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quarta-feira, 21 de julho de 2010

AVATAR




Assisti Avatar por esses dias. Foi um filme muito incensado mas, sei lá, não gostei tanto assim. Talvez por causa do maniqueísmo reinante. Sabem o que eu digo? Essa coisa de bem contra o mal. No meu mundo essas coisas não são assim tão branco & preto.

Não vejo as pessoas que usam motosserras em árvores centenárias, ou as que jogam lixo nos córregos como gente má. Já olhou no fundo dos olhos delas quando estão fazendo estas atividades? Não? Então perceba! Estão dopadas, adormecidas, imersas nos mais diversos pensamentos. Não estão no aqui e agora.


Consciência Situacional

Olha só como as coisas se passam em minha cabeça, rs! Esse lance de gente adormecida me lembrou um documentário sobre técnicas de defesa pessoal que assisti no History Channel tempos atrás. Todos os especialistas, gente treinada nas mais diversas artes marciais, são unânimes em dizer que só são atacados os que estão distraídos, que não percebem o mundo ao seu redor.

Então cruzei esta informação com o fato das pessoas desde pequenas aprenderem na escola que não se deve sujar as ruas com papel, urina, barulho ou esgoto; ou aceitar doces de estranhos nem a acompanha-los em terrenos baldios, mas ainda assim o fazem e BINGO! comprovei que elas estão adormecidas não só para os criminosos, mas para a própria vida.

E não importa quem seja o vilão: o assaltante ou o aquecimento global, todas se fazem de vítimas e ai daquele que ousar trocar este papel. Manter o vitimismo é o que sustenta nossa sociedade. Mas ao perder a consciência situacional, o saber onde se está e com quem, você não se isenta da responsabilidade.


São Apenas Negócios

Voltando ao filme, talvez se o diretor fosse menos dualista a mensagem não chegasse tão claramente, justamente porque poucas pessoas sairiam de sua letargia para compreender seu significado. Achariam tudo muito complicado ou próximo demais de seus medos e contradições. É difícil encarar no espelho nossa face deformada. E o próprio filme, descontada a mensagem positiva, é também um negócio.

Como nós, que achamos justa a construção de mais casas simplesmente porque podemos pagar por elas, e de crescer em número de pessoas porque é possível derrubar mais florestas e bombear mais águas dos aquíferos e rios. E devolver ao solo e mares todo o esgoto não tratado.

Ao nomearmos os mocinhos e bandidos de Avatar os elegemos nossos sacrifícios e distanciamos o olhar-para-dentro. De certo modo os filmes substituem as arenas de Roma, as fogueiras com bruxas ou as pirâmides Maias. Com os filmes expiamos nossos medos através do sacrifício alheio. E na tela temos uma vantagem: só nos sujamos com sangue de katchup!


Eu Vejo Você

Mesmo agora, enquanto escrevo e mesmo agora, enquanto você me lê, caímos nesta contradição: somos os mocinhos ou os bandidos? Porque mesmo que esteja inspirando vocês, a máquina que uso para escrever e a que você usa para ler estão minando os recursos naturais. Há uma hidrelétrica funcionando a pleno vapor para nos manter conectados agora.

Então em sacrifício tento oferecer o meu melhor na esperança que tenha que dizer isso poucas vezes, para ser entendido e sentido agora e que qualquer outra palavra dita sobre o assunto seja desnecessária. É uma meta pretensiosa.

É por isso que tento ver você através deste monitor, e entender e caminhar aí dentro para chegar o mais fundo possível afim de que tenha um vislumbre do que sinto. E que você possa me ver também, para que o sacrifício de outros tenha valido a pena.

Bem, gostei do filme no geral, até porque ele deixou muita gente de cabelo em pé justamente por conta da mensagem principal: que fazemos parte de um ser vivo e que podemos olhar para ele com os olhos da ciência ou da reverência. Você decide.

Felicidades.

2 comentários:

  1. vc acredita que eu ainda não vi esse filme? xD todo mundo fala bem dele e talz...xamanismo...

    mas sabe..apesar do que vc disse ser lógico, não consigo insentar de culpa um cara com motoserra =/
    ou machado...whatever

    não é pq as pessoas estão entorpecidas que elas se tornam inocentes (e a verdade disso é brutal mesmo...pois isso me fez refletir em muitos dos anos que eu perdi da minha vida....sem conseguir me encaixar nessa sociedade)-(não que eu tenha conseguido me encaixar agora ou encontrar meu lugar...enfim)

    Parece que só saber não é suficiente...é preciso chocar.

    Nós proporcionamos um espetáculo de horror para nós mesmos...e nos chocamos arrependidos com isso depois....cheios de remorso e ilusão de almas piedosas.

    Confesso que não consigo entender a humanidade (eu inclusa), e aquilo que nos faz "humanos"

    enfim...

    =1 belo post

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  2. Ah, às vezes quando digo "olha, uma coisa caiu do seu bolso" para alguém que joga lixo no chão sinto nas pessoas um certo choque, sabe?

    Elas tremem no ar, como se "desligassem" de algum problema e ficam momentaneamente perdidas. Algumas entram no modo [CINISMO] e falam "Não, joguei de propósito mesmo" e riem com sarcasmo. Outras voltam e recolhem. Outras ainda fingem que não é com elas.

    Se não acreditar que as pessoas estão adormecidas terei que crer que elas fazem o Mal de propósito. E daí para a intolerância é um salto, rs!

    Ainda quero acreditar no melhor do ser humano por um bom tempo.

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