quinta-feira, 2 de agosto de 2007
SOBRE O CULTO
Começo este texto com uma estorinha que vivi em uma sexta-feira dessas. Ia eu trabalhar quando recebi uma carona de uma colega de trabalho, seu marido e um amigo deles. Acomodado no veículo, seguimos viagem. Como de costume, tentei me "aclimatizar" com o ambiente (adaptei este termo para afirmar quando chego em algum lugar estranho e observo as pessoas para definir quem são e o que pensam). Fiquei quieto e observei as pessoas conversando para saber qual seria o tom do assunto. Saber ouvir é tão importante quanto saber falar!
Descobri que o amigo era evangélico, assim como o casal, e que a carona interrompera uma conversa sobre dedicação aos cultos por parte de outros irmãos. O tal amigo indignara-se pelo fato de muitos frequentadores de sua denominação religiosa iam à igreja somente uma vez por semana! Para ele, igreja aberta é um convite ao culto. Ah, ele não conhece os wiccanos!
Hedonismo?
Viajando pelo Orkut, deparo-me com depoimentos onde as pessoas se queixam de falta de tempo para realizar rituais, mesmo que solitários, ou participar de grupos de estudo ou encontros, mesmo que esses eventos sejam mensais, semestrais ou anuais.
O que me faz pensar: será mesmo a falta de tempo a grande vilã pelo vácuo de constância nos cultos aos Deuses?
Quando dizemos que não temos tempo, afirmamos que algum aspecto de nossas vidas faz com que evitamos cultuar nossas Divindades como se deve. A questão aqui é saber se nosso estilo de vida é danoso ou não a nossa vida espiritual. E avaliar se o que fazemos é o que queremos para nós. E qual é o papel da Religião nisso tudo.
Sim, sabemos que a Wicca tem como base fundamental o livre-arbítrio, porém, ela é uma Religião como outra. Um culto não se mantém de pé sozinho, mas necessita de pessoas que o sustentem. E isso só acontece através do culto regular. Não são os cursos, os livros, blogs ou os sites que formam um pagão, mas a prática daquilo que sabe, assim como não é a CNH que diz se sou ou não um motorista, mas também o fato de dirigir um veículo com alguma regularidade, habilidade e responsabilidade.
Se após uma verificação sincera, você descobrir que não possui tempo pra o culto, é melhor observar seu modo de vida. Pois você leva uma rotina escrava ou distraída do culto.
E será preciso a tomada de posições.
Saúde, amizade, liberdade.
Sergio Thot
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Vi uma coisa em um desenho animado que relmente é verdade, o homem não deve ser escravo do tempo, o tempo deve servir ao homem.
ResponderExcluirE é verdade, o tempo que usamos de certa forma foi criado por nós, e começamos a usá-lo para marcar encontros por exmplo, mas se você vive só dependendo de horários deve ficar completamente maluco ^^.
Eu estou adorando seu blog parabéns.
Ah, essa postagem me lembrou Sêneca e a brevidade da vida. Você e o filósofo concordam plenamente!
ResponderExcluirSergio, gostei do questionamento de seu texto. Durante muito tempo, eu me senti culpada por não ter tempo de meditar (porque eu não costumo fazer rituais), de me dedicar mais ao meu grupo etc.
ResponderExcluirAí comecei a pensar que tudo bem se eu não estivesse o tempo todo focada na minha espiritualidade, e é aí que acho que está nossa diferença: quando vc encara algo como religião, há toda essa importância de ritualizar. Se vc encara como espiritualidade, eu acho que vc acaba se permitindo passar por períodos sem muitas atividades, porque sua espiritualidade, no fundo, é você mesmo, e, sendo assim, você tem interesses diferentes em alguns períodos de tempo, que podem fazer vc se afastar um pouco de sua espiritualidade, sentindo assim menos culpa pela falta de tempo.
Não sei se consegui me expressar bem...
Bom dia Green!
ResponderExcluirNão precisa se sentir culpada. Pelo contrário! Como o conceito de culpa não se no pensamento pagão, substituído pelo conceito da responsabilidade, chamo você então a fazer esta avaliação. "Não tenho tempo para o culto, para mim mesma e minha relação com as Divindades? Para quem mais não dou a devida atenção? Vale a pena? Posso eu, dentro de meus afazeres dar alguma forma de atenção as pessoas e Deuses que me são tão queridos?"
Na minha opinião um seguidor sincero não se afasta de sua espiritualidade, mas apenas fica distante das cerimônias que a sedimentam em seu coração. É como um porto que se deixa para navegar pelos mares, mas ao qual sempre retornamos.
A você desejo felicidades!
Sergio.