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segunda-feira, 30 de março de 2009

DA DOMESTICAÇÃO


Não, não será da domesticação animal que tratarei aqui hoje, mas da domesticação de gente mesmo. Deve ser de conhecimento de vocês o livro "Mulheres que Correm com os Lobos", da autora Clarissa P. Éstes. Conversando sobre esta obra pelo MSN com a Lajlah Najua, eu me perguntei: haverá uma obra que atenda os homens para que eles também corram como lobos?

Acostumei-me a pensar no homem como gênero dominante sobre a Terra, mas na verdade o que temos é uma domesticação masculina também. Existem sim mulheres e homens dominantes, e homens e mulheres domesticados.

Não creio que haja opção para a Mulher Selvagem se não houver correndo com ela o Homem igualmente Selvagem. Não nos libertamos sozinhos: ou nos libertamos todos ou viveremos sempre nas sombras.


O Conhecimento

A Selvageria nos faz retornar a simplicidade das compreensões humanas, a verdade a a sinceridade de nossos pensamentos, sentimentos e corpos. Sempre ouvimos que as pessoas precisam ser francas umas com as outras. Mas o que é a Verdade senão a exposição daquilo que somos realmente? E quem quer ver o que somos realmente?

Nada mais perigoso hoje ao mundo repressor do que o buscador do YouTube. Mais de 1 bilhão de pessoas não podem teclar a palavra Tibet, sob pena de
prisão. Nada melhor para quem detém o poder que uma população bovina.

Seja na transmissão oral, seja nas prensas de Guttenberg, o Conhecimento é uma arma temida. Governos opressores sempre foram contrários que as populações tivessem acesso a duas coisas: armas e livros. Mas hoje as portas estão abertas e o saber humano nunca esteve tão acessível.

Mas veja: quem melhor conhece os caminhos da mata que um Selvagem? Cada rio para matar a sede, ou os caminhos das manadas, as estações de ficar e partir, o cheiro da chuva ao longe ou o pressentimento do inimigo. Quanto mais abrangente é nosso Conhecimento, mais Selvagens ficamos.

Há! É estranho afirmar que Conhecimento e Selvageria caminhem de mãos dadas. Será que selvageria é sinônimo de liberdade?


Reconhecimento

Não admitimos a Selvageria ainda: nem a nossa nem a do Outro(a), nem a da Terra. Não podemos mais voltar a um estado primitivo, onde vivíamos sob o efeito (maior) da Natureza. Mas ao mesmo tempo não podemos entrar em guerra com ela, seja dentro ou fora de nós. Criamos um Mundo sobre a Terra, um mundo de ação, fogo, asfalto e concreto. Mas não conseguimos sobreviver nele também, muitas vezes. Somos civilizados, rotineiros e se mudamos de rota só um pouquinho, o caos se instala, o medo se impõe.


As doenças do homem e as doenças de nosso Meio são fruto desta dicotomia, desse impasse de não podermos retornar ao nosso antigo ambiente e não conseguir viver satisfatoriamente neste que criamos.

Enquanto isso as clínicas psiquiátricas, as igrejas e balcões de bares tratam, cada um ao seu modo, com méritos e defeitos, dessas pessoas amedrontadas e incompletas por não se conhecerem, ou se negarem a se conhecer, que não querem descobrir ou liberar a criatura que mora dentro do peito.

Não é possível construir um lugar de equilíbrio com tal situação social.

Aproveite e leia também sobre o Novo Homem que surge no horizonte.

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