de funções práticas a marcação do tempo possui um significado mais profundo. O cálculo do tempo influi na vida das pessoas no campo religioso também. Eis uma lista de alguns calendários e os povos que os usavam:
*Hebraico - baseado no ciclo lunar, onde o mês se inicia na lua Nova; para os judeus, o mundo foi criado em 3760 a.C.
*Chinês - um dos mais antigos registrados, serviu de base para os povos circunvizinhos, sendo lunissolar; o ano chinês possui 354 dias.
*Maia - muito complexo, pois mede não só dias (vinte), meses (dezoito) e anos, mas também eras; baseado nele é previsto o início de uma nova Era em 21 de dezembro de 2012.
*Juliano e Gregoriano - seu uso está ligado hoje às áreas de influência das religiões ortodoxas (juliano) ou católicas (gregoriano), sendo este último o de uso corrente no país; a defasagem entre eles é de 13 dias.
*Islâmico - puramente lunar, tem onze dias a menos que o gregoriano; inicia-se com a fuga de Maomé para Medina.


Calendário wiccano
Nosso calendário solar divide-se em oito períodos chamados sabás. O intervalo entre cada sabá é de aproximadamente 40 dias. Existem os sabás menores, baseados em datas astronômicas, solstícios e equinócios e no calendário de comemorações pagãs européias.

Tradicionalmente nosso ano começa em Samhain, 31 de outubro no calendário gregoriano. Este é um período de limpeza interna e externa, uma preparação para o ano que se inicia. Atentem que não falamos na data como a fronteira, mas ápice de algo que já se processa. Afinal, o Litha, o reino do sol, guarda em si o início do inverno. E o inverso é certo no Yule, que carrega a promessa do verão.
O calendário lunar é composto de 13 meses, marcados pela Lua Cheia. Como era de se esperar, o calendário solar possui a primazia. Mas a importância da Lua Cheia é expressa na Carta da Deusa, um dos principais textos da Wicca:
"Sempre que vós tiverdes quaisquer necessidades, uma vez ao mês, e melhor seria quando a lua estiver cheia, então vós deveis vos reunir em algum local secreto e adorar o meu espírito, eu que sou a Rainha de todas as bruxarias."

Vivendo as datas
Observar as datas dos sabás e esbás, os rituais da Lua Cheia, nos fornecem as chaves dos Mistérios. Porque por mais que leiamos a percepção do que é realmente a Religião só se dá aí, no rito. Não é aqui que você encontrará o Divino, mas na vida.

Viva o tempo presente.


E cavalgue o Luar!



Sergio Thot