Façamos um experimento você e eu.
Com o dedo indicador localize seu umbigo e toque-o. Sabia que ele está localizado próximo ao nosso centro de gravidade, o local onde corpo encontra o equilíbrio com a gravidade, esta força que nos mantém aterrados no planeta? Os conhecedores das artes marciais como o judô sabem disto muito bem. O umbigo é o alvo, ponto de apoio da alavanca que pode nos levar ao chão quando aplicada a força necessária nesta parte de nosso corpo.
Pelo mesmo umbigo recebemos o alimento precioso no sangue de nossas mães nas primeiras fases da vida durante nove meses. E pesquisando me deparei com uma coisa que eu ignorava totalmente, um verdadeiro milagre! Deveria haver um combate de células brancas no útero entre a mãe e seu filhote, pois os corpos do filho e da mãe possuem sistemas imunológicos diferentes. No entanto o milagre reside no fato deles coexistirem em harmonia por quase um ano! Ligados pelo cordão umbilical, ambos os corpos convivem até o momento de nascimento. Saiba como o milagre acontece neste artigo da revista Ciência Hoje.
Cortando o Cordão
Se olharmos a nação, a cultura, o povo como uma grande Mãe nosso umbigo, essa cicatriz que carregamos por toda a vida, é a saudade, palavra que não tem tradução em muitas línguas mas que expressa a sensação de separação do corpo, seja a vila, cidade ou nação que nos nutriu e acolheu. É essa cicatriz na alma, algo que levamos em nossas aventuras mundo à fora e que inspiraram poetas-aventureiros como Luís de Camões:
"Ó gente que a natura / Vizinha fez de meu paterno ninho,
Que destino tão grande ou que ventura / Vos trouxe acometerdes tal caminho?
Não é sem causa, não, oculta e escura, / Vir do longínquo Tejo e ignoto Minho,
Por mares nunca doutro lenho arados, / A Reinos tão remotos e apartados."
Umbigo do Mundo
O conceito de Umbigo do Mundo, de Onfalos é antiquíssimo e, para nós que absorvemos os costumes ocidentais, o mais famoso é o de Delfos, na Antiga Grécia.
O antigo povo grego que enxergava-se como uma nação apesar de se dividirem em cidades-estado, assim como um corpo se divide em órgãos diferentes mas que vivem em uma realidade comum. Esta noção de nascimento coletivo que a cultura grega dá a si mesma, este local onde o corpo da nação conectava-se ao corpo divino e faz um povo se considera filho dos Deuses, este lugar de nascimento, este cordão que liga o secular ao divino tinha (e tem) um nome. Chama-se Delfos, uma cidade grega que atravessou os séculos.
A história do lugar inicia-se nas brumas do tempo, onde os Deuses lutavam em batalhas titânicas pelo poder.
A história do lugar inicia-se nas brumas do tempo, onde os Deuses lutavam em batalhas titânicas pelo poder.
Cronos tinha o hábito ruim de devorar seus filhos afim de se perpetuar no trono sobre os Titãs e toda a criação. Réia, a Deusa-Mãe, cansou-se disto. Enganou o Deus dando-lhe uma pedra para este comer e criou seu filho Zeus escondido. Quando a criança cresceu, destronou o Pai, salvou seus irmãos e fundou a cidade com a pedra expelida pelo Deus deposto.
Delfos para os gregos era o centro Universal por causa da importância histórica e mitológica que tinha para seu povo já que ali fora palco de uma luta de Titãs!
Assim nasceu uma nova classe de Deuses, os Olímpicos, e a cidade de Delfos, fundada pelo próprio Zeus.
O Oráculo
A derrota dos Titãs ecoou também no mundo humano. Na região de Delfos existia um templo dedicado a Píton, a Grande Serpente da era dos Titãs. Nela as sacerdotisas sentadas sobre os vapores imanados do útero de Gaia realizavam previsões para quem as pedisse.
Com a derrota de Cronos, Zeus incorpora o Oráculo ao seu domínio, permitindo que Apolo matasse Píton e se apossasse do templo. Apesar do novo templo ainda utilizar das sacerdotisas, as Pítias, para as profecias na era apolínea, curiosamente as mulheres gregas não podiam consulta-las.
O poder do Oráculo de Delfos sobre o imaginário grego era tão grande que, para conquistar o coração da população, precisava-se conquistar o Oráculo. No local realizavam-se profecias sobre pessoas e nações, e mesmo gentes de outras terras (até inimigos dos gregos) recorriam aos seus serviços. De lá, supõe-se, saiu a famosa frase "Conhece-te a Ti Mesmo".
Delfos para os gregos era o centro Universal por causa da importância histórica e mitológica que tinha para seu povo já que ali fora palco de uma luta de Titãs!
Assim nasceu uma nova classe de Deuses, os Olímpicos, e a cidade de Delfos, fundada pelo próprio Zeus.
O Oráculo
A derrota dos Titãs ecoou também no mundo humano. Na região de Delfos existia um templo dedicado a Píton, a Grande Serpente da era dos Titãs. Nela as sacerdotisas sentadas sobre os vapores imanados do útero de Gaia realizavam previsões para quem as pedisse.
Com a derrota de Cronos, Zeus incorpora o Oráculo ao seu domínio, permitindo que Apolo matasse Píton e se apossasse do templo. Apesar do novo templo ainda utilizar das sacerdotisas, as Pítias, para as profecias na era apolínea, curiosamente as mulheres gregas não podiam consulta-las.
O poder do Oráculo de Delfos sobre o imaginário grego era tão grande que, para conquistar o coração da população, precisava-se conquistar o Oráculo. No local realizavam-se profecias sobre pessoas e nações, e mesmo gentes de outras terras (até inimigos dos gregos) recorriam aos seus serviços. De lá, supõe-se, saiu a famosa frase "Conhece-te a Ti Mesmo".
A cidade moderna de Delfos ainda existe, mas o templo encontra-se em ruínas após as idas e vindas de exércitos e religiões. Porém os que sabem sua história podem sentir o poder que emana daquelas rochas. Se um dia você visitar a Grécia, escreva uma prece por mim e coloque-a sob uma pedra para que Gaia saiba que mesmo não sendo gregos nós ainda a lembramos e reverenciamos.
O Centro de meu Mundo!
Acho o pensamento de ter minha cidade como centro do Universo muito interessante, assim como Delfos foi para o povo grego antigo. Além de partir de um pressuposto lógico: se olho ao redor, tenho a percepção de que o mundo gira ao meu redor. É aqui onde sou alguém fora do útero familiar.
Quando cuido da minha cidade, lugar onde moro, onde tenho meus amores, minhas frustrações, minhas alegrias, onde bebo, como respiro, estudo, trabalho, moro e durmo, cuido também do Universo, pois minha cidade, minha casa, meu corpo é parte dele. De onde retirar força senão do meu local de poder?
Quanto mais conheço, mais amo e sinto sua importância, pois o limite citadino determina também o limite de minha segurança e bem-estar, pois fora da cidade encontrava-se o deserto e floresta, berço de mistérios. Não sentimos um certo desconforto ainda hoje quando saímos para um lugar desconhecido?
Do mesmo modo que o conhecer a mim mesmo revela também o quanto sou parecido e diferente do outro, e de como somos únicos na Criação.
Conhecimento: conhecer nosso corpo, nosso passado, nossa cidade, nosso irmão, nossa irmã, nossos Deuses... O que nos retorna ao tema central, que é o nosso centro, nosso umbigo. Nós nos conhecemos?
Onde é o Umbigo de seu Mundo?
Pense nisso
Post Scriptum:
Leia também um escrito da amiga blogueira d'além mar, Hazel, e seu respirar pelo umbigo.
Sergio Thot
Post Scriptum:
Leia também um escrito da amiga blogueira d'além mar, Hazel, e seu respirar pelo umbigo.
Sergio Thot
Boa!
ResponderExcluirAcho que se eu me conhecesse de verdade evitaria muitos problemas...Não faria escolhas erradas...e certamente encontraria meu lugar no mundo (profissionalmente, etc).
Cara! Não sabia que as mulheres não podia mais recorrer ao oráculo de delphos depois da "apolinização" =O!
As culturas da deusa decairam ainda no paganismo =/ e o culto solar (masculino)-(pq também houve culto solar feminino), se sobrepujou.
Mas sabe como é...o tempo além de ser cíclico é pendular...
Cabe a nós buscar o equilíbrio ._.
eu tenho a impressão que a gente tem a tendência a ficar egocêntrico =O
Egocêntrico descreve bem uma cultura solar....
A mulher tinha o direito de ser a rainha do lar e gerar novos cidadãos. E o oráculo dela era o marido mesmo. Talvez seja algo como observamos em algumas culturas atuais.
ResponderExcluir