Com a natureza se dá o mesmo. Tudo tem um preço. Tenho lido "As Máscaras de Deus", de Joseph Campbell. É um livro fundamental para quem deseja ultrapassar as questões de Magias & Encantos, o deslumbre com o povo celta e a infantilidade que cerca a Religião da Deusa hoje.
Em determinado trecho é citado como os índios Pés Pretos receberam os ensinamentos da Dança do Búfalo, para que a caça sempre voltasse e a fome não se instalasse nas pradarias americanas. O mito é uma forma poética de passar e fixar um ensinamento importante.
Um caçador de búfalos e um economista do século XX, separados cultural, temporal e fisicamente descobrem que tudo na vida tem um preço, usando assim este conhecimento para fins específicos. No caso de nosso amigo da tribo dos Pés Pretos, para honrar aquilo que se come pois o preço pago pelo búfalo é alto.
O preço que a Vida paga para nosso sustento também o é. Logo, cada prato de comida é sagrado, mas as feiras livres parecem gritar o inverso, como a foto que ilustra este texto. E creio que nem precisava dela aí em cima pois vocês mesmos já comprovaram tais cenas.
A embalagem vazia em sua mão é sagrada! É fruto de tempo, material, energia e tecnologia! Vai jogar no chão ou lhe dará um fim digno?
Teremos em breve uma represa na bacia Amazônica, uma das maiores do mundo. O Código Florestal Brasileiro tem passado por mudanças significativas nas últimas semanas. Entre elas:
Nós dançamos a "Dança do Búfalo" para merecermos todas estas coisas?
- desobriga proprietarios de terra de recuperar parte da area nativa em "suas" propriedades;
- dimunui a área de proteção nas margens dos rios etc.
Nós dançamos a "Dança do Búfalo" para merecermos todas estas coisas?
Pensa nisso!
Saúde, amizade, liberdade.
Ps.:
Segue um trecho do documentário sobre o tema do herói com o próprio Campbell, que veio a falecer tempos depois. A primeira vez que passou, na tv Cultura, eu não pude assistir porque era horário de novela e minha mãe não deixava! É mole?
acompanhei toda essa série na Cultura
ResponderExcluirsempre recomendo Joseph Campbell, que senti tanto quanto quando se foi o Mircea Eliade. Pra mim, dois gênios, que dificilmente encontramos igual, em termos de abordagens mitológicas, etnológicas melhores até que do antropólogo Gardner, na minha opinião. Também recomendo a abordagem arqueológica da dra. Murray.
Infelizmente, na Arte Sábia, alguns tradicionalistas condenam essas abordagens acadêmicas como reconstrucionismo, como se não fosse a antiga e venerável Arte, mas invencionice moderna. Creio que obras dessas pessoas nos trazem insights, percepções e reflexões importantíssimas.
Obrigado por partilhar um pouco do que eles ensinaram.
Creio que o Bill Moyers chegou a fazer algumas perguntas tentando tripudiar o Campbell, como fazem alguns repórteres, pra criar polêmicas, mas ele teve jogo de cintura, e soube responder não só à altura, mas mostrar que os temas tem uma profundidade muito maior que a aparente, ou que a mostrada por folcloristas, ou criada pela igreja, ou a visão geral equivocada do populacho.
Ah, Campbell sempre é recomendável, não? Quando a gente termina de ler os bons livros sobre paganismo percebemos que é preciso seguir em frente nos conhecimentos, partindo para novos campos.
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